Felipe Bini, Autor em Gelo & Fogo https://www.geloefogo.com/author/bini Informações sobre a obra de George R. R. Martin Sat, 22 Oct 2022 01:29:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.1.6 140837471 Showrunners de ‘House of the Dragon’ explicam origem da profecia de Aegon Targaryen https://www.geloefogo.com/2022/08/showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio https://www.geloefogo.com/2022/08/showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio.html#comments Mon, 29 Aug 2022 14:14:09 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=109397 Em meio a toda a repercussão do retorno do mundo de Westeros às telas com “The Heirs of the Dragon”, […]

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Em meio a toda a repercussão do retorno do mundo de Westeros às telas com “The Heirs of the Dragon”, primeiro episódio de House of the Dragon, a cena em que Viserys I Targaryen revela à filha Rhaenyra uma profecia de Aegon I, o Conquistador, sobre o futuro da humanidade e o papel de sua linhagem nela foi certamente a mais discutida entre os fãs, particularmente os leitores das obras de George R. R. Martin, diante do fato de que Fogo & Sangue, livro que a série adapta, não faz menção dela. Na última semana, os showrunners Ryan Condal e Miguel Sapochnik comentaram o assunto e explicaram como e por que essa profecia foi incluída em House of the Dragon.

Viserys e Rhaenyra conversam em frente ao crânio de Balerion.
Viserys (Paddy Considine) e Rhaenyra (Milly Alcock) conversam em frente ao crânio de Balerion sobre a profecia de Aegon I Targaryen, em “Heirs of the Dragon”, primeiro episódio de House of the Dragon. Foto: Ollie Upton/HBO.

Viserys diz o seguinte à filha:

Nossos registros históricos nos contam que Aegon olhou para o lado do Água Negra a partir de Pedra do Dragão e viu uma terra rica, pronta para ser capturada. Mas não só a ambição foi o que o motivou a conquistar. Foi um sonho. E exatamente como Daenys previu o fim de Valíria, Aegon previu o fim do mundo dos homens. Ele começará com um inverno terrível, que soprará do norte distante. Aegon viu uma escuridão absoluta sendo carregada por esses eventos. E o que quer resida ali, destruirá o mundo dos vivos. Quando esse Grande Inverno chegar, Rhaenyra, toda Westeros deverá combatê-lo. E se o mundo dos homens quiser sobreviver, um Targaryen deve estar sentado no Trono de Ferro. Um rei ou rainha fortes o bastante para unir o reino contra o frio e a escuridão. Aegon chamou seu sonho de “A Canção de Gelo e Fogo”. Esse segredo é passado de rei para herdeiro desde a época de Aegon. Agora você tem de me prometer carregá-lo e protegê-lo. Prometa-me, Rhaenyra. Prometa.

O motivo da fala gerar tanta polêmica é que nada disso está presente nos livros publicados por George R. R. Martin, muito menos tão abertamente e em tantos detalhes. Embora o próprio autor tivesse aludido a algo semelhante fora dos livros, mencionando como “especulação de muita gente” a ideia de Aegon ter previsto uma ameaça vinda do Norte e isso ter motivado a Conquista, num vídeo de marketing de 2018 para promover a publicação de Fogo & Sangue, o livro propriamente dito não faz menção a isso.

Isso por si só já seria motivo para questionamentos, mas eles surgiram também por conta das dificuldades logísticas que isso representaria, diante do que se sabe sobre a história dos Targaryen e sua nem sempre pacífica e tranquila sucessão. Quanto a Aegon ter passado o segredo para Aenys, seu herdeiro, não haveria problemas, mas como Maegor, que efetivamente tomou o Trono à força teria ficado sabendo da profecia? Maegor não teve herdeiros, sendo sucedido por Jaehaerys I, que era filho de Aenys, mas não seu herdeiro designado (que era Aegon). Em menos de 50 anos de dinastia, a transmissão do tal segredo já causava mais problemas e dúvidas, o que deixou diversos fãs reticentes quanto à questão.

Mesmo antes da estreia do primeiro episódio, porém, Ryan Condal já tinha sido rápido em tentar tranquilizar os leitores de que não estaria cometendo nenhuma “heresia” quanto ao cânone de As Crônicas de Gelo e Fogo (nas palavras dele mesmo). Em entrevista à Variety, que contou também com a presença de George R. R. Martin, Condal disse que aquilo vinha do autor dos livros. George não negou essa afirmação, dando respostas mais vagas sobre profecias em seus livros publicados e dando exemplos de Targaryens em suas obras que têm contato com elas, e dizendo que a questão será mais abordada nos livros seguintes.

O que não tinha ficado claro, no entanto, era o que exatamente tinha “vindo de George”. Seria toda a cena entre Viserys e Rhaenyra? Seria o envolvimento da adaga de osso de dragão e aço valiriano no segredo? Seria o legado transmitido de rei para herdeiro? Martin teria ativamente dado a ideia dos produtores inserirem isso na série? Após a exibição do episódio, porém, ficou claro que nada disso era o caso.

Ainda no Inside the Episode, featurette da HBO disponibilizado no YouTube logo após a exibição do episódio, em que os produtores comentam cenas e decisões da série, eles já haviam indicado que isso havia sido incluído por eles mesmos. Sapochnik diz o seguinte:

Viserys é obcecado com a ideia de que o fim do mundo pode estar logo ali na esquina. Sentimos que essa seria uma ótima maneira de acrescentar um certo peso à ideia de Rhaenyra se tornar rainha. Ao invés de querer fazer isso por ambição, ela estaria recebendo uma responsabilidade de unir todo mundo para combater o iminente problema dos Caminhantes Brancos — que, na verdade, sabemos que só apareceriam dali a 170 anos.

Condal completa:

Essa ideia de Aegon, que acreditava na Canção de Gelo e Fogo e acreditava na profecia que uniria o reino contra o frio e a escuridão vindos do Norte, ter imbuído seu segredo no aço da adaga valiriana… Nós achamos que seria uma maneira legal de ligar as duas séries [House of the Dragon e Game of Thrones].

Por essas falas já fica claro que havia uma intenção ativa por parte dos produtores de usar essa profecia para acrescentar uma motivação à personagem de Rhaenyra, e também uma motivação externa (ligar mais diretamente as duas séries da HBO) ao incluir a profecia na adaga que viria a causar a ruína do Rei da Noite da TV.

Na segunda-feira, 21, porém, as coisas ficaram ainda mais claras. Em matéria de Kim Renfro para a Insider, Condal revela que o que exatamente veio de George R. R. Martin não foi toda a profecia, mas apenas a menção a Aegon ser um “sonhador”, e todo o resto foi realmente inventado por ele e Sapochnik para a nova série. Ele explicou:

O detalhe que George nos deu bem no início do desenvolvimento da história foi que o próprio Aegon, o Conquistador, era um sonhador, e que foi isso que motivou a conquista. Ele mencionou isso casualmente na conversa, como geralmente faz com informações gigantes como essa.

Isso realmente mudou nossa forma de ver o reinado Targaryen e tudo que ele representava. O fato de Aegon ter esse conhecimento — ou acreditar ter, porque era só um sonho, não se sabe se vai acontecer —, mas ele ter empreendido a Conquista pensando ser um problema iminente. A ironia dramática disso é que sabemos que, com o intervalo de 300 anos, demora um bocado para essa profecia se tornar realidade.

Pegamos a ideia do George e a alteramos dramaticamente para House of the Dragon. A ideia de que em algum ponto na vida de Aegon, quando ele ficou mais velho, ele teria percebido que os Caminhantes Brancos não viriam “jantar” durante a vida dele.

Resolvemos que se ele acreditava nisso o bastante pra conquistar Westeros, certamente acreditaria o bastante pra passar adiante. Tornamos isso o legado que os Targaryen passam de rei a herdeiro, como lembrete de que o Trono é um privilégio e um dever, uma responsabilidade. É preciso melhorar o reino, fortalecê-lo e uni-lo mais, e não usá-lo para perseguir fins egoísticos. Vamos ver como isso se sustenta à medida que nossa história se desenvolve.

Fica bastante claro, assim, que George mencionou de passagem uma novidade que alterou a percepção dos produtores quanto ao próprio período (pseudo-)histórico que retratariam na TV, e que eles criaram uma mitologia própria envolvendo essa revelação a partir daí (provavelmente pelos motivos mencionados no vídeo do Inside the Episode). E é basicamente isso o que eles reiteram numa entrevista com o Den of Geek, também publicada no dia 21. Condal explica:

Isso veio do George. Não acho que teríamos mergulhado nisso sem falar com o George a respeito, mas foi uma coisa que o George, como ele com frequência faz, simplesmente mencionou casualmente bem no início do desenvolvimento da história… Ele nos contou que Aegon era um sonhador, e que foi essa a razão para ele decidir conquistar, e unir, Westeros. Ele é lembrado como conquistador, mas na verdade queria ser um unificador, e essa é a razão para ter abordado as coisas como abordou.

George é bem reservado quanto a essa parte da história e o que as pessoas sabem, e é claro que se isso é um segredo, os cronistas que escreviam [as fontes históricos de] Fogo & Sangue não necessariamente saberiam a respeito. Mas, sim, manter isso vivo, no mínimo até essa geração, foi algo muito atraente pra mim e pro Miguel, porque tinha uma ressonância. Estávamos procurando formas de, a despeito de haver 170 anos de história entre elas, criar uma ressonância com a série original. Não temos nenhum personagem que pode fazer essa ponte, não tem ninguém que dá pra surgir ali. Não vai haver uma jovem Velha Ama na série, 170 anos é muito tempo… Então a mitologia central da série original, manter aquilo vivo e a ideia de que alguém estivesse ciente daquilo, ou visto aquilo como uma visão 300 anos antes de acontecer, nos atraiu muito, e deu um ar bastante épico e apropriado para o mundo de Game of Thrones.

Basicamente, portanto, expande na explicação do Inside the Episode e confirma o dito à Insider: Sapochnik e ele extrapolaram a informação mencioanda de passagem por GRRM com o intuito de fazer uma ligação com a série principal. Sapochnik também fez comentários na mesma entrevista:

Queríamos manter viva a ideia de espiritualidade que havia na série original. Havia mitos, havia folclore, havia histórias, aranhas de gelo do tamanho de cães, etc., etc. Mas não temos essas coisas, então precisávamos achar algo em que pudéssemos sustentar a espiritualidade, que desempenha um papel tão grande. O destino e a sina são uma parte enorme essa história.

É bom lembrar, ainda, que George R. R. Martin não tem controle criativo nas séries das HBO que adaptam suas obras para a televisão, como ele mesmo reiterou em entrevista recente ao History of Westeros. Embora esteja envolvido na série como “produtor executivo”, ele não tem poder de veto nos roteiros (o que, na verdade é algo muito raro em Hollywood), que, ao final, ficam mesmo a cargo dos showrunners:

Não tenho nenhum controle criativo. Isso é a coisa mais difícil de se conseguir em Hollywood. Não importa qual seja o projeto, seja ele um filme ou pro cinema. É muito raro isso ser concedido.

É bem mais fácil Hollywood te dar mais dinheiro do que dar controle criativo. Você pode chegar nas negociações e dizer: “Sim, agradeço por vocês me pagarem 8 milhões de dólares, mas eu queria controle criativo também”. E aí eles dizem: “Que tal 10 milhões? Haha.” Eles preferem dar milhões de dólares do que qualquer controle criativo.

[…]

O que tenho é influência. Tenho influência criativa, mas isso depende em grande parte do relacionamento entre mim e os showrunners e tal. Posso oferecer argumentos, posso argumentar e eles podem escutar, mas se eles decidirem não escutar, posso tentar persuadi-los. Não tenho poder para contratar ou demitir. Não tenho poder para ditar os rumos das coisas, mas o que tenho é: se eles me escutarem, posso ser bem persuasivo e conheço o material muito bem. Então tem isso, e isso sempre muda.

O que isso tudo significa, então? Que George R. R. Martin revelou concretamente, de passagem, uma informação nova para os showrunners de House of the Dragon sobre Aegon I ser um “sonhador” e isso ter motivado a Conquista dos Sete Reinos. Por sua vez, os produtores viram nessa revelação uma oportunidade de estabelecer uma ponte com Game of Thrones (algo que já queriam fazer), e trazer outras consequências para o roteiro, e por conta própria inseriram a ideia na nova série.

Pelas declarações de Condal, que mais de uma vez disse que Martin comentou sobre isso casualmente, o autor não sugeriu ativamente que isso fosse incluído na nova série, nem especificou todos os detalhes dessa profecia como ela foi retratada na TV (com a transmissão de um legado secreto, a gravação do segredo na adaga de aço valiriano e osso de dragão e tudo o mais).

George R. R. Martin disse que as profecias serão abordadas em mais detalhes nos livros futuros, mas é possível afirmar com um certo grau de certeza que haverá diferenças em relação ao que foi retratado em House of the Dragon, não só pelas falas de Condal, mas porque até um elemento aparentemente crucial para a questão na TV não tem nem de perto a mesma importância nos livros: a adaga de aço valiriano e osso de dragão.

O que acharam das explicações de Condal e Sapochnik para a inclusão da profecia na série? Deixem suas opiniões nos comentários!

Voltaremos com novas informações conforme novidades surgirem. A equipe do site comenta House of the Dragon semanalmente no podcast Canções de Gelo e Fogo.

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George R. R. Martin divulga novidades sobre ‘The Winds of Winter’ e outros projetos https://www.geloefogo.com/2022/03/george-r-r-martin-divulga-novidades-sobre-the-winds-of-winter-e-outros-projetos.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=george-r-r-martin-divulga-novidades-sobre-the-winds-of-winter-e-outros-projetos https://www.geloefogo.com/2022/03/george-r-r-martin-divulga-novidades-sobre-the-winds-of-winter-e-outros-projetos.html#comments Wed, 09 Mar 2022 20:24:40 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=108750 Depois de algum tempo em relativo silêncio sobre o andamento de seus (agora inúmeros) projetos, George R. R. Martin publicou […]

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Arte: Donato Giancola.

Depois de algum tempo em relativo silêncio sobre o andamento de seus (agora inúmeros) projetos, George R. R. Martin publicou em seu “Not A Blog” um grande post em que dá uma atualização sobre a situação de vários deles e divulga novos, tanto livros quanto obras para a televisão. Vamos recapitular o que ele disse sobre cada um deles.

Livros

GRRM deu novidades não apenas sobre o sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, mas também sobre outras eventuais publicações relacionadas ao universo de Westeros.

The Winds of Winter (Os Ventos do Inverno)

Martin abre a publicação afirmando que continua trabalhando em The Winds of Winter. Ele diz que progrediu muito na escrita em 2020, mas menos em 2021. Reitera, ainda, que o mundo de As Crônicas de Gelo e Fogo segue sendo sua principal prioridade, embora considere, na frase seguinte, que o mundo de Westeros se tornou maior que Winds ou até as próprias Crônicas.

Outros livros

The Mystery Knight, por Marc Simonetti, capa brasileira de O Cavaleiro dos Sete Reinos.

George diz que precisa terminar o segundo volume da história dos Targaryen escrita pela pena do Arquimeistre Gyldayn, o segundo volume de Fogo & Sangue. Diz que já escreveu umas duzentas páginas desse livro, e aí não sabemos se elas são apenas as sobras do material escrito para O Mundo de Gelo e Fogo e o volume 1 de Fogo & Sangue ou se ele também trabalhou no segundo recentemente.

Ainda tratando de outra série já iniciada, GRRM diz novamente que precisa escrever mais novelas de Dunk & Egg, desta vez ressaltando que a necessidade é ainda maior pelo fato de haver uma série sobre a dupla em desenvolvimento. A intenção de escrever mais contos não é exatamente novidade, mas é a primeira vez em que há essa ressalva sobre a série como elemento motivador.

Além disso, o autor divulga que dois novos livros vão ser lançados esse ano. Um deles é uma versão condensada e ilustrada de Fogo & Sangue, elaborada em conjunto com Linda Antonsson e Elio García — administradores do Westeros.org e coautores de O Mundo de Gelo e Fogo —e a diretora de arte da Fevre River (a empresa de GRRM) e uma de suas “minions“, Raya Golden (que entrevistamos aqui). Imagina-se que esse livro vá ser publicado para coincidir e capitalizar com o lançamento de House of the Dragon na HBO. O outro lançamento divulgado por GRRM é um livro de “quem é quem” em Westeros, sobre o qual ele não deu mais detalhes.

Séries sucessoras

George abre essa parte do post dizendo que as séries tomaram bastante do tempo dele em 2021, e que está bastante envolvido em todas elas. Ele diz que trabalhou de perto com os diversos showrunners e roteiristas para manter um “cânone”. Há séries live-action sendo desenvolvidas para a HBO e séries animadas que serão da HBO Max.

O autor se mostra bastante animado com o fato de que algumas das ideias para essas obras são bem diferentes em tom em abordagem do que foi feito antes, e diz que o mundo de Westeros e Essos permite muitos tipos de histórias sobre uma ampla gama de personagens.

House of the Dragon

A primeira série sucessora, House of the Dragon, encerrou suas filmagens recentemente em Londres e está agora em estágio de pós-produção. GRRM diz que adorou o que já viu, e que está ansioso para ver mais — o que revela que o envolvimento dele não é de fato de estar dentro da série.

Outras séries da HBO

Corlys Velaryon em House of the Dragon (HBO).

George confirma novamente que Bruno Heller (de Roma e Gotham) está escrevendo o piloto para a série de Corlys Velaryon, personagem que estará em House of the Dragon. Ele revela que o primeiro título planejado seria Nine Voyages (“Nove Viagens”), mas que agora a produção vem sendo chamada de The Sea Snake (“A Serpente Marinha”), pois já há outra série com um número no título.

Essa segunda série é a também já conhecida produção sobre a Nymeria, a rainha guerreira dos roinares, intitulada Nine Thousand Ships (“Nove Mil Navios”). Martin diz que a showrunner Amanda Segel já escreveu alguns rascunhos e que eles estão avançando no processo.

A terceira é a já mencionada série que adapta os contos de Dunk & Egg, que tem Steve Conrad como showrunner, sobre a qual Martin desta vez dá mais detalhes. Segundo o autor, as reuniões entre ele e sua equipe e o pessoal de Conrad foram bastante satisfatórias, e que o produtor pretende fazer uma adaptação bastante fiel das novelas (que é exatamente o que Martin quer).

GRRM revela, ainda, que a primeira temporada adaptará “O Cavaleiro Andante”, e que a série não se chamará Dunk & Egg (segundo ele, para que os espectadores não achem que se trata de uma sitcom). Os títulos considerados são A Knight of the Seven Kingdoms (“Um Cavaleiro dos Sete Reinos”) e The Hedge Knight (“O Cavaleiro Andante”).

Séries animadas na HBO Max

No âmbito das séries animadas, George diz que está adorando as artes conceituais que lhe foram mostradas, embora não possa revelar muita coisa a respeito delas. Ele confirma, porém, que uma notícia vazada há algum tempo, sobre uma das séries ser ambientada em Yi Ti, é verdadeira. O título provisório dessa produção de animação é The Golden Empire (“O Império Dourado”).

Outros projetos

Roadmarks, de Roger Zelazny.

Além dos projetos relacionados a Westeros, Martin reitera que está trabalhando também com os produtores e roteiristas de Roadmarks, da HBO (que adapta um romance de ficção científica de Roger Zelazny), Dark Winds, da AMC (baseada nas histórias de detetive de Leaphorn e Chee, de Tony Hillerman), e a adaptação de Wild Cards pela Universal/Peacock. Ele ainda revela que Night of the Cooters, um curta que adapta um romance de ficção científica de Howard Waldrop, deve ser finalizado no fim deste mês.

Análise

Agora, um pouco de comentários próprios para analisar o post de GRRM. A despeito de Martin dizer que The Winds of Winter continua sendo sua prioridade, a série de revelações seguintes indicam que ele tem dado bastante importância para as obras televisivas inspiradas em suas criações literárias.

Pode ser impressão minha, mas ao dizer que “Westeros ficou maior que The Winds of Winter, ou até que As Crônicas de Gelo e Fogo”, George dá a entender que o que outrora entendíamos como “a série principal” pode já não ter exatamente esse status no entender dele.

A intenção da HBO de tornar o universo de Game of Thrones numa grande franquia pop multimídia já se desenhava como clara desde 2017, mais ou menos, mas até agora Martin ainda não havia dado declarações como estas, que mesmo sem querer podem revelar que Winds, as Crônicas e o material escrito pelo próprio autor já não representam o centro em torno do que as obras derivadas orbitam. A ver o que o “GoT Universe” nos reserva.

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HBO estaria desenvolvendo séries de Dunk & Egg e Rebelião de Robert https://www.geloefogo.com/2021/01/hbo-estaria-desenvolvendo-series-de-dunk-egg-e-rebeliao-de-robert.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=hbo-estaria-desenvolvendo-series-de-dunk-egg-e-rebeliao-de-robert https://www.geloefogo.com/2021/01/hbo-estaria-desenvolvendo-series-de-dunk-egg-e-rebeliao-de-robert.html#comments Thu, 21 Jan 2021 20:47:52 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=108308 Segundo Joe Otterson, para a Variety, uma adaptação dos contos de Dunk & Egg como série televisiva estaria nos estágios […]

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Dunk & Egg, por Marc Simonetti.

Segundo Joe Otterson, para a Variety, uma adaptação dos contos de Dunk & Egg como série televisiva estaria nos estágios iniciais de desenvolvimento na HBO.

A nota não entra em maiores detalhes, esclarecendo que ainda não haveria roteiristas ou atores ligados ao projeto, mas afirma que as fontes dizem que a série seria prioridade na HBO, já que o canal tem como intenção capitalizar sobre o sucesso de Game of Thrones.

Na Entertainment Weekly, James Hibberd afirma que o canal está de olho em várias outros prelúdios de seu blockbuster que chegou ao fim em 2019. Ele indica que a emissora tem entrado em contato com vários roteiristas de elite e que uma das ideias sendo consideradas como adaptação é a Rebelião de Robert. Hibberd ainda cita nominalmente Bruno Heller, de Roma, como ligado a um dos projetos.

As notícias vêm como surpresa para os fãs, uma vez que Martin já afirmou (reiteradas vezes) que uma adaptação dos contos de Dunk & Egg não estava nos planos até ele escrever mais histórias da dupla (atualmente são apenas três), e que a Rebelião de Robert nunca estivera nos planos.

Em 2017, quando havia várias séries em desenvolvimento inicial pela HBO, George escreveu em seu blog (e a tradução completa do post pode ser lida aqui):

Não posso dizer a vocês sobre o que as séries vão ser (bom, posso, mas não vou), mas vou dizer algumas coisas que elas NÃO vão ser. Que vão desapontar alguns de vocês, claro, mas é melhor fazer isso agora do que depois, acho eu.

Não vamos fazer Dunk & Egg. Em algum momento, claro que eu gostaria, e muitos de vocês também. Mas eu só escrevi e publiquei três contos até hoje, e há no mínimo mais sete, oito ou dez que quero escrever. Todos sabemos o quanto sou lento, e o quanto uma série de televisão pode andar rápido. Não quero repetir o que aconteceu com a própria Game of Thrones, em que a série ultrapassa os livros. Quando chegar o dia em que terei terminado de contar todos os meus contos de Dunk & Egg, aí vamos fazer uma série de TV sobre eles… mas esse dia ainda está bem distante.

Também não vamos fazer a Rebelião de Robert. Sei que milhares de vocês querem, sei que há um abaixo-assinado… mas quando eu terminar de escrever As Crônicas de Gelo e Fogo, vocês vão saber todas as coisas importantes que aconteceram na Rebelião de Robert. Não haveria mais surpresas ou revelações numa série dessas, apenas o desenrolar de conflitos cujas resoluções vocês já conhecem. Não é uma história que quero contar agora; seria muito como um conto contado duas vezes.

Mais recentemente, quando comentou a confirmação de House of the Dragon como primeira série derivada de Game of Thrones, George reiterou que uma adaptação dos contos não estava nos planos, ao falar sobre o showrunner Ryan Condal (nosso artigo sobre o post completo pode ser lido aqui):

Ele também é um grande fã de meus contos de Dunk & Egg. Na verdade, era essa a série que ele queria fazer inicialmente, mas não estou preparado para levar Dunk & Egg à TV até ter escrito um número de outras histórias.

The Mystery Knight, por Marc Simonetti, capa brasileira de O Cavaleiro dos Sete Reinos,

Diante de declarações tão recentes e categóricas de Martin, é de se considerar se não está havendo uma cisão entre os executivos da HBO e as intenções autorais de Martin, já que os direitos já foram vendidos pelo escritor e o canal não tem que necessariamente pedir nova autorização para adaptar qualquer coisa do universo que esteja contemplada no contrato.

As informações de Otterson e Hibberd, no entanto, vão ao encontro de uma tendência observável da HBO de explorar ao máximo a propriedade que tem nas mãos com o universo de Westeros criado por George R. R. Martin, potencialmente tentando transformar as obras numa grande franquia. Isso seria coerente com os interesses da WarnerMedia de firmar o HBOMax como concorrente de outros streamings que têm franquias pop blockbuster em seu catálogo.

O que são os contos de Dunk & Egg

Os contos de Dunk e Egg são o primeiro material complementar do universo de As Crônicas de Gelo e Fogo publicado por George R. R. Martin. Atualmente, três contos existem:

  • O Cavaleiro Andante (The Hedge Knight, de 1998)
  • A Espada Juramentada (The Sworn Sword, 2003)
  • O Cavaleiro Misterioso (The Mystery Knight, 2010)

Eles foram editados pela primeira vez no Brasil em 2014, na coletânea O Cavaleiro dos Sete Reinos, que também foi publicada em língua inglesa em 2015, como A Knight of the Seven Kingdoms (os contos haviam sido publicados originalmente em antologias com outros autores).

George R. R. Martin já declarou ter a intenção de escrever uma série de histórias de Dunk e Egg, compreendendo as vidas inteiras dos personagens. O número não é certo, e em declarações distintas o autor já variou entre sete, dez ou doze.

Clique aqui para acessar nossa página especial dos contos de Dunk & Egg


Até o momento, a única série derivada de Game of Thrones já confirmada é House of the Dragon, que estreia em 2022.

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Revelações de George R. R. Martin em livro sobre a produção de Game of Thrones https://www.geloefogo.com/2020/10/revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2020/10/revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones.html#comments Tue, 06 Oct 2020 19:44:47 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=108151 Foi lançado hoje o livro Fire Cannot Kill a Dragon (“Fogo Não Pode Matar um Dragão”), de James Hibberd, jornalista da Entertainment […]

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Capa do livro “Fire Cannot Kill a Dragon” e George R. R. Martin (foto: Gage Skidmore).

Foi lançado hoje o livro Fire Cannot Kill a Dragon (“Fogo Não Pode Matar um Dragão”), de James Hibberd, jornalista da Entertainment Weekly que se notabilizou ao longo dos anos por seu trabalho bastante próximo da produção de Game of Thrones. O livro traz um histórico completo da série baseado em diversas entrevistas que Hibberd fez com os showrunners, diretores, roteiristas, executivos da HBO, atores, e também George R. R. Martin.

O foco da obra é Game of Thrones enquanto produção televisiva, mas por se tratar (ao menos originalmente) de um projeto de adaptação, referências aos livros e declarações de George que fazem referência a As Crônicas de Gelo e Fogo são inevitáveis. Já tive contato com o livro de Hibberd e pesquisei as falas de Martin que podem ser de interesse para os livros. A seguir, vou elencar algumas das que julguei mais pertinentes, e já alerto: há spoilers de The Winds of Winter, e possivelmente além!

Fire Cannot Kill a Dragon
Capa da edição americana de “Fire Cannot Kill a Dragon” (Penguin).

Quem vai sentar no Trono de Ferro

Game of Thrones terminou com Bran Stark no Trono de Ferro, uma reviravolta um tanto surpreendente tanto para espectadores quanto para leitores. Depois do fim da série, entrevistas do ator de Bran, Isaac Hempstead-Wright, e dos showrunners David Benioff e D. B. Weiss, indicavam que esse destino teria vindo diretamente de George R. R. Martin, mas as declarações até então permitiam interpretações duvidosas nesse sentido.

Fire Cannot Kill a Dragon traz uma declaração de Martin em que ele expressamente diz que “[contou] a eles quem estaria no Trono de Ferro” na já famosa reunião de 2013, em que se reuniu com os roteiristas para passar a ele seus planos para o futuro da série, já que a ultrapassagem dos livros era iminente.

Hodor e “hold the door”

Na mesma fala citada, George menciona que também contou aos produtores a reviravolta de Hodor e “hold the door“, momento também marcante na adaptação televisiva, mas que ainda não ocorreu nos livros de As Crônicas de Gelo e Fogo. Mais adiante no livro, esse ponto em específico do enredo é novamente abordado, e com maiores detalhes.

Hibberd diz que Martin idealizou a backstory de Hodor quando ainda estava escrevendo o primeiro livro, mas que a cena de “hold the door” vai acontecer de forma diferente num futuro livro (não especificado). O autor chegou a entrar em detalhes sobre seus planos:

Entrar na mente de alguém é uma obscenidade. Então o Bran pode ser responsável por Hodor ser um simplório, por entrar de maneira tão forte na mente dele que isso reverberou pelo tempo afora. A explicação dos poderes de Bran, toda a questão do tempo e da causalidade — podemos alterar o passado? O tempo é um rio em que se pode navegar só numa direção ou um oceano que pode ser afetado em qualquer lugar que se mergulhe? São esses assuntos que quero explorar no livro, mas é mais difícil de explicar na série.

[…]

Acho que eles executaram a cena muito bem, mas vai haver diferenças no livro. Eles a fizeram de uma forma muito física — “hold the door” (“segure a porta”) com a força de Hodor. No livro, Hodor roubou uma das espadas velhas da cripta. Bran vem wargando o Hodor e praticando no corpo dele, porque o Bran foi treinado em armas. Então dizer ao Hodor pra “segurar a porta” é mais algo como “defenda esta passagem” — defenda quando os inimigos chegarem — e Hodor vai estar lutando e os matando. Um pouco diferente, mas a mesma ideia.

Stannis ordena a queima de Shireen

Outra questão revelada “pelas metades” até agora era o sacrifício de Shireen por Stannis Baratheon. Logo depois de a cena ir ao ar, ainda no featurette “Inside the Episode”, Benioff revelou que a morte da menina vinha de George R. R. Martin — sem, porém, entrar em maiores detalhes. A discussão nos anos seguintes girava em torno de quem seria o responsável por ordenar o sacrifício: se o próprio Stannis, Melisandre, ou ainda outra pessoa.

Muitos leitores que superaram a visão superficial de um Stannis obcecado pelo poder e manipulado por Melisandre adquiriram, pelo contrário, uma visão um tanto exagerada e idealizada do personagem, e se recusavam a admitir que ele mesmo poderia se convencer a dar a ordem do sacrifício da própria filha. Tratei brevemente do assunto ainda na época que a polêmica surgiu neste artigo.

Na mesma fala dos dois itens anteriores, George menciona “a decisão de Stannis de queimar a filha”, e em outra passagem do livro, Hibberd diz expressamente:

Stannis matar a filha foi uma das cenas mais agonizantes em Game of Thrones e um dos momentos que Martin havia contado aos produtores que estava planejando para Os Ventos do Inverno (embora a versão do livro da cena vá acontecer de uma maneira um pouco diferente).

Se pudermos confiar em Hibberd (e não temos motivos para duvidar dele), ficou claro, portanto, não apenas que Stannis ordenará o sacrifício de Shireen pessoalmente, como também que a cena acontecerá ainda em Os Ventos do Inverno (o que tampouco se sabia até o momento).

O papel da Senhora Coração de Pedra

A decisão dos showrunners foi de cortar de Game of Thrones a Senhora Coração de Pedra, a versão morta-viva de Catelyn Stark, ressuscitada por Beric Dondarrion em As Crônicas de Gelo e Fogo. Benioff diz no livro que sequer houve muito debate sobre incluí-la, e Weiss declara:

A cena em que ela aparece pela primeira vez é um dos melhores momentos “caralho!” dos livros, acho que é esse momento que gerou a reação do público, mas depois…

A fala denota uma certa insatisfação com o progresso da história da Stoneheart. Benioff ainda acrescenta que não podem entrar em detalhes, mas que um dos motivos pelos quais eles não quiseram inseri-la tem a ver com eventos dos livros de George sobre os quais “eles não querem dar spoiler”, o que indica que eles não gostaram muito dos planos do autor para a trama que envolve a personagem (provavelmente porque conflitava com o que eles mesmos achavam melhor para a série de TV).

Ainda, consideravam que sabiam que a ressurreição de Jon Snow estava por vir, e ele julga que ressurreições demais diminuiram o impacto das mortes dos personagens. Em terceiro lugar, eles achavam que uma versão “zumbi que não fala” de Catelyn não faria justiça a uma atriz do calibre de Michelle Fairley.

Por outro lado, George R. R. Martin declara no livro sobre a personagem:

A Senhora Coração de Pedra tem um papel nos livros. Se é suficiente ou interessante o bastante… eu acho que é, ou não a teria incluído. Uma das coisas que eu quis mostrar com ela é que a morte que ela sofreu muda uma pessoa.

Destinos de personagens secundários

Ainda na mesma passagem, Martin comenta que “de forma alguma passamos por todo mundo”, indicando que os personagens secundários (ou terciários) podem ter destinos bastante diferentes em seus livros.

Os casamentos de Ramsay: Jeyne e Sansa

Uma das mudanças mais polêmicas de Game of Thrones (aquela que fez muita gente se desiludir de vez com os rumos que a série estava tomando, inclusive eu) foi alterar o arco de Sansa no Vale de Arryn e colocá-la como a vítima do casamento arranjado com Ramsay Bolton. Em As Crônicas de Gelo e Fogo, esse papel cabe a Jeyne Poole, amiga de Sansa que é forçada a se passar por Arya Stark (o que daria crédito e legitimidade ao casamento para os Bolton).

Benioff disse a respeito:

Sansa é uma personagem de que gostamos mais do que qualquer outra. Queríamos muito que a Sansa tivesse um papel importante naquela temporada. Se fôssemos ficar absolutamente fiéis ao livro, seria muito difícil de fazer isso. Havia uma subtrama que nós adorávamos nos livros, mas era com uma personagem que não estava na série [Jeyne Poole].

Bryan Cogman acrescentou:

Se você tem uma trama envolvendo Ramsay, você vai usar uma das suas meninas principais (que é uma atriz incrivelmente talentosa que todos acompanhamos por cinco anos e que os espectadores amam e adoram), ou vai trazer uma personagem nova pra isso? Você vai usar a personagem em que a audiência já está investida.

[…]

Nosso Mindinho é um pouco mais descarado que o jogador por trás dos panos dos livros — sem dizer que um é melhor que o outro. E Ramsay não é conhecido em todo lugar como um psicopata. O Mindinho não tem essa inteligência. Ele sabe só que os Boltons são assustadores e aterrorizantes e não são totalmente dignos de confiança.

George R. R. Martin, porém, esclareceu em parte suas intenções nos livros:

Meu Mindinho nunca entregaria a Sansa para o Ramsay. Ele é obcecado por ela. Na metade do tempo ele acha que ela é a filha que ele nunca teve — que ele queria ter, se tivesse se casado com Catelyn. Na outra metade, ele acha que ela é a Catelyn, e a quer pra si. Ele não vai dá-la pra alguém que faria mal a ela. Isso vai ser bem diferente nos livros.

Deixo para que cada um dos leitores tire suas conclusões a esse respeito.


Ainda não temos notícias sobre um possível lançamento do livro no Brasil. Ele está disponível em versão Kindle na Amazon em inglês (já lançado) e em espanhol (com lançamento previsto para novembro).

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George R. R. Martin na cabana secreta durante a apresentação dos Hugos.

Já há algum tempo os leitores de As Crônicas de Gelo e Fogo e fãs de George R. R. Martin sabem que ele se recolhe numa cabana secreta no Novo México quando quer focar mais em sua escrita. Em 2018, publicamos um rumor sobre a possibilidade de George estar terminando The Winds of Winter (Os Ventos do Inverno) em seu bunker, e em março deste ano, no início da pandemia de COVID-19, o autor revelou que estava recolhido em segurança na cabana.

Desde então, Martin passou a maior parte do tempo lá, como relatou em junho (quando deu uma atualização sobre a escrita do sexto livro), e como pudemos ver em sua manifestação de apoio à iniciativa soteropolitana Casa Respeita as Mina e nos segmentos gravados para a apresentação virtual dos Hugo Awards, em que foi mestre de cerimônias.

Neste sábado (15), GRRM fez uma nova e interessante postagem em seu Not A Blog intitulada Back to Westeros” (“De volta a Westeros”), em que falou sobre sua rotina de trabalho na cabana e como ela é diferente e ao mesmo tempo parecida com outras épocas de sua carreira. Martin descreveu seu humor como “reflexivo”. Leia o post traduzido:

De volta a Westeros

Estou de volta a minha fortaleza da solidão, minha cabana isolada nas montanhas. Eu tinha voltado a Santa Fe para uma estadia rápida, para passar um tempo com Parris, tratar de alguns negócios locais que haviam se acumulado nos meses em que eu estava longe, e, claro, cumprir minhas obrigações para com a CoNZealand, a Worldcon virtual. Mas tudo isso ficou para trás, e estou de volta à montanha de novo… o que quer dizer que estou de volta a Westeros de novo, mais uma vez progredindo em The Winds of Winter.

É curioso como minha vida se desenvolveu. Quer dizer, houve um tempo em que, na verdade, eu escrevia meus livros e histórias na casa em que morava, num home office. Mas há algumas décadas, desejoso de mais solidão, comprei a casa em frente e fiz dela o meu refúgio de escrita. Eu não escrevia mais o dia inteiro usando meu roupão de banho de flanela; agora tinha que me vestir, calçar sapatos e atravessar a rua para escrever. Mas funcionou por um tempo.

As coisas começaram a ficar mais atarefadas, porém. Tão atarefadas que precisei de um assistente em tempo integral. E então a casa-escritório incluía mais alguém, não apenas a mim e meus personagens. E aí contratei um segundo assistente, um terceiro, e… havia mais correspondências, mais emails, mais ligações (instalamos um novo sistema de telefonia), mais pessoas passando por ali. Hoje em dia já conto com cinco assistentes… e nesse meio-tempo também adquiri um cinema, uma livraria, uma fundação de caridade, investimentos, um gerente de negócios… e…

Apesar de toda a ajuda, eu estava me afogando até encontrar a cabana das montanhas.

Minha vida aqui em cima é bem enfadonha, devo dizer. Para falar a verdade, mal se pode dizer que tenho uma vida. Um assistente fica comigo o tempo todo (minions, é como os chamo). Os assistentes fazem turnos de duas semanas, e têm que ficar de quarentena em casa antes de começarem um turno. Todos os dias, de manhã, acordo e vou direto para o computador, onde meu minion me traz café (sou absolutamente inútil e incoerente sem meu café pela manhã) e suco, e às vezes algum café da manhã leve. Aí começo a escrever. Às vezes fico ali até escurecer. Em outros dias, paro no final da tarde para responder e-mails ou retornar ligações urgentes. Meu assistente me traz comida e bebida de tempos em tempos. Quando finalmente paro de trabalhar de vez, geralmente ao pôr-do-sol, temos o jantar. Aí assistimos televisão ou colocamos um filme. O wi-fi é um lixo aqui na montanha, porém, então as escolhas são limitadas. Há noites em que leio, ao invés disso. Sempre leio um pouco antes de dormir; quando um livro realmente me pega, posso ler metade da noite, mas é raro.

Durmo. No dia seguinte, acordo e faço a mesma coisa. E no dia seguinte, e no seguinte, e no seguinte. Antes da Covid, eu geralmente saía uma vez por semana para comer num restaurante ou ir ao cinema. Isso tudo terminou em março. Desde então, semanas e meses se passam sem que eu saia da cabana, ou veja outro ser humano à exceção de quem quer esteja de serviço naquela semana. Perco as contas de que dia é, que semana é, que mês é. O tempo parece passar muito rápido. Estamos em agosto, e não sei o que aconteceu com julho.

Mas isso é bom para a escrita.

E sabe, parando agora para pensar, estou começando a perceber que esse sempre foi o meu padrão. Me mudei para Santa Fe no final de 1979, vindo de Dubuque, Iowa. Meu primeiro casamento terminou logo antes da mudança, então cheguei a minha nova casa sozinho, numa cidade em que não conhecia quase ninguém. Roger Zelazny morava aqui, e se tornou um grande amigo e mentor, mas Roger era casado e tinha filhos pequenos, então na verdade eu não o via com muita frequência. Não havia fandom em Santa Fe, era tudo em Albuquerque, a uma hora de distância. Eu ia a encontros do clube todo mês, mas era só uma noite por mês e gastava duas horas na estrada. E eu não tinha um trabalho que me permitisse conhecer gente nova. Meu trabalho era no quarto dos fundos da casa da Declovina Street, então era lá que eu passava meus dias. À noite, eu assistia televisão. Sozinho. Às vezes eu ia ao cinema. Sozinho.

Essa foi minha vida de dezembro de 1979 a setembro de 1981, quando a Parris finalmente se mudou para Santa Fe, depois da Denvention. (Talvez a vida não fosse tão erma, na verdade eu já tinha feito alguns amigos aqui no final de 1980 e no início de 1981, mas foi um processo demorado). Quando penso na minha vida em 1980-1981, as memórias parecem ser completamente tomadas por convenções, intercaladas com episódios de Lou Grant e WKRP em Cincinnati.

Ah, mas no que diz respeito ao trabalho, aquele mesmo período foi tremendamente produtivo pra mim. Lisa e eu terminamos Santuário dos Ventos naquela época, Gardner e eu trabalhamos bastante em “Shadow Twin“, e depois embalei e escrevi Sonho Febril inteiro. Alguns contos também. Minha vida, como tal, era vivida na minha cabeça, e nas páginas.

Me pergunto se é assim também com outros escritores. Ou será só comigo? Me pergunto se um dia vou descobrir o segredo de ter uma vida e escrever um livro ao mesmo tempo.

Com certeza ainda não descobri.

Para o momento, é o que temos. Minha vida é em casa, em espera, e passo meus dias em Westeros com meus camaradas Mel, Sam, Vic e Ty. E aquela menina sem nome, lá em Braavos.

Alguns comentários

Para contexto, vamos recapitular quem e o que são algumas figuras e locais mencionados por Martin nesse post. Parris, é claro, é a esposa dele. A casa dele e a “casa em frente” são em Santa Fe, também no Novo México, e elas podem ser vistas aqui:

Os minions de Martin são seus assistentes, e diante dessa revelação da rotina, parece ficar claro que os “mountain minions” (a quem o livro Fogo & Sangue é dedicado) são mesmo os que o auxiliam na cabana.

Pelo texto do post fica claro também que George já estava se recolhendo na cabana das montanhas desde antes da pandemia de Covid, e não “aproveitou a quarentena” para voltar (ou começar) a trabalhar em The Winds of Winter, como muitas manchetes imprensa afora noticiaram erroneamente.

Martin ainda fala de algumas obras que escreveu no período 1980-1981, sobre as quais os leitores podem saber mais clicando nos links para nossas páginas especiais a respeito delas.

Por fim, ele cita novamente alguns personagens com ponto de vista de The Winds of Winter. Sei que nossa tendência é especular sobre a situação dos mencionados, sobre sua localização geográfica (se em Westeros ou Essos, nos casos de Victarion, Tyrion e Arya, por exemplo) ou até se estão vivos ou mortos, imaginando que após tantos anos George esteja escrevendo os capítulos finais do livro.

O que acontece, no entanto, é que como a escrita de Martin não é linear (ele escreve vários capítulos fora de ordem) e ele com frequência volta, edita, revisa e reestrutura capítulos já escritos, ele pode estar se referindo a POVs desses personagens que estejam no início ou no meio do livro, e não apenas no final. A esse respeito, no artigo em falo sobre o prazo de publicação de Os Ventos do Inverno após o término do livro, há também um tópico sobre o processo de escrita de Martin.

A “fortaleza da solidão” que abre o post, é claro, é uma referência ao refúgio do Superman.

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O Festim, a Dança e o Sapo: pré-julgamentos de histórias não concluídas https://www.geloefogo.com/2020/07/o-festim-a-danca-e-o-sapo-pre-julgamentos-de-historias-nao-concluidas.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-festim-a-danca-e-o-sapo-pre-julgamentos-de-historias-nao-concluidas https://www.geloefogo.com/2020/07/o-festim-a-danca-e-o-sapo-pre-julgamentos-de-historias-nao-concluidas.html#comments Wed, 01 Jul 2020 23:06:28 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=106775 Leitores que se interessam por As Crônicas de Gelo e Fogo muitas vezes são fisgados de tal forma que não […]

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A Grande Pirâmide de Meereen, Quentyn Martell e as Terras Fluviais assoladas pela guerra. Artes originais: Nicola Mancone, Kim Sokol e René Aigner.

Leitores que se interessam por As Crônicas de Gelo e Fogo muitas vezes são fisgados de tal forma que não querem parar de ler, nem sequer dar um intervalo entre os livros. O ritmo crescente dos três primeiros volumes da série tem seu ápice no Casamento Vermelho, provavelmente o momento mais emblemático do ciclo épico de George R. R. Martin.

A Tormenta de Espadas, é, de fato, o fim de um primeiro ato. A partir daí, é notável um arrefecimento no ritmo nos dois livros seguintes, O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões, o que resulta em insatisfação para muitos leitores que se acostumaram com a intensidade frenética dos primeiros. O descontentamento é tamanho que não é incomum nos depararmos com comentários no sentido de que as subtramas e personagens com ponto de vista introduzidos no quarto e no quinto livros seriam inúteis, “encheção de linguiça” ou descartáveis.

Essa é uma confusão comum, mas não por isso menos enganosa. Neste artigo tentarei argumentar por que na verdade ela representa um pré-julgamento, utilizando um personagem que surge com frequência nessas discussões, Quentyn Martell, e referências ao que vimos na adaptação televisiva Game of Thrones.

Como assim, pré-julgamento?

A percepção de que elementos e personagens que se desviam daqueles estabelecidos desde o início (no dito “primeiro ato” do ciclo) seriam inúteis denota um pré-julgamento acerca de algo que ainda não foi concluído. Se o leitor não sabe ou não percebeu onde vão resultar as novas subtramas e se as “recompensas” ainda não estão de fato presentes na história, é comum considerá-las necessariamente um recheio exagerado ou expansão de lore dispensável. Este, porém, é um curso de interpretação que considero um tanto perigoso.

O arco de Quentyn Martell, em particular, é um dos mais considerados por leitores como algo inútil ou uma grande perda de tempo (com efeito, foi um comentário nesse sentido em uma postagem aqui do site que me estimulou a escrever este artigo). Por essa mesma razão, o príncipe Martell serve bem a nossos propósitos no texto, para evidenciar como o fato de os efeitos de um arco talvez não serem óbvios numa primeira leitura e nem imediatos não significa que ele seja apenas “encheção de linguiça”.

Sem dúvida as consequências da trama de Quentyn ainda não estão claramente visíveis nos livros já publicados. Ele “acabou” de morrer, afinal, nos capítulos finais de A Dança dos Dragões. Acontece, porém, que é bastante possível inferir alguns significados para a inserção do personagem por parte do autor — e nem precisamos fazer um exercício sobre-humano de raciocínio para isso.

O diálogo com a fantasia

A nível temático, Quentyn parece ser mais um dos personagens de que Martin se utiliza para fazer um comentário e um diálogo com a literatura de fantasia de uma maneira geral. Nesse caso em específico, trata-se de uma desconstrução da ideia do “príncipe encantado que parte em uma aventura” — inclusive com uma bela dama para o final “felizes para sempre”. A questão aqui, é claro, é que o príncipe Martell e sua aventura não são nada disso.

Quentyn não é sequer encantador, e muito menos encantado: seu apelido por boa parte do livro em que aparece e morre é “Sapo”. Nem todas as aventuras têm um final feliz — e elas fedem, o que é simbolizado por Martin de maneira nada sutil com o navio Aventura, mencionado no primeiro parágrafo do primeiro capítulo de Quentyn. Nem todos os pretensos heróis estão destinados a grandes feitos e ao protagonismo de uma história do plano maior. Nem todos os príncipes que saem pelo mundo deveriam fazê-lo, principalmente não aqueles que nunca quiseram isso em primeiro lugar, como Quentyn.

Quentyn Martell, por Kim Sokol. © Fantasy Flight Games.

Para todos os grandes homens e mulheres cujos feitos heroicos são dignos de registro para a posteridade, há um sem-número de outros que tentaram empreitadas tão ou mais corajosas, mas não foram bem sucedidos (e concordo com Arthur Maia quando ele diz que o príncipe dornês foi, de fato, corajoso). O insucesso, porém, na maioria das vezes resulta no esquecimento.

Um ato temerário, mas valente, cujo objetivo não é atingido ou resulta em fracasso é posteriormente massacrado. Um ato igualmente temerário e valente que resulta em sucesso é exaltado. Quase sempre o que se vê é um julgamento não do ato em si, no momento da decisão e da motivação do agente, mas uma avaliação a posteriori condicionada ao sucesso ou insucesso da missão.

Admitindo que esse é mesmo o comentário e o diálogo que GRRM quer fazer com a fantasia clássica que veio antes de si, ainda poderíamos nos perguntar: “seria estritamente necessário que Martin fizesse essa metarreflexão à custa da fluidez de sua própria história?”.

Eu tenderia a responder que não, por preferência pessoal (isso se ignorasse completamente que a história é do autor e que ele é quem sabe e decide o que é ou não necessário). Ao mesmo tempo, no entanto, acredito que o mais provável é que George tenha aproveitado um personagem que já seria necessário para as tramas pré-existentes para inserir esse diálogo, e não o criado especificamente para esse fim crítico.

Interpreto a narrativa de As Crônicas de Gelo e Fogo como um ente em si mesmo, capaz de fazer e trazer “exigências” próprias ao autor, justamente pelas reiteradas declarações de Martin sobre ser um escritor jardineiro — aquele que não planeja todo o curso da história minuciosamente de antemão, tendo apenas uma grande semente na cabeça, mas sempre aberto a novos ramos para a árvore final. Dessa maneira, a narrativa pode ter “exigido” que Quentyn partisse em uma aventura, e GRRM teria então aproveitado essa necessidade para também fazer um metacomentário acerca da clássica jornada encontrada em tantas e tantas histórias antes da que resolveu contar.

As implicações práticas

A importância do arco de Quentyn não está, porém, restrita à tentativa de desconstrução de tropes de gênero literário por parte do autor: é possível perceber que a aventura do príncipe dornês e sua morte também reverberarão no plano maior da história. O personagem foi um dos elementos problemáticos do chamado “nó meereenês”, a enorme dificuldade que GRRM enfrentou para determinar quando vários personagens que se dirigiam a Daenerys finalmente a alcançariam em A Dança dos Dragões, o que dificultou sobremaneira a finalização da escrita do livro.

Uma hoste dornesa se prepara para a guerra. Arte: René Aigner.

Segundo o próprio autor, ele experimentou escrever a chegada do príncipe de Dorne na cidade de Meereen em diversos momentos diferentes: antes, durante e depois do casamento da rainha Targaryen. A versão final acabou sendo aquela em que ele chega quando Daenerys já considera o casamento com Hizdahr zo Loraq irrevogavelmente marcado. Isto, somado à falta de apelo para Daenerys no porte e na aparência de Quentyn e ao foco momentâneo dela na paz em Meereen, resulta no fracasso da missão do jovem Martell.

Por sua vez, esse fracasso leva a uma atitude desesperada por parte do príncipe, que, no afã de ser o herói da jornada que lhe foi imputada e não voltar para Dorne de mãos abanando — tendo falhado na missão — resolve-se a domar um dos dragões de Daenerys, e acaba morto pelo fogo de Rhaegal. É nesse fato em particular que residem as prováveis consequências da malfadada aventura de Quentyn. Tanto a morte do príncipe quanto a rejeição da proposta que Dorne levou à rainha Targaryen repercutirão enormemente no cenário político de Westeros.

À primeira vista, os Martell e Dorne como um todo seriam dos mais óbvios aliados de Daenerys Targaryen numa eventual invasão aos Sete Reinos. Não apenas a proximidade histórica (e recente) entre os Martell e os Targaryen seria um fator preponderante, mas os dorneses também têm motivos ainda mais pessoais para destronar a facção reinante no continente, a Casa Lannister, que afinal foi responsável pela morte de Elia e seus filhos. É muito provável, no entanto, que os eventos envolvendo Quentyn em Meereen farão com que esse apoio não exista.

E aí essa subtrama se liga com outras. Primeiro, há outro pretendente Targaryen no continente: Aegon, filho de Rhaegar e Elia (ainda que apenas na aparência, visto que são grandes as chances de ele ser falso). Coincidentemente ou não, Arianne Martell, a irmã que tem uma espécie de rivalidade unilateral com Quentyn, vai ao encontro do Jovem Griff para verificar sua legitimidade, e o príncipe Doran, o chefe da casa, ficou claramente balançado com a notícia da chegada do suposto sobrinho.

Em segundo lugar, quando as notícias dos eventos de Meereen chegarem a Westeros (e elas inevitavelmente chegarão, possivelmente por meio de Archibald Yronwood e Gerris Drinkwater), os Martell provavelmente não interpretarão a situação pelo ponto de vista da rainha Targaryen. O mais plausível é que eles simplesmente vejam os fatos crus: Quentyn foi vitimado por um dos dragões de Daenerys, que rejeitou a oferta de casamento e apoio oferecida por Dorne. Não é difícil imaginar que eles não mais a apoiarão, ainda mais com um concorrente de grande apelo logo à mão.

Daenerys Targaryen observa Meereen do topo da Grande Pirâmide. Arte: Tomáš Vachuda.

Há, ainda, uma outra subtrama que Quentyn pôs em andamento: o acordo do “time Daenerys” com o Príncipe Esfarrapado, por Pentos. A cidade, como se sabe, é onde reside o magíster Illyrio, antigo anfitrião de Viserys e Daenerys e responsável por arranjar o casamento entre ela e Drogo, ainda no primeiro livro. No quinto, porém, descobrimos que os planos de Illyrio são outros: ele e Varys na verdade conspiram a favor do Jovem Griff. Com a crescente cisão entre as facções de Daenerys e Aegon, especulo que Pentos também será um palco de confrontos entre esses dois times, possivelmente resultando do desesperado acordo de Quentyn com o comandante dos Soprados pelo Vento.

E as implicações não são apenas no nível do enredo em si. Não seria implausível, ainda, que eventos colocados em movimento pela morte de Quentyn repercutissem não apenas no plano político, mas também no psicológico de Daenerys. É possível que um apoio westerosi a Aegon (enquanto ela possivelmente seria vista como uma invasora perigosa e louca) seja um componente de sua tragédia a nível pessoal, cujo desenvolvimento corrido foi um dos pontos mais criticados da última temporada de Game of Thrones. Também abordei essa possível consequência no arco particular de Daenerys no ensaio “Dois lados da moeda Targaryen”, em que analiso o possível destino da personagem nos dois livros restantes de As Crônicas de Gelo e Fogo (e onde argui, também, que não haverá lados estritamente certos nesse imbróglio entre a Targaryen e os Martell).

O que a adaptação em Game of Thrones pode nos ensinar

Não é incomum, ainda, vermos os mesmos críticos dos livros quatro e cinco de As Crônicas de Gelo e Fogo demonstrarem também insatisfação com a última temporada (ou as últimas) da série Game of Thrones, o que me parece uma contradição enorme.

Porto Real incendiada, em “The Bells” (HBO).

Nesse sentido, considero sempre de bom tom lembrar que — ao contrário do que muitas vezes se diz Internet afora — a adaptação televisiva começou a caminhar com as próprias pernas muito antes de não haver mais material-fonte para adaptar: isto é, bem antes de a narrativa chegar ao fim de A Dança dos Dragões.

Enquanto as três primeiras temporadas correspondiam de forma razoavelmente fiel às tramas presentes em A Guerra dos Tronos, A Fúria dos Reis e A Tormenta de Espadas, os três primeiros volumes do ciclo de Martin, a partir da quarta as coisas na TV ficaram bastante diferentes de FestimDança. Os showrunners decidiram trilhar outro caminho, com arcos do material original de Martin excluídos e novas tramas criadas exclusivamente para a série televisiva, talvez vagamente inspiradas em eventos presentes nos livros.

Parece-me muitíssimo provável que são justamente essas tramas e os personagens menos “frenéticos” do miolo da história, aqueles que compõem o arrefecimento depois do auge do Casamento Vermelho, que darão um substrato emocional e logístico para diversos dos eventos mais “chocantes” e catárticos dos volumes finais, The Winds of WinterA Dream of Spring. Versões desses eventos desse calibre foram incluídos nas temporadas finais de Game of Thrones, mas muitos espectadores (incluindo não-leitores) os receberam com estranheza, e acredito que justamente pela ausência de uma base.

Durante anos, o comentário geral sobre várias subtramas e personagens relevantes de As Crônicas de Gelo e Fogo que foram excluídos de Game of Thrones foi “isso foi removido porque não é importante para o final”. Em certa medida isso estava certo, mas por outro lado, nem tanto. Sim, provavelmente personagens como o Jovem Griff, Arianne, Quentyn e Victarion são, a rigor, desnecessários para os eventos de uma parte do final acontecerem, se eles estiverem mortos. O que acontece, porém, é que as tramas que os envolvem são parte do caminho para se chegar ao fim idealizado por George R. R. Martin (sobre o qual discorri em um artigo publicado ainda antes do fim da oitava temporada da serie de TV).

É claro que foi possível que Game of Thrones atingisse pontos finais idealizados por Martin sem esses personagens e seus arcos e subtramas, mas isso aconteceu à custa de uma construção mais sólida, de um caminho mais bem trabalhado. Os personagens, elementos e subtramas introduzidos no meio da história fazem parte do enredo por uma razão, não são simplesmente expansão de lore aleatória. A longa e por vezes enfadonha temporada de Daenerys Targaryen em Meereen, por exemplo, existe para que haja uma catarse final que explique ações futuras dela (ainda que não as justifique). Excluindo-se os fundamentos do meio, os finais podem parecer corridos e sem sentido.

A linha de chegada

O intuito maior dessa reflexão, enfim, era mostrar que tachar alguma trama ou personagem em uma história não-concluída de “inútil” ou “encheção de linguiça” é um exercício bastante arriscado e temerário, diante de uma análise que vai um pouquinho só além do superficial e dos meros fatos e eventos daquela narrativa.

Game of Thrones, depois da quarta temporada, parece ter sido exatamente o que muitos dos leitores que rejeitam O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões gostariam que As Crônicas de Gelo e Fogo fosse: uma história “crua” e direta, sem muita “enrolação”, “perda de tempo” ou “fillers“, com momentos chocantes atrás de momentos chocantes, reviravoltas e mais reviravoltas, e pouco ou nenhum tempo para respirar. Não me parece que a rejeição à temporada final seja coincidência diante da falta de substrato depois do primeiro ato da série.

O Cotovia, o navio que levou Quentyn e seus companheiros de Lys a Volantis. Arte: Dimitri Bielak. © Fantasy Flight Games.

Analisando Quentyn Martell, podemos perceber como o personagem foi não apenas uma solução encontrada para dar base e servir de gatilho para eventos futuros, mas também “aproveitado” por George R. R. Martin para fazer um comentário metatextual.

Quentyn é apenas um entre vários outros exemplos de arcos que à primeira vista podem ser julgados como inúteis ou de pouco acréscimo à trama principal, se não se conhece o final ou no que aquilo vai dar. Poderíamos, igualmente, citar a temporada de Daenerys em Meereen, fundamental para sua jornada, ou a ressurreição de Catelyn Stark como a Senhora Coração de Pedra, que possivelmente também influirá no ciclo de Arya.

No entanto, esse “pré-julgamento” da necessidade ou desnecessidade de uma certa linha narrativa, além de não buscar compreender as razões que levaram o autor a inserir aquilo na história (que, afinal, é dele), não se sustenta sem se conhecer ou sequer tentar especular os fins de uma história.

Assim, meu conselho é no sentido de darmos crédito e, no mínimo, o benefício da dúvida ao autor. Não julguemos subtramas e personagens negativamente sem antes termos certeza da linha de chegada. A meu ver, George R. R. Martin já demonstrou ser mais do que capaz de entregar recompensas depois de seus fundamentos, ainda que por vezes (e ainda bem) não saibamos onde eles vão dar.


O Podcasteros analisa e faz uma leitura conjunta de FestimDança, baseada em uma ordem de capítulos em que os dois livros são lidos simultaneamente.

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Exemplo não-real de uma parcial de The Winds of Winter. Foto: Felipe Bini.

Uma dúvida que com frequência acomete muitos leitores de As Crônicas de Gelo e Fogo é: o que acontecerá quando George R. R. Martin finalmente terminar de escrever The Winds of Winter (Os Ventos do Inverno)? Dentro de quanto tempo o livro estará disponível nas livrarias?

A resposta rápida é que o livro provavelmente estará publicado, em suas edições britânica e americana, mais ou menos três meses depois de Martin entregar o original à editora. Trata-se de um prazo anormalmente curto entre a entrega do manuscrito e a publicação, mas não impossível.

A seguir, explicaremos como esse rápido lançamento de The Winds of Winter seria plausível, utilizando como base o processo de publicação dos livros anteriores de As Crônicas de Gelo e Fogo, declarações de Martin e de suas editoras, e um artigo de Chris Lough para a Tor.com. Além disso, especularemos também sobre a possibilidade de uma data de publicação simultânea ou algum prazo para o lançamento de Os Ventos do Inverno no Brasil.

As falas de Martin sobre The Winds of Winter

George R. R. Martin trabalhando em The Winds of Winter durante aparição ao vivo na TV, em junho de 2014. Na tela do computador, um capítulo de Asha Greyjoy no WordStar. Fonte: YouTube.

No segundo dia do já longínquo ano de 2016, George R. R. Martin publicou em seu Not a Blog um extenso e decepcionado post sobre a escrita de The Winds of Winter. Na publicação, Martin evidenciava toda a sua frustração por não ter conseguido terminar o sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo a tempo para ser publicado antes da sexta temporada de Game of Thrones, que estrearia em abril daquele ano.

No post, o autor revelava ter centenas de páginas e dúzias de capítulos já escritos, mas dizia que ainda faltavam (no mínimo) meses para terminar a escrita do livro. Esse aparente otimismo não significou muito em termos de lançamento, mas dava a entender que de fato o autor já tinha (e ainda tem) uma quantidade substancial de material pronto.

Lendo o post de Martin, porém, algumas passagens chamam a atenção no que concerne à data de lançamento. Por exemplo:

Todos queríamos que o livro seis de As Crônicas de Gelo e Fogo saísse antes que a sexta temporada da série da HBO fosse ao ar. Presumindo que a série voltaria no início de abril, isso significava que Os Ventos do Inverno teria de ser publicado antes do fim de março, no mais tardar. Para isso acontecer, segundo minhas editoras, elas precisariam do original completo antes do fim de outubro.

Martin se referia, nessa passagem, a outubro do ano de 2015. Mais adiante no post, ele revela que a escrita não andou bem e que ele não conseguiu cumprir esse prazo do Dia das Bruxas. As experientes editoras, no entanto, já haviam se preparado:

Elas já tinham um plano de contingência. Haviam feito planos para acelerar a produção. Me disseram que se eu conseguisse entregar Os Ventos do Inverno até o fim do ano, ainda conseguiriam publicá-lo antes do fim de março.

George ficou imensamente aliviado e confiante de que conseguiria terminar Os Ventos do Inverno com esses dois meses a mais, mas foi novamente incapaz de fazê-lo, e assim a publicação do sexto livro antes da sexta temporada de Game of Thrones tornou-se impossível. Mais adiante, ainda no mesmo post, ele diria:

Mas não, não posso dizer a vocês quando terei terminado, ou quando ele será publicado. A melhor estimativa, com base em nossas conversas anteriores, é que a Bantam (e provavelmente minha editora britânica também) consigam ter a versão em capa dura três meses depois da entrega, se os cronogramas deles permitirem. Mas quando a entrega acontecerá, não posso dizer.

Fica claro, assim, que a Bantam (a editora americana) e a HarperCollins (a editora britânica) são capazes de publicar The Winds of Winter três meses depois de Martin lhes entregar o original. Com efeito, foi mais ou menos isso o que aconteceu com os livros anteriores, o que é particularmente observável à época do término da escrita e do lançamento de A Dance with Dragons (A Dança dos Dragões), em 2011.

Como foi com os livros anteriores?

O intervalo entre a entrega do original e a publicação sempre foi relativamente curto para os livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, segundo Adam Whitehad, fã especialista em fantasia e ficção científica e amigo de George R. R. Martin. A afirmação de Whitehead é corroborada pela listagem da coleção de George R. R. Martin na Biblioteca Cushing, da Texas A&M University, para a qual o autor doou muito material.

O primeiro livro da série, A Game of Thrones (A Guerra dos Tronos), foi publicado em agosto de 1996, e Whitehead especula que George tenha terminado a escrita no final de 1995 ou no início de 1996. Na coleção da Cushing, que inclui parciais enviadas por Martin às editoras, o último manuscrito data de outubro de 1995. Se essa for mesmo a data da finalização do original, esse seria o livro da série com o intervalo mais longo entre a entrega e a publicação.

Na coleção da Cushing, o original completo do segundo livro, A Clash of Kings (A Fúria dos Reis), data de maio de 1998, e ele foi publicado em novembro de 1998. O intervalo entre entrega e publicação, portanto, foi de seis meses, já sendo observável uma diminuição no tempo em relação ao primeiro volume.

O anúncio do término da escrita do terceiro livro, A Storm of Swords (A Tormenta de Espadas), veio na segunda metade de abril do ano 2000 (em nossa seção de AFMs, é possível ler o e-mail em que George conta essa boa nova a Elio García). Abril é também a data do original armazenado na Cushing, e é perceptível que o prazo de publicação diminuiu ainda mais: menos de quatro meses depois, em 8 de agosto, o livro três foi publicado pela primeira vez no Reino Unido.

Em 29 de maio de 2005, George R. R. Martin divulgou em seu site que o livro quatro de As Crônicas de Gelo e Fogo não seria mais A Dance with Dragons, como anteriormente planejado. Em um longo post, ele divulgou oficialmente para o mundo que o livro seria dividido em dois, e que o quarto volume de seu ciclo de fantasia épica seria agora A Feast for Crows (O Festim dos Corvos).

Contamos com mais detalhes o processo de escrita de O Festim dos Corvos (e, colateralmente, de A Dança dos Dragões) em um post sobre a história da escrita de As Crônicas de Gelo e Fogo como um todo. Em resumo, porém, George concluiu ter material demais para um só volume e que alguns personagens já tinham arcos completos, enquanto outros estavam em estágios iniciais. A solução foi fazer uma divisão geográfica e por personagens: alguns foram removidos totalmente do quarto livro, e seu material foi passado para o seguinte.

Para os efeitos deste nosso artigo, no entanto, o que importa é que A Feast for Crows foi publicado no Reino Unido em 17 de outubro daquele ano, pela Voyager. Foram, portanto, mais ou menos quatro meses e meio entre a decisão de dividir o livro e sua efetiva publicação. Um prazo parecido com o de Storm, e que seria ainda menor no volume seguinte.

Manuscrito A Dança dos Dragões
Anne Groell, editora de George R. R. Martin, com o original de A Dança dos Dragões. Fonte: Unbound Worlds.

No dia 3 de março do ainda longínquo ano de 2011, George divulgou no Not a Blog que embora A Dance with Dragons ainda não estivesse terminado, a Bantam o publicaria no dia 12 de julho. O autor ressaltou que dessa vez não se tratava de wishful thinking ou de estimativa, mas de uma data de lançamento real. Ao longo de março e abril, George continuou relatando no blog que estava terminando os últimos capítulos da escrita.

Em 27 de abril, Martin fez um post no Not a Blog indicando que o original estava pronto e entregue. No mesmo dia, Anne Groell, editora de George na Bantam, confirmou a informação em uma postagem no portal Unbound Worlds, revelando que ela e o autor haviam se reunido no dia anterior e feito algumas últimas edições.

Em 19 de maio, Martin fez uma grande postagem em seu blog contando detalhes da escrita e edição, e informando que o processo de copidesque e as revisões estavam 100% terminados, e o texto do quinto livro oficialmente finalizado.

A Dance with Dragons foi realmente publicado no dia 12 de julho, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Foram, portanto, menos de três meses após a data de entrega anunciada por Martin e Groell, no final de abril.

A produção acelerada

Nos Estados Unidos, a produção de um livro, da entrega do original (manuscrito) até a chegada às livrarias demora, geralmente, de nove meses a um ano. Como, então, seria possível isso acontecer em apenas três meses ou menos para Os Ventos do Inverno?

O artigo de Chris Lough na Tor.com, publicado em 2016, é bastante completo ao explicar o processo normal da publicação de um livro e em quê o lançamento de The Winds of Winter seria diferente desse padrão. Lough discorre longamente sobre o processo de edição, a criação da capa, o marketing, as vendas, a formatação, a impressão e a distribuição. Todas as etapas da produção editorial, enfim.

Não reproduzirei em detalhes, aqui, todos os pontos abordados no artigo, sendo suficiente dizer que Os Ventos do Inverno seria uma exceção pelo status de blockbuster que a série de livros já alcançou, o que já adianta muitas tarefas que seriam feitas do zero para outras publicações, e torna viável que as editoras aloquem mais recursos e pessoal na produção dessa obra, em detrimento de outras.

Tomemos como exemplo a capa. É improvável que haja uma comissão para que um artista ilustre uma nova capa do zero para The Winds of Winter. A Bantam já possui um padrão para os livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, e, ao que tudo indica, ele se manterá para o próximo volume. Ainda que esse modelo mude (e isso já ocorreu no lançamento dos volumes anteriores), é muito provável que já se tenha vários projetos engatilhados para a arte de capa.

No que concerne ao marketing, geralmente o planejamento é feito mais ou menos na época em que a capa e o original são entregues, para ser executado nos meses seguintes. Acontece, porém, que um plano de marketing para The Winds of Winter não tem de fazer o público descobrir a obra: a maior parte dos potenciais leitores já conhece muito bem a série de livros de George R. R. Martin, sabe quem é o autor e que o sexto volume é aguardado. Isso não significa, porém, que nada tem de ser feito: há, ainda, os leitores mais casuais, que têm de ser “avisados” por meios comuns sobre o lançamento do livro. O fato de grande parte do marketing hoje ser digital também é um enorme facilitador.

George R. R. Martin na sede da Random House, onde teve que autografar “algumas” cópias de Fire & Blood. Foto: GRRM, Twitter.

O artigo de Lough foi escrito em 2016, quando a adaptação Game of Thrones ainda não havia terminado, mas me arrisco a dizer que o planejamento de marketing para Os Ventos do Inverno, diante da recepção largamente negativa do fim da série de TV, terá de incluir também uma tentativa de recapturar muitos leitores para o universo dos livros. Nada impossível de ser feito, porém, dada a imensa magnitude de evidência que a adaptação televisiva ainda proporciona ao ciclo de livros.

Na parte de vendas para as livrarias, a coisa também é bem mais fácil do que para um livro “comum”. A editora não precisa convencer nenhum livreiro ou grande conglomerado a comprar The Winds of Winter, apenas confirmar a aquisição. Provavelmente, também, já se tem uma boa ideia da parte numérica propriamente dita, do número de pedidos, tanto pela expertise derivada da publicação de A Dance with Dragons quanto pelos planos engendrados para a publicação em 2016.

A diagramação, necessária para a posterior impressão, demora de duas a seis semanas para ser realizada, mas no caso de Os Ventos de Inverno o processo também pode ser acelerado, tanto com um aumento do orçamento quanto pelo fato de que já há um molde na forma dos volumes anteriores da série.

Quanto à impressão, não haveria grandes mudanças, mas ainda assim seria possível para a editora pagar mais para as gráficas agilizarem o processo. Em um post na Tor.com é possível ver o passo a passo da impressão de outro blockbuster de fantasia, A Memory of Light, décimo quarto e último volume da série A Roda do Tempo.

A edição: o xis da questão

Para além da aceleração dos processos mais logísticos da publicação, que é possível com pré-planejamento e bastante investimento, um dos pontos centrais para o rápido lançamento de The Winds of Winter após o término da escrita reside no processo peculiar de edição dos livros de As Crônicas de Gelo e Fogo.

Via de regra, depois que o autor entrega seu original, o texto passa pelo editor e por um ou mais preparadores, copidesques e revisores. Essas últimas etapas não podem ser puladas nem aceleradas, pois é preciso uma versão final vinda do autor para que elas sejam feitas, mas a edição propriamente dita encontra uma especificidade nas obras de George R. R. Martin.

Geralmente, é só após a entrega do original que os editores e editoras vão ler a obra, analisá-la e fazer ao autor as recomendações que julgam necessárias para a melhoria do texto em geral. Os profissionais muitas vezes fazem anotações pontuais no original para abordar questões específicas, mas podem chegar a fazer sugestões de grandes edições estruturais, na ideia da história em si ou em sua apresentação.

Para ilustrar, seguem alguns exemplos de comentários feitos por Anne Groell a capítulos enviados por George em parciais de A Dance with Dragons. Ela faz comentários que vão desde a repetição de expressões a sugestão de mais contexto e explicação para algumas situações, e até perguntas sobre possíveis teorias. As fotos foram tiradas por _honeybird na coleção de Martin da Cushing. Basta clicar nas fotos para ver as anotações em tamanho maior:

No caso de The Winds of Winter e dos outros livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, porém, a peculiaridade é que muito desse trabalho já é feito antes da entrega final. Adam Whitehead, comentando no artigo de Lough, esclareceu o seguinte sobre o processo de escrita e edição de Martin:

GRRM não escreve rascunhos dos livros. Ele escreve rascunhos de capítulos (às vezes uma série de vários capítulos de um mesmo personagem ponto de vista), depois volta, reescreve, lapida e os edita. Aí, avança para outro personagem. Às vezes decisões tomadas para um novo personagem afetam outros capítulos previamente “finalizados”, o que causa atrasos e o efeito borboleta.

Quando ele tem um bloco de capítulos prontos com os quais está 100% satisfeito, que podem variar de dois a duas dúzias, ele os envia para a editora. A editora faz sugestões, que ele então incorpora enquanto ainda trabalha em material novo. Ele também escreve de maneira não-linear, saltando de personagem em personagem ao invés de capítulo em capítulo (por exemplo, ele escreveu quase todos os capítulos de Tyrion no livro 3 durante a escrita do livro 2). É por isso que não dá para ele simplesmente publicar o que já tem para ficar à frente da HBO, já que o que está 100% finalizado agora pode ser os capítulos 2 a 20, 30 a 33, 45 e 60, e ele pode nem ter escrito o prólogo e o primeiro capítulo ainda.

Assim, quando ele escreve o último capítulo do livro e o envia para edição, é só um pedacinho que precisa ser trabalhado, em vez da coisa toda. Ainda se precisa fazer edição linha a linha e revisão de continuidade, mas a edição profunda acontece enquanto a primeira fase de escrita ainda está em andamento.

Parcial de janeiro de 2004 de A Feast for Crows. Fonte: Elio García.

Isso explica bastante coisa, tanto sobre como o processo é acelerado após a entrega do original quanto por que os livros de Martin demoram tanto. Aparentemente ganha-se tempo após a entrega, mas a edição mais pesada e estrutural ainda existe. A diferença é que ela é feita enquanto George ainda está escrevendo o livro.

Ainda assim, não é como se Martin entregasse o texto e ele já estivesse pronto para diagramação e impressão. Ainda há trabalho a fazer após a entrega do original, tanto por ele mesmo quanto por outros profissionais. No longo post de maio de 2011, além de relatar vários dos “pacotes” de capítulos que enviou para a editora ao longo do período entre 2005 e 2011, o autor revela técnicas que utiliza para polir o texto após a entrega:

Primeiro, minhas editoras e eu tomamos algumas decisões a respeito de onde terminar este livro, que envolveram passar uns capítulos para o próximo volume, The Winds of Winter. Em uma série como A Song of Ice and Fire, sempre há deliberações a fazer a respeito de onde terminar um livro e começar o seguinte, já que se está lidando com única grande e longa história. Será que a cena tal funciona melhor no final de um livro ou no começo do próximo? O personagem tal deveria terminar com um gancho ou com alguma espécie de resolução (seja ela permanente ou temporária)? E daí em diante. E por aí vai.

Em segundo lugar, eu enxuguei o texto. Essa é uma técnica que aprendi em Hollywood, onde meus roteiros sempre ficavam longos demais. “Isso aqui está longo demais,” dizia o estúdio. “Corte oito páginas.” Mas eu odiava perder qualquer das coisas boas — cenas, diálogos, momentos de ação — então ao invés disso eu repassava o roteiro, aparando e compactando linha a linha, palavra por palavra, cortando a gordura e deixando só o músculo. Descobri que esse processo era tão valioso que fiz o mesmo com todos os meus livros desde que saí de Los Angeles. É o último estágio do processo. Terminar o livro, e depois repassá-lo, cortando, cortando, cortando. Sinto que gera um texto mais compacto e robusto. No caso de A Dance with Dragons, meu enxugamento — a maior parte dele feito depois que anunciamos a data de publicação do livro, mas antes de eu entregar os capítulos finais — por si só reduziu o número de páginas em quase oitenta.

Os capítulos removidos da versão final de A Dance with Dragons são aqueles de Os Ventos do Inverno que George já divulgou em eventos, como teaser em edições do quinto livro, em seu site ou no aplicativo oficial de As Crônicas de Gelo e Fogo. Traduzimos esses capítulos e eles estão disponíveis em nossa página especial.

As quase oitenta páginas que George conseguiu reduzir do original enxugando o texto representavam mais ou menos 5% do total. A certa altura, o livro estava chegando às 1700 páginas (pela contagem do processador de texto WordStar, do DOS, que o autor ainda utiliza), um número que impossibilitaria que ele fosse publicado em um só volume.

Em outra passagem desse grande e elucidativo post, a prática de Martin de editar enquanto escreve fica ainda mais clara, quando ele fala sobre as parciais enviadas à editora nos anos imediatamente seguintes à publicação de O Festim dos Corvos:

A parcial mais antiga nos meus arquivos data de janeiro de 2006. Àquela altura eu tinha 542 páginas prontas. Agora, lembrem-se, foi em junho de 2005 que dividi A Feast for Crows em dois livros paralelos, e escrevi meu infame (e, em retrospecto, mal-pensado) posfácio “Enquanto isso, na Muralha…”. A Feast for Crows, quando entregue, tinha 1063 páginas no original. À época da divisão, vendo todo o material de Tyrion e Daenerys que eu tinha removido, concluí que precisava de mais umas 400 e poucas páginas para ter outro livro do mesmo tamanho, e isso foi, provavelmente, o que me fez dizer que o livro seguinte sairia dentro de um ano. Que belas palavras. Nunca mais faço isso.

[…]

E o ano e meio seguintes provaram a bobagem que havia sido minha previsão. A parcial seguinte que enviei para a Bantam, datada de outubro de 2007, tinha 472 páginas. Sim, no ano e meio entre as duas parciais eu consegui DESESCREVER umas setenta páginas. Eu estava fazendo muito mais revisão e reescrita — e reestruturação — nessa época do que progredindo de fato.

Lista de capítulos de O Festim dos Corvos
Comparativo de capítulos entre uma parcial e versão final de A Feast for Crows, na Universidade Texas A&M. A parcial de outubro de 2003 ainda incluía capítulos de Jon, Tyrion e Daenerys. Foto: u/GRVrush2112, reddit.

Leitores já fizeram comparações prévias de capítulos divulgadas por Martin e as versões finais publicadas, e encontraram diferenças substanciais e (às vezes) bastante interessantes, até para a fundamentação de teorias a respeito dos rumos da história. No reddit, as séries de artigos “How GRRM Rewrites“, de zionius, e “ASOIAF Archives“, de Jen Snow, tratam do assunto em detalhes.

A questão aqui, enfim, é que o processo de escrita e edição de Martin é muito pouco linear. Não apenas o autor não escreve os livros na ordem em que os capítulos são publicados, como também a edição é feita de forma muitas vezes concomitante com a escrita, e não só depois de todo o texto estar pronto. Isso ao mesmo tempo significa uma aparente demora na entrega do original, mas é o que permite também a aceleração da publicação tão logo ele seja entregue.

E o lançamento no Brasil?

Logo de Os Ventos do Inverno baseado na identidade visual dos livros de As Crônicas de Gelo e Fogo na Suma.

Tudo bem, então. Já sabemos que o livro sairá no Reino Unido e nos Estados Unidos mais ou menos três meses depois de George entregar o original. Mas e no Brasil? Quanto tempo depois da publicação em inglês o livro sairá por aqui? Será possível haver lançamento simultâneo de Os Ventos do Inverno em nosso idioma?

Perguntei à editora de George R. R. Martin na Suma, Beatriz d’Oliveira, se já havia algum planejamento específico da casa para The Winds of Winter, mas a resposta foi negativa. Beatriz afirmou que a editora tentará fazer o livro com “a maior qualidade e agilidade possíveis”, mas que como no momento não há previsão da entrega ou publicação dele, “não cabe comentar sobre isso”.

Isso não significa, porém, que não possamos especular, de forma razoavelmente fundamentada, sobre a viabilidade de uma publicação simultânea e possíveis prazos para o lançamento do sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo em território brasileiro.

Em primeiro lugar, é importante levarmos em conta que essa será a primeira vez que um livro da série principal será lançado quando todos os anteriores já estão publicados no Brasil. Quando A Dance with Dragons saiu em inglês, em julho de 2011, apenas os dois primeiros volumes de As Crônicas de Gelo e Fogo haviam sido lançados por aqui pela antiga detentora dos direitos, a editora Leya. A Tormenta de Espadas só seria publicado em setembro daquele ano, e O Festim dos Corvos em fevereiro de 2012. Assim, não havia sequer razão para que houvesse publicação simultânea àquela época, e A Dança dos Dragões saiu em edição nacional apenas em junho de 2012.

Como os mais antigos certamente se lembrarão, a primeira impressão do quinto livro saiu com um capítulo a menos, o que levou a editora a fazer um recall da obra. Além disso, com mudanças no processo de tradução, agora feita diretamente do inglês para o português brasileiro, houve diversas inconsistências em relação aos volumes anteriores, que adaptavam a versão de Jorge Candeias para o português europeu.

Em 2014, Martin publicou, em coautoria com Linda Antonsson e Elio García, o tomo enciclopédico O Mundo de Gelo e Fogo. O lançamento em inglês aconteceu em 28 de outubro de 2014, e a edição nacional da Leya saiu menos de um mês depois, em 21 de novembro. Dessa vez, não houve exclusão de um capítulo inteiro, mas o livro de luxo foi publicado com inúmeros erros. Uma edição revisada, mas que ainda manteve diversos dos problemas, saiu em outubro de 2017 (acompanhada de um pôster de genealogias que ajudei a Leya a elaborar).

Anne Groell com o original de “Fire & Blood”, no final de abril de 2018. Foto: Del Rey Books, Twitter.

Em 2018 foi a vez de Fogo & Sangue, livro de história imaginária composto em grande parte por material “extra” de O Mundo de Gelo e Fogo, chegar às livrarias. O grupo Companhia das Letras adquiriu os direitos de publicação da obra (e de todo o catálogo de Martin na Leya) e o publicou no Brasil em simultâneo com o lançamento internacional, no dia 20 de novembro, pelo selo Suma.

Para esse lançamento simultâneo, a equipe de produção da Suma provavelmente teve de empreender esforços similares aos da Bantam e da Harper para a publicação acelerada. Pouco antes do lançamento do livro, entrevistei os tradutores Regiane Winarski e Leonardo Alves, que revelaram que o livro foi dividido em dois, e que cada um gastou mais ou menos um mês para completar a parte que lhe coube. Eles disseram também que faziam envios parciais de suas partes, para que a preparação de texto e a revisão já fossem adiantadas.

Já que isso foi possível com Fogo & Sangue, haveria então a possibilidade de se fazer o mesmo com Os Ventos do Inverno? Na minha opinião, as coisas seriam um pouco mais complicadas para o sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo.

Quando George R. R. Martin anunciou que A Dance with Dragons sairia no Reino Unido na mesma data de lançamento dos Estados Unidos, um leitor espanhol perguntou a respeito da publicação em seu país. Parris McBride, esposa de Martin, respondeu o seguinte:

A editora de George na Espanha é a Gigamesh. Você pode descobrir mais no site deles, ou escrevendo diretamente a eles para perguntar sobre os planos de publicação.

Todas as editoras estrangeiras têm de esperar até receberem o original final e revisado para passá-lo ao tradutor. Depois que a tradução ficar pronta, a editora tem que fazer todo o trabalho editorial, decidir quando Dança vai entrar em seu cronograma de publicação, o que não está sob o controle de George.

O maior problema para uma publicação simultânea, assim, reside na data em que as editoras internacionais receberiam o original revisado em inglês. No caso de Fire & Blood, o texto final parece ter ficado pronto bem antes do lançamento (já que há uma foto de Anne Groell com o manuscrito em abril de 2018), mas provavelmente não será assim com o sexto livro da série principal.

Aliás, até em Fogo & Sangue isso foi um problema. Há discrepâncias nos textos das edições internacionais (incluindo a brasileira), pelo fato de algumas últimas correções no texto em inglês terem sido feitas depois de as editoras internacionais já terem recebido o original para tradução. Roberto Mattos, o “Alto Valiriano”, tratou do assunto neste artigo.

No caso de Os Ventos do Inverno, o intervalo entre o recebimento do original final e a data de publicação nos Estados Unidos será, provavelmente, bastante curto. Como vimos anteriormente, a versão final do original de A Dance with Dragons, após copidesque e revisões (a versão que seria enviada para as editoras internacionais) ficou pronta em 19 de maio, e o livro já estava nas prateleiras em 12 de julho. Foram, portanto, menos de dois meses, o que é um prazo praticamente impossível para que qualquer editora traduza, edite, revise, diagrame, imprima e distribua um livro.

A título de exemplo, nenhuma editora internacional publicou A Dança dos Dragões em tradução completa em 2011. A solução encontrada por muitas foi a divisão do livro, em duas ou mais partes. Em Portugal, um dos casos mais rápidos, a Saída de Emergência publicou a primeira metade em setembro de 2011 e a segunda parte apenas em janeiro do ano seguinte.

Edições da Suma dos cinco livros já lançados de As Crônicas de Gelo e Fogo. Foto: Editora Suma, Twitter.

Dessa forma, não se trata apenas de a editora brasileira querer para conseguir fazer um lançamento simultâneo. Se George novamente anunciar a data de publicação antes de ter o original final em mãos (como fez com Dance, em março de 2011), a equipe de produção poderá se preparar para agilizar os processos logísticos relativos ao lançamento do livro, mas existe um limite para a aceleração do trabalho direto com o texto.

Um livro de mil laudas, como Os Ventos do Inverno provavelmente terá, leva mais ou menos três meses para ser traduzido, por um profissional rápido. A solução encontrada para acelerar o processo em Fogo & Sangue foi dois tradutores trabalharem no texto, cada um em partes diferentes, mas seria essa uma boa estratégia também para The Winds of Winter? O tom mais enciclopédico e objetivo da história imaginária é bem diferente da densidade da série principal, em que todo o estilo do autor se faz presente nos mais diversos personagens.

Ainda que se repita essa escolha e se divida o trabalho entre dois ou mais tradutores, ainda haverá as tarefas de preparação e revisão a serem realizadas também, e em tempo (muito) recorde. Mesmo admitindo que isso seria possível, ainda haveria o risco de um trabalho a toque de caixa resultar em problemas como os que vimos nas primeiras edições de A Dança dos DragõesO Mundo de Gelo e Fogo.

Assim, se o intervalo curto entre a finalização do original e a data de publicação das edições americana e britânica realmente se mantiver, considero improvável que tenhamos publicação simultânea para The Winds of Winter no Brasil — o que, claro, não é um problema ou algo ruim per se. Com um processo já bastante rápido, acredito que o livro possa ser lançado por aqui alguns meses depois da publicação nos Estados Unidos.

E qual é o prazo, afinal?

Como já adiantamos na introdução, The Winds of Winter provavelmente será publicado nos Estados Unidos e no Reino Unido mais ou menos três meses depois de George R. R. Martin entregar o original à editora, segundo o próprio autor. Prazos similares têm sido o histórico para volumes anteriores de As Crônicas de Gelo e Fogo, e não parece que com o livro seis isso será diferente.

Apesar de reduzido, esse tempo é factível tanto por se tratar de um blockbuster literário, o que torna viável que as editoras concentrem mais esforços e recursos na produção desse livro em detrimento de outros, quanto pelo processo peculiar de escrita e edição de Martin. O autor não apenas não escreve os livros de maneira linear, como também já realiza grande parte do trabalho de edição, que geralmente só seria feito depois da entrega do original, antes dela.

Quanto à publicação de Os Ventos do Inverno no Brasil, a editora Suma ainda não tem planos específicos para o livro, mas de qualquer forma parece improvável que vá haver lançamento simultâneo. O curtíssimo prazo entre a finalização do original em inglês e a data de publicação nos Estados Unidos inviabiliza que as editoras internacionais consigam traduzir, editar, revisar, diagramar, imprimir e distribuir o livro para um lançamento na mesma data em seus países.


George R. R. Martin recentemente revelou estar em um bom momento da escrita de Os Ventos do Inverno, mas não informou data de término ou de lançamento.

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Jogo de tabuleiro ‘A Game of Thrones’ ganhará versão digital https://www.geloefogo.com/2020/06/jogo-de-tabuleiro-a-game-of-thrones-ganhara-versao-digital.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=jogo-de-tabuleiro-a-game-of-thrones-ganhara-versao-digital https://www.geloefogo.com/2020/06/jogo-de-tabuleiro-a-game-of-thrones-ganhara-versao-digital.html#comments Sun, 21 Jun 2020 21:59:29 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=107742 O jogo de tabuleiro A Game of Thrones, lançado originalmente pela Fantasy Flight Games em 2003, ganhará uma versão digital e […]

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Cartaz de lançamento de A Game of Thrones – The Board Game – Digital Edition.

O jogo de tabuleiro A Game of Thrones, lançado originalmente pela Fantasy Flight Games em 2003, ganhará uma versão digital e online no terceiro quadrimestre de 2020. Desenvolvido pela Dire Wolf e publicado pela Asmodee Digital, o jogo já tem uma página própria na Steam. Na descrição do produto se lê:

A Game of Thrones: The Board Game – Digital Edition é a adaptação digital do jogo de tabuleiro campeão de vendas da Fantasy Flight Games. Durante o jogo, os jogadores alastram sua influência sobre Westeros por meio de uma combinação de planejamento estratégico, diplomacia magistral e poderio militar. Como uma das Grandes Casas, você conquistará pela força, forjará alianças, levantará a população de suas cidades ou ardilosamente trilhará seu caminho ao Trono de Ferro pela coação?

Baseado na série de romances de fantasia best seller As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, A Game of Thrones: The Board Game – Digital Edition permite que até seis jogadores joguem online, o que um único jogador individual jogue localmente com até cinco adversários de inteligência artificial. O jogo é ambientado após a morte do Rei Robert Baratheon, e permite que cada jogar assuma o papel de uma das Grandes Casas dos Sete Reinos, na tentativa de atacar Porto Real e reclamar o Trono de Ferro.

Para ser declarado governante dos Sete Reinos, você tem 10 rodadas para usar diplomacia e habilidades de guerra a seu favor, para controlar o máximo possível de áreas estratégicas do mapa. Conquiste com cuidado, já que seus recursos são escassos e suas tropas não são descartáveis. Convoque seu exército, planeje suas ordens com sabedoria e capture terras estratégicas com sua Infantaria, Cavaleiros, Armas de Cerco e navios. Durante o tumulto da batalha, use personagens conhecidos de sua casa para ficar em vantagem e subjugar seus inimigos.

[…]

No entanto, fique de olho nas terras além da Muralha, já que um exército de bárbaros selvagens se reúne para baixar sobre o continente! Todas as casas têm de cooperar para reunir o máximo de peças de poder para reforçar a Patrulha da Noite, e afastar os selvagens, ou as consequências podem ser devastadoras…

De acordo com a página na Steam, o jogo terá versões em inglês, francês, italiano, alemão e espanhol, e estará disponível para Windows e Mac OS X. Não há informações sobre uma tradução para o português. Haverá também um ranking dos jogadores baseado no rating ELO. A Asmodee Digital divulgou um vídeo teaser do jogo e algumas telas:

Caixas do board game A Guerra dos Tronos e da expansão Mãe dos Dragões, da Galápagos.

O jogo original

A versão digital é baseada na segunda versão do board game A Guerra dos Tronos, lançado pela Fantasy Flight Games em 2011, e no Brasil pela Galápagos Jogos em 2013. A expansão A Clash of Kings, lançada para a primeira edição em 2004, foi integrada ao jogo base na segunda edição, que também conta com as expansões A Dance with DragonsA Feast for Crows e Mother of Dragons (Mãe dos Dragões), esta última também lançada no Brasil pela Galápagos.

 


Ainda não há data exata para o lançamento de A Game of Thrones – The Board Game – Digital Edition. A versão brasileira do board game pode ser adquirida aqui.

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Conheça as capas das edições especiais portuguesas de ‘As Crônicas de Gelo e Fogo’ https://www.geloefogo.com/2020/04/conheca-as-capas-das-edicoes-especiais-portuguesas-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=conheca-as-capas-das-edicoes-especiais-portuguesas-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo https://www.geloefogo.com/2020/04/conheca-as-capas-das-edicoes-especiais-portuguesas-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo.html#comments Fri, 10 Apr 2020 21:31:57 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=107398 A editora portuguesa Saída de Emergência, detentora dos direitos de publicação de As Crônicas de Gelo e Fogo em Portugal, […]

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A editora portuguesa Saída de Emergência, detentora dos direitos de publicação de As Crônicas de Gelo e Fogo em Portugal, lançou recentemente uma nova edição especial limitada para a série bestseller de George R. R. Martin.

Em terras lusas, cada um dos cinco livros originais já publicados da série são divididos em dois volumes. Explicamos o histórico de publicação dos livros no Brasil e em Portugal neste post, que conta as origens da escrita da série de Martin. A nova edição é a primeira portuguesa em capa dura, e cada livro conta com fitilho e tiragem limitada de 3 mil cópias.

Até o momento, a editora lançou as edições especiais para os três primeiros livros: A Game of Thrones (A Guerra dos Tronos e A Muralha de Gelo), A Clash of Kings (A Fúria dos Reis e O Despertar da Magia) e A Storm of Swords (A Tormenta de Espadas e A Glória dos Traidores). A Saída de Emergência, através do selo Bang!, já informou que os quatro volumes restantes (que compreendem A Feast for CrowsA Dance with Dragons) também receberão as novas edições, bem como The Winds of Winter.

Abaixo você pode conferir as capas, que emulam o estilo de crônicas medievais e retratam eventos de cada um dos volumes. As fotos das capas externas, segundas capas e contracapas são do Instagram da editora. É só clicar nas imagens para ampliá-las.

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George R. R. Martin fala sobre suas ações contra o coronavírus https://www.geloefogo.com/2020/03/george-r-r-martin-fala-sobre-suas-acoes-contra-o-coronavirus.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=george-r-r-martin-fala-sobre-suas-acoes-contra-o-coronavirus https://www.geloefogo.com/2020/03/george-r-r-martin-fala-sobre-suas-acoes-contra-o-coronavirus.html#comments Tue, 17 Mar 2020 23:57:14 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=107381 Desde a penúltima postagem de George R. R. Martin em seu Not A Blog, no dia 3 de março, muita […]

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Desde a penúltima postagem de George R. R. Martin em seu Not A Blog, no dia 3 de março, muita coisa aconteceu no mundo, e o autor naturalmente não ficou imune a esses eventos. Em um post de hoje (17), Martin falou sobre a situação da pandemia de COVID-19 que assola o planeta e informou sobre as medidas que tem tomado, tanto a nível de seus negócios quanto no plano pessoal.

Como era de se esperar, GRRM se mostrou atento, sóbrio e razoável diante da situação de alastramento da doença, e revelou estar pessoalmente bem de saúde e em isolamento. De quebra, ainda falou um pouco sobre The Winds of Winter (“Os Ventos de Inverno”). Traduzimos o post completo para o português, que pode ser lido abaixo.

Vivemos dias estranhos. Mesmo antigo como sou, não consigo me lembrar de ter vivenciado algo como as últimas semanas.

Estamos adotando medidas aqui no Novo México, como em todo lugar.

O Meow Wolf fechou. Uma precaução sensata, dado o tamanho enorme das multidões que habitualmente se formam todos os dias para ver a Casa do Eterno Retorno. O MW atrai pessoas de todo o país, de todos os países, na verdade, e é praticamente uma exposição em que se põe as mãos, em que os visitantes são estimulados a tocar em tudo e andar por toda parte. Fechá-la imediatamente foi uma boa decisão.

A partir de hoje, também vou fechar o Jean Cocteau Cinema. O JCC só comporta 130 pessoas, e não chegamos a isso mais que três ou quatro vezes por ano; a frequência na sala e no bar geralmente está bem abaixo do limite estadual de 50 pessoas. Mesmo assim, por que correr o risco? Prefiro pecar pelo excesso, então o cinema vai ficar fechado até 15 de abril, quando vamos fazer um balanço e reavaliar. Sinceramente, não tenho ideia de como as coisas vão estar em Santa Fe, no Novo México, nos Estados Unidos ou no mundo daqui a um mês. As coisas estão mudando rápido. Mas nossa intenção é manter o cinema fechado até que as autoridades relevantes nos digam que é seguro reabrir.

Também vou fechar minha organização sem fins lucrativos, a Fundação Stagecoach, durante esse período. A Stagecoach habitualmente tem aulas e oficinas sobre vários aspectos da produção de cinema e televisão, para jovens que aspiram a carreiras na indústria do entretenimento, mas não ocorrerá nenhuma enquanto o coronavírus ainda estiver à solta.

Apesar dos fechamentos, vamos continuar pagando nossos funcionários na Stagecoach e no Jean Cocteau durante o futuro próximo.

Vamos manter nossa livraria, a Beastly Books, aberta por enquanto. A livraria nunca tem mais que um punhado de clientes em um mesmo momento, à exceção de eventos com autores — e vamos cancelar ou adiar todas as sessões de autógrafos e de leitura agendadas. Enchemos a loja de desinfetantes e produtos de higiene, e vamos monitorar a situação com cuidado daqui em diante. Se parecer melhor fechar a livraria também, vamos fechar.

Enquanto isso, porém, nosso serviço de entregas vai continuar funcionando. Com as quarentenas, lockdowns e o isolamento social no cardápio por toda parte, e com todos os estabelecimentos de entretenimento habituais fechando as portas, ler é a melhor forma de passar as horas ociosas. Se precisarem de uns livros para passar o próximo mês (mais ou menos) e se distrair de tudo o que está acontecendo no mundo, temos leituras ótimas em oferta, e TODOS os nossos livros são autografados. Veja em https://jeancocteaucinema.com/product-category/signed-books/.

Para aqueles que estiverem preocupados comigo pessoalmente… Sim, tenho ciência de que estou bem na população vulnerável, dadas minha idade e minha condição física. Mas estou me sentido bem no momento, e estamos tomando todas as precauções razoáveis. Estou indo sozinho em um local remoto e isolado, assistido por uma pessoa de minha equipe, e não estou indo à cidade nem me encontrando com ninguém. Para dizer a verdade, estou passando mais tempo em Westeros do que no mundo real, escrevendo todos os dias. As coisas estão bem feias nos Sete Reinos… mas talvez não tão feias quanto podem ficar aqui.

Há dias em que assisto às notícias e não posso deixar de sentir como se estivéssemos vivendo num romance de ficção científica. Infelizmente, porém, não é o tipo de ficção científica em que eu sonhava viver quando criança, aquela que tinha cidades na lua, colônias em Marte, robôs domésticos programados com as Três Leis e carros voadores. Eu nunca gostei tanto assim das histórias de pandemia…

Esperemos sair todos desta situação sãos e salvos. Fiquem bem, meus amigos. É melhor prevenir do que remediar.

Ao final, GRRM postou uma imagem com a técnica recomendada para lavagem das mãos “legendada” com a “Ladainha contra o medo”, de Duna (clássico de ficção científica de Frank Herbert):

Fear the Mindkiller
“Não terei medo. O medo mata a mente. O medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Enfrentarei meu medo. Permitirei que passe por cima e através de mim. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu restarei.”

O Gelo & Fogo também deixa sua mensagem de alerta consciente para todos e recomenda que sigamos as orientações para evitar a disseminação da doença. Desta vez, a alcateia terá de sobreviver com os lobos solitários.

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