Arquivos Artigos da série – Gelo & Fogo https://www.geloefogo.com/category/artigos/artigos-serie Informações sobre a obra de George R. R. Martin Sat, 13 Jun 2020 22:48:12 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.1.6 140837471 Os comentários de Benioff e Weiss sobre ‘Game of Thrones’ e sua produção https://www.geloefogo.com/2019/10/os-comentarios-de-benioff-e-weiss-sobre-game-of-thrones-e-sua-producao.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=os-comentarios-de-benioff-e-weiss-sobre-game-of-thrones-e-sua-producao https://www.geloefogo.com/2019/10/os-comentarios-de-benioff-e-weiss-sobre-game-of-thrones-e-sua-producao.html#respond Wed, 30 Oct 2019 17:00:32 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=107131 David Benioff e D. B. Weiss participaram de uma sessão no Festival de Cinema de Austin no último sábado (26), […]

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D. B. Weiss e David Benioff
Weiss e Benioff participaram de evento no Austin Film Festival, nos Estados Unidos. Foto: @ForArya.

David Benioff e D. B. Weiss participaram de uma sessão no Festival de Cinema de Austin no último sábado (26), na qual responderam a perguntas sobre suas experiências como showrunners de Game of Thrones e comentaram sobre seu processo de produção de uma forma geral.

Em entrevistas nos últimos anos, os produtores da adaptação de As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, não entravam em muitos detalhes sobre suas decisões e eram evasivos na maioria das respostas, limitando-se a elogios aos atores e comentários superficiais sobre o enredo (chegavam a excluir certas perguntas, como sobre o arco de Sansa em Winterfell).

O que se viu e ouviu em Austin foi algo um pouco diferente. A dupla foi homenageada pelo festival com o prêmio de “Melhores Roteiristas para a TV” em 2019, e esteve bastante à vontade para revelar como se deu o início da produção da série e informações sobre o processo de adaptação dos livros para a TV.

Alguns comentários reiteravam informações já reveladas por eles em aparições e entrevistas anteriores, enquanto outros eram novidades (embora alguns confirmassem suspeitas antigas de segmentos mais críticos do fandom). A seguir, as falas da dupla em português, acompanhadas, ao final, de alguns comentários meus a respeito.

As fontes

Ainda no sábado, a aparição foi reportada pelo perfil @ForArya no Twitter, que compilou falas de Weiss e Benioff em uma sequência. Como se tratava apenas de uma fonte, houve certa desconfiança na web quanto à veracidade dos relatos e a possibilidade de haver edição das falas.

No dia seguinte, vários portais publicaram matérias sobre a aparição, mas praticamente todos usavam a thread no Twitter como fonte única. Houve, porém, dois relatos independentes, que confirmavam partes das falas: um post do SyFy Wire, que se atinha à escalação de Jason Momoa como Drogo, e uma matéria do jornal local Austin 360, que relatava algumas das curiosidades reveladas pela dupla.

No dia 28, o portal de fact-checking Truth or Fiction, um dos mais antigos da web, confirmou no Twitter e no site que as declarações eram verdadeiras. O site postou um áudio completo do evento, que pode ser acessado aqui. O relato a seguir é composto de paráfrases dos áudios.

O que disseram?

O início da conversa girou em torno da enorme quantidade de personagens e a dificuldade que isso trazia para a série. Os produtores disseram que começaram criando planos gerais das temporadas, inserindo cenas em fichas catalográficas de cores diferentes para cada subtrama. Benioff disse que tinham um máximo de 12 fichas, e que estavam preocupados se a audiência conseguiria acompanhar a história.

No argumento original da história (o pitch), a primeira temporada seria fiel e depois a fidelidade iria decrescer cada vez mais pelo tamanho da história, então sempre faziam alterações para reduzi-la.

Revelaram também que passavam um bom tempo online, nos fóruns e grupo de discussão de fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo, enquanto se preparavam para o início da produção. Brincaram que tinham dificuldades com a geografia e que os mapas online ajudavam bastante, e também disseram que viam discussões de “fan casting”, e que nelas descobriram o ator Jason Momoa (que acabaria interpretando Drogo em Game of Thrones).

Passaram, depois, a discorrer sobre como foi o início da produção. No famoso encontro com George R. R. Martin, disseram que o autor lhes pediu referências de trabalhos anteriores, mas que eles não tinham nenhuma na TV, e que não sabiam porque ele lhes confiou a obra de sua vida (algo que já havia sido dito várias vezes em outras entrevistas e eventos).

Contaram também que estavam muito nervosos na apresentação do pitch para a HBO, pois quem os ouviu foi a executiva Carolyn Strauss, famosa por ser bastante fria e rigorosa, e também porque eles estavam muitíssimo interessados em conseguir o trabalho.

A seguir, comentaram sobre o desastroso piloto não-aprovado da série, dizendo que ele basicamente era composto de erros básicos de escrita. Os produtores disseram que não entendem como a HBO deu sinal verde para a série mesmo com tantos erros em roteiro, elenco e figurino. A maior hipótese, segundo eles, é que a emissora já tinha muitos pré-contratos de venda da série para outros países, e que não queria perdê-los.

Weiss, então, passou a discorrer sobre como Game of Thrones acabou sendo uma grande escola de cinema para eles, pois não tinham sequer ideia de como conversar com as pessoas de diferentes funções que compunham a equipe de produção:

Saber como falar com pessoas que fazem coisas que você não entende muito bem não é algo que se nasce sabendo. É algo que se aprende fazendo. […] Tivemos muita sorte de meio que ter tido a escola de cinema mais cara do mundo.

Os showrunners disseram que os episódios inicialmente estavam curtos demais, e a HBO os forçou a escrever e filmar mais 100 minutos para cumprir com as obrigações contratuais. Eles, então, acrescentaram algumas cenas, como a interação entre Cersei e Robert na primeira temporada. Mais tarde, na entrevista, disse que a experiência com essas “cagadas” na primeira temporada deu a eles confiança para se desviarem dos livros nas seguintes.

Weiss reiterou o que já haviam dito algumas vezes: se chegassem ao Casamento Vermelho, iriam até o final de uma forma ou outra. O plano original deles sempre havia sido de 7 temporadas (o que também já havia sido dito em diversas oportunidades).

A moderadora, então, perguntou como foi o processo para eles conhecerem melhor os personagens, e Weiss responde que a interação com os atores foi fundamental para que desenvolvessem a escrita deles. Weiss acabou por explicar o processo com uma metáfora, dizendo que, no final das contas, a situação era como se os atores tivessem mudado para dentro da “casa” (que seriam os personagens) e a redecorado. Não apenas os atores seguiam as instruções dos roteiristas, mas eles também absorviam coisas dos atores.

Emila Clarke, D. B. Weiss, David Benioff
Emilia Clarke, Weiss e Benioff durante as gravações de Game of Thrones. Foto: EW.

Quando questionados sobre o fato de eles mesmos escreverem a maioria dos episódios, Benioff respondeu que a HBO queria que eles contratassem mais roteiristas de TV já conhecidos, mas eles preferiram Bryan Cogman, que já trabalhava como assistente. Segundo o showrunner, ele ajudara a dupla a “mapear” a história e havia lido os livros três vezes, e conseguia lembrar tudo que havia neles, e assim o escolheram.

Discorreram, então, sobre como produzir fantasia para a TV pode facilmente resultar em uma obra boba e excêntrica, e brincam que a coisa toda estava muito próxima de Monty Python nos primeiros rascunhos. Julgaram, então, que devia haver um equilíbrio, e que não queriam apelar somente para os fãs de fantasia.

O que consideraram equilíbrio foi manter a “fantasia conhecida” a um nível mínimo, porque queriam que “pais e atletas profissionais” também assistissem à série — queriam apelar para uma audiência maior de uma forma geral. Isso, segundo eles, foi em parte uma das razões pela qual eles mesmos escreveram a maioria dos episódios.

Em um questionamento sobre a brutalidade da série, consideraram que foi um pouco exagerada em alguns momentos. Refletiram que estavam tão fixados nos pequenos detalhes que perdiam de vista o plano maior, de que as pessoas não queriam realmente ver unhas sendo arrancadas ou atos violentos similares.

Cameo de D&D em “The Last of the Starks”. Foto: HBO.

Weiss e Benioff passaram, então, a discorrer longamente sobre a produção de cenas de batalha, dizendo que um dos motivos para elas serem bem-sucedidas é que foram produzidas sempre pela mesma equipe, desdes as primeiras temporadas até as últimas, mais grandiosas. Nas primeiras três ou quatro temporadas a dupla sempre estava no set para as filmagens noturnas, mas depois eles perceberam que as coisas aconteciam mesmo se eles não estivessem ali. Durante a filmagem do episódio “Battle of the Bastards”, na Irlanda do Norte, estavam filmando na Croácia e na Espanha, por exemplo. Disseram também que conversavam muito com Miguel Sapochnik.

A moderadora retornou à questão da abordagem da fantasia, e eles disseram que quando apresentaram o argumento da série para a HBO, tiveram que expor para a emissora de que não se tratava um “monte de gente contra um monte de criaturas do mal com uma cerca enorme no meio”, mas que sabiam que no final a coisa se tornaria exatamente o que disseram ao canal que não era.

Benioff, então, comentou que uma das vezes em que ficou mais assustado no set foi durante a filmagem de uma cena envolvendo fantasia, mais especificamente quando um filho bebê de Craster é tocado pelo Night King. Weiss confirmou que era neve real na cena, e que o bebê começou a chorar quando o ator o encostou com a unha.

Ele disse também que, enquanto diretor da cena, estava fixado na ideia de lembrar a audiência de que os filhos homens de Craster eram entregues ao Night King, enquanto as filhas ficavam com ele, então ficava repetindo durante a gravação que “precisavam ver o pênis do bebê”. A mãe ouviu isso e ficou horrorizada, e não autorizou refilmagens, porque ficou desconfortável com esse comentário na frente de dezenas de pessoas.

A cena do bebê com o Night King, em “Oathkeeper” (HBO).

Benioff comentou que para convencer a HBO de que se tratava de um drama, embora tivesse elementos fantásticos como criaturas de gelo e dragões, tiveram de passar a ideia de que seria uma história mais “real” que O Senhor dos Anéis, uma obra de sucesso que era uma referência no gênero mas à qual poderiam ter resistência.

Questionados se ouviam as opiniões e repercussões da base de fãs, Weiss respondeu que chegaram à conclusão de que não podiam escrever ouvindo dez milhões de pessoas (e as melhores coisas eram feitas em grupos menores). Benioff admitiu que procurava sobre as reações no Google e que elas o incomodavam.

A moderadora, então, perguntou sobre como era o processo de transposição das ideias dos livros para a TV e das escolhas. Ela questiona se eles sentaram e tentaram resumir o que eram os elementos e conceitos mais importantes antes de começarem a série, para usarem como uma base, ou se o faziam temporada a temporada. Benioff responde que não exatamente, que como a história era muito complexa não tentaram resumir a temas específicos, como poder e dinâmicas familiares, que, embora presentes, poderiam resultar em obras boas e ruins igualmente.

Perguntados como faziam, afinal, responderam que faziam esboços gerais das temporadas com os pontos mais importantes (algo que Benioff não fazia anteriormente), de aproximadamente 100 páginas.

Quando questionados sobre como faziam as revelações e reviravoltas, disseram que tomavam as decisões com base na série como um todo, como por exemplo matar Joffrey no segundo episódio da temporada porque era um episódio “em que nada acontecia”. Benioff, então, comentou sobre a trama envolvendo Sansa, Arya e Mindinho na 7ª temporada, dizendo que foi planejado para que o espectador não soubesse o que aconteceria.

A moderadora também questionou sobre diversidade na sala de roteiro, principalmente em relação a autores não-brancos, e Weiss respondeu que o roteirista Dave Hill é de descendência asiática, e mencionou também Vanessa Taylor. Dizem que não sabiam como produzir TV, e resolveram que o melhor para a série seria que eles mesmos escrevessem a maioria dos roteiros, pois assim poderiam supervisioná-los.

Comentários sobre os comentários

As reações de grande parte dos fãs à primeira sequência de tweets não foram nada boas, não apenas pelo conteúdo das falas da dupla, mas também pelas paráfrases feitas pelo perfil.

A maioria das críticas foram ao fato de que as declarações deles denotavam uma certa falta de senso de privilégio, ao serem selecionados para comandar um projeto gigantesco e multimilionário como Game of Thrones sem qualquer experiência, sendo, é claro, homens brancos (quando um “benefício” desses dificilmente seria estendido a uma pessoa membro de uma ou mais minorias).

Outra questão que também foi alvo de críticas era o aparente tom de pouca importância que a dupla dava a alguns pontos da produção e adaptação, como conhecer realmente os personagens e o apreço pela história como um todo.

Durante a entrevista, Benioff e Weiss não estavam contando vantagem ou sendo arrogantes em suas declarações, e embora houvesse realmente parcialidade nos tweets, as falas cruas (que podem ser ouvidas no áudio) não diferem tanto nas raízes.

George R. R. Martin no piloto de Game of Thrones
George R. R. Martin como um pentoshi no piloto rejeitado de Game of Thrones. Fonte: Westeros.org.

A história de como conseguiram convencer a HBO e George R. R. Martin a produzirem da série — que também causou certo furor na web — não é, na verdade, nenhuma novidade. Em inúmeras oportunidades a dupla já havia falado sobre o almoço com Martin (que acabou virando um jantar), e sobre como não tinham experiência prévia em TV antes de iniciarem a produção. O fracasso do piloto tampouco era um segredo (Ana Carol Alves discorreu extensamente sobre esse piloto aqui no site, em 2015).

É uma boa oportunidade, no entanto, para esclarecer uma confusão que perdurou por anos, e foi ativamente alimentada durante as primeiras temporadas da série. Uma das lendas sobre a gênese de Game of Thrones é que Benioff e Weiss seriam, por conta própria, grandes fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo que teriam tido a ideia de adaptá-los para a TV, e por isso teriam ido por iniciativa própria a Martin e à HBO com esse intuito.

Essa história foi usada durante anos como argumento dos defensores da dupla contra os críticos, tanto para argumentar que eles conheciam a obra original como ninguém, quanto para dizer que eles eram tão apaixonados pelas Crônicas quanto qualquer fã, então mereciam o benefício da dúvida em suas decisões narrativas. A verdade, porém, é que as coisas não foram bem assim.

Benioff recebeu os livros como um “job” de Vince Gerardis, agente de Martin para adaptações de suas obras para o cinema ou TV. Gerardis enviou os quatro primeiros volumes com filmes em mente, mas Benioff começou a lê-los, gostou muito do primeiro, e chamou Weiss para o possível projeto. Eles acabaram concluindo que a melhor forma seria transformá-los em uma série de TV, e só a HBO aceitaria manter o tom da obra — no que não estavam incorretos, a meu ver.

Curiosamente, durante a produção de Game of Thrones, Weiss e Benioff não gostavam muito que os atores lessem As Crônicas de Gelo e Fogo, e segundo Iain Glen (Jorah Mormont), “eles não queriam particularmente que os atores chegassem aos roteiros com os livros em mente, sempre sugerindo como era no livro e como era diferente — eu podia ver como eles ficavam pasmados com isso“. Stephen Dillane (Stannis Baratheon), por exemplo, declarou que nunca entendeu o próprio personagem, e Nikolaj Coster-Waldau (Jaime Lannister) revelou que nas últimas temporadas os atores só recebiam os scripts para elas, e não sabiam qual seria o destino de seus personagens. Parece-me um tanto estranho, assim, a ideia de que os atores contribuíssem tanto para a composição dos personagens para a série, como os produtores insinuaram nesse painel.

É claro, não é nada absurdo que haja alterações dos atores nas versões finais de personagens pré-existentes, mas sou da opinião que isso foi um bocado longe demais em Game of Thrones, principalmente se eles não tinham substrato suficiente para compreendê-los. Não apenas nesta entrevista, mas em inúmeras outras, a dupla revela um apreço enorme pelos atores, parecendo deixar os personagens em segundo plano com o passar dos anos.

Entendo isso, na verdade, como um sintoma de um conflito maior entre os interesses de Benioff e Weiss e os de parte dos fãs. Ao longo dos anos, ficou claro que o interesse dos produtores não era exatamente contar a história de As Crônicas de Gelo e Fogo da melhor forma possível, era produzir o melhor “show” possível — ainda que isso ocorresse à custa da inteligência da própria história.

É claro que não havia qualquer obrigação de que houvesse uma concordância entre as visões de D&D e dos fãs quanto aos rumos série, mas a ideia de que eles eram “parte do fandom” que de repente viu-se com a oportunidade de levar a obra para a TV foi largamente divulgada durante as primeiras temporadas.

Weiss diz na aparição que sequer procura saber sobre o feedback online, e não acho que ele esteja errado quanto a isso. Um autor (de obras em qualquer meio) não necessariamente tem de procurar aceitação de todas as suas decisões, mas ser fiel a sua própria visão. Por outro lado, essa afirmação torna-se um tanto questionável quando a série inclui, em seus roteiros, piadas já eram verdadeiros memes do fandom quando exibidas.

Quando Davos comenta com Gendry “pensei que você ainda estaria remando” o público se sentiu contemplado, mas foi uma inserção que não faz qualquer sentido dentro da própria história (por que Davos imaginaria isso sobre Gendry?). Outra situação similar é a peça de teatro a que Arya assiste em Braavos, que era um recado para a audiência crítica do enredo de Sansa em Winterfell e da violência do show (inclusive com uma cena excluída em que a menina Stark grita para uma crítica da audiência “Por que não vai embora, então?”). A suposta muralha contra os comentários dos fãs não era assim tão impenetrável, pelo visto.

Davos diz a Gendry: “Pensei que ainda estaria remando”, no episódio “Eastwatch”, uma piada que faz sentido para os espectadores, mas não para os personagens. (HBO)

Tanto não era assim, que Weiss admite que tomaram decisões (como a da redução dos aspectos mágicos do enredo) visando a atingirem uma audiência mais ampla. Naturalmente, alterações no material fonte em função do público são da natureza das adaptações televisivas ou cinematográficas enquanto negócio. O que fica claro, porém, e que me parece passível de críticas, é que essa preocupação era uma das forças principais na escrita, chegando a comprometer seriamente a lógica e a coerência internas de Game of Thrones.

Isso se refletia, também, em outra preocupação dos produtores que ficou clara neste evento: eles acreditavam que a audiência seria incapaz de entender muitas coisas. Talvez em decorrência do malfadado piloto, em que não deixaram claro que Jaime e Cersei eram irmãos, a série sofreu durante anos com uma frequente tendência a subestimar a inteligência de seu público (incluindo no arco de Arya e Sansa em Winterfell, que Benioff comenta com orgulho durante a sessão).

Por fim, não tenho dúvidas de que a dupla realmente leu os livros de Martin e gostou bastante deles, mas esse apreço não necessariamente corresponde ao mesmo de muitos dos leitores, nem pelas mesmas coisas. A fixação de Weiss e Benioff com o Casamento Vermelho, reiterada nesse painel e em inúmeros outros, demonstra bem por que ficaram fascinados: os livros continham vários momentos que poderiam ser grandiosos nas telas em uma adaptação (que era o motivo pelo qual eles haviam sido contactados inicialmente). Isso independia de uma paixão pela história como um todo, e explica diversas decisões, adaptativas ou originais, que foram tomadas ao longo da produção.

O futuro da dupla

D.B. Weiss e David Benioff.

Também foi noticiado ontem que D&D não produzirão mais a trilogia de Star Wars para a qual haviam sido contratados em 2018. Como assinaram também um contrato avaliado em US$ 200 milhões com o Netflix, a dupla alegou que não teria tempo para equilibrar os dois trabalhos, e optou por se afastar do universo criado por George Lucas.

Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, disse que ainda gostaria de trabalhar com eles no futuro. Quaisquer arranhões na imagem de Weiss e Benioff eventualmente causados por Game of Thrones aos olhos da crítica e do fandom, portanto, não parecem ter prejudicado o status deles dentro da indústria.

 

 

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Análise do Episódio 8.01, ‘Winterfell’ https://www.geloefogo.com/2019/04/analise-do-episodio-8-01-winterfell.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=analise-do-episodio-8-01-winterfell https://www.geloefogo.com/2019/04/analise-do-episodio-8-01-winterfell.html#respond Sun, 21 Apr 2019 17:12:46 +0000 http://www.geloefogo.com/?p=105504 Este é o lugar onde a história começa. Winterfell, é gótica. Suas senhoras e senhores gostam de visitar as criptas, […]

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Este é o lugar onde a história começa. Winterfell, é gótica. Suas senhoras e senhores gostam de visitar as criptas, de vestir-se com roupas escuras, de andar com lobos e rezar para suas árvores pagãs. E ali estão eles, a 630 milhas do perigo conspícuo, cientes, atentos, resolutos. Em alerta para a chegada do fim do mundo.

Bran e Jon

Todos os sentimentos que você criou por Game of Thrones ou As Crônicas de Gelo e Fogo, começam neste lugar. Seu bosque sagrado, milenar. Suas torres em pedra, tão velhas quanto a história dos reinos. Os barulhos das atividades no pátio, onde as crianças treinam, correm e seus pais os observam com amor e cuidado, cheio das expectativas mais absurdas para cada um deles. A aspereza de um mundo antigo, em uma primeira vista, tão diferente do nosso. E no mesmo compasso das sutilezas descritas, somos despertos: O inverno está chegando. São as palavras de um lorde pessimista, que veste roupas pesadas, que exibe uma espada grande demais para ser utilizada, e por isso cada gesto e escolha que ele faz, parece levar com ele o peso de toda uma vida. Um homem que elevou o ideal de todas as grandes histórias de época que vieram antes.

Eddard Stark era um senhor de olhar triste, e ainda afetuoso. Me lembro desta passagem de ‘A Guerra dos Tronos’, quando Bran o descreve: “Tirara a cara de pai, pensou Bran, e colocara a de Lorde Stark de Winterfell“. Catelyn, era diplomata, astuta, orgulhosa. Todos os seus filhos vivos são seus espelhos. Ned tinha um segredo que não podia confidenciar a ninguém. Catelyn, em sua última jornada, colecionou os seus. E, todos esses anos mais tarde, os seus filhos seguem suas vidas, com roupas pesadas demais, e outras histórias impossíveis de ser contadas. E todos retornam às criptas, para confidenciar no escuro, o que ninguém imaginaria escutar.

Jon e Arya

Catelyn Tully e Ned Stark parecem, na teoria, retratos indeléveis de Winterfell. Ainda assim, na reta final de suas vidas, descobrimos que ainda havia muito mais ali do que conseguíamos ver. E se você passou tempo suficiente na linha de história que se seguiu, assistiu suas escolhas ecoando pelo mundo.

Se a história começasse hoje, se essa que vemos agora fosse a 1ª temporada de Game of Thrones, como as crianças que vivem no castelo pensariam em seus senhores? Em Arya, uma Mulher Sem Rosto, assassina treinada em terras estrangeiras. Em Sansa, que casou-se duas vezes, com homens terríveis, se livrando dos dois para sempre, com venenos e festim de carne humana. Em Bran, uma entidade milenar que invade corpos. Em Jon, que morreu e ressuscitou, lutou mil batalhas, viveu amores e inimizades impossíveis. Será que esses segredos permaneceriam escondidos abaixo de peles grossas, e olhares distantes?

Quando mais penso nestes personagens, mais tenho a sensação de que este é um mundo de infinitas possibilidades. Um ciclo de histórias muito poderoso, que reúne tantas milhões de pessoas ao redor da TV todos os anos. Por isso, não acredito em um personagem me dizendo que não há mais tempo para que essa infinitude seja contada.

 

“Não temos tempo pra isso”

O gesto de Jon ao ver Bran, o beijo. A maneira como Arya corre ao encontro do irmão, o orgulho ao exibir Agulha intacta. Arya conhecendo Garralonga. Como queríamos vê-los juntos. Ah, uma Targaryen em Winterfell. Há tanto a ser dito uns aos outros.

Quase todos principais críticos de TV apontaram durante esta ideia durante a semana: Game of Thrones está mais interessada em finalizar a história do que em contar a história. Ao ler o parágrafo acima, não parece ser o caso. Mas mesmo na superfície nos alicerces da trama, é fácil perceber que algo está errado.

O órfão em Winterfell

Se Westeros foi invadida por seres mágicos movidos pela morte e devastação, se a Muralha caiu, qual a diferença da Westeros antes disso para Westeros de agora? A quem os outros reinos respondem? Se o inverno chegou, onde está a neve e a escuridão, que eram mais intensos quando Stannis ainda tentava salvar o mundo? Não temos ideia sobre como Theon conseguiu resgatar sua irmã. Não sabemos nada sobre como são as viagens de Daenerys através do continente que ela deseja governar. Não temos a história sobre como o povo de Cersei se preparou para o inverno que começou a ser anunciado há oito anos. Após a passagem do Alto Pardal, e a destruição de uma religião, qual o legado da Guerra dos Cinco Reis em Porto Real, no funcionamento da cidade? Vemos um personagem declarar que ele vai fazer algo e, da próxima vez que o encontramos, ele terá feito isso sem que nenhuma questão narrativa importe. Onde estão os imprevistos dos caminhos que levam a um mesmo castelo?

Sansa enviou uma criança para o castelo mais próximo da invasão, e esta criança morreu. Isto não é imprevisto, é imprudência.

Quando há algum tipo de situação lúdica que conte algo novo, todo tipo de lógica interna é esmagado para que a questão seja resolvida rapidamente. Quando Robb Stark precisou passar com seu exército por um lugar e, para isso, teve que assinar um contrato de casamento, esta era uma história. Quando o luto de uma criança era tão perturbador que ela pegou um barco, fugiu, e se vestiu com a própria morte, para só então voltar para casa, esta era uma história. Ou quando Tyrion Lannister foi preso em uma emboscada e levado para o castelo inexpugnável, fazendo alianças improváveis no caminho para se livrar de seu destino, esta era uma história.

Todos esses caminhos foram trilhados há muitos anos. Mas voltar para casa deveria ser mais difícil do que sair dela. Estamos correndo da história, ou em direção a ela?

O povo do Norte correndo dos dragões

Em mais um exemplo, sabemos através de diálogos simples e deliberadamente inocentes que Daenerys sente-se muito feliz na companhia de Jon Snow. Também sabemos que ela se ressente pela falsa cortesia de Sansa Stark. Mas quem realmente gosta de Daenerys não poderia se importar menos com isso. Daenerys é a Mhysa. Sua missão é com o povo, não com grandes senhoras em grandes vestidos. Desde os pescadores, plebeus e pequenos senhores das Terras da Coroa, até as orgulhosas crianças no Norte. A Daenerys de Emilia Clarke é doce, sentimental, principesca. Em muitas fases, é o oposto da personagem dos livros. Mas é cheia de força, e sua beleza e ruína estão por toda parte, em tudo o que ela faz. Sua campanha por liberdade e justiça é o coração da história. É impossível olhar para ela com desdém. Deveria haver o menor traço de curiosidade sobre sua presença, sua vida pregressa. Mesmo que cause raiva, medo e intolerância, sua chegada a Winterfell merecia ser ainda mais ensurdecedora.

Daenerys Targaryen

Na 5ª temporada, Dany encontra pessoas crucificadas ao longo do caminho pela Baía dos Escravos. Em resposta, ela crucifica 163 homens que traficavam escravos em Meereen. Na mesma temporada, Dany alimenta um escravagista para seus dragões quando os Filhos da Harpia matam Barristan e os Imaculados. Na 6ª temporada, Dany queima os khals vivos. Todas essas tramas fazem parte da retórica sobre o poder. Queimar os Tarlys foi algo terrível, mas Daenerys já fez sacrifícios ainda mais dantescos. Eu gostaria de ver Daenerys ser verdadeiramente temida. Se é para ser desagradável, seja.

Mas veja, eu acredito que esse anti-clímax seja intencional. É claro que ela será amada. Mas o que terá que fazer para tal?

“Eu queria aqueles elefantes”

Lena Headey, sempre entre os talentos mais fortes da série, abraçou a vilã que incomoda até ela mesma. “Você pode ser o homem mais arrogante que já conheci“, ela diz a Euron após se deitar com ele. “Eu gosto disso”.

Cersei em seu espetacular novo figurino

Em entrevista com a Entertainment Weekly, Lena Headey disse que não concordou em ter Cersei e Euron como parceiros sexuais, sentindo que ela não se rebaixaria a este nível, e que só fez sexo com duas pessoas a vida inteira, o rei Robert e seu irmão Jaime. Ela disse que os showrunners Benioff e Weiss tiveram que gastar muito tempo argumentando que a personagem faria qualquer coisa para sobreviver. Lena se esqueceu que teve relações com Lancel, verdade seja dita. E a personagem original de Martin flertou e teve relações com homens e mulheres, ora por tédio, ora por política. Independente disso, é interessante como a cena com Euron reflete a incerteza da atriz. É uma cena feita para incomodar, e consegue.

Desde a temporada anterior, tenho achado interessante que Cersei não comente sobre os dragões de Daenerys. Cersei tem essa peculiar mania por fogo, destruição, monstruosidades. Gostaria muito de ver espaço para que isso seja desenvolvido nestes últimos capítulos.

Um quadro feio: Grávida do bebê de seu irmão, sozinha, alcoólatra, e com um último motivo para viver, mesmo que esse motivo se anule se a profecia de Maggy a Rã estiver correta (e se realmente lemos a profecia com o cuidado suficiente). Cersei tem tudo pra ter um arco final surpreendente.

Quando Harry Strickland fala sobre ter perdido homens no caminho, e não poder trazer seus elefantes, pensei em um primeiro momento que Varys, Daario ou Tyrion pudessem ter sabotado sua viagem. Tyrion no entanto realmente parece estar em outro momento.

Sansa está certa, ele sempre esteve um movimento à frente. O que aconteceu?

“Lutar pelos Starks”

O que está morto não pode morrer.

Com o tempo, a estreia revela o paradeiro de personagens incluindo Theon (Alfie Allen), Yara (Gemma Whelan), além de Tormund (Kristofer Hivju) e Beric (Richard Dormer) e várias das figuras que estavam na Muralha quando Viserion transformado aniquilou um dos pilares da civilização.

As cenas com Euron e o resgate no Silêncio são problemáticas por inconsistência, mas o diálogo dos irmãos Greyjoy é muito bonito. Ambos ótimos atores, se entreolhando com muita verdade e beleza. A certeza que Theon precisa voltar ao Norte para lutar pelos Starks é quase engraçada, porque na teoria ele sequer é necessário ali. Há muita gente para ajudar, e ele não tem relação com ninguém. Mas na prática, ele tem motivos para lutar, mesmo que ninguém se importe. Um reencontro dele com Bran teria condições de ser interessantíssimo, como monólogos internos do personagem nos livros, perambulando ao redor do represeiro.

Além disso, a cena com Yara tem ares de despedida. Ele sabe que não há outra pessoa que Robb queria a seu lado na guerra. E agora ele poderá lutar, nem que seja pela última vez.

A minha parte preferida da cena em Última Lareira são os audíveis ventos de inverno. Depois disso, os gritos soando antes que muitos percebessem o que havia errado ali. Que cena impressionante. Quando Game of Thrones faz terror, ela é certeira.

A história da Casa Umber na série é bastante arrevesada. Greatjon Umber é icônico na 1ª temporada. Smalljon mancha a memória do pai ao se aliar aos Boltons, eliminando Rickon com covardia. Nunca superamos isso. O pequeno Ned (Harry Grasby) era uma promessa muito bem-vinda até que deixa de ser. Sua presença em Winterfell foi muito interessante, e sua cena no começo do episódio muito espirituosa. Em vários núcleos vemos esses personagens muito jovens carregando sozinhos o legado de suas Casas. Arryn, Mormont, Karstark. Que desconsolo ver a morte de mais uma criança, quanta tristeza.

O episódio consegue desenhar um bonito tecido ao mostrar o árduo trabalho de preparação em Winterfell, com a chegada de Daenerys e a preparação das armas, valas e catapultas (além da curiosa argamassa de vidro de dragão).

Cada um dos personagens parece estar preparado para o que está por vir. Mesmo que isso condense suas próprias individualidades, como a de Arya.

Sua cena com Gendry é açucarada, assim como foi parte das cenas de Arya na 7ª temporada.

Mas o encontro que a personagem tem com Clegane é a cena mais difícil do episódio pra mim. Entendo que tenha sido um espelho de diálogos antigos, e que ambos possuam problemas severos de traquejo social. Mas Sandor, você está na casa dela.

A simplicidade de algumas falas são muito evidenciadas quando combinadas com o espetáculo visual que a equipe técnica da série proporciona. Além disso a própria estrutura da história idealizada por George R. R. Martin é um convite para que, constantemente, busquemos desvendar cada centímetro da história. Dizer que Daenerys é a única chance, por exemplo. Isso é óbvio. Para que andar em círculos com isso? Se Sansa é tão inteligente como Arya diz, porque não traçamos um caminho para que ela descubra isso em seus próprios méritos, sem a bengala do diálogo expositivo?

Toda hora esse texto sobre alguém ser a pessoa mais forte ou a pessoa mais inteligente.

“Poderíamos ficar aqui por mil anos”

Arya Stark

A cena mais bonita do episódio é a primeira. O desfile de personagens entrando em Winterfell a cavalo, cada um deles passando por Arya, escondida sem ser notado na multidão. Sua curiosidade pelo mundo é uma das coisas mais bonitas que a história contou. Ela expressa tanto, mesmo com tão pouco. Aqui está a cena que Dave Hill acertou.

Então temos a rainha Daenerys  e seu sobrinho Jon Snow  chegando em Winterfell, alimentando Sansa com uma justificada insegurança e todos os outros personagens com uma espécie de demanda final.

O exército de Daenerys

O confronto velado entre a Senhora de Winterfell e a Rainha Targaryen dá o tom de tudo o que é indigesto no episódio. Não há como alimentar a todos os que acabam de chegar ao castelo. Mesmo se ninguém chegasse, talvez não houvesse como. Na 5ª temporada, a falta de suprimentos é o principal fator que leva Stannis à queda, moral, física, espiritual.

No conselho de Winterfell temos os melhores: Tyrion que foi mestre da moeda, Varys sempre soube de tudo o que acontece em Westeros e além, Davos que viveu na miséria e tem conhecimento em comércio e negociações. Por que não têm opinião sobre isso? Esta dinâmica não é justa estes personagens, que se limitam a comentar sobre casamentos, e piadas com pênis. Mas gosto de Varys. Comento sobre isso no final.

Jon e Daenerys podem ser imprudentes o quando for necessário, são jovens, cheios de ego e paixões, renasceram para estar aqui. Mas espera-se mais dos velhos sábios. Eles fizeram essa história acontecer.

Tyrion entre Sansa e Daenerys

É como se Tyrion tivesse desaprendido a calcular o jogo a partir do momento que passou a ser respeitado por alguém que ama. Dado o completo fracasso de seu governo na ausência de Daenerys em Meereen, e ainda assim ganhar o cargo de mais alta confiança da rainha, é notável que algo mudou dentro dele. Antes, Tyrion não tinha permissão de errar. E este constante estado de culpa e miséria o fazia desafiar a família que o esmagava, em um clássico caso de tortura emocional. Ele era bom, porque sua mente e língua eram as coisas que podia usar para se fazer presente. Apenas viver não era o suficiente.

Me pergunto se, nas batalhas que estão por vir, Tyrion poderia retornar ao estado de completa engenhosidade como fez em Água Negra.

Outro questão que o episódio levanta são variadas pessoas que agora são Winterfell. No começo a história, Winterfell basta em si. As pessoas que servem aos Starks são pessoas que sempre estiveram ali. Mikken, Luwin, Jory e Rodrik Cassell, Mordane. Mas agora vemos Tyrion, Sandor Clegane e Brienne de Tarth, que vieram do sul, para protegê-los. Winterfell agora é a casa de todos.

Sansa, Jon, Daenerys e Tyrion

Dave Hill omite do texto o fato de Dany ter prometido ajudar Jon na guerra contra o Rei da Noite antes que ele dobrasse o joelho. Em sua conversa com Sansa, Jon não esclarece para a irmã com argumentos claros como Daenerys poderá ser uma boa rainha. Se esta é a mulher que ele ama, gosta e quer bem, e ele teve semanas ou meses de viagem para pensar no que dizer. Por que então as palavras parecem não fazer justiça à realidade? Daenerys arriscou sua vida e seus dragões, e perdeu um de seus filhos para salvá-lo. Apenas depois deste gesto, Jon resolveu dobrar o joelho.

“Ninguém sabe, até montar um.”

Ambos personagens passaram por jornadas espirituais inimagináveis. Mas no episódio, seus diálogos foram muito simplificados. É como se não houvesse mais o que ser dito. Há tanto a ser dito.

O romance entre Daenerys Targaryen e Jon Snow está condenado, e isto é evidente. O mundo está acabando e suas interações são quase irresponsáveis. Pra mim está claro que algo terrível irá acontecer, e quando acontecer, ficaremos muito confusos ao perceber que não foi justo. Que queríamos tê-los juntos. Que queríamos vê-los felizes.

Mesmo que este seja o caso de duas pessoas muito jovens que estão apenas dançando nos portões do fim do mundo, gritando para o abismo, experimentando uma falsa liberdade juntos. Suas cenas sugerem que esta é a melhor experiência amorosa que já tiveram. Como qualquer tragédia shakespeariana, a ideia é a completa imprudência em detrimento da natureza do sentimento. Jon não sabe nada sobre Daenerys, e Daenerys não sabe nada sobre Jon. E eles não parecem interessados em descobrir. Tudo aqui é construído em diálogos jamais filmados e aqui temos mais uma história que não está sendo contada. Mas que muito provavelmente será sentida no final.

Daenerys não tem opinião alguma sobre Westeros, exceto sobre Pedra do Dragão não tê-la agradado, e o Norte ser belo. Todos ao redor de Jon acreditam que ele tem mais qualidades do que a filha da Aerys. E ela continue expandindo o mundo de Jon de maneiras que eles jamais imaginou, mesmo sendo uma das pessoas que mais tiveram coragem de desbravar o mundo.

Jon e o dragão nomeado em homenagem ao próprio pai.

Este é um episódio em que Jon Snow está cercado de afeto. Apesar dos confrontos com Sansa e os nobres, outros personagens distribuem generosos sentimentos. Jon acostumou-se a impôr o que pensa. Morreu por isso, afinal. Há algo nele que sabe que voltou à vida para que pudesse continuar a lutar. Gostaria muito de ver como esse tipo de pensamento ecoa dentro dele, como se vê após encarar o assustador vazio da morte, e onde sua relação com os velhos deuses se alinha dentro de todas essas questões. Quando ele olha para a árvore, o que pensa?

No vídeo especial para a HBO, David Benioff implica que apenas Targaryens podem montar dragões. Por qual motivo o produtor da série estabelece esse tipo de regra na história? Daenerys convida Jon a montar, logo, nem ela sabe desta regra. Dinastia, ancestralidade e legado são temas centrais em Game of Thrones, justamente porque estamos constantemente discutindo se o sangue de uma pessoa define seu valor. A série, desde o começo, nos convida a conversar sobre o que faz um bom líder. Jon Snow sempre foi este homem que excedia valores e humanidade, como nenhum outro, um governante corajoso e carismático. Então porque o produtor da série se apressa em consagrar o sangue de uma pessoa como o ingrediente que define quanto poderosa ela pode ser?

Nos livros de Martin, ao que tudo indica, você também precisa ter sangue valiriano para montar um dragão. No entanto, os horizontes dos livros são mais largos, e temos centenas de milhares de pessoas nas Cidades Livres que poderiam fazer fila para experimentar um, afinal, o império valiriano existiu ali. Em Westeros, muitas sementes de dragão criaram vínculos especiais com as mais belas criaturas.

Seu sangue define o que você é capaz de fazer no mundo? Sim. No caso de grande parte dos reis Targaryen, foi usado para perpetuar práticas de eugênia que justificavam o abuso de pessoas especialmente mulheres. Por que definir algo que é tão melhor quando é apenas um discurso?

“O Sexto de Seu Nome”

No episódio 1.02 ‘The Kingsroad’, Ned promete a Jon que “da próxima vez que nos virmos, falaremos sobre sua mãe, eu prometo“. No episódio desta semana, Jon olha para a estátua de Ned nas criptas de Winterfell; Naquele momento, Sam chega para responder à pergunta de Jon.

Eu não acho que, para o personagem, a informação importante seja sua legitimidade como rei. A minha parte preferida da história é descobrir que ele foi gerado por Lyanna. Que era amado, esperado, como todos os outros Starks. E que seus pais eram lunáticos varridos. Esta é a essência de Jon. O segredo e os desdobramentos sobre a rebelião do Robert também são fascinantes, eu sei. A discussão sobre o trono não é, para mim, tão interessante agora.

Deixei Sam para último, porque acho que foi a cena que mais me deixou pensando durante a semana. A questão que mais me fascina é a sobreposição entre o que Sam sente em relação a família, e o que Cersei sente em relação a família. Enquanto Cersei invoca as armas de Joffrey e contrata Bronn para assassinar os irmãos, Sam se quebra quando a violência do mundo atinge aqueles que ele considerava mais fortes que ele.

Esta foi uma atuação muito interessante, mais uma sequência de pequenos súbitos de raiva que Sam demostra desde a temporada passada. Ele roubou a espada, os livros, deixou um sentimento de ódio genuíno florescer. Essa é uma das poucas partes da história que continuam germinando. Estou ansiosa para ver a atuação do personagens nestes derradeiros episódios.

Se, como muitos acreditam, ele será um dos escritores desta história, sua relação estranha com Daenerys demonstra os lados que inevitavelmente tomará, assim como Gyldayn, Yandel, e tantos outros. Interessantíssimo.

Eu jamais concordei com o ideário de jornalistas que colocam os episódios de estreia de Game of Thrones em caixas como “episódio que reordena os personagens no tabuleiro”. Que profunda preguiça disso. Mesmo quando se trata disso, acho esta descrição pouco sólida. Neste episódio, por exemplo, demos boas risadas, presenciamos várias hostilidades e escaramuças verbais bem merecidas, além de algumas revelações, encontros e reencontros que esperávamos há muitos anos. O episódio foi um literal desfile de pequenos prazeres, com um bom punhado de emoções, um bom susto e dramas pontuais temperados (alguns doces demais ou amargos demais).

No entanto, é possível perceber que, no conceito, muitos personagens voltaram para ao ponto zero neste último ato. Ninguém ouve Tyrion, e ele terá que se provar. Jaime tem que prestar contas pra um Stark, e ele odiará cada segundo. Daenerys precisa conquistar uma população inteira e provar seu valor. Sansa é soberba sim, mas foi ensinada pela vida a garantir o que lhe é de direito, e lutará por isso. Arya se sente mais a vontade entre o povo do que em trajes finos na mesa de jantar. Clegane é arrogante e uma triste figura, que perambula em busca de servir por servir. Davos é um agregado. Cersei esconde um segredo sobre um filho.

A melhor fala do episódio é a declaração de Varys de que os jovens usam o “respeito” como um mecanismo para manter os mais velhos afastados, “para que não os lembremos de uma verdade desagradável: nada dura“. É uma ótima frase, é talvez a melhor fala escrita para o episódio. Não concordo com ela, e gosto da provocação. As coisas duram sim, caro Aranha. Olha como os filhos da Casa Stark estão dando continuidade ao legado dos pais. Esta é uma casa que sobreviveu a tanta coisa. Como disse Meistre Aemon:

O fogo consome, mas o frio preserva.
(O Festim dos Corvos, capítulo 26)

 

NOTAS FINAIS

Sansa, where is Arya?

E mais dos principais callbacks do episódio, aqui.

– É muito interessante comparar Daenerys sendo vendida e Daenerys escolhendo como viver sua vida. Recomendo.

– Também é interessante comparar Arya e sua relação com dragões.

– Richard Dormer revelou que Beric Dondarrion profere um feitiço para sua espada antes de acendê-la. É um termo em alto valiriano, para “luz do senhor“. Escreve-se “āeksiō ōños,” e pronuncia-se “assundeh-oh.”

Compare as localidades das cenas de abertura, antes e depois.

Perceberam o homem preparando uma espécie de pasta de vidro de dragão?
A obsidiana do nosso mundo não se comporta como a obsidiana de Game of Thrones, e, possivelmente, e nem com a de As Crônicas de Gelo e Fogo. Não há informações sobre os Primeiros Homens utilizares armas feitas de vidro de dragão, apenas o bronze. Isso porque o material usado pelas Crianças da Floresta não é tão maleável, e provavelmente por isso, apenas adagas rústicas são conhecidas na história dos livros. Mas… é magia!

– Eu não só acho que o figurino da Daenerys é uma homenagem as árvores-coração, como também nos faz recordar de ilustrações da personagem Val, dos livros.

– Uma fala foi cortada da cena do vôo dos dragões, mas pode ser ouvida no episódio “Game Revealed” dos bastidores deste episódio. Após Jon desmontar de Rhaegal e dizer “Você arruinou completamente os cavalos para mim“, ele originalmente fala “parecia que ele sabia onde eu queria ir“. A fala cortada deixaria óbvio que Jon tem algum tipo de vínculo especial com o dragão.

– George Lucas visitou os estúdios de filmagens na cena em que Daenerys e Jon conversam no pátio antes da cena do vôo:George Lucas Game of Thrones

– Há um erro de continuidade quando Daenerys está chegando em Winterfell: entre diferentes cenas (aparentemente filmadas em dias diferentes), seu cabelo muda entre ter uma trança dupla em volta de sua cabeça e um coque mais complexo:

– Na cena do resgate de Yara, três dos homens derrubados por Theon são conhecidos da audiência. Um é  Rob McElhenney de It’s Always Sunny in Philadelphia. O outro é o comediante Martin Starr. E o último é Dave Hill, roteirista do episódio.

 

Faltou algum detalhe no texto? Sabemos que vocês são sempre afiadíssimos. Divida com a gente nos comentários suas impressões.


E escute nosso podcast sobre o episódio.

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Afinal, o final de ‘Game of Thrones’ vai ser igual ao de ‘As Crônicas de Gelo e Fogo’? https://www.geloefogo.com/2019/04/o-final-de-game-of-thrones-vai-ser-igual-ao-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=afinal-o-final-de-game-of-thrones-vai-ser-igual-ao-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo https://www.geloefogo.com/2019/04/o-final-de-game-of-thrones-vai-ser-igual-ao-de-as-cronicas-de-gelo-e-fogo.html#respond Fri, 05 Apr 2019 20:32:50 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=104823 Explicamos por que os finais da série de TV e dos livros serão ao mesmo tempo iguais e diferentes, com base em falas de George R. R. Martin, David Benioff e D. B. Weiss.

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George R. R. Martin, David Benioff e D. B. Weiss
George R. R. Martin, David Benioff e D. B. Weiss.

Olá! Os leitores e as leitoras que nos acompanham há mais tempo sabem que minha especialidade por aqui é escrever sobre os livros de George R. R. Martin, mas hoje falarei também sobre a série de TV. Desta vez, o assunto é: afinal, o final de Game of Thrones e o fim de As Crônicas de Gelo e Fogo serão iguais ou diferentes?

A resposta simples para a pergunta é que os finais dos livros e da série serão iguais em linhas gerais, mas também terão diferenças substanciais, pelos caminhos diferentes tomados nas duas obras. Isso já é sabido há muitos anos, mas na semana passada a indústria do clickbait fez parecer que uma simples fala de George R. R. Martin a esse respeito era uma grande novidade.

Até o sensacionalismo pode, porém, motivar boas ideias, e mais uma vez a baixa qualidade da cobertura sobre Martin na web (incluindo veículos geek e especializados em cultura pop) criou a oportunidade para um artigo de esclarecimento aqui no Gelo & Fogo.

Acompanhe, a seguir, a repercussão da “notícia” que circulou recentemente, e depois nos debruçaremos sobre praticamente tudo o que já foi dito por Martin, David Benioff e D. B. Weiss – os produtores da série de TV – sobre os finais de GoT e de ASoIaF.

Muito barulho por nada

Na semana passada, uma pequena fala de George R. R. Martin viralizou como se fosse uma notícia bombástica. As manchetes em dezenas (ou centenas) de sites, blogs e portais davam a entender que o autor de As Crônicas de Gelo e Fogo fora à imprensa declarar se os finais de Game of Thrones e de seus livros seriam diferentes ou iguais.

A fala de George apareceu originalmente em uma enorme matéria de capa na Rolling Stone, que sequer era sobre ele mesmo – era sobre Maisie Williams e Sophie Turner. A verdade, porém, é que a declaração do autor foi curtíssima e incidental, e não trouxe nada de realmente novo. Ela dizia o seguinte:

Os pontos principais do final serão coisas que eu contei a eles cinco ou seis anos atrás. Mas também pode haver mudanças, e haverá muitas coisas adicionadas.

Isto, na verdade, é uma não-notícia. É GRRM simplesmente repetindo o que já vinha dizendo há vários anos – e o que qualquer pessoa que acompanha com o mínimo de atenção as notícias sobre ele, seus livros e a série poderia concluir. E nem precisamos pesquisar entrevistas antigas: no começo de março deste ano, o mesmo assunto viera à tona em uma matéria da Entertainment Weekly, de forma até mais completa. Por razões que desconheço, porém, essa declaração (que também abordaremos mais adiante) não viralizou.

A fala reproduzida na Rolling Stone foi tão simplória que sequer houve consenso em como noticiá-la, entre os veículos que decidiram fazê-lo (quase todos, porque Martin gera cliques e quando alguém começa, ninguém quer ficar de fora, não é?). Alguns preferiram colocar em suas manchetes que os finais serão diferentes, outros que os pontos principais serão iguais (dependendo da linha editorial e do que chama mais a atenção para seu público). A inconsistência só prova como isso não foi algo realmente novo ou substancial.

Mesmo sendo muito barulho por nada, a fala viralizou, e aí as especulações de muitos fãs vão às alturas:

  • “Será que isso foi Martin dizendo que vai deliberadamente mudar coisas nos livros?”
  • “Será que ele vai esperar o final da série de TV para ver como vai ser a recepção, e eventualmente alterar seus planos?”
  • “Será que ele ocultou enredos de propósito dos produtores?
  • “Será que ele está chamando tudo em Game of Thrones de fanfic?”

A resposta para todas essas perguntas é não. É tudo muito mais simples.

Quando se tornou palpável a possibilidade de a série alcançar A Dança dos Dragões, quinto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, Martin contou seus planos gerais para o final para D.B. Weiss e David Benioff, os produtores de Game of Thrones. Eles, então, passaram a escrever a série com base nesse outline geral, escolhendo, a partir dele, como conduziriam a história (como sempre haviam feito, aliás).

Várias tramas e personagens dos livros foram excluídos da TV, outros foram substancialmente alterados e simplificados, enredos originais foram criados pelos produtores na série. A conclusão lógica disso é que é narrativamente impossível que série e livros tenham um final idêntico – já o próprio trajeto divergiu consideravelmente. Ainda assim, em linhas gerais, haverá semelhanças.

Para explicar melhor a questão, compilei e comentei um histórico de citações, entrevistas e falas de Martin, Benioff e Weiss ao longo dos anos. Continue acompanhando para saber o que autor e produtores (sempre) disseram sobre o assunto.

2013: a reunião de GRRM e D&D

GRRM and D&D
GRRM, Benioff e Weiss na premiere da última temporada de ‘Game of Thrones’. Foto: Jeff Kravitz/FilmMagic para a HBO (via NME).

Quando Game of Thrones começou a ser produzida pela HBO, no final da década de 2000, e durante suas primeiras temporadas, nos anos 2010, tanto George R. R. Martin quanto os produtores da série acreditavam que ele poderia escrever os dois livros restantes de As Crônicas de Gelo e Fogo antes que a adaptação o alcançasse.

Em 2011, ano da primeira temporada, Martin dizia à Entertainment Weekly que o risco de ser ultrapassado pela série só existia se o material dos livros fosse muito condensado na adaptação, por exemplo. Em 2012, em entrevista ao Making Game of Thrones, ele disse o seguinte:

A forma como escrevo é um processo lento, especialmente em livros deste tamanho, grandes e complexos como são. Ainda é um processo lento. Estou ciente de que a série de TV está vindo atrás de mim como uma locomotiva gigante, e sei que tenho que ir mais rápido, talvez, porque a locomotiva logo vai estar me atropelando. O que menos quero é que a série de TV me alcance. Tenho uma vantagem considerável, mas a produção está indo mais rápido do que consigo escrever. Espero que terminemos a história mais ou menos ao mesmo tempo… vamos ver.

Talvez muita gente hoje se esqueça (ou nem saiba), mas por um bom tempo a apreensão sobre o que aconteceria se a série ultrapassasse os livros existia não só entre os leitores e espectadores, mas também para os produtores. Ao final da terceira temporada, os showrunners e a HBO se preocupavam com isso, principalmente por conta dos atores que haviam iniciado a série como crianças e agora estavam crescendo. Martin, porém, ainda continuava otimista e cético:

“Finalmente entendo o medo dos fãs, que eu não entendia há uns dois anos: E se a história alcançar os livros?”, diz o presidente de programação da HBO, Michael Lombardo. “Esperemos e oremos todos para que isso não seja um problema”.

[…]

“Acho que eu não ficaria feliz com isso,” diz o autor [George R. R. Martin]. E nem os produtores. “Ainda estamos com os dedos cruzados para que George chegue lá,” diz Weiss. “É o que seria melhor para nós, melhor para os fãs. Vamos lidar com isso quando a hora chegar.” Benioff acrescenta: “O ideal é que os livros saiam primeiro.”

Embora Weiss tenha dito que a questão seria resolvida quando realmente chegasse a hora, ele e Benioff já haviam se precavido a esse respeito. Em 2013, quando o receio da ultrapassagem se tornou mais palpável, os produtores e Martin se reuniram para tratar do assunto. À Vanity Fair, em 2014, Martin disse (otimista como sempre):

“Posso dar a eles os pontos gerais do que quero escrever, mas os detalhes ainda não estão ali,” diz Martin. “Estou otimista de que consigo não deixá-los me alcançar. E a minha esperança é que antes que eles tenham me alcançado, terei publicado The Winds of Winter, o que me daria mais uns dois anos. Pode ficar apertado no último livro, A Dream of Spring, com eles vindo como um rolo compressor.”

Nessa fala, já podíamos perceber que, embora Martin fosse revelar seus planos de uma forma geral para os produtores, o caminho que ligaria vários dos pontos principais que ele tinha em mente ainda não estava traçado. Na mesma matéria, Benioff revelou a reunião entre o autor e os produtores, que ficaria famosa nos anos seguintes:

“No ano passado, fomos a Santa Fe por uma semana, só para sentar com ele e falar sobre aonde as coisas iriam, porque não sabemos se vamos alcançá-lo, e onde exatamente isso aconteceria. Se você sabe o final, então pode estabelecer as bases para ele. Então queremos saber como tudo termina. Queremos poder montar as coisas. Então sentamos com ele e literalmente passamos por todos os personagens.”

Assim, a HBO já havia resolvido seu lado: se Martin conseguisse terminar Os Ventos do Inverno e publicá-lo antes que o rolo compressor de Game of Thrones o alcançasse, melhor para todos (embora surgisse o mesmo problema para o sétimo volume). Se o autor não fosse capaz disso, a série de TV continuaria, usando como base para os roteiros os planos gerais revelados por George aos produtores em 2013.

2016 a 2019: uma tormenta de spoilers?

Nos anos seguintes, não houve grandes problemas: a quarta e quinta temporadas de Game of Thrones adaptaram material de A Tormenta de Espadas, O Festim dos CorvosA Dança dos Dragões. Embora algumas tramas já fossem substancialmente alteradas e alguns spoilers dos livros seguintes já começassem a surgir, o grosso do roteiro ainda vinha dos livros já publicados por Martin.

Foi só no final da quinta temporada, quando alguns spoilers dos livros começaram a ser revelados na série, como a morte de Shireen Baratheon, que a ficha caiu para muita gente. Na sexta temporada, a hora finalmente chegou: algumas tramas do quarto e quinto livros ainda estavam em aberto, mas o corpo da temporada deveria adaptar Os Ventos de Inverno, que ainda não estava pronto.

Cenas que “a HBO contou antes”.

A partir da quinta temporada, tanto os produtores de GoT quanto Martin passaram a ser questionados com frequência sobre a ultrapassagem do show em relação aos romances em entrevistas. As respostas deles já diziam exatamente o mesmo que a pequena fala de George à Rolling Stone, que tanto repercutiu na semana passada.

Em uma aparição na Oxford Union, em 2015, Benioff disse que nunca fora a intenção dos produtores dar spoilers aos leitores, e que esperavam que os livros acabassem antes. Porém, eles não tinham o poder de apressar Martin, ao mesmo tempo que não podiam deixar a série em standby, por causa do elenco. Acrescentou:

Por sorte, temos falado sobre esse assunto com George há muito tempo, desde quando vimos que isso poderia acontecer, e nós sabemos pra onde as coisas [nos livros] estão indo. Assim, nós basicamente seguiremos pelo mesmo caminho que George; podem existir alguns desvios no trajeto, mas nós estamos seguindo para o mesmo destino. Eu gostaria que algumas coisas não fossem reveladas antes da hora, mas nós estamos meio entre a cruz e a espada. O show precisa continuar… e é isso que nós faremos.

D.B. Weiss, no mesmo evento, comentou também sobre as diferenças entre os dois meios:

Eu acho que o divertido para George será proporcionar surpresas para as pessoas, mesmo que elas tenham assistido à série até o fim. Existem algumas coisas que acontecerão nos livros que serão diferentes na série, e eu acredito que pessoas que amam a série e querem saber mais — sobre os personagens que aparecem na série e as diferentes figuras que foram cortadas — terão que se voltar para os livros.

Assim, já ficava claro que o plano dos showrunners era seguir com o que Martin lhes revelara em 2013, mas que certamente haveria pontos diferentes nesse trajeto, e talvez no próprio destino.

Ainda em 2015, em uma sessão de perguntas e respostas na Suécia, Martin foi perguntado por um leitor que não acompanhava a série – provavelmente motivado pelos primeiros spoilers, que surgiram na época – sobre a possibilidade de a audiência da TV agora ter certo “poder” sobre os leitores. O autor respondeu o seguinte:

Até certo ponto, sem dúvida. Mas por outro lado, a série de TV e os livros estão divergindo cada vez mais, o que, é claro, é algo que tenho dito que aconteceria já há uns cinco anos. Mesmo assim, agora que está acontecendo, as pessoas estão surpresas, mas venho falando sobre o “efeito borboleta” desde a primeira temporada. Sabe, quando se introduz qualquer mudança, ela cria mudanças maiores mais adiante. Você faz uma mudança pequena que parece insignificante, e aí tem que fazer uma mudança maior, porque fez essa mudança pequena, e tem que fazer uma ainda maior, e logo se está em território completamente não familiar. A série agora deve ter uns dez personagens, talvez uns vinte, que estão mortos na TV, mas vivos nos livros.

[…]

Então é claro que vai haver enormes diferenças. Assim, vocês podem ver coisas extremamente chocantes aparecendo na série na próxima temporada, ou nas próximas, mas não sei se poderia considerá-las spoilers, porque elas nunca vão acontecer nos livros. Elas não podem acontecer nos livros, porque a série e os livros tomaram caminhos diferentes.

De fato George já mencionava o “efeito borboleta” em Game of Thrones há um bom tempo. Trata-se de uma referência ao conceito homônimo da teoria do caos, ilustrado com o bater de asas de uma borboleta, que pode resultar em um furacão do outro lado do mundo. Em entrevista à Vulture, em 2011, Martin fora perguntado sobre suas preocupações quanto à série, e dissera:

A outra coisa que me preocupa é o que chamo de efeito borboleta. Se você conhecer o conto de Ray Bradbury, sabe o que quero dizer. Na TV, vimos a morte de Mago, mas ele vai ser visto nos livros – ele ainda está vivo. Isso vai ter que ser diferente no livro e na série, porque o mataram na TV. Esse tipo de efeito cascata pode acontecer.

Para a sexta temporada, portanto, os produtores já escreviam seus roteiros largamente sem base em um livro de Martin, e a ultrapassagem de Game of Thrones era iminente. Ainda assim, o autor se esforçou bastante para terminar The Winds of Winter em 2015, de modo que ele pudesse ser publicado antes de a sexta temporada ir ao ar, no ano seguinte – o que mitigaria um pouco o “efeito spoiler”. No final, sabemos o que aconteceu: ele não conseguiu escrever o livro a tempo disso.

Em janeiro de 2016, o autor publicou um grande e decepcionado post em seu blog sobre o assunto, e abordou longamente a questão dos possíveis spoilers que a série daria. A princípio, tentei resumir o enorme post de George, mas ele trata do tema central deste artigo de forma tão completa que acabei traduzindo mais da metade dele:

Com a proximidade da temporada 6 de Game of Thrones, e com tantos pedidos por informações pipocando, vou quebrar minhas próprias regras e falar um pouco mais, já que aparentemente centenas dos meus leitores, talvez milhares ou dezenas de milhares, estão muito preocupados com essa questão dos ‘spoilers‘ e com a série alcançar os livros, revelar coisas ainda não reveladas neles etc.

Minhas editoras e eu estamos cientes dessas preocupações, é claro. Discutimos algumas delas na última primavera, quando a quinta temporada da série da HBO estava se encerrando, e criamos um plano. Todos queríamos que o sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo saísse antes que a sexta temporada da série da HBO fosse ao ar. Presumindo que a série voltaria no começo de abril, isso significava que Os Ventos do Inverno tinha que ser publicado antes do fim de março, no mínimo. Para isso acontecer, segundo minhas editoras, elas precisariam do manuscrito completo antes do fim de outubro. Parecia bem factível para mim… em maio. Assim, esse foi o primeiro prazo: o Dia das Bruxas.

Infelizmente, a escrita não andou tão rápido ou tão bem quanto eu gostaria. […] Quando a primavera se tornou verão, eu estava tendo mais dias ruins do que bons. Mais ou menos em agosto, tive que encarar os fatos: eu não teria terminado no Dia das Bruxas. Não consigo dizer a vocês o quanto essa conclusão me deprimiu.

No começo de agosto fui ao leste [dos Estados Unidos] para o casamento do meu sobrinho, e para uma aparição com os Staten Island Direwolves. Aproveitei a visita para sentar de novo com minhas editoras (as pessoas e as empresas) e disse a elas que achava que não conseguiria entregar até o Dia das Bruxas. Achei que elas ficariam irritadas… mas tenho que dizer, minhas editoras são ótimas, e receberam a notícia com uma tranquilidade surpreendente (talvez elas soubessem antes de mim). Elas já tinham preparado uma alternativa. Tinham feito planos para acelerar a produção. Me disseram que se eu conseguisse entregar Os Ventos do Inverno até o fim do ano, ainda conseguiriam lançá-lo antes do fim de março.

[…]

E aqui estamos, em primeiro de janeiro. O livro não está terminado, não foi entregue. Não há palavras que mudem isso. Eu tentei, dou minha palavra a vocês. Falhei. Furei o prazo do Dia das Bruxas, e agora furei o prazo do fim do ano. E isso quase com certeza significa que não, Os Ventos do Inverno não vai ser publicado antes da estreia da sexta temporada de Game of Thrones, em abril (fomos informados de que é no meio de abril, não no começo, mas essas duas semanas não vão me salvar).

[…]

Dito isso tudo, sei qual será a próxima pergunta, porque centenas de vocês já me fizeram. A série vai ‘spoilar‘ os livros?

Talvez. Sim e não. Vejam bem, eu nunca achei que a série poderia possivelmente alcançar os livros, mas alcançou. A série andou mais rápido do que eu previ, e eu andei mais devagar. Houve outros fatores também, mas esse foi o principal. Dado o ponto em que estamos, inevitavelmente, haverá certos plot twists e revelações na sexta temporada de Game of Thronesque que ainda não aconteceram nos livros. Durante anos, meus leitores estiveram à frente da audiência. Este ano, em relação a algumas coisas, o contrário será verdade. Como vocês vão querer lidar com isso… bem, isso cabe a vocês.

O caso de Game of ThronesAs Crônicas de Gelo e Fogo talvez seja único. Não consigo pensar em nenhum outro exemplo em que o filme ou a série de TV saíram enquanto o material fonte ainda estava sendo escrito. Então quando vocês me perguntam se “a série vai spoilar os livros”, tudo o que posso dizer é: “Sim e não”, e resmungar mais uma vez sobre o efeito borboleta. Aquelas borboletas bonitinhas se tornaram dragões enormes. Alguns dos ‘spoilers‘ que vocês podem encontrar na sexta temporada podem nem ser spoilers… porque a série e os livros divergiram, e vão continuar divergindo.

Pensem só. Mago, Irri, Rakharo, Xaro Xhoan Daxos, Pyat Pree, Pyp, Grenn, Sor Barristan Selmy, Rainha Selyse, Princesa Shireen, Princesa Myrcella, Mance Rayder e o Rei Stannis estão todos mortos na série, e vivos nos livros. Alguns deles vão morrer nos livros também, sim… mas não todos, e outros podem morrer em momentos diferentes e de formas diferentes. Balon Greyjoy, por outro lado, está morto nos livros, e vivo na série. Os irmãos dele, Euron Olho de Corvo e Victarion ainda não foram introduzidos (eles vão aparecer? Não sei dizer). Enquanto Jhiqui, Aggo, Jhogho, Jeyne Poole, Dalla (e seu filho) e sua irmã Val, a Princesa Arianne Martell, o Príncipe Quentyn Martell, Willas Tyrell, Sor Garlan, o Galante, Lorde Wyman Manderly, o Cabeça Raspada, a Graça Verde, Ben Mulato Plumm, o Príncipe Esfarrapado, Bela Meris, Barba de Sangue, Griff e Jovem Griff, e muitos, muitos mais nunca foram parte da série, e ainda assim permanecem sendo personagens dos livros. Vários são personagens com pontos de vista, e até aqueles que não são podem ter papeis significativos na história que está por vir em Os Ventos de Inverno e Um Sonho de Primavera.

Diante das outras citações que abordamos anteriormente, o post pode até ser repetitivo, mas, bem, está basicamente tudo aí. O efeito borboleta, a presença de personagens nos livros que não estão na série, destinos diferentes para os mesmos personagens. Tudo isso faz parte da resposta “sim e não” que Martin e os produtores sempre deram em relação aos possíveis spoilers.

Além disso, os showrunners já faziam mudanças consideráveis em relação ao material fonte mesmo quando ainda havia livros para adaptar – os principais exemplos são o enredo de Dorne e os destinos de Sansa Stark e do Norte. Isso significa, é claro, que os produtores também não estiveram obrigados a seguir literalmente os planos que George lhes revelou em 2013, e que diferenças podem surgir daí também. Quanto a isso, Martin disse em 2017, ao portal russo Meduza:

[Os showrunners] são independentes. Eles podem fazer o que quiserem. Eu não tenho nenhum poder… nenhum direito contratual para [impedi-los]. Eu troco ideias com eles. Falo com eles regularmente. É claro, anos atrás, tivemos uma série de encontros bem longos, em que contei a eles alguns dos grandes twists e eventos enormes que viriam nos últimos livros. Então eles vêm abordando alguns deles, e fazendo algumas revelações, mas eles também vêm divergindo de diversas formas.

De fato, embora muitos eventos e revelações que já aconteceram em Game of Thrones muito provavelmente ocorrerão também em As Crônicas de Gelo e Fogo, isso não é verdade para todos eles, e os contextos para tanto podem ser diferentes. As diferenças são reconhecidas pelos próprios produtores, como indica uma fala recente de Benioff:

[A preocupação] era de que os livros spoilariam a série para as pessoas – e por sorte isso não aconteceu, na maioria das vezes. Agora que a série está à frente dos livros, parece que a série pode arruinar os livros para as pessoas. Então uma coisa sobre a qual falamos com George é que não vamos contar às pessoas quais são as diferenças, então quando os livros saírem, as pessoas podem ter a experiência pura deles.

Embora essa intenção de Benioff seja louvável, alguns dos primeiros eventos novos da série em relação aos livros foram revelados pelos produtores como vindo diretamente de George, o que deixou muitos fãs insatisfeitos. Eles disseram, por exemplo, que a morte de Shireen tinha vindo diretamente do que Martin lhes contara, bem como a revelação sobre o nome de Hodor.

Embora haja dúvidas quanto ao contexto que levará à morte de Shireen em As Crônicas de Gelo e Fogo, o fato de eles terem dito expressamente que se tratava de um evento revelado pelo autor foi efetivamente um spoiler dos livros. Talvez a postura atual de Benioff seja uma resposta a isso.

Enfim, acho que com todas essas citações já deu para compreender por que eu disse, ainda no começo do texto, que a resposta à pergunta sobre os finais serem iguais ou diferentes era simples (e por que eu disse que a fala que repercutiu recentemente não tinha nada de novo), não é? Vamos, agora, analisar como Martin projeta seu final de As Crônicas de Gelo e Fogo, e se haverá alguma influência o final de Game of Thrones nele.

O final de Martin

GRRM espada de gelo
GRRM segura uma espada dos Outros. Foto: HBO.

Tudo bem, agora já vimos inúmeras declarações dizendo que os finais de As Crônicas de Gelo e FogoGame of Thrones serão iguais e diferentes ao mesmo tempo, principalmente por conta dos caminhos diferentes que as duas obras trilharam ao contar sua história. Existe, porém, um outro ponto que deve ser levado em consideração: a forma de Martin escrever.

Historicamente, o autor se descreveu como um escritor “jardineiro”, em oposição aos “arquitetos”. Deixemos que ele mesmo explique como entende esses conceitos, em uma entrevista ao Guardian, de 2011:

Acho que existem dois tipos de escritores, os arquitetos e os jardineiros. Os arquitetos planejam tudo antes, como um arquiteto construindo uma casa. Eles sabem quantos cômodos a casa vai ter, que tipo de telhado vai ser, por onde os fios vão passar, que tipo de encanamento haverá. Eles têm tudo desenhado e projetado antes que a primeira tábua seja pregada. Os jardineiros cavam um buraco, jogam um semente e aguam. Eles meio que sabem que semente é, sabem se plantaram uma semente de fantasias, ou uma semente de mistério, ou qualquer que seja. Mas conforme a planta vai nascendo e sendo regada, eles não sabem quantos ramos vai ter, eles descobrem enquanto ela cresce. E sou muito mais um jardineiro que um arquiteto.

Logo após o fim da sexta temporada de Game of Thrones, quando a série oficialmente ultrapassou As Crônicas de Gelo e Fogo, Ana Carol Alves escreveu aqui no Gelo & Fogo um belo artigo sobre o estilo jardineiro de George e as consequências que isso trouxe para a adaptação, e os possíveis spoilers.

Fica claro, portanto, que outra razão pela qual haverá diferenças entre os finais de Game of ThronesAs Crônicas de Gelo e Fogo é justamente porque o autor dos livros não tem o enredo exatamente planejado nos mínimos detalhes. Na matéria da Entertainment Weekly que mencionamos anteriormente, Benioff até reitera que, mesmo tendo recebido informações de George, eles mesmos não sabem tudo o que o autor escreverá.

Os produtores observam que não têm certeza total dos enredos futuros de Martin, de qualquer forma (“George descobre muita coisa enquanto escreve”, diz Benioff). Mas ainda mais surpreendente é que, similarmente, Martin também está bastante no escuro em relação ao final da série. “Não li os scripts da última temporada, e não pude visitar o set porque estava trabalhando em Winds“, revela Martin. “Sei algumas das coisas. Mas há muitas [histórias de] personagens menores que eles vão inventar por conta própria. E, é claro, eles me passaram há vários anos. Pode haver discrepâncias importantes.”

Por essa fala e pelas anteriores, já podemos depreender que Martin realmente vê as duas obras como independentes e que não se importa muito com como a série de TV retratará o final. Dessa forma, já poderíamos concluir que as teorias no sentido de Martin deliberadamente fazer sua história ser diferente da de Game of Thrones não fazem muito sentido. Porém, nada melhor do que verificarmos o que ele mesmo já disse sobre isso.

Em 2016, nos comentários do grande post no blog que transcrevi acima, uma leitora até já havia sugerido que ele fizesse o final de As Crônicas de Gelo e Fogo diferente do da série propositalmente, e a resposta dele foi essa:

Em uma história como essa, o conceito de “final” é complexo. Cada personagem tem seu próprio final, de certa maneira, assim como cada vida tem seu próprio fim no mundo real. O livro e a série terão o mesmo “final”? Em alguns aspectos, sim. Em outros, não, de forma alguma.

Em uma entrevista à Time, em 2017, o jornalista Daniel D’Addario perguntou literalmente se ele tentava se distanciar intencionalmente da série. A resposta está transcrita a seguir, mas optei também por transcrever a questão anterior, que dá um contexto maior e também é pertinente para entendermos a questão do final e dos spoilers como um todo:

Daniel D’Addario: Para você, escrever ainda tem algo de improvisação? Mesmo com um ponto final na cabeça, você ainda sente que está descobrindo coisas sobre o mundo de Westeros?

George R. R. Martin: Sim. E isso não é algo exclusivo de Westeros ou Game of Thrones. É simplesmente a maneira como trabalho e sempre trabalhei.

No caso de qualquer um de meus romances, sei meu ponto de partida, sei meu ponto de chegada, mais ou menos. Sei algumas das grandes curvas pelo caminho, as coisas na direção das quais desenvolvo, mas muitas coisas se descobre pelo caminho. Personagens crescem e parecem mais importantes, e você chega ao que achava ser uma grande virada e… a coisa em que pensou dois anos antes na verdade não funciona tão bem, e aí você tem uma ideia melhor! Sempre existe esse processo de descoberta, para mim. Sei que nem todos os autores trabalham assim, mas sempre foi como trabalhei.

Daniel D’Addario: Essas novas ideias pelo caminho acontecem como uma reação à série de TV Game of Thrones? Você se pega tentando complicar ou divergir do que está indo ao ar na TV, ou mergulhando em personagens que não são tão proeminentes na série?

George R. R. Martin: Não penso nisso dessa forma. A série é a série, e desenvolveu vida própria a essa altura. Estou envolvido com a série, é claro, e estive desde o começo, mas meu foco principal tem de ser os livros. Você tem que lembrar que comecei a escrever essa história em 1991, e me encontrei com David e Dan pela primeira vez em 2007. Eu estava vivendo com esses personagens e esse mundo por 16 anos antes que sequer começássemos a trabalhar na série. Eles estão bem fixos na minha cabeça, e não vou mudar nada por causa da série, ou reações à série, ou o que os fãs acham. Eu ainda estou só escrevendo a história que comecei a escrever no começo dos anos 1990.

Para complementar, mais uma fala, de uma entrevista a Adrià Guxens, em 2012, na qual fala sobre reações dos fãs ao final:

Você sabe que o final não vai agradar todo mundo, não sabe?

É claro que vou desapontar alguns de meus fãs porque eles estão fazendo teorias sobre quem vai finalmente sentar no trono: quem vai viver, quem vai morrer… e eles até imaginam pares românticos. Mas já experimentei esse fenômeno com O Festim dos Corvos e de novo com A Dança dos Dragões, e, repetindo as palavras de Rick Nelson: “Não dá pra agradar todo mundo, então você tem que agradar a si mesmo”. Então vou escrever os últimos dois livros o melhor que consigo, e acho que a grande maioria dos meus leitores vai ficar feliz com isso. Tentar agradar todo mundo é um erro terrível; não digo que você tem que irritar seus leitores, mas arte não é democracia, e nunca deve ser democracia. A história é minha, e essas pessoas que ficam irritadas deveriam sair e escrever suas próprias histórias; as histórias que elas querem ler.

A não ser que consideremos que Martin está mentindo na cara dura (o que não temos razões para acreditar), não restam quaisquer dúvidas a esse respeito, não é mesmo? Está claro que o autor não vai mudar seus planos para o final de As Crônicas de Gelo e Fogo por causa da série de TV ou de reações dos fãs. Ele é, acima de tudo, um escritor, afinal.

Agora, o fato de Martin dizer que descobre muitas coisas à medida em que escreve significa que ele não tem nada planejado e que tudo surge no meio do caminho? É claro que não. Na carta de 1993, em que descrevia em linhas gerais o que seriam As Crônicas de Gelo e Fogo, ele já falava sobre isso com seu agente:

Como você sabe, eu não faço esboços de meus romances. Considero que se sei exatamente para um onde um livro está indo, perco todo o interesse em escrevê-lo. Tenho, porém, noções fortes sobre a estrutura geral da história que estou contando, e o destino final de muitos dos principais personagens no drama.

E qual seria esse final? O autor é perguntado há anos sobre isso, desde que começou a escrever a série de livros, e, embora obviamente não responda, sempre diz que busca um final agridoce.

Em 2005, por exemplo, um fã relatou o seguinte:

Quando perguntado se sabia o final, [Martin] respondeu que seria agridoce. Ele desenvolveu, falando sobre o expurgo do Condado [em O Senhor dos Anéis]. Quando leu O Senhor dos Anéis pela primeira vez aos 12 anos, ele não entendeu o final. Porém, quando se tornou um leitor mais maduro, ele passou a apreciar que o triunfo sempre tem um custo.

Não vou me delongar aqui em uma análise sobre o que ele quer dizer com isso – só deixo claro que não acredito simplesmente que seria algo simplório como “a humanidade venceu os Outros, mas Fulano/a de Tal morreu” – até porque no final de O Retorno do Rei, o exemplo que ele gosta de usar, os heróis da história estão todos vivos. Em outro relato sobre Martin, dez anos depois do citado acima, ele explica um pouco melhor sua ideia:

“Acho que se deve ter alguma esperança”, disse [Martin], fazendo referência às maneiras com que sagas terminam. “Todos ansiamos por finais felizes, de certa forma. De minha parte, sou atraído pelo final agridoce. As pessoas me perguntam como Game of Thrones vai terminar, e não vou contar… mas sempre digo que esperem algo agridoce no fim, como em J. R. R. Tolkien. Acho que Tolkien fez isso de forma brilhante. Eu não entendi quando era menino – quando li O Retorno do Rei.” Agora, porém, ele observa que o uso de alegoria por Tolkien para revelar as verdades mais duras da vida (a tragédia da Grã Bretanha do pós-guerra no final dos anos 40 e começo dos 50, no caso de O Senhor dos Anéis), até frente a uma vitória merecida, é brilhante. “Você não pode simplesmente cumprir uma missão e aí fingir que a vida é perfeita”, disse. “A vida não funciona assim.”

No final das contas, percorremos um longo (e às vezes repetitivo, admito) caminho para concluir o que foi dito no começo: o final de Game of Thrones será ao mesmo tempo diferente e igual ao de As Crônicas de Gelo e Fogo. E, analisando falas do próprio George R. R. Martin ao longo dos anos, observamos que ele não tem qualquer intenção de mudar seus planos em resposta à série de TV ou a reações ao final dela, e conseguimos perceber como o discurso sempre foi consistente ao longo dos anos.

O fim de GoT é iminente: no dia 19 de maio o mundo conhecerá o destino da Westeros da TV. Quanto ao final de As Crônicas de Gelo e Fogo, infelizmente, não temos como prever. Fica aqui a esperança de que George também possa nos presenteá-lo com ele em breve – é claro, sem sacrificar a qualidade na atenção aos detalhes, um dos pontos mais fortes e apaixonantes da série de livros. Por fim, um pequeno comentário de Martin sobre o jornalismo caça-cliques, tão comum atualmente:

Há dias em que acho que o jornalismo morreu no dia em que a Internet nasceu.

George R. R. Martin talks about journalism

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“I’m a slow learner, it’s true. But I learn.”

Sansa Stark
Sansa por Angelica Arfini

Desde o início, Sansa Stark sempre foi uma personagem polêmica, que despertava fortes emoções tanto nos leitores quanto nos telespectadores. Na maior parte do tempo –  especialmente entre os fãs da série de TV – os sentimentos reservados a ela eram negativos. No entanto, desde a sexta temporada de Game of Thrones, a popularidade dela tem aumentado consideravelmente entre os fãs. Mas o que será que levou à isso? E o mais importante: será que ela está sendo “gostada” pelos motivos certos? Vamos verificar.

Como já dito, Sansa sempre foi uma personagem que gerava comoções extremas. Parte disso por sua personalidade, mas boa parte também devido ao talento e ao carisma de Sophie Turner, sua intérprete, que conquistou o coração de muitos fãs. A defesa de Sansa sempre foi focada em explicar exaustivamente que ela não precisava ser uma guerreira convencional para ser uma boa personagem. Mesmo com sua personalidade gentil, ela tinha força e coragem para sobreviver a tudo o que sofreu e é exatamente aqui que começa o grande problema da forma como ela foi adaptada.

Sansa Stark: a vítima constante

Quando se assiste em retrospectiva, esses pontos positivos dela não são exatamente considerados positivos. A personagem Sansa em Game of Thrones, tal como todos os outros personagens, sofreu com uma boa dose de descaracterização em sua versão televisiva. Na série, as habilidades e talentos  de Sansa não são valorizados. Pelo contrário, são tidos como uma fraqueza. A insistência em diminuí-la para que seja exibida como uma constante vítima de suas próprias atitudes foi ampliada de uma forma que faz parecer que a intenção é dizer: “Isso está acontecendo porque ela mereceu/buscou”.

Sansa Stark

Talvez o principal motivo para isso seja que, na série, não temos a atitude dela de contar à Cersei sobre os planos de seu pai, Eddard. Nos livros, Sansa comete esse deslize e rapidamente aprende e se arrepende sobre seu erro. Ela guarda essa lição constantemente em seu interior, e isso molda sua percepção do mundo a sua volta.

Como o próprio George R. R. Martin já mencionou, parte do desenvolvimento de Sansa se deu quando ela compreendeu que suas atitudes causaram algo ruim, ainda que tenha sido feito de forma inocente e sem intenção de machucar:

Sansa era a Stark que menos inspirava simpatia no primeiro livro; ela passa a inspirar mais, em parte porque assume sua responsabilidade na morte do pai.
(A Storm Coming. An interview with George R R Martin. Amazon.co.uk, 2000. Tradução livre)

Ao optar por não inserir esse detalhe, a adaptação – de forma consciente ou não –  negou a ela boa parte de seu crescimento como personagem. Talvez seja por isso que na série ela cometa tantos erros parecidos repetidamente. Por exemplo, mesmo após ter sofrido horrores nas mãos de Joffrey, no quinto episódio da terceira temporada, quanto a oportunidade de fugir lhe é oferecida, ela se nega a aceitar, pois acredita que, se ficasse, teria mais chances de se casar com Loras Tyrell. É claro que no fim tudo deu errado e ela acabou sendo obrigada a se casar com Tyrion Lannister.

Após esse casamento, temos outra mudança da personagem dos livros. Embora inicialmente contrária ao casamento, a Sansa da série rapidamente se adapta a sua vida com o novo marido indesejado. A cena da série, na qual ela se ajoelha para que ele a cubra, já é uma boa representação dessa diferença na personagem. A Sansa dos livros se recusa terminantemente a ser conivente com a situação, mantendo em sua mente durante todo o casamento que ele, embora gentil, é seu inimigo e que ela deve ser cuidadosa com ele.

Sansa ficou vendo o anão afastar-se, com o corpo oscilando pesadamente de um lado para o outro a cada passo, como algo saído de um circo de aberrações. Fala com mais gentileza do que Joffrey, pensou, mas a rainha também falou comigo com gentileza. É ainda um Lannister, irmão dela e tio de Joff, e não é amigo. Antes, tinha amado o Príncipe Joffrey de todo o coração e admirara e confiara em sua mãe, a rainha. Tinham lhe devolvido esse amor e confiança com a cabeça do seu pai. Sansa nunca mais voltaria a cometer o mesmo erro.
(A Fúria dos Reis, cap. 2, Sansa I)

Já a Sansa da série escolhe se render mais uma vez. Após isso, eles se aproximam e chegam a ficar amigos, fazendo piadas juntos e trocando confidências. Esse tipo de atitude, embora aparentemente simpática, mais uma vez tira dela sua chance de crescimento e amadurecimento. Embora a essa altura esteja mais velha e já tenha sofrido coisas terríveis, ela ainda confia rapidamente e cegamente nas pessoas. Há um relapso muito grande da parte dela em se preservar, algo que mais uma vez, destoa de sua versão original.

Sansa observou a moça com suspeita. Teria visto o bilhete? Teria sido ela quem o colocara sob a almofada? Não era provável; a moça parecia ser estúpida e não alguém que se quisesse usar para entregar bilhetes secretos, mas Sansa não a conhecia. A rainha mudava seus criados a cada quinzena, a fim de se assegurar que nenhum deles se tornaria seu amigo. Quando o fogo cintilou na lareira, Sansa agradeceu secamente à criada e ordenou-lhe que saísse. A moça foi rápida em obedecer, como sempre, mas Sansa decidiu que havia algo de dissimulado nos seus olhos.
(A Fúria dos Reis, cap. 18, Sansa II)

Sansa aprendeu da pior forma que não pode confiar em qualquer pessoa, nem mesmo em suas criadas de quarto. Na série, isso não existe, visto que foi acrescentada uma amizade entre ela e Shae, embora eu particularmente veja isso mais como um componente dramático para o romance de Tyrion com a serva do que tendo um propósito para o enredo de Sansa em si.

Embora o excesso de confiança demonstrado por ela na série não pareça algo tão negativo, no final, essa falta de maturidade foi o que a levou a sua decisão mais prejudicial. Após o assassinato de Joffrey, ela finalmente consegue escapar dos inimigos de sua família. No entanto, graças à manipulação de Petyr, ela aceita colocar a si mesma mais uma vez nas mãos daqueles que derramaram sangue de seus entes queridos, e acaba sendo casada com Ramsay Bolton.

É desnecessário dizer o quanto esse enredo foi mal executado e de péssimo gosto. Toda a discussão acalorada que ocorreu na época do polêmico episódio Unbowed, Unbent, Unbroken deixou clara como a escolha de usar o estupro como recurso narrativo foi algo ruim. A lógica por trás do casamento não existia, a personagem foi inserida ali unicamente para sofrer mais um pouco e pagar por seus “pecados” antes de finalmente poder ter seu momento ao sol.

Sansa Stark chorando
Sansa Stark em Game of Thrones.

É aqui que entra a maior problemática disso, pelo menos ao meu ver. Não foi nenhuma surpresa quando Sansa se fortaleceu e decidiu começar a agir. Isso já era esperado desde que ficou claro que o enredo iria seguir a linha do “estupro empoderador” com a personagem. A surpresa, pelo menos para mim, foi a forma como os próprios fãs da personagem reagiram a isso. Longe de receber críticas, eles abraçaram essa versão como o auge do aproveitamento dela.

Para a maioria dos fãs de Sansa – e me sinto na obrigação de incluir boa parte dos fãs leitores aqui – não importa que a lógica por trás de esconder um exército tenha sido falha. Não importa que a vingança tenha sido totalmente fora da personagem. A única coisa que importa é o fato de que, agora finalmente ela estava sendo o que o público queria que ela fosse. Em outras palavras, o que ocorreu foi o famoso fanservice, puro e simples.

A própria Sophie Turner, intérprete da personagem, defendeu a introdução do arco, afirmando que:

Essas coisas aconteciam e não se pode descartar isso em um programa de TV onde tudo é sobre poder. Essa é uma maneira muito impactante de mostrar que você tem poder sobre alguém.
(Growing up Game of ThronesRolling Stone, 26 de março de 2019. Tradução livre.)

Ela completou ainda afirmando que o fato de a temporada terminar com uma Sansa fortalecida tornou o arco um ótimo enredo. Para ela, assim como para o telespectador médio, a cena foi satisfatória, porque Sansa estava finalmente enfrentando as pessoas que fizeram coisas ruins com ela. No entanto, Sansa Stark sempre teve pequenos atos de resistência e teria tido mais, se não tivesse sido alterada desde o início.

Sansa Stark, em Game of Thrones.
Sansa Stark, em Game of Thrones.

Turner acaba sendo um bom exemplo de como a personagem tem sido mal interpretada pelo público. A ideia de que ela se fortaleceu com o estupro é uma falácia muito usada para tentar deslegitimar seu crescimento em face a todos os outros abusos sofridos.

Já a menção ao fato de que esse tipo de coisa acontecia de verdade e por isso deve ser mostrado, não se sustenta porque, sim, abusos infelizmente acontecem o tempo todo, no entanto, raramente as vítimas saem de seu trauma para se tornar anjos vingadores cheios de confiança renovada em si mesmos. Existe um longo e doloroso processo de recuperação, e é nessa questão que a maior parte das representações sobre o tema peca. Abrir mão de trabalhar o desenvolvimento de um trauma acaba por desmerecer a recuperação e readaptação dos sobreviventes.

Conforme muito bem assinalado por Lara Vascouto em seu texto Sansa Stark e a (des)caracterização que a Levou de Vítima a Assassinaa escolha de transformar abruptamente a personagem de vítima constante em uma poderosa vingadora só aumentou a descaracterização da personagem em comparação com a original.

A Sansa que sorri de forma satisfatória enquanto assiste seu algoz ser comido por cães não é a Sansa real. É uma versão embrutecida e idealizada, que as pessoas que não conseguem aceitar que ela tenha uma personalidade gentil e diplomática esperam dela. A partir do momento em que ela abriu mão de sua essência para se tornar a versão “forte” – pelo menos na perspectiva geral desse conceito – ela tornou-se outra personagem.

Mas o que isso tudo quer dizer? Bem, a série de TV, como qualquer outra produção televisiva e cinematográfica, trabalha com recursos de condicionamento. Antes, não era permitido gostar da personagem. Ela ainda não tinha feito nada para merecer o amor do público. No entanto, como um grande arco redentor, ela finalmente fechou seu ciclo e o público recebeu permissão para simpatizar com ela.

Grosso modo, Sansa foi introduzida como uma personagem mimada e fútil. Para se redimir, ela precisava sofrer, aprender a se vingar e se tornar uma badass. Esse ciclo se fechou na sexta temporada, e, a partir daí, a popularidade dela só aumentou. Aumentou porque Sansa deu voz a tudo o que as pessoas odiavam nela e, dessa forma, legitimou essa versão.

Tragicamente, isso ocorreu com o aval de muitos fãs que deveriam ter sido mais críticos com a forma como a produção escolheu trabalhar a tal evolução dela. É difícil para mim compreender porque o fã que lutou tanto para defender o direito de Sansa em ser ela mesma abraçar de forma tão voraz a nova versão dela, que tornou-se nada mais, nada menos, que a antítese de tudo o que representava originalmente. No fim, a única lição deixada pela Sansa embrutecida da série é que não está tudo bem em ser apenas complacente. Para finalmente se tornar alguém que vale a pena ser valorizada, é preciso abraçar a violência e mudar.

Sansa Stark: aquela que aprende devagar

Sansa Stark, em Game of Thrones.
Sansa no episódio 4.08 ‘The Mountain and the Viper’ por Yunfan Ge.

Outro grande problema na adaptação da personagem é que, conforme já dito acima, ela foi construída para não parecer esperta ou inteligente. Não me entendam mal, não é que ela não seja, mas a forma como ela foi representada raramente passaria essa impressão para o telespectador desatento. Mais uma vez terei que enfatizar a diferença da Sansa televisiva e a Sansa literária. Se tem uma coisa que a Sansa dos livros não demonstra ser, é uma aprendiz lenta.

Seu sorriso malicioso transformou-se em algo mais suave enquanto estudava o rosto dela. – E o pesar pelo senhor seu pai que a deixa tão triste?
– Meu pai era um traidor – Sansa respondeu imediatamente. – E meu irmão e a senhora minha mãe são também traidores – tinha aprendido depressa aquele reflexo. – Eu sou leal ao meu amado Joffrey.
– Sem dúvida. Tão leal como uma corça rodeada de lobos.
– Leões – sussurrou ela.
(A Fúria dos Reis, cap. 2, Sansa I)

Um dos intensificadores disso é que, na série, a própria personagem constantemente se classifica de forma pejorativa. Sansa insultou a si mesma repetidamente ao longo das sete temporadas. Ela se chamava de burra, estúpida, fraca, boba, idiota etc. Esse tipo de pensamento, quando colocado na boca da própria personagem, é altamente prejudicial.

Primeiro, porque mais uma vez, condiciona o telespectador a concordar com sua autoavaliação. No entanto, a Sansa dos livros é muito perspicaz e isso contrasta fortemente com a versão que a adaptação passa dela.

Em segundo lugar, porque transfere para ela a responsabilidade pelos danos que sofre. Afinal, se Sansa não tivesse escolhido ficar em Porto Real, ela não teria sido obrigada a se casar. Se Sansa não tivesse escolhido ir com Brienne ao invés de ter aceitado se casar com Ramsay, ela não teria sido estuprada, se, se, se…

A jornada de Sansa em Game of Thrones foi resumida a sua própria suposta incapacidade de aprender. A única coisa que Sansa diz ter aprendido, foi com Cersei, mas nós não vemos isso. Aliás, ela não menciona o que exatamente ela aprendeu. Nos livros, ela aprendeu sobre o que não fazer.

– Outra lição que devia aprender, se tem esperança de se sentar no trono ao lado de meu filho. Se for branda numa noite como esta, terá traição estourando por toda a sua volta, como cogumelos depois de uma chuva forte. A única maneira de manter seu povo leal é assegurando-se de que a temem mais do que ao inimigo.
– Vou me lembrar, Vossa Graça – Sansa respondeu, se bem que sempre tivesse ouvido dizer que o amor era um caminho mais seguro para a lealdade do povo do que o medo. Se chegar a ser uma rainha, farei com que me amem.
(A Fúria dos Reis, cap. 60, Sansa VI)

E isso nos leva ao fatídico episódio final da última temporada, no qual ela mais uma vez vocalizou sua “falha”, a passagem citada no início do texto: “Aprendo devagar, mas aprendo.”

Depois de toda uma temporada na qual ela e Arya foram aparentemente jogadas uma contra a outra por Petyr Baelish, as duas tomam ciência de sua traição e por fim, juntos, os três irmãos vingam seu pai. Essa cena foi incrivelmente aplaudida como algo maravilhoso, afinal, todos torciam para esse momento. No entanto, as falhas na execução dela permanecem existindo, e Sansa, mais uma vez, foi posta em uma posição de inferioridade, ainda que estivesse aparentemente no comando da situação. Até mesmo em seu ápice, ela precisou se diminuir em sua fala para ser aplaudida.

É frustrante para mim ver a forma como a personagem foi menosprezada todo o tempo em sua adaptação. É ainda mais frustrante ver como as nuances negativas e todos os absurdos feitos com ela ao longo dos anos foram esquecidos facilmente. É ruim admitir, mas a verdade é que Game of Thrones ainda tem uma habilidade muito grande em modificar a visão dos personagens aos olhos do telespectador, por mais fã que ele seja.

A impressão de que se tem é que a série não gostava da personagem per se, e por isso, achou que deveria corrigir suas falhas na versão adaptada. Mas que falhas seriam essas? Sansa de fato precisava de um arco redentor? Ela fez algo de tão grave a ponto de ter a necessidade de criar todo um enredo de rebaixamento, dor e humilhação para que ela finalmente aprendesse a ser uma jogadora?

Não. Não precisava. Isso foi uma escolha deliberada. No fim, a Sansa Stark de Game of Thrones destoa tanto de sua personagem original em As Crônicas de Gelo e Fogo quanto qualquer outro personagem, e não tem problema em admitir isso. Minha intenção aqui é fazer um apelo aos fãs, e em especial, aos fãs de Sansa enquanto personagem, para que façam uma autocrítica e percebam o quão prejudicial é deixar todos esses erros passarem em prol de uma valorização forçada atual.

Não adianta muito criticar o enredo do estupro se, duas temporadas depois, tudo o que está sendo feito é aplaudido. Agir dessa forma só intensifica a versão de que sim, esse tipo de recurso narrativo é aceitável para fortalecer e criar simpatia para personagens femininas. E vale notar, nós não tivemos nenhum tipo de reação pós-trauma dela, apenas seu “renascimento” como uma mulher endurecida.

Sansa em seu vestido de casamento
Sansa em seu vestido de casamento, por Magdalena Korzeniewska.

Quando consideramos tudo isso, é fácil entender o porque dela ter se tornado tão popular atualmente. Sophie é uma atriz talentosa, o roteiro está dando ao público o que ele aparentemente queria dela e ela se tornou o que as pessoas desejavam: uma não-Sansa. Mas a questão principal que gostaria de deixar é: pode-se considerar de fato uma valorização da personagem quando se tirou tudo aquilo que a tornava quem ela era para deixá-la agradável ao público? Para mim, não.

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Análise do primeiro trailer da 8ª temporada de ‘Game of Thrones’ https://www.geloefogo.com/2019/03/analise-do-primeiro-trailer-da-8a-temporada-de-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=analise-do-primeiro-trailer-da-8a-temporada-de-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2019/03/analise-do-primeiro-trailer-da-8a-temporada-de-game-of-thrones.html#comments Wed, 06 Mar 2019 00:05:56 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=104544 A HBO lançou o primeiro trailer da 8ª temporada de Game of Thrones. Há poucas semanas de estreia da nova […]

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A HBO lançou o primeiro trailer da 8ª temporada de Game of Thrones. Há poucas semanas de estreia da nova temporada, o material chega aos espectadores recheado de sequências enigmáticas, como um convite para que as confabulações sobre a história voltem a se tornar rotina.

Mas desta vez, pela última vez.

Como tradição, e com carinho, nossa análise do trailer:


E aqui vamos nós.

Em uma sequência subjetiva de terror, Arya é perseguida, e precisa lutar por sua vida. Machucada, com medo, sem fôlego, mas com coragem, ela corre e se esconde por corredores de um castelo muito mal iluminado.

Vemos a sugestão de que ela é alvo, mas também parece estar ali em uma missão.


Arya então inicia suas frases de efeito sobre morte. Ao mesmo tempo, nas profundezas das criptas, Varys, Gilly, e o bebê Sam, se escondem dos perigos na companhia de plebeus e pessoas comuns, e dos túmulos de Rickon e Cão Felpudo, ou os de Robb e Vento Vinzento.


O corte sugere que Arya corre por Winterfell, em um cenário que daria continuidade às criptas do castelo. Durante as gravações, foi noticiado que a HBO produziu um punhado de cenas na locação. As criptas de fato parecem o lugar perfeito pra situar um episódio de horror. Apenas esperamos que o inverno não levante nenhum Stark de seu sono eterno.

Mas seriam as cenas de Arya realmente em Winterfell?


A voz de Arya ecoa através da ação, como se estivesse em sua própria mente.

“Conheço a morte. Ela tem muitas faces. Esta eu quero muito ver”.

Este é o desejo que Arya revela, segurando uma adaga que parece ser feita de vidro de dragão:


Das mortes que Arya quer muito fazer acontecer, há os dois nomes de suas orações que ainda não foram confrontados: Cersei e Gregor Clegane.

Agora, no entanto, ela tem duas adagas, além de Agulha. Claramente, riscar os nomes que tem em sua lista não será a única missão de Arya Stark, já que o mundo está prestes a entrar em colapso. Mas como sua expertise irá ajudar sua família na luta contra os mortos? A ironia de querer ver tanta gente morta, em um mundo que está sendo invadido por mais gente morta.

Davos nunca participa ativamente de batalhas. A única que ele tomou parte importante foi Blackwater, onde ele foi mandado aos ares em poucos minutos. Sua participação na Batalha dos Bastardos é quase nula.

Apenas toco neste ponto porque o ator (Liam Cunningham) não costuma ser desafiado em cenas de ação intensas na série. Qual será seu papel na reta final da história?

Estas imagens iniciais do vídeo revelam um tom bastante sombrio que será pano de fundo para diversas cenas nessa temporada. Falo sobre a escolha de uma fotografia extremamente escura, algo que já é característica da série: Dependendo de onde você está assistindo as cenas, às vezes é impossível distinguir o que está sendo exibido em tela. Em um contexto onde temos a chegada do inverno aliada à invasão dos Outros, me pergunto se a série usará a ideia de eterna escuridão, e a possibilidade de não ser mais possível ver a luz do dia em Westeros.

Dentro desta proposta, me pergunto quanto tempo durará a guerra dos homens contra as criaturas, e como isso será relatado ao longo dos seis episódios da temporada.

Mas o trailer exibe cenas à luz do dia também. Vamos falar um pouco sobre elas.

Em uma sequência em alto mar, em meios a nuvens carregadas, a frota de ferro navega ao lado dos mercenários da Companhia Dourada. Harry Strickland, novo personagem da série, aparece apenas de costas, na imagem a seguir.

O capitão da companhia exibe uma elegante espada atada às vestes, enquanto observa a imensa formação de soldados contratados com o dinheiro do Banco de Ferro para lutar por Cersei.

O trailer sugere sutilmente que, antes do confronto com o Rei da Noite, o Norte terá que lidar com o Trono de Ferro. Mas o restante do material promocional é muito pouco generoso nesse sentido, fazendo com que seja quase impossível imaginar como a série irá lidar com dois confrontos tão complexos dentro de apenas seis episódios. Vamos acompanhar.


Muito rapidamente, temos algumas pequenas interações interessantes, como a revelação de que Tormund e Beric Dondarrion sobreviveram à queda da Muralha. Ambos são vistos na imagem a cima ao lado de Edd Doloroso, o Senhor Comandante da Patrulha da Noite, guiados pela espada flamejante.

Em seguida temos Bran e Sam, as enciclopédias humanas, aqueles que têm tudo e tanto para contar.

“Tudo o que você fez
lhe trouxe até aqui. Sua casa.”

Estariam os dois neste momento falando com Jon Snow? Como o herdeiro de Rhaegar Targaryen receberá a notícia de sua origem?

De volta à luz, Cersei aguarda a chegada de algo que lhe agrada muito no porto atrás da Fortaleza Vermelha.

Ao lado do Montanha e de sua Mão Qyburn, Cersei se delicia com sua própria demonstração de força, provavelmente refletida nos estandartes Greyjoy que estariam deslizando pela Baía da Água Negra.

Cersei exibe um novo figurino, com ombreiras e correntes e ferro, e um veludo costurado em um desenho sinuoso. Sua guarda real exibindo seu símbolo pessoal no peito, todos vestindo a cor negra mais retinta que os armeiros da cidade conseguiram encontrar.

Sinto que Lena Headey preparou algo especial para sua personagem na despedida da história. A presença de Cersei nessas imagens é extremamente marcante, sempre com sorrisos enigmáticos, um olhar quase desarranjado, alheio ao que está acontecendo no mundo. Uma pessoa que agiu em função de proteger aqueles mais amava, perdendo lentamente um de cada vez.

Ela tem essa chance de renascimento no símbolo do bebê em seu ventre, mas onde essa história irá terminar é difícil saber. Arya está em busca da rainha. Como as coisas irão se desenhar, saberemos em breve.

Gostaria de destacar que, no núcleo de Cersei, restam apenas personagens essencialmente unidimensionais. Qyburn faz o que for preciso pela ciência e não interage com outros personagens, Gregor sequer pensa. A Guarda Real é feita para obedecer, e o povo de Porto Real tornou-se uma abstração sem função na história há muitas temporadas. Essa configuração é quase “anti Game of Thrones“.

Me pergunto se Euron e Strickland darão o tempero necessário para a estrada final que Cersei irá percorrer.

Já no outro lado do reino, teremos personagens que terão confrontos abertos, internos, inéditos.

Em Winterfell, uma criança observa a chegada da comitiva real, assim como Bran fez com a chegada de Robert na primeira temporada.

A pacífica procissão de Imaculados e dragões chegam ao vilarejo. Rumo ao castelo, Jon e Daenerys lideram o exército da rainha.

A esta altura, o que vou dizer a seguir é irrelevante, porque são coisas contestadas há muitos anos nos roteiros da HBO. Mas o inverno chegou e é preciso se perguntar: Onde é que centenas de milhares de homens de Essos (Dothrakis e Imaculados) irão dormir para enfrentar batalhas em condições de inverno piores às que Stannis enfrentou?

 

Na cena seguinte, Sansa observa Drogon em sobressalto, com obstinação. Arya faz o mesmo momentos mais tarde. É muito interessante como suas reações são diferentes, mas opostas às de Jon quando os viu em Pedra do Dragão. Eu quase disse que os Starks que sobreviveram à história terão o privilégio de conhecer coisas muito gloriosas sobre o mundo. Mas Arya e Jon tiveram seu bom punhado de próprias aventuras inacreditáveis.

Já para Sansa, o conceito de magia é novo. No seu reencontro com o irmão, na sexta temporada, ela não teve interações com Wun Wun, e sequer teve uma conversa franca com Jon sobre ele ter morrido. Também não teve interações com Melisandre, por exemplo. Bem, Sansa sequer teve cena com Fantasma. Ninguém teve.

Mas agora temos Drogon e Rhaegal.

Percebi que muitos entusiastas da série estão comentando que os dragões não parecem ter mudado de forma. Não estão maiores, nem mais assustadores. Esta característica sempre protagonizou os trailers e imagens de divulgação da série em anos pregressos.

Talvez a equipe de efeitos visuais tenha se ocupado de terrores ainda mais grandiosos neste ano. Ou talvez seja o caso de guardar o melhor para os episódios, e não para o trailer.

Novamente nas criptas, temos Jon Snow e Daenerys. Novamente uma possível rima ao primeiro episódio da primeira temporada da série, com Robert e Ned confidenciando segredos ao lado da estátua de Lyanna. Desta vez, temos os dois últimos Targaryens vivos.

E enquanto isso, Jon anuncia:

“Eles estão vindo.
Nosso inimigo não se cansa.
Não para. Não sente.”

Veja como esta é a única expressão que Kit Harington exibe em todo o material promocional este ano. E desta vez não é diferente, ele está muito triste:

A HBO divulgou cerca de três ou quatro variações do figurino de Daenerys até o momento. A que Daenerys usa na imagem acima é a mesma da capa de Entertainment Weekly de novembro, com o que parece ser pele de lobos adornando o pescoço dela. Daenerys também aparece com um vestido semelhante, mas que utiliza outro tipo de tecido, em ensaio recente e em trecho de cena. Também há a versão preta da vestimenta, que parece ser a mesma do pôster oficial no trono de ferro.

Tive a sensação de que Michele Clapton, utilizando o mesmo desenho criado para o episódio Beyond the Wall, quis vestir Daenerys em um represeiro: Branco com seiva vermelha. Me pergunto se essa ideia terá alguma relação direta com a trama, se é uma maneira de Dany celebrar os costumes do povo nortenho, ou se é apenas a influência de Jon Snow refletida na armadura da rainha.

Desde que voltou para a história, Gendry não para de trabalhar. E aqui vemos o último Baratheon vivo, fazendo aquilo que sabe melhor: construir armas.

Gendry foi visto pela última vez em Atalaialeste, mas não se sabe onde ele estará no começo da temporada. Infiltrado no sul? Guardando Pedra do Dragão? Armando o povo no Norte?

Detalhe para a aprendiz de ferreiro mulher, chocando a Fé dos Sete.

Em Westeros ninguém terá descanso, se o que o trailer mostra estiver correto. Nos muitos trechos de batalha, vemos Sandor, Jaime, Missandei, Verme Cinzento, Jorah, Jon e até Arya lutando para sobreviver.

Neste trecho, o vídeo provavelmente mistura dois conflitos: Parte claramente acontece em Winterfell, mas em momentos distantes na temporada, dentro das ameias, e na neve.

Aqui, Jorah e os dothrakis se preparam para o confronto. Detalhe para a espada exibida à direita de Jorah, o que muitos apontam como a possível Heartsbane que Sam levou embora de Monte Chifre.

O doce encontro entre Missandei e Verme Cinzento ilustra o motivo pelo qual os vivos lutam: sentir a vida.

E em contraste, lutam lado a lado Brienne, Podrick e Jaime. Jaime expressa desespero em certo ponto, expelindo um grito profundo.

Fico pensando que, na trajetória de Jaime, é difícil dizer se ele acredita que o caminho que ele fez até agora fez algum sentido. Jaime não esteve envolvido em nenhuma demanda real do Norte e, de repente, irá se encontrar lutando ao lado de homens e mulheres que o consideram um monstro.

O que será mais traumático: Encarar Bran ou lutar contra seres mágicos de gelo?

A voz de Jaime se sobrepõe a serenidade da sala do trono, onde Cersei recebe duas pessoas, uma ao centro e outra à direita na imagem.

A trilha musical e o grito de Jaime são suprimidos, enquanto Cersei aprecia seu vinho. Olhos em lágrimas, profundamente singulares. Reitero que há uma espécie de extravagância, ou excentricidade nas cenas de Cersei deste vídeo. Em sua solidão, em seu dressing gown dourado, há um impacto inesperado.

Talvez, ela consiga exprimir em seu semblante mais sobre sua história do que é esperado dela. As cicatrizes de muitos personagens acabam se tornando finas linhas com o tempo. As dela estão visíveis nos cabelos, no álcool, no vazio ao seu redor.


As intenções de Cersei, no entanto, são constantemente colocadas a prova quando o roteiro não consegue sustentar algumas relações que ela possui com outros personagens. O que ela e Tyrion acordaram na temporada passada, afinal? Ela realmente não absorveu o que foi dito pelos outros governantes?

O detalhe do vinho é interessante, já que quando Cersei revelou a Tyrion que estava grávida, ela recusou o vinho que ele ofereceu para ela. No entanto, em um ambiente com detalhes inspirados no medievo e antiguidade, não parece ser o caso de Cersei saber que álcool faz mal para gestação. Seja como for, aqui está ela, com sua taça.

E mais uma vez, a edição do vídeo mergulha literalmente com os dragões na imensidão do inverno, cobrindo toda a terra de branco.

Os plebeus se assustam com a grandiosidade dos dragões, mas para Arya resta apenas fascínio.

De todas as interações esquisitas que Arya fez parte desde o seu retorno para Winterfell, aquelas que envolvem violência ela protagoniza com mais propriedade.

Os dragões simbolizem um tipo de vivência que ela sem dúvidas irá se identificar, já que está completamente sozinha neste sentimento de se ver livre.

Então, o trailer passeia por momentos simbólicos: A liderança de Torgo Nudho, a união entre Jon e Daenerys, Rhaegal e Drogon.

O roteiro da série tem preparado com bastante clareza a ideia dos amantes em perigo, casais que irão pra guerra sem saber se voltarão para ficar juntos, sem saber se irão testemunhar o mundo se acabar. A figura lírica construída em Missandei e Daenerys, do amor jovem pronto pra durar uma vida inteira.

As imagens melancólicas casam com a de Jon diante da árvore-coração do bosque sagrado. Como tradição, esse cenário é palco para conversas íntimas dos membros da Casa Stark. Com que Jon irá dialogar aqui?

Para Sandor Clegane, que aceitou o chamado de R’hllor, temos este momento bastante particular, com seu rosto e suas cicatrizes refletindo a luz da batalha.

O diretor Miguel Sapochnik revelou em diversas ocasiões que, neste ano, as batalhas terão muitos pontos de vista. E que a ação irá intercalar vários personagens envolvidos em suas próprias histórias de sobrevivência, cada um com sua especificidade.

Game of Thrones sempre teve histórias costuradas ao redor da honra de um cavaleiro que, na esmagadora maioria das vezes, precisa questionar se quer ser honrado ou se quer sobreviver. Não que este conceito seja complexo o suficiente, mas é a maneira Benioff e Weiss desenharam seus roteiros.

Neste ponto, vários personagens da série, nesta reta final, parecem querer retomar o desejo de morrer por uma causa que valha a pena. Como Jaime que, mais uma vez, vai prometer alguma coisa pra alguém.

“Prometi lutar pelos vivos.
Pretendo cumprir essa promessa.”


Acima, alguém manipula um arco, se preparando para seu papel.

Logo depois temos Jon Snow. Já vimos todas as versões possíveis de Jon, menos uma realmente sombria, que colocasse uma recompensa realista no preço pela vida, algo que tantos outros personagens tiveram que pagar ao longo dos anos.

Será que este momento chegou?

O vídeo apresenta um remix de diversos conflitos que veremos ao longo da temporada. Com batalhas em diversas localidades de Winterfell e, possivelmente em outros lugares do reino. Portanto é muito difícil apontar o que está realmente acontecendo em muitos dos trechos, onde a ação é intensa.

Há particularmente uma sequência em que Arya pratica sua dança da água, em meio a neve, ou cinzas, ou os dois, como vemos abaixo.

Mesmo nos momentos mais esquisitos e particulares da história, Arya esteve em uma posição onde precisou imprimir um senso de justiça com pessoas indefesas. Mas, no fim das contas, muitas de suas mortes foram cometidas por vingança. É uma jornada solitária.

Agora, no entanto, será todos por todos.

Se ela conseguirá ver mais do que seus golpes ninjas alcançam, teremos que aguardar para ver. Não sei sei há espaço no mundo pra Arya sentir algum sentimento novo em relação a seres humanos, mas este é um mundo que irá mudar pra sempre.

Espero que esteja preparada para se deixar ser vulnerável e humana novamente.

Às vezes fica muito difícil achar a humanidade que esperamos nos personagens na série, porque quando não viraram ninjas, ou monstros terríveis, viraram deuses. Nesse sentido, todo o imaginário de Daenerys e Jon é muito bonito, mas pouco consistente emocionalmente. Suas jornadas individuais são muito mais bonitas. Suas relações pregressas, mais intensas e fascinantes.

Acredito que a série esteja auto-consciente disso. E que Sansa será fundamental para confrontar este conceito. Afinal, ela é a única pessoa da história que sempre quis viver histórias belas inspiradas em canções.

E ela nunca teve isso.

Brienne talvez seja a coisa mais bonita que aconteceu à Sansa. E Podrick, a coisa mais bonita que aconteceu à Brienne. E é aqui que está a expectativa de romance mais bonita que a temporada poderá nos oferecer: A de alianças improváveis, mas inquebráveis.

Acima, os valorosos e elogiados Cavaleiros do Vale, e dois dos mais fiéis cavaleiros de Westeros.

Ver esses personagens muito prontos pra encarar qualquer coisa me fez pensar naquela série de livros chamada As Crônicas de Gelo e Fogo. Alguém se lembra dela? Pois é. Naquelas páginas a gente encontra uma série de exemplos de como em batalhas, mesmo aquelas muito brevemente escritas, todo tipo de coisa inesperada pode acontecer.

E a gente se lembra bem das primeiras vezes em que os patrulheiros encararam os Caminhantes Brancos em batalhas abertas. Muitos desertaram, fugiram, ou surtaram e cometeram todo o tipo de desforra dias mais tarde.

Me pergunto de quais maneiras os personagens desta temporada lidarão com isso.

Daenerys tem esse objetivo de tomar com fogo e sangue o trono de ferro, para depois quebrar a roda e dar dignidade para as pessoas no mundo. Como Gustavo destacou, especificamente em sua jornada na série, Dany prezou por ajudar as pessoas que precisavam dela, sacrificando muito do que tinha pelos outros, desde Essos até Além da Muralha.

Essa faceta de Daenerys a gente já conhece, no entanto. Ela perdeu dois filhos, incontáveis aliadas e aliados. Inúmeros soldados. Daenerys é uma força sem igual, mas fundamentalmente porque há infinita beleza e infinita feiúra dentro deste invólucro.

A feiúra se encontra, por exemplo, na maneira como ela lida com os inimigos. Ou até com a contraditória luta para manter-se soberana. Todos nós oferecemos todas as prerrogativas para Daenerys, e seus tons de cinza serão debates eternos nas discussões sobre personagens da televisão.

Meu ponto é que seria lindo a série deixar Daenerys ser livre. Não se importar tanto com as roupas e penteados. Voar. Quando ela faz isso, ela vence qualquer coisa.

Vou utilizar uma outra ideia interessante, da Thamiris. Ela aponta que essa cena de Daenerys ilustrada acima parece ocorrer no mesmo cômodo em que Jaime solta algumas frases de efeito momentos antes.

É como se finalmente os dois se confrontassem sobre Aerys.

A gente entende a jornada da Dany no contexto de Meereen, Yunkai, Astapor. Mas Dany ainda não estabeleceu nenhum vínculo com o povo de Westeros. Me pergunto se a temporada terá tempo hábil de explorar isso, a materialidade do conceito de salvadora para um povo que é escravizado de outras maneiras.

 

Em seguida, vemos Tyrion reagindo a algo com tristeza, em um pesar distante. Perceba como Tyrion, um personagem de imenso destaque na série, aparece uma única vez no segmento divulgado.

E quando ele aparece, não há neve no chão. Onde (ou quando) ele está?

Se eu pudesse costurar as questões do Lannisters em uma, poderia arriscar que Tyrion é tão sozinho quanto Cersei neste ponto da história. Com o agravante de que, há muito tempo, ele sequer é ouvido. Talvez, não tão intensamente, Jaime também se sinta assim. Mas essa é só uma opinião baseada em alguém que não viu nenhum dos novos episódios. Tudo pode mudar.

E então é sugerido que um dragão estará aplicando algum tipo de justiça, já que a cena tem o mesmo enquadramento de cenas anteriores onde Dany queimou mestres de escravos.

Como se a gente pudesse usar justiça como fio condutor da história depois de tanto tempo, o trailer elabora essa ideia de que todos estão preparados para enfrentar a maior ameaça de todas. Em detrimento de todas as outras batalhas internas travadas a exaustão, neste últimos tantos anos de história.

Como é possível ter fé?

Na imagem acima, note como, à direita, temos trabucos instalados para a ofensiva.

No caso de grandes exércitos, dos melhores do mundo, a gente sempre espera todo tipo de artimanha, coreografia e glória jamais imaginada. A formação do exército de Imaculados sempre causa expectativa.

Mas, no fim do dia, tem algo de muito sombrio nisso. Esperamos algo belo pelo fim, mas que sabemos que trará também muita tristeza.

Ver o Jorah encarando um exército de coisas mortas, sendo ele mesmo um homem que paga seus pecados através da subserviência, é uma bela maneira de encerrar o vídeo. Quando ele encara o inimigo, o que será que ele pensa? Sempre houve essa sugestão que equipara os personagens de Game of Thrones aos wights, na mesma medida que os separa.

E acredito que a série se propõe, com esta oitava temporada, a destacar estes paralelos.

Quem vive e quem morre, será decidido mais uma vez.

E como será a última, que seja espetacular.


〰 Fique de olho no Twitter para mais informações sobre a última temporada

 

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O fim de ‘Game of Thrones’: o relato exclusivo da revista EW sobre a 8ª temporada https://www.geloefogo.com/2018/11/o-fim-de-game-of-thrones-o-relato-exclusivo-da-revista-ew-sobre-a-8a-temporada.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-fim-de-game-of-thrones-o-relato-exclusivo-da-revista-ew-sobre-a-8a-temporada https://www.geloefogo.com/2018/11/o-fim-de-game-of-thrones-o-relato-exclusivo-da-revista-ew-sobre-a-8a-temporada.html#comments Fri, 02 Nov 2018 14:37:20 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=103405 Nesta semana, Game of Thrones é tema da matéria de capa da revista Entertainment Weekly, como noticiamos anteriormente. Em seu tradicional […]

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Nesta semana, Game of Thrones é tema da matéria de capa da revista Entertainment Weekly, como noticiamos anteriormente. Em seu tradicional artigo sobre a nova (e desta vez, última) temporada da série, o jornalista James Hibberd revela detalhes interessantes sobre as gravações, e compartilha pistas do que os fãs da obra podem esperar dos seis episódios finais que foram preparados para a história.

Ilustração de Francesco Francavilla para a EW

A equipe da EW visitou os estúdios da série na Irlanda do Norte em março de 2018. Destacaremos os principais pontos levantados a seguir.

Parte das revelações noticiadas na matéria já eram conhecidas por grande parte dos fãs da série. Mas para quem evitou saber mais do que deveria durante o período de filmagens, eis o que você precisa (ou pode) saber.

A ideia inicial sobre o final de Game of Thrones

No inicio do artigo, a revista nos convida a viajar de volta para setembro de 2012, durante as filmagens da terceira temporada da série, para um relato nunca antes revelado.

O jornalista conta que, há seis anos, David Benioff e Dan Weiss estavam preocupados com o futuro da série, já que até aquela ocasião, não haviam sido sinceros com a HBO sobre a maneira com que a história seria dirigida até seu desfecho. Isso porque Game of Thrones havia sido encomendada como uma série que, embora fosse inspirada nestes livros de fantasia, tratava-se de um enredo sobre relações humanas, sobre personagens.

No entanto, as coisas passaram a ficar mais complicadas a partir do terceiro livro de George R. R. Martin, e os elementos de fantasia pediam mais espaço na trama. Com isso, o trabalho dos produtores ficaria muito mais complexo. O episódio final, de acordo com o artigo, era “impossível de ser realizado” na concepção que Benioff e Weiss tinham em 2012.

George R. R. Martin teria revelado à dupla, na ocasião, parte das grandes tramas que desenhariam o fim de As Crônicas de Gelo e Fogo, incluindo a descrição de uma batalha final épica que, segundo Hibberd, havia sido sugerida desde a primeira cena da série. Mas este confronto final estava fora do alcance de uma série que, até então, custava cerca de 5 milhões de dólares por episódio, em média.

Preparando-se para realizar as cenas da terceira temporada, Benioff confidenciou a Hibberd que tinha um orçamento muito generoso da HBO, mas que aos poucos a grana não seria generosa o suficiente.

Então, os produtores tiveram uma ideia: a temporada final poderia ter seis horas de duração, e ser lançada como três filmes nos cinemas – inspirando-se em O Senhor dos Anéi. Não era o desejo dos showrunners transformar Game of Thrones em filmes, mas parecia ser a única maneira de obter o tempo e o dinheiro necessários para filmar o finale.

A HBO, porém, jamais abriria mão de servir seus assinantes, e fez de tudo para manter Game of Thrones como um produto exclusivo de exibição nas plataformas da empresa. Assim, a ideia do filme foi desconsiderada (embora tenha sido tema de rumores durante muito tempo), e o canal garantiu que Benioff e Weiss teriam o investimento necessário para produzir a parte derradeira da história que começaram a contar em 2011.

E aqui estamos: a oitava temporada de Game of Thrones tem orçamento de mais de 15 milhões do dólares por cada um dos seis episódios que serão exibidos em 2019. Com ela, a promessa de uma temporada que será um grande evento. Segundo o relato, pela primeira vez, eles tiveram o luxo de levar vários dias realizando as cenas que poderiam ter levado um dia para ser construídas em temporadas anteriores.

A escolha de encerrar os trabalhos com apenas seis episódios é, de acordo com os produtores, resultado de um projeto que deu muito certo, e que está saindo de cena em seu ápice. No entanto, Benioff confessa:

Há o velho ditado sobre sempre deixar o público querendo mais, mas acredito que as coisas começam a desmoronar quando você não quer mais estar lá. Você não quer f*oder tudo.

Cena inicial da oitava temporada

O artigo revela que a oitava temporada começa em Winterfell, com um episódio que contém muitas referências ao primeiro episódio da 1ª temporada. Mas no lugar da comitiva da chegada de Robert Baratheon, veremos Daenerys e seu exército. O que se segue, de acordo com Hibberd, é um entrelaçamento emocionante e tenso de personagens – alguns dos quais nunca se encontraram antes, muitos com histórias confusas demais – enquanto todos se preparam para enfrentar a inevitável invasão do Exército dos Mortos.

A maneira como esses personagens se relacionam impulsiona grande parte do drama desta temporada, incluindo aquele que já foi revelado pela própria HBO: Sansa não estará muito entusiasmada por Jon ter se ajoelhado para a rainha Targaryen – pelo menos a princípio.

Dramas e batalhas

Ainda de acordo com Hibberd, a tensão entre os personagens culminará no confronto dos vivos contra o Exército dos Mortos, que deve ser uma das sequência de ação mais impressionantes já feitas para a televisão e cinema. Em apenas um episódio  – o mesmo que fez Benioff e Weiss perderem a cabeça há tantos anos – é ação do começo ao fim, cortesia do diretor Miguel Sapochnik.

No começo do ano, um membro da equipe revelou que a HBO havia realizado 55 filmagens noturnas para produzir cenas de uma batalha. Sites no mundo todo publicaram histórias dizendo que esta batalha teria levado o dobro do tempo que a HBO investiu, por exemplo, na Batalha dos Bastardos da 6ª temporada.

Mas a EW revela que esse relato subestima o que realmente aconteceu. As 55 noites foram apenas para as cenas externas da batalha no set de Winterfell. As filmagens ainda teriam seguido para os estúdios, onde Sapochnik continuou a rodar a mesma batalha por semanas a fio.

A batalha também não tem apenas um foco, mas intercala vários personagens envolvidos em suas próprias histórias de sobrevivência, cada um com sua especificidade. Benioff explica:

Parte do nosso desafio, na verdade o desafio de Miguel, é como manter isso convincente… estamos construindo isso desde o começo, são os vivos contra os mortos, e você não pode resolver isso em 12 minutos.

Para ajudá-lo, a produção expandiu o cenário usado como castelo de Winterfell. Será possível ver imponentes detalhes e cenários exteriores, um pátio maior, e mais aposentos e baluartes interligados. Hibberd diz que passear pela nova Winterfell é como passear por um resort medieval imersivo. Vale lembrar que, em breve, você também poderá realizar sua peregrinação.

O episódio final da oitava temporada

Visitando os trabalhos para o sexto episódio da última temporada de Game of Thrones, Hibberd expõe detalhes curiosos:

Eu olho ao redor de um cenário meticulosamente construído que eu nunca vi na série antes. Vários atores presentes, e estou atordoado: terão personagens no episódios final que eu não esperava. Gradualmente começo a juntar o que aconteceu em Westeros nos cinco episódios anteriores e tento não demonstrar que estou enlouquecendo.

Não há absolutamente nada mais que possa ser dito sobre essa cena neste momento.

Para ler o artigo original, visite o site da EW.


A oitava temporada de Game of Thrones estreia em algum momento durante o primeiro semestre de 2019.

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Sam Tarly na Cidadela: vidro de dragão e escamagris https://www.geloefogo.com/2017/07/sam-tarly-na-cidadela-vidro-de-dragao-e-escamagris.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=sam-tarly-na-cidadela-vidro-de-dragao-e-escamagris https://www.geloefogo.com/2017/07/sam-tarly-na-cidadela-vidro-de-dragao-e-escamagris.html#comments Wed, 19 Jul 2017 14:51:10 +0000 http://www.geloefogo.com/?p=39851 Durante o primeiro episódio da 7ª temporada de Game of Thrones, “Dragonstone”, Samwell Tarly rouba um livro da “seção restrita” da […]

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Durante o primeiro episódio da 7ª temporada de Game of Thrones, “Dragonstone”, Samwell Tarly rouba um livro da “seção restrita” da Cidadela de Vilavelha, onde descobre (ou mais exatamente, é lembrado) de um local em Westeros onde obsidiana, também conhecida como vidro de dragão, existe em abundância: a ilha de Pedra do Dragão, sede ancestral da Casa Targaryen.

Ocorre que um usuário do reddit atentou-se para os livros que Sam lê, e o conteúdo deles é bastante interessante. No livro que trata do vidro de dragão, há aparentemente menção a um tratamento para a escamagris, doença contagiosa que atingiu Shireen Baratheon e da qual sofre agora também Jorah Mormont, cativo em uma cela na Cidadela. Não é possível ler muito do texto na tomada que foi ao ar, mas pode-se depreender que o método de tratamento incluiria a ingestão de vidro de dragão esmigalhado em um fino pó. O meistre que compilou essa informação, porém, não dá a ela muita credibilidade.

mapa de obsidiana e vidro de dragão
Um possível tratamento para escamagris é descrito na página da esquerda.

Diante disso, faremos uma recapitulação sobre tudo o que se sabe até o momento sobre a escamagris e o vidro de dragão – desta vez, fazendo algo de que não gosto muito, que é misturar os cânones dos livros e da série de TV. No fim, uma menção a outro livro encontrado na Cidadela.

Escamagris

A escamagris é uma doença que dá à pele de uma pessoa um aspecto de pedra, quebradiça e rachada, de cor escura ou cinzenta, e deixa a carne rígida e morta. Comum em climas úmidos e frios, é comum em crianças. A patologia tem uma versão mais virulenta, que pode levar à morte, chamada também “praga cinzenta” (na versão brasileira de O Festim dos Corvos) ou “morte cinza” (em A Dança dos Dragões) greyscale, no original, em inglês. A palavra “gris” é um sinônimo para cinza.

A versão fatal da escamagris afeta primeiro as extremidades do corpo, sendo perceptível pelo escurecimento de algum dedo ou perda do tato. A “petrificação” se espalha, então, pelas mãos ou braços do indivíduo, que deixa de sentir os membros, e estes se tornam acinzentados. Se atingir o rosto, lábios e língua podem ser afetados também, além de causar cegueira. É dito que a doença é indolor, mas que todas as vítimas enlouquecem perto do fim. Crianças que contraem a versão mais branda da escamagris e sobrevivem ficam desfiguradas, mas tornam-se imunes a sua forma fatal.

roinares e valirianos
Os roinares confrontam os valirianos. Ilustração de Chase Stone para “O Mundo de Gelo e Fogo”.

A doença é também conhecida como a “Maldição de Garin”, um príncipe roinar que lutou contra Volantis e Valíria na Segunda Guerra das Especiarias (aproximadamente mil anos antes dos eventos das Crônicas de Gelo e FogoGame of Thrones). Garin foi capturado em batalha pelos valirianos, e suspenso numa jaula sobre o Rio Roine, em Chroyane, para assistir seu povo ser escravizado. A lenda diz que ele chamou a Mãe Roine, a deusa principal dos roinar, para destruir os valirianos, o que teria acontecido na forma de uma enorme enchente em Chroyane e uma névoa, com os valirianos morrendo de escamagris.

A região então passou a ser conhecida como os “Sofrimentos”, e permanece em estado perene de névoa, com inúmeros habitantes infectados com escamagris, chamados “homens de pedra”. A comitiva de Aegon “Jovem Griff” Targaryen passa pela região em A Dança dos Dragões, e é atacada pelos homens de pedra, com Tyrion Lannister caindo nas águas potencialmente infectadas e sendo resgatado por Jon Connington. O anão não foi infectado pela escamagris, mas Jon não teve tanta sorte e contrai a doença, mantendo esse fato em segredo de outras pessoas.

Tyrion cai nas águas do Roine. Ilustração de Winona Nelson. © Fantasy Flight Games.

Essa situação, naturalmente, não foi adaptada ipsis litteris em Game of Thrones, uma vez que Jon foi excluído da série. Entretanto, uma situação similar ocorre no episódio “Kill the Boy” (o quinto da quinta temporada), quando Jorah Mormont tem Tyrion cativo e pretende levá-lo, de barco, até Meereen. Em um determinado momento, eles passam pelas ruínas de Valíria (que na TV se parece bastante com Chroyane), e homens de pedra os atacam, com Tyrion também caindo na água. Como nos livros, ele é resgatado e não contrai a escamagris, mas Jorah sim.

Como ocorre com Connington, a doença gradualmente se espalha pelo braço de Mormont, e ele, após reencontrar-se com Daenerys Targaryen, confessa a ela que está infectado. Em “The Door”, Daenerys dá a Jorah a missão de encontrar uma cura e retornar a ela. Finalmente, em “Dragonstone”, descobre-se que ele foi à Cidadela buscar tratamento.

escamagris
Jon Connington e a escamagris. Ilustração de Daniel Clarke. © Fantasy Flight Games.

escamagris
A escamagris se alastra pelo braço de Jorah Mormont na 6ª temporada de ‘Game of Thrones’.

Até o momento, entretanto, dentro de qualquer dos cânones, seja dos livros ou da série de TV, não havia um tratamento tido como efetivo para a escamagris. Os meistres diziam que o progresso da doença poderia ser contido com banhos escaldantes ou de mostarda, também sugerindo limões, cataplasmas de mostarda. Acredita-se também que a amputação dos membros afetados pode impedir o avançado da doença, o que não é garantido, porém. Segundo o vídeo “História e Tradição” Greyscale & the Stone Men, presente no Blu-ray da 5ª temporada:

“Aqueles que foram milagrosamente curados da escamagris são poucos e sujeitos a tantos tratamentos que isolar a cura responsável é impossível. Além disso, poucos meistres, sacerdotes ou curandeiros têm a coragem para tais experimentos que provassem uma cura. A escamagris é altamente contagiosa, sendo conhecida por ser transmitida pelo mínimo contato com uma pessoa infectada.”

Figuras conhecidas, no cânone dos livros, que contraíram a patologia e morreram em decorrência dela incluem Harlon Greyjoy (irmão de Balon, Euron, Victarion e Aeron), que morreu quando menino, e Maegelle Targaryen (filha de Jaehaerys I e Alysanne), que se tornou uma septã e tratava crianças que sofriam de escamagris, mas acabou ela mesma contaminada.

escamagris
Shireen Baratheon, por Sarah Biddle. © Fantasy Flight Games.

Os livros não mencionam como Shireen Baratheon teria contraído a doença, mas a série de TV apresenta sua versão: em “Sons of the Harpy”, quarto episódio da quinta temporada, Stannis revela que a escamagris veio com um brinquedo comprado para Shireen de um navio mercante dornês. O consenso era que a menina morreria da doença, e Stannis foi aconselhado a enviá-la para viver nas ruínas de Valíria, mas ao invés disso levou inúmeros meistres e curandeiros a Pedra do Dragão para tentarem uma cura. Não se sabe ao certo como, mas o avanço da escamagris cessou, deixando apenas a face de Shireen desfigurada.

O cenário descrito no “História e Tradição” é exatamente o que ocorreu com Shireen, sendo impossível estabelecer qual dos tratamentos, se algum, foi o responsável pela cura. Nos livros, essa situação não é mencionada, aparentemente não sendo tão raro que crianças sobrevivam à doença.

A nova informação, porém, se confirmada como efetiva para Jorah na série, pode ser possível também nos livros, sendo coerente com a cura de Shireen. O fato de a menina ter vivido em Pedra do Dragão durante toda a vida pode ter significado que ela foi involuntariamente tratada com o método descrito no livro da Cidadela, estando exposta e ingerindo partículas de obsidiana durante todo o tempo.

Obsidiana

A obsidiana é um material existente no mundo real, mas sua versão nas Crônicas de Gelo e FogoGame of Thrones é um tanto diferente. Os livros nos dizem que ela é popularmente chamada de “vidro de dragão” pelos comuns, que dizem que ela é feita pelos próprios dragões. Os meistres, porém, dizem que vem dos “fogos da terra”. O livro da Cidadela em “Dragonstone” compila muitas informações sobre o material presentes nas Crônicas:

pontas de flecha de obsidiana

A primeira menção à obsidiana nos livros de George R. R. Martin veio ainda em A Guerra dos Tronos, quando Meistre Luwin mostra a Bran, Rickon e Osha algumas pontas de flecha feitas do material. Osha é a primeira a chamá-lo “vidro de dragão”, e confirma a informação de Luwin de que os filhos da floresta não trabalhavam nenhum metal, sempre utilizando esse material para caçar e em suas armas.

No livro seguinte, Jon Snow encontra no Punho dos Primeiros Homens um pacote com facas, adagas, pontas de lanças e flechas feitas de obsidiana, com as quais presenteia alguns de seus colegas patrulheiros (ainda sem saber de qualquer propriedade do material). Na série de TV, a descoberta é feita por Samwell, Grenn, e Edd Tollett.

Em A Tormenta de Espadas, Sam usa uma das adagas para atacar um Outro montado em um cavalo, e assim descobre essa propriedade do vidro de dragão. Essa cena também ocorre em “Second Sons”, episódio da terceira temporada da série de TV.

A informação do uso do material como espécie de antídoto para a escamagris é uma novidade, mas a outra informação que Sam “descobre” nos livros da Cidadela, não: tanto nos livros quanto na própria série de TV, Stannis Baratheon se interessa pelo fato de que Sam matou um Outro (ou White Walker) com obsidiana, e menciona que em Pedra de Dragão (sua sede), o material ocorre em abundância. A reação dele, porém, é fundamentalmente diferente nos dois meios. Leia a passagem do capítulo 78 de A Tormenta de Espadas:

Stannis, portanto, preocupado em combater o que ele considera “o único inimigo que importa”, os Outros, ordena que o castelão de Pedra do Dragão, Sor Rolland Storm, comece a minerar a obsidiana. Aqui, naturalmente, ocorre mais uma diferença em relação à série de TV, visto que originalmente Stannis não deixou o castelo desabitado, mas populado com uma pequena força. No já mencionado episódio “Kill the Boy”, uma conversa similar tem lugar entre Stannis e Sam, mas o rei apenas diz ao jovem que continue pesquisando sobre o assunto, e não faz qualquer menção a ordenar seus homens que extraiam o vidro de dragão.

Em O Festim dos Corvos, Sam encontra na biblioteca de Castelo Negro a informação de que os filhos da floresta costumavam presentear a Patrulha da Noite com cem adagas de obsidiana a cada ano. Nesse livro, descobre-se também que as “velas de vidro” da Cidadela são feitas de obsidiana.

Vela de vidro
Um meistre e uma vela de vidro, do ‘Histories & Lore’ da HBO.

Aqui, um parêntese para falar desses objetos, itens mágicos que aparentemente permitem a alguém ver e possivelmente se comunicar com locais distantes. Pate, o novato da Cidadela dono do prólogo de O Festim dos Corvos, menciona que o teste final de um acólito antes de se tornar meistre é passar uma noite em vigília em um quarto apenas com três velas de vidro. Ele deve passar a noite no escuro a não ser que consiga acendê-las (o que não ocorre). Em tese trata-se de uma lição de que nem todo conhecimento adquirido pode realizar algumas coisas.

Ainda no segundo livro, porém, em Qarth, Xaro Xhoan Daxos havia informado Daenerys que as velas de vidro na casa de um certo Urrathon Night-Walker, que não queimavam havia cem anos, recentemente haviam se acendido. Aemon Targaryen, em seus sonhos delirantes no leito de morte sobre Daenerys e ovos de dragão, menciona também “uma vela que não podia ser acendida”. Quando Sam chega à Cidadela, encontra uma vela de vidro queimando no escritório do Arquimeistre Marwyn, por meio da qual, aparentemente, ele e Alleras sabiam que o patrulheiro estava indo a Vilavelha. Em A Dança dos Dragões, a umbromante Quaithe aparece em uma espécie de visão para Daenerys e diz que “as velas de vidro estão queimando”, aparentemente fazendo uso exatamente de uma delas.

Nada disso está na série, porém, e a menção seguinte à obsidiana nesse meio ocorre em “Hardhome”, na quinta temporada, quando Jon Snow dá aos selvagens as armas do material para convencê-los a irem para o sul. Quando os White Walkers e criaturas atacam, porém, a maior parte do estoque de vidro de dragão é perdido.

No quinto episódio da sexta temporada, uma revelação da série em relação aos livros: em “The Door”, Bran Stark, por meio de suas visões, descobre que o vidro de dragão é o material utilizado pelos filhos da floresta para transformar humanos em White Walkers. Na batalha na caverna do Corvo de Três Olhos, a armadura de um Walker o protege de uma lança de obsidiana usada por um filho da floresta, mas quando atingido no pescoço desprotegido com o material o ser se desfaz.

Mais tarde, Benjen Stark revela que após ser ferido por um White Walker e deixado à beira da morte, foi salvo pelos filhos da floresta, que o transformaram em uma criatura aplicando nele o mesmo processo de criação dos Walkers: inserção de vidro de dragão no coração. É possível teorizar que esse seja o mesmo método utilizado para a “ressurreição” do Mãos-Frias da série de livros (que não é Benjen Stark).

Além da menção à possível cura da escamagris com o vidro de dragão e de seu uso pelos Filhos da Floresta, o livro que Sam encontra na Cidadela menciona também várias das informações dos livros que foram citadas aqui (incluindo as velas de vidro e a tradução que Melisandre faz da palavra para designar o material em valiriano):

lâmina de osso de dragão
A lâmina de Mindinho, retratada no livro da Cidadela em ‘Dragonstone’.

Esse livro contém também um desenho da adaga de aço valiriano de Mindinho, utilizada na tentativa de assassinado de Bran Stark ainda na primeira temporada, sendo ela possivelmente um exemplo de arma cuja empunhadura foi incrustada com a obsidiana. Cabe lembrar que em fotos promocionais da sétima temporada, Arya Stark é vista portando a adaga em questão.

A importância crescente do vidro de dragão nesse universo é, portanto, inegável, em todos os âmbitos: mortal quando em contato com os Outros, matéria-prima para artefatos mágicos como as velas de vidro, utilizado para a transformação de humanos em White Walkers ou magias similares (como Benjen) e possível antídoto para a escamagris. George R. R. Martin já foi questionado sobre o “vidro de dragão” (há um bom tempo, em 2005), e disse o seguinte:

(Shaw, Robert. Interview with the Dragon. Fountainhead Quarterly. 2003.)
A adaga de obsidiana da Valyrian Steel.

 

 

Mais informações a respeito do material certamente surgirão, mas enquanto isso os fãs podem se deleitar com as réplicas da Valyrian Steel, fabricante de armas licenciada por GRRM e a HBO, que vende um “kit” de adagas da Patrulha da Noite, feitas com obsidiana de verdade, por 220 dólares. Entre outros itens, eles também fabricam e vendem a adaga de aço valiriano de Mindinho mencionada.

Diversas teorias a respeito do material já foram criadas, incluindo uma que acho das mais divertidas que já surgiram na Internet (e que prova que é possível se conseguir argumentos para fundamentar, pelo menos na aparência, qualquer coisa): a de que o vidro de dragão é, na verdade, cocô de dragão. Brincadeiras à parte, estando relacionada tanto com a magia de fogo quanto com a de gelo e cada vez mais mencionada, a obsidiana parece estar envolvida no “grande mistério” das Crônicas e de Game of Thrones.

Outro livro na Cidadela

Ainda em “Dragonstone”, entre os livros que Sam recolheu da biblioteca, está Legends of the Long Night (“Lendas da Longa Noite”), que é lido por Gilly. A capa do livro parece retratar o Rei da Noite com uma espada, e seu conteúdo é uma cópia exata de uma passagem de O Mundo de Gelo e Fogo:

A passagem, presente no capítulo “A Longa Noite” da seção “História Antiga” do Mundo, diz o seguinte:

Encontrou mais alguma coisa interessante “escondida” no episódio “Dragonstone”? Quer discutir sobre a importância da obsidiana ou a de Jorah Mormont (que deve ter algum papel bastante relevante para ter sobrevivido até essa altura)? A caixa de comentários abaixo está aberta (e moderada).

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Análise do novo trailer da 7ª temporada de Game of Thrones https://www.geloefogo.com/2017/06/analise-do-trailer-2-da-setima-temporada-de-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=analise-do-trailer-2-da-setima-temporada-de-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2017/06/analise-do-trailer-2-da-setima-temporada-de-game-of-thrones.html#comments Thu, 22 Jun 2017 17:34:33 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=91156 O novo trailer da 7ª temporada de Game of Thrones foi revelado na tarde desta quarta-feira, cheio de imagens enigmáticas, conseguindo atrair […]

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novo trailer da 7ª temporada de Game of Thrones foi revelado na tarde desta quarta-feira, cheio de imagens enigmáticas, conseguindo atrair a curiosidade de uma entusiasmada base de fãs.

No vídeo vimos novamente trechos de três grandes batalhas: Jon Snow e sua comotiva contra os Outros no extremo Norte, Daenerys contra Jaime na Campina, e Theon e Yara contra Euron em alto mar. A ação é embalada pela canção ‘Light of the Seven‘, enquanto somos guiados por monólogos de Jon, Mindinho e Sansa.

A seguir iremos analisar cada um dos principais frames apresentados.

“Não lute no norte ou no sul. Lute batalhas em todos os lugares, sempre, em sua mente “.

A voz de Petyr Baelish ecoa pelo represeiro em Winterfell enquanto vemos uma enigmática Sansaandando decididamente para longe de árvore coração. Com um olhar atento, é possível ver a silhueta de alguém que ela decide deixar para trás.

Enquanto isso vemos os portões da Muralha se abrindo para aqueles que chegam do outro lado.

São eles Meera Reed e Bran Stark, finalmente voltando de seu exílio. Curioso perceber que Edd Doloroso abrirá os portões para Bran, mesmo em circunstâncias de extremo perigo.

Enquanto Bran e Meera fogem do inimigo, Jon parece fazer o caminho inverso. Na imagem a seguir podemos vê-lo na companhia de uma comitiva armada, olhando com tensão para algo ou alguém.

Do outro lado do continente, em Porto Real, os plebeus recebem com entusiasmo a chegada de outra comitiva, acompanhada por homens da Patrulha da Cidade. Possivelmente se trata de um desfile de um prisioneiro de guerra. Quem acompanha nosso site já deve saber o contexto da cena retratada aqui.

O clamor do povo comum é sobreposto por Cersei, que parece estar em uma locação escura e cavernosa. Seu semblante parece diferente do que estamos acostumados. Quase como um semblante de descoberta.

E então temos Daenerys, deslizando suas mãos pelo mapa da Mesa Pintada de Pedra do Dragão, algo que já havíamos visto no primeiro trailer divulgado.

Há figuras sobre o mapa, usadas como indicadores para exércitos e castelos. Aquelas próximas ao mar são derrubadas, podendo ser um indício dos Imaculados terem concluído a conquista de Rochedo Casterly ou Lannisporto, como vimos no trailer anterior.

Na próxima cena, temos um mar aberto em revolta. A locação utilizada é a Praia de Areia Negra de Vík, na Islândia. Durante as filmagens, os atores Liam Cunningham (Davos Seaworth), Joe Dempsie (Gendry), entre outros, foram vistos no local. De acordo com os relatos, a paisagem serviria de palco para as cenas na Muralha, na base da Patrulha em Atalaialeste-do-Mar.

Cortando para outro núcleo, vemos Arya montada, parecendo avistar algo ou alguém. Vimos muito pouco dela no material promocional, mas com sua habilidade de trocar de rosto sem que haja consequências, fico pensando sobre o que ela seria capaz de fazer agora. Será que ela teria interesse em ajudar Jon a combater o grande inimigo? Será que ela continuará a buscar os últimos nomes de sua lista?

Também vemos Jaime andando de maneira energética através do topo de uma torre. No chão, temos o corpo de um homem dos Tyrell, sem vida. Bem possível que se trate de Jardim de Cima, local onde os problemas de Jaime com Daenerys irão começar.

Mindinho sempre entregando exatamente o que a câmera espera dele, aparece em meia luz, com olhar desafiador. Essa é mais uma imagem que se repete no primeiro trailer e, acredita-se ser parte de uma cena nas criptas de Winterfell.

Mais uma imagem repetida do primeiro trailer, alguém parece afiar uma lança. Da primeira vez muita gente questionou a possibilidade de ser Obara Sand afiando sua arma. Também existe a possibilidade de ser um imaculado se preparando para algum confronto.

E então temos a rainha Daenerys desfilando com as falésias de Pedra do Dragão (Zumaia, no País Basco) figurando ao fundo. Enquanto ela passa, ouvimos Jon Snow dizendo: “Durante séculos, nossas famílias lutaram juntas…”.

Dany então vê o estandarte de Stannis: O coração flamejante com o veado coroado. Enquanto Dany olha para ele, Jon continua seu monólogo: “Contra um inimigo em comum”.

Ela então arranca com violência a símbolo do antigo pretendente ao trono. Há claramente a ideia de que Pedra do Dragão foi oferecida à Stannis após a Rebelião de Robert, e que ele esteve longe de cuidar do castelo do jeito que ele merecia. Como estamos falando do Stannis da série, fica realmente difícil honrar ou compreender qualquer papel que ele teve nesse castelo ou em qualquer outro lugar de Westeros, incluindo a responsabilidade com o reino e sua família.

Do lado de fora vemos seus filhos, Drogon Rhaegal e Viserion sobrevoando as terras de seu novo lar. E Jon continua:  “Apesar de suas diferenças”.

Particularmente anseio sobre o retrato do comportamento destes dragões que estão longe de ser bichos de estimação. Um dragão não é um escravo, como Dany já disse uma vez. Aliás, uma fala interessante de Daenerys na segunda temporada, dizia: “Quando meus dragões forem crescidos, nós iremos recuperar o que me foi roubado e destruir aqueles que me fizeram mal! Nós vamos esvaziar seus exércitos e queimar cidades ao pó!

E com essa fala em mente é interessante observar o próximo frame. Tyrion parado na beira de uma das montanhas de Pedra do Dragão observa as criaturas, no que provavelmente é uma continuação de uma cena que vimos no trailer anterior.

É interessante observar a maneira como Tyrion observa os dragões com preocupação. Ele pensa em seu potencial como monstros, sua falta de treinamento, ou apenas continua encantado com a sorte de viver em um mundo onde eles existem? Estávamos aqui falando sobre o quanto Stannis foi imprudente com o fogo de Melisandre. Daenerys será prudente com o fogo que tem? Não é só em Westeros que temos histórias de crianças queimadas ao pó.

Enquanto isso, Jon continua: “Juntos”.

Vemos a seguir Theon, na batalha em alto mar. Explosões, fogo, olhar perdido. Theon sobreviveu a tudo o que poderia ter sobrevivido. A irmã é tudo o que ele ainda tem, e essa batalha de maneira alguma parece que terá um final feliz para eles. Esse olhar de mostra que ele terá que se esforçar – ainda uma última vez – para que o legado de sua casa não acabe nas mãos de um rei demoníaco.

Movendo para outro cenário, Verme Cinzento usa seu elmo, parecendo confiante com sua demanda. Na sua frente vemos um penhasco íngreme e um rio. Ele assente com a cabeça, dramaticamente. Sabemos por conta das cenas do primeiro trailer, que ele será protagonista na tomada de Rochedo Casterly. Seria essa uma cena deste segmento?

Enquanto isso, Jon Snow acrescenta: “Precisamos fazer o mesmo se quisermos sobreviver”.

Voltando para a área mais gelada de Westeros, Brienne e Podrick estão no pátio de Winterfell. Vistos pela última vez em fuga de Corerrio, aparentemente a dupla chegará sã e salva para continuar a servir Sansa. Há inclusive em um vídeo de bastidores, uma cena interessante com os dois treinando com espadas no pátio do castelo.

E Jon Snow continua: “Porque o inimigo é real.”

Na sequência clímax vemos uma série de imagens interessantes: primeiramente, Sandor na neve. Ele parece estar realmente consternado. Imagino que uma pessoa que passou a vida toda com medo do fogo, terá que começar a aprender a usá-lo sem moderação.

Depois disso, Imaculados caindo acertados por flechas, muito sangue envolvido. Pela iluminação de cena, parece se tratar da mesma batalha pelo domínio de Rochedo Casterly. Ou seria algo novo?

Aqui os dothraki investem contra escudos Lannister, quebrando sua linha de defesa. Detalhe para a linha de fogo ao fundo da imagem.

Em seguida, um plano da batalha em alto mar, completamente caótica: muitas chamas iluminando a completa escuridão. Pessoas lutando, pulando em cima umas das outras. Ao que tudo indica, protagonizando essa sequência vemos Yara Greyjoy.

No ano passado a atriz Gemma Whelan se machucou nas gravações desta temporada. Eu não duvidaria se fosse revelado que o acidente ocorreu durante essa cena em específico.

E então temos Jaime e Bronn observando os arqueiros em formação. Em suas roupas, parece haver uma pingente dourado embaixo do queixo, no alto da armadura. Poderia ser o leão Lannister decorando a camisa, mas a vestimenta também lembra bastante o símbolo da casa Tarly, com o caçador usando vermelho.

Atrás deles, podemos ver carroças de viagem para suprimentos.

Em seguida, corvos voando em bando, muitos deles. Temos um único corvo que vemos de perto, e que parece estar sendo controlado por alguém. Seus olhos ficam brancos, assim como os de Bran. Estaria o garoto enviando os corvos para salvar alguém, ou para enxergar o inimigo e colher informações?

Afinal de contas, muitas pessoas precisarão ser salvas e mensagens precisarão ser mais rápidas nesta reta final da série.

Rei da Noite, protagonista de todo o material promocional desta temporada, aparece rapidamente com seus cavaleiros. O trailer dá a entender que ele observa o trabalho dos corvos enviados.

E aqui temos Bran, viajando para algum lugar com sua mente. Assim que o Rei da Noite olha em nossa direção, Bran se desliga da visão.

Bran aparece na sequência sentado em uma cadeira de rodas ao lado de uma árvore coração em Winterfell. Ao lado dele vemos um homem vestindo o negro. Seria o antigo Corvo de Três Olhos? Algumas pessoas levantaram a hipótese de se tratar de um arquivo que o antigo corvo deixou instalado em Bran antes de partir. Ou até mesmo podendo se tratar do novo meistre de Winterfell. Como sabemos, Meistre Wolkan, o antigo erudito dos Bolton, estará no lar Stark durante esta temporada.

A cadeira de rodas de Bran levanta uma questão interessante. Não havia no Norte alguém que pudesse criar uma cadeira de rodas para Bran no passado, ou por falta de conhecimento, ou por que Bran não precisasse usar uma, já que o castelo não tem “acessibilidade” para um veículo como este.

Foi Tyrion quem desenhou uma montaria para que Bran pudesse cavalgar em sua Dançarina, durante a primeira temporada, fazendo com que ele tivesse mais autonomia em suas atividades diárias. É como se tivesse sido necessário alguém muito eloquente com desenho e engenharia para que algo do tipo fosse confeccionado.

A primeira vez que vimos uma cadeira de rodas em Game of Thrones foi com a apresentação de Doran Martell, em Dorne. Me pergunto quem irá confeccionar o novo meio de locomoção de Bran, e se a questão será endereçada de alguma maneira.

Continuando, com um dos momentos mais celebrados do vídeo, temos Beric Dondarrion, cavaleiro visto pela última vez com sua Irmandade, tentando convencer Sandor Clegane a se unir com os fora da lei.

Ele dança com sua espada que continua a ser flamejante. Jon conclui seu monólogo, dizendo que a ameaça “Sempre foi real”.  Dondarrion veste peles espessas e acende sua espada “mágica” fazendo todo mundo se perguntar se ele é de fato o herói das profecias.

Vale lembrar que a luminífera das lendas é discussão filosófica das mais profundas e deslumbradas entre os leitores de As Crônicas de Gelo e Fogo. Portanto, essa dificilmente é uma resposta que você desejaria ver entregue em um trailer promocional.

Em um novo fôlego, o vídeo passeia pela frota Greyjoy de Euron, com a lula gigante dourada com olhos em manchas vermelhas desfilando em direção a Porto Real:

Claramente, trata-se da metade Greyjoy que venceu a batalha. Já que Euron teve a capacidade de fazer seus mil navios usando matéria prima nas Ilhas de Ferro, ele vai ser achar merecedor de ser ouvido pela rainha dos Sete Reinos.

Depois temos uma sequência de imagens dos Imaculados em formação. Difícil saber se trata-se de uma mesma apresentação, mas pelo menos parte das imagens abaixo mostram a invasão de Rochedo Casterly:

As portas do castelo parecem ser abertas por outros imaculados, para que novos imaculados invadam. Muitos apontam para a destreza de Tyrion Lannister que, como foi dito na segunda temporada, conhecia como ninguém os esgotos de Casterly Rock.

A ação é cortada com Daenerys nas ameias de seu castelo, sendo surpreendida por uma visita.

E em um devastado campo de batalha, com bandeiras do leão em chamas, Jaime cavalga por sua vida, em uma imensidão coberta por fogo de dragão. As carroças com suprimentos, todas reduzidas a pó.

Jaime corre sobre um campo de fogo, sozinho; Os dragões queimaram seu exército. Não vemos mais Bronn. Jaime está segurando uma lança, perseguindo seja lá quem (ou o que), agressivamente, espirrando água de uma poça enquanto passa. Jaime finalmente voltará a mostrar seu valor em batalha, ao vivo e a cores, aí está uma novidade em Game of Thrones.

E o vídeo sempre retorna para o confronto em alto mar, dessa vez com o navio de alguém explodindo pelos ares.

Também vemos rapidamente Tormund rugindo enquanto corta um wight ao meio.

Também vemos um dragão sobrevoando uma horda de cavaleiros dothraki. Há muito debate em torno da identidade dos dragões nessas cenas de trailer. Uns enxergam as cores de Viserion, outros as de Rhaegal. Muitos enxergam Drogon, com Daenerys o montando – algo inclusive mostrado na revista EW. O que você vê?

Yara e Theon presenciando, horrorizados, a explosão de sua frota. Brutal.

Eles parecem estar lutando contra uma arma semelhante aquela que vimos com os mestres assaltando Meereen na temporada passada. Parece ser um trabuco que lança objetos explosivos. Euron pode ter sentido inveja das canções sobre Blackwater e sentiu a necessidade de criar seu próprio inferno particular contra os sobrinhos.

Abaixo, homens correndo em direção a uma ponte, também continuação de um trecho visto no primeiro trailer.

Na cena seguinte, o exército Lannister em formação. A linha da frente está vestida com pesada armadura e escudos. A linha por trás desta está empunhando lanças, e usando a linha de frente como muralha. Este é provavelmente a defesa que os dothraki irão esmagar com seus cavalos como vimos imagens acima.

Depois temos Jon com três ou quatro companheiros, se projetando sobre uma rocha. Abaixo dele, outras pessoas (possivelmente selvagens e nortenhos) estão lutando contra os wights. Jon então observa as criaturas correndo em sua direção. Ele parece… sem reação. Parece ser o tipo de situação que irá precisar de uma intervenção divina. Aqui entram os corvos de Bran, talvez.

Entre os companheiros de Jon o único fácil de identificar é Lorde Beric, com sua espada em chamas.

Entre tanto terror, vemos um beijo entre Missandei e Torgo Nudho – também continuação de cena do primeiro trailer.

Aqui, Tyrion parece chocado, talvez aterrorizado.

A seguir, um homem branda uma espada. Devido ao reflexo do sol, não podemos ver quem é. A pessoa parece ter cabelos médios, parecidos com os de Bronn. Há também a possibilidade de ser Sandor Clegane. A locação aberta usada nessa cena é o anfiteatro das ruínas de Itálica, na Espanha.

Seja quem for esta pessoa, ela está no Fosso dos Dragões de Porto Real.

Abaixo, Jon e Davos conversam nas escadas que ligam as praias de Pedra do Dragão até a fortaleza.

Também vemos um White Walker lutando contra alguém vestindo peles pesadas e uma longa espada. Parece ser Jon. A lâmina da espada tem uma estranha aparência azulada, talvez seja a escolha de fotografia para a cena.

Também vemos dois dothraki cavalgando através das chamas dos dragões.

Vemos alguém se aproximando do mar, depois caindo de joelhos. Theon? Ele parece estar se afastando do barco para cair de joelhos. Duas pessoas o observam.

E Euron corta seus inimigos com pitadas de insanidade. A gente percebe bem que essa batalha acontecer na escuridão faz todo sentido para o que eles querem construir com Euron. Todas as cores e enquadramentos dessas porções de imagens do confronto naval parecem ser uma pequena amostra do inferno.

Mas com certeza há maiores infernos do que esse. A seguir vemos Daenerys montando Drogon – que este ano medirá como um boeing 747 – enquanto vemos um castelo no plano de fundo, que parece ser Pedra do Dragão. A composição com Dany o montando já é admirável o bastante, mas…

O trailer ainda dá um close em seu horripilante sorriso. Uau. Os olhos de Drogon nesse novo desenho são estranhamente parecidos com olhos humanos, com cavidades e expressividade. Sua composição parece de fato carne feito fogo. É como uma rocha, ou um vulcão vivo.

E para contrastar com as altas temperaturas, a sequência de imagens se encerram ao Norte de Westeros, com um círculo de guerreiros tentando se defender contra o inverno, possivelmente Jon Snow, Beric, Tormund, entre outros. Enquanto os ventos frios rodopiam impiedosos, Sansa Stark narra:

 ‘‘Quando as neves caem e os ventos brancos sopram, o lobo solitário morre, mas a alcateia sobrevive.”

Enquanto a voz da garota continua a ecoar, vemos alguém fugindo em um cavalo, talvez Jon devido ao desenho da roupa e a arma. Alguns leitores sugeriram se tratar de Benjen. O fato de ser um cavaleiro solitário levanta a questão da conclusão deste enfrentamento: Seria este cavaleiro um único sobrevivente, retornando sozinho?

E na última sequência, Jon mata uma criatura com sua Garralonga. Vemos mais homens ou wights de pé na frente dele, e atrás deles fogueiras brilhando.

Jon Snow morreu e voltou, com muito choro e celebração. E, pelo menos ainda, nenhuma consequência. O fato dele ter sido trazido de volta torna pouco convincente qualquer nova situação de perigo no trailer (e digo no trailer porque na Batalha dos Bastardos a dificuldade foi real, episódio muito bem feito). O que quero dizer é que essa demanda contra os White Walkers com certeza irá trazer outras perdas e, temer por Jon Snow já não é mais justo com a história.

Acho que devemos nos preparar e temer por todos os outros, no entanto.

A frase icônica de Sansa – dita originalmente por Ned em conselho dirigido à Arya em “A Guerra dos Tronos”, e replicada agora – parece ser muito textual para uma conversa real que possa vir a acontecer na temporada, mas é muito bonita.

Há uma justaposição interessante entre o que Petyr diz na abertura sobre “lutar todas as batalhas com sua mente”, e o monólogo de Sansa no final. Essa geração da casa Stark sempre foi um comentário de George R. R. Martin sobre o verdadeiro poder de um legado. Ouvir Sansa dizer isso, mesmo que ainda sem contexto, emociona. Mostra que não há sentido em batalhar sozinho.


Game of Thrones estreia sua sétima temporada mundialmente em 16 de julho, às 22h, na HBO.

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Cena de despedida de Myrcella seria, originalmente, muito mais violenta https://www.geloefogo.com/2017/06/cena-de-despedida-de-myrcella-seria-originalmente-muito-mais-violenta.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=cena-de-despedida-de-myrcella-seria-originalmente-muito-mais-violenta https://www.geloefogo.com/2017/06/cena-de-despedida-de-myrcella-seria-originalmente-muito-mais-violenta.html#respond Mon, 12 Jun 2017 20:47:26 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=91183 De passagem pela MCM London Comic Con, a atriz Nell Tiger Free, intérprete de Myrcella Baratheon na quinta temporada de Game of Thrones, participou […]

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De passagem pela MCM London Comic Con, a atriz Nell Tiger Free, intérprete de Myrcella Baratheon na quinta temporada de Game of Thrones, participou de um painel sobre sua carreira e experiência filmando a série da HBO. Lá, a atriz revelou que a cena da morte de Myrcella (Mother’s Mercy) foi escrita de maneira consideravelmente mais violenta no roteiro original.

“Não sei se devo dizer isso, mas, originalmente, eles me deram bananas amassadas, cobertas em sangue – sangue falso – e meu cérebro estaria por todo o navio. (…) Não gosto de gore, mas eu sabia que seriam apenas bananas, então fiquei bem com isso… Mas eles acabaram cortando essa possibilidade porque queriam que a morte de Myrcella refletisse sua vida, e queriam que fosse doce, o que é raro para Game of Thrones, e o oposto do que aconteceu com o meu marido (sic), que teve uma lança atravessada em seu rosto.”

A descrição que a atriz faz da cena faz parte do roteiro original da episódio, que foi inclusive disponibilizado no site do Emmy há alguns meses. No texto é possível ler:

“Jaime holds his dead daughter in his arms, her hemorrhaged brain-blood covering them both…”

Em tradução: “Jaime segura a filha morta em seus braços, enquanto seu cérebro derrama sangue, cobrindo os dois“.

A atriz também comentou que Myrcella provavelmente sempre soube que era filha de Jaime, por não se parecer com Robert. Diferente de Tommen, que era muito jovem e muito inocente, tentando apenas manter-se vivo.

Por último, ela escolheu Tyrion para se sentar no trono de ferro no final da história.


Nell Tiger Free estará ao lado de Sebastian Croft (que interpretou Ned Stark criança) e Carrie Fisher no filme Wonderwellque estreia este ano.

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Analisando o 1º trailer da 7ª temporada de Game of Thrones https://www.geloefogo.com/2017/05/analisando-o-1o-trailer-da-7a-temporada-de-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=analisando-o-1o-trailer-da-7a-temporada-de-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2017/05/analisando-o-1o-trailer-da-7a-temporada-de-game-of-thrones.html#respond Thu, 25 May 2017 14:31:57 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=99258 A HBO está a todo vapor promovendo a sétima temporada de Game of Thrones durante esta semana. Na segunda-feira tivemos […]

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A HBO está a todo vapor promovendo a sétima temporada de Game of Thrones durante esta semana. Na segunda-feira tivemos novas imagens promocionais. Na terça, tivemos o primeiro pôster com personagem na arte. E nesta quarta-feira, fomos agraciados com o primeiro trailer da nova temporada, que está repleto de cenas grandiosas e enigmáticas.

Como tradição, analisaremos os principais frames do vídeo divulgado, a seguir:


De todos os trailers promocionais de Game of Thrones, este provavelmente foi o mais cirúrgico em termos de manter os segredos da trama. Com tanta informação sendo compartilhada durante as gravações, essa acaba sendo uma escolha mais do que acertada: O melhor da temporada veremos nos sete episódios disponíveis a cada semana a partir de 16 de julho. É claro que sobra muito pouco para ser comentado nesta análise frame a frame, mas se tratando de Game of Thrones, um pouquinho já diz muito.

Na primeira imagem, vemos a rainha dos Sete Reinos caminhando em direção a um grupo de empregados Lannister, em armaduras negras e carmesim. Deliberadamente vemos pouco sobre a reunião que está acontecendo ali, com a câmera desfocada e Cersei (Lena Headey) escondendo os reunidos com sua silhueta.

Com um manto de inverno, e um impressionante mapa de Westeros no pátio da fortaleza, Cersei é a primeira a não poupar frases de efeito sobre sua atual situação. Enquanto ela fala sobre os inimigos que estão em todos os lados, ela também faz questão de lembrar o tempo todo que ela e Jaime são os últimos da dinastia, que estão sozinhos, e que derrubarão todos que estiverem em seu caminho. Parece que já ouvimos isso muitas outras vezes, verdade seja dita. Mas é o que temos. Cersei fala sobre os inimigos que estão a leste, oeste, sul e norte, enquanto vemos em cena grandes forças armadas, como Verme Cinzento liderando os Imaculados, Euron e seu Silêncio, e Arya que sem dúvidas deve estar tentando encontrar o caminho de volta para casa.

A MESA PINTADA

Em um famoso salão de estratégias, vemos a câmera passeando sobre Duskendale (ou Valdocaso) e Rosby, ambos situados nas Terras da Coroa. Também vemos rapidamente Vale of Arryn (Vale de Arryn), Castle Black (Castelo Negro) e Eastwatch-by-the-Sea (ou Atalaialeste-do-Mar), para ilustrar os inimigos de Cersei que estão por todos os lados do mundo.

Mais do que isso, a cena revela que um novo alguém agora ocupa a Sala da Mesa Pintada em Pedra do Dragão.

Há muitas maneiras até um pouco óbvias que podemos ler esse mapa (tão bonito) que Cersei mandou pintar. Temos o fato de que ele é grande demais, mas megalomaníaco o bastante para atender aos critérios de alguém como Cersei. Temos o fato de que ela pisa por ele para traçar estratégias. Temos o fato de que ela e Jaime estão sozinhos (ou parecem estar) tomando decisões por um reino inteiro. Temos o fato de que ele é muito menos detalhado do que aquele que agora está em posse de Daenerys, ele é plano, sem nuances, algo sob medida para alguém que tem uma visão bastante deturpada sobre o mundo e sobre as pessoas que o habitam.

OS LANNISTERS

Eu não me recordo de ter visto Cersei tão confortável em uma reunião na Sala do Conselho. Ela definitivamente está pronta para qualquer coisa. Traçando paralelos entre as jornadas de Cersei e Daenerys, é como se elas fossem as únicas pessoas no reino fortes o bastante para se enfrentarem. Se Benioff, Weiss, Cogman e Hill acertarem o tom, um possível diálogo entre as duas para esta temporada tem tudo pra ser o melhor já escrito para a série.

Em seguida, temos imagens dentro da Sala do Trono, agora sob domínio Lannister. Nas cenas, é possível perceber que a rainha, ao lado de Jaime (Nikolaj Coster Waldau), Qyburn (Anton Lesser) e Montanha (“Thor” Björnsson), está recebendo algum requerente. Apostamos todas as nossas fichas em Euron Greyjoy (“Pilou” Asbæk) que com certeza estará interessado em se aliar ao lado negro da força.

E esse encontro entre Jaime e Euron, hein? Dois regicidas, mas apenas um com meia dúzia de histórias sobre ética e heroismo pra contar. A quase resignação de Jaime nessas cenas é com certeza uma das partes mais interessantes de se observar. Ele teme Cersei? Ele teme Euron? Ele tem um plano? Ele também está de luto pelos filhos? Como será o Jaime nesta reta final da história idealizada pela HBO?

Essa geração da Casa Lannister é tão simbólica para a história de Westeros que faz com que o símbolo do leão diga muito quando está em cena. Eu poderia dizer que talvez essa seja a primeira vez que um personagem sentado no trono parece ser maior e mais importante do que o trono em si. Observando cada detalhe do figurino da Cersei, a posição de suas mãos e o semblante reagindo as notícias de Euron, tudo já é bastante icônico.

Não há muito o que falar sobre o Montanha a essa altura do campeonato, mas o look do dia está muito bom, agora que a Guarda Real da Cersei usa um novo emblema, com o formato da coroa dela. Fora isso, são dois os membros da Casa Clegane vivos. Fica essa questão.

Tyrion (Peter Dinklage) cruzou o mundo e viveu um bocado de histórias dignas de canções. De volta para Westeros, será que ele se sentirá em casa? Quais serão as próximas motivações dele? É engraçado pensar que Tyrion, Cersei e Jaime estejam exatamente onde Tywin gostaria que estivessem. Soberanos, implacáveis, necessários.

O olhar de admiração e medo que vemos em Tyrion (Peter Dinklage) é importante. Embora tenhamos visto os dragões crescerem, em Westeros eles não só são uma novidade, como muitas das pessoas que ali vivem irão conhecer os dragões em sua forma adulta.

Sempre tarefa difícil extrair um bom frame com os dragões em movimento, mas aí estão, Drogon, Rhaegal e Viserion voando livres pelas ilhas de Pedra do Dragão, a locação mais esperada da temporada.

Drogon partiu após matar a criança meereenesa Zalla, e Rhaegal e Viserion passaram dois anos presos, apenas para serem libertados como armas para vencer a guerra contra os escravocratas. O que esses dragões sabem sobre o mundo, e quantas outras Zallas sofrerão o mesmo destino da primeira?

Sinto que teremos algumas tragédias neste sentido. Temer o Rei da Noite é muito fácil. Game of Thrones sempre foi sobre o inesperado.

DAENERYS ESTÁ DE VOLTA

Daenerys abrindo os portões do castelo em que nasceu pela primeira vez. Talvez essa também seja a nossa primeira vez, onde poderemos ver uma Pedra do Dragão diferente, com mais recursos, sem a trilha sonora, fotografia e humor “do rei errado”, que não gostava de estar ali.


Com um fascínio parecido ao de Tyrion, Dany se emociona ao chegar no lar ancestral de sua família, pela praia, uma maneira muito bonita de começar essa nova fase. Ela se ajoelha, sente a temperatura e textura do solo e da areia com as mãos, enquanto ouvimos ela dizendo que nasceu para liderar o continente. Todo esse ritual claramente vai servir pra demonstrar todo o amor e respeito que ela tem pela terra. É bonito, mas todos os lugares do mundo conhecido deveriam ser dignos deste amor.


Poderíamos passar um tempo elogiando detalhes do figurino, como o anel de Rhaella e as ombreiras que imitam as escamas de Drogon. Mas há algo ainda mais interessante sobre a chegada de Daenerys à Westeros, que é a completude desse ciclo. Essa ideia de que ela conquistou o que sempre quis, o que foi criada para fazer, apesar de todas as inacreditáveis provações.


A Daenerys dos livros se lembraria de cada pessoa que encontrou, do sabor de cada coisa que provou, de como seus pés estavam cansados, de Yunkai a Astapor, do deserto vermelho a Qarth, de como foi triste tirar o ar de Drogo, de como seus filhos são sua glória e sua fraqueza, de cada uma daquelas pessoas que ela deixou para trás sem nem falar tchau.

Acho educado a gente pensar que a Daenerys da série também vai se lembrar disso.

O solar da rainha em Pedra do Dragão quase parece, neste frame, uma caverna particular, um ninho. O Trono da Daenerys é realmente bonito e tem todas as sacadas geniais que apenas um arquiteto e construtor muito eloquente teria sobre uma rainha Targaryen, das formações flysch do País Basco até a iluminação natural que valoriza mais as pessoas do que os móveis.

O trono de Daenerys parece ser um santuário. É tão lindo quanto frio e solitário. Enquanto Cersei se acha muito especial por estar entre os últimos entre os Lannister, Daenerys de fato é a última entre os Targaryen, sozinha há muitos anos.

E isso é muito triste.

IMACULADOS EM ROCHEDO CASTERLY

Verme Cinzento (Jacob Anderson) aparece pela primeira vez bem no início do vídeo, quando Cersei está falando sobre seus inimigos do leste. Com um olhar determinado, vemos o exército de Imaculados liderados por seu Torgo Nudho, que agora exibe uma jóia com os três dragões da rainha Daenerys.

E então vemos um pátio comum dentro de Rochedo Casterly, sede da casa Lannister, sendo invadido por Verme Cinzento e seus homens. Claramente, Dany e Cersei terão essas pequenas grandes disputas pelo reino antes de se encontrarem pra fazer aquilo que o Davos vai pedir pra Daenerys fazer, e que a gente já sabe desde a primeira temporada (mais sobre isso já já). No entanto, esse é o tipo de conflito que talvez teriam ramificações e desfechos bastante complexos nos livros.

Cada vez que um castelo é invadido, o que acontece com as pessoas que moram e servem nele? O que acontece com o agricultor, a lavadeira, a estalajadeira da vila próxima? Se o antigo senhor era o dono dos porcos que aquele homem simples cuida, quem é o dono agora?

Daenerys vai quebrar a roda ou o orçamento da HBO?

A imagem de formação de escudos Lannister é muito bonita. Incrível como esse símbolo é poderoso e se destaca no vídeo inteiro. Mas o desenho de um exército não define o que ele é. E os Imaculados são tão mais simples, quanto mais poderosos.

LOL o imaculado da diretia

As imagens nos levam a crer que os Imaculados estão em grande vantagem contra os Westerosi. Provavelmente será o caso. Será que isso será parte da continuidade sobre os Lannister estarem pobres há algum tempo, como Lorde Tywin revelou para a filha?

 

Em Winterfell temos o eco dos gritos pelo novo Rei do Norte. Essa foi uma montagem um tanto quanto estranha. É como se tivessem usado o áudio da temporada passada para esconder do que essa cena realmente se trata. É interessante observar que Brienne, que foi vista pela última vez fugindo de Correrrio com Podrick, está de volta para servir Sansa (Sophie Turner), o que mostra que o tempo desde que Jon foi aclamado Rei já passou.


Especificamente no frame abaixo, é possível ver os dois novos atores que estarão no elenco de Winterfell. A garota é Megan Parkinson, confirmada como Alys Karstark, e o garoto provavelmente se tratará de um herdeiro Umber. Claramente, haverá um conflito sobre conviver com herdeiros de traidores.

Talvez o plot com maior senso de urgência nesta temporada, Mindinho (Aidan Gillen) continua achando que ainda existe lugar para homens como ele na Westeros de Daenerys e Jon Snow. Seja como for, não conheço uma pessoa que a esta altura não esteja achando que esse personagem está sobrando na história.

Como sabemos, esses voice-overs dos trailers nem sempre são falas casadas com as cenas originais. Isso quer dizer que a fala “your father and brothers are gone yet here you stand, last best hope against the coming storm” de Petyr pode não ser para Sansa neste momento, mas para Jon, na cena das criptas.

Em um momento do vídeo, é possível ver que a edição interpola cenas do Mindinho observando nas sombras, e homens correndo com tochas na mão, parecendo querer alcançar uma ponte que leva a uma embarcação, ao lado de alguns outros companheiros que também correm em fúria ou desespero, possivelmente as duas opções.

Um dos homens correndo tem o mesmo porte físico de Jon Snow, mas é muito difícil saber.

Então a cena corta para Jon encontrando Petyr para desferir um soco em seu estômago. Provavelmente não se trata da mesma sequência: Homens correndo + Jon e Mindinho. De qualquer forma, o encontro entre Jon e Mindinho parece acontecer nas criptas.

Será algo sobre Sansa? Sobre Lyanna? Sobre as duas?

A gente fica na torcida para que ele comece um discurso sobre escadas e caos, com um montão de frases de efeito, mas que seja interrompido dessa vez.

Jon Snow inclusive não tem grandes cenas neste trailer, lembrando que no ano anterior ele na verdade não teve nenhuma. Mas, se você olhar com bastante atenção, vai perceber que ele na verdade estará em todos os lugares nesta temporada.

O INVERNO


Os eventos Para Lá da Muralha foram muito discutidos durante o período de gravações da nova temporada, e é um pouco difícil comentar especificamente essas imagens do trailer sem entregar spoilers. Mas vamos lá.

Os personagens claramente estão lutando para sobreviver à nevasca, todos com peles pesadas, vestidos como selvagens. Parece haver doze homens que, em certo momento, entram em formação circular para se proteger. A equipe do Watchers inclusive deu a dica de que um dos doze membros estaria portando um martelo de guerra.

Também vemos Jon Snow (Kit Harington) e Tormund (Kristofer Hivju) em uma outra cena, correndo por suas vidas. Difícil não imaginar todo tipo de casualidade de grandes proporções que esses caras terão que lidar pra salvar o mundo. Até porque, o grande inimigo é a arte do pôster oficial da temporada.

Dessa vez é pra valer, e talvez não estejamos preparados para isso como espectadores. A gente sempre pensa que está. Nunca estamos.

Temos conversado muito aqui no site sobre a possibilidade dos roteiristas revelarem nesta temporada que o retorno de Jon do mundo dos mortos trará sim consequências. Algo como se sua saúde já não fosse mais a mesma, e que aos poucos ele poderia demostrar física e mentalmente que seu retorno teria um prazo de validade. Algo que fosse revelado só agora que a história está acabando.

Bem, Game of Thrones nunca foi sobre conclusões felizes.

O trailer destacou bastante a grande batalha marítima que se desenhará nos primeiros episódios da temporada. Pelo pouco mostrado, parece se tratar de um grande espetáculo visual. É claro que Euron estará pronto com seus vários navios para quando Theon e Yara voltarem para Westeros. E é claro que só um lado sairá vitorioso.

O SILÊNCIO

Por um breve momento e possível ver o emblema da lula gigante de Euron no navio. Curiosamente, o Silêncio tem uma silhueta parecida com a de um dragão, e fogo é o que não irá faltar neste caso:

Outras duas imagens muito poderosas do trailer mostram pessoas sendo jogadas na água durante uma batalha. Difícil saber se trata-se da batalha Greyjoy, ou algo novo que desconhecemos.

Talvez seja Theon se jogando no mar e fugindo, após o momento do frame em que vemos seu rosto refletindo o fogo.

 

 

E então temos Melisandre, que resolveu voltar para Pedra do Dragão quando foi exilada de Winterfell por Jon Snow. Parece, no entanto, que o reencontro entre os dois não irá demorar muito a acontecer.

O SENHOR DA LUZ

Enquanto a sacerdotisa está de volta ao antigo lar do rei que ajudou a criar, ela encara o abismo (de maneira bastante sugestiva) observando visitantes que acabaram de chegar ao castelo subindo as escadas da ilha.

É interessante pensar em quais maneiras Melisandre (Carice van Houten) poderá voltar a Pedra do Dragão, e consequentemente seu encontro com personagens como Tyrion e Daenerys.

Tyrion inclusive já teve experiências reveladoras com sacerdotisas e sacerdotes em temporadas passadas: a sacerdotisa do episódio High Sparrow, que fez um discurso que fala sobre Daenerys ter sido enviada pelo Senhor da Luz; o sacerdote Zanrush de Red Woman e outros; a alta sacerdotiza Kinvara no episódio The Door, que o procurou para buscar uma aliança, e a sacerdotisa do episódio No One.

De todos eles, Melisandre parece ser a única com histórias reais pra contar. A única que viveu e conheceu o bastante de reis para entendê-los e ajudá-los nestes últimos capítulos da história.

Melisandre estar presente em um possível encontro entre Jon Snow e Daenerys será algo muito precioso de se acompanhar. Será que ainda lhe resta fé, esperança, força para continuar sua demanda?

Será breve o período em que Melisandre estará sozinha. Alguém, no entanto, passou os últimos muitos anos de sua vida sozinha. Como literalmente Ninguém.

A JORNADA DE ARYA

Muito espertos, os produtores da série montaram um trailer em que Arya aparece sozinha, certamente em direção a sua casa, tomando o cuidado de fazer com que seu cabelo e vestimentas sejam muito parecidos com o de seu pai. Mas Arya está muito longe de ser como o pai. Inclusive, se existe alguém que poderia passar incólume por qualquer adversidade, mais experta e forte do que mil Eddards, essa é Arya, a menina de muitas faces.

Arya neste trailer aparece quando Cersei anuncia seus inimigos do Norte. Vale lembrar que da lista de nomes na oração de Arya, ainda sobram dois: Cersei, e o Montanha.

E a grande verdade é que, dificilmente, faltando tão pouco para o fim da série, veremos Arya à toa e sozinha pelas estradas de Westeros. Ela será encontrada. Mas por quem?

Ou será que é ela quem irá encontrar? Procurando ela parece estar.

 

Para finalizar os sábios conselhos de Davos, temos Dany e Tyrion confabulando na Mesa Pintada.

A mão que ensaia derrubar peças Lannister do mapa parece ser a de Tyrion, daquele jeito didático demais, mas interessante. Parte do plano traçado por eles ficou bem claro no trailer. Mas o que virá depois?

Gostaríamos de apostar que a voz de Davos aconselhando sobre se unir em tempos de apocalipse, realmente se direciona à Dany e Tyrion. E que enquanto Cersei aponta seu inimigos, na verdade trata-se de Davos apontando para Daenerys que o mapa deve ser um só, com reinos unidos. Em qual ponto da temporada Daenerys o escutará, se ele realmente será efetivo, teremos que esperar para saber.

Aos interessados em relembrar como foram as filmagens nesta locação no fim do ano passado, pesquisem por Gaztelugatxe ou País Basco aqui no site.

É basicamente impossível não gostar de Missandei e Verme Cinzento. Personagens carismáticos e de moral intocável. Aí tem esse romance, que provavelmente não precisava, mas é HBO, então teremos. E depois de todos esses anos, ainda vão ter pessoas questionando o fato dele não possuir um pênis para fazer isso. Bem, ele não precisa de um. De repente estamos todos discutindo algo que não precisa. É só sexo, e todo mundo faz. Com consentimento então, aí nem parece HBO.

Também é possível ver que Verme Cinzento exibe algumas ferimentos no peito, quando Missandei o despe. O preço por tomar as coisas para a Daenerys com fogo e sangue.

Seguindo a tradição da temporada anterior, Yara (Gemma Whelan) aparece aos beijos com outra mulher no trailer. Desta vez, trata-se de Ellaria (Indira Varma), matriarca das Serpentes de Areia e governante de Dorne. Aparentemente as duas se conhecerão na viagem de volta à Westeros e parece que os criadores da série encontraram uma maneira de colocar Dorne em uma trama maior. Se esta relação servirá apenas pelo male gaze, ou se na verdade é uma tentativa de envenenamento, não tem como saber.

É um pouco triste considerar essas opções para a Ellaria? É.

Se você ainda não sabe dos spoilers das gravações envolvendo as duas, visite esta postagem sobre as filmagens em Caceres.

Talvez o trecho do vídeo mais intrigante de todos, vemos um braço extremamente ferido sendo exibido por uma curiosa portinha. É mais do que possível que se trate de Sor Jorah, passando por um processo de quarentena aos cuidados dos meistres de cura em Vilavelha. Nesta temporada, é de se esperar que ele tenha o auxílio de um arquimeistre, e que eventualmente volte para Daenerys para cumprir sua promessa.

Alguns leitores apontaram a possibilidade de se tratar de Unella, pela semelhança com a porta do aposento em que ela foi colocada por Cersei. O caso parece ser pouco provável, já que a janela do aposento de Unella era mais alta do que a que vemos neste caso.

E falando em mãos enigmáticas, durante as cenas da mesa pintada, é possível ver essa lança sendo diligentemente afiada por mãos habilidosas. Certamente trata-se de Obara Sand, provavelmente se preparando para a guerra contra Euron em alto mar.

Não há dúvidas de que Euron preparou algo muito sinistro e que teremos casualidades pelo caminho. A questão que resta é: Quando isso irá acabar?

OS DOTHRAKI, OS LANNISTER E DROGON

A sexta temporada de Game of Thrones terminou de maneira bastante grandiosa mas, em nome da grandeza, deixou algumas pontas soltas em alguns núcleos. Talvez seja questão de poucos episódios para que tudo faça um pouco mais de sentido, mas o trailer tem tanta cena com dothraki em batalha exibindo seus arakhs que fica difícil não se questionar.

Os dothraki abandonaram as pradarias para abraçar a guerra de Daenerys e atravessaram o mar, aquele mesmo mar que era o monstro de seus mais profundos pesadelos, pra se encontrarem do outro lado do mundo.

Eles continuarão a viver como nômades em acampamentos? Aceitarão os termos dos reinos e irão se submeter a uma economia feudal? A quem responderão? Onde irão morar? Ocuparão vilas, castelos, respeitarão as leis do comércio? Vestirão armaduras e peles quando o inverno chegar? Respeitarão as mulheres? Respeitarão os deuses dos outros? Ou irão dar meia volta para Essos quando um possível contrato acabar?

Essa batalha aberta, que promete ser algo derivado do Campo de Fogo, foi objeto de um bocado de vazamentos no final de 2016. Sabemos que teremos membros da Casa Tarly e exército Lannister, prontos para o embate com essa boa centena de milhares de homens do oriente que, ao lado de Drogon (ou um de seus irmãos), estão vendo Westeros pela primeira vez.

 

[Edit: Agradecemos a todos os leitores atentos nos comentários que atentaram ao fato de que o dragão da cena de batalha pode ser Viserion, devido a sua cor mais clara. ]

É difícil saber se Daenerys acompanhará Drogon e ou se o estará montando nesta cena. É difícil saber até que ponto ele aceitará ser montado. Mas parece ser muito natural para ele fazer parte dos dothraki.

De fato, o garanhão que monta o mundo. O khal que uniu todos os khalasares.

A frase de Jon Snow, anunciando que a grande guerra do inverno chegou, parece surda em meio a outras guerras grandiosas ocorrendo em paralelo. É tudo muito incerto, mas logo saberemos mais.

O QUE FALTOU NO TRAILER?

Faltou muito. Não vimos Bran e Meera. Não vimos Jardim de Cima, nem a Cidadela, que sabemos que teremos. Também não vimos os patrulheiros (ou será que vimos?), nem as Serpentes, Bronn, Sam, Gilly, Varys, o Cão e a Irmandade. Vimos um pouco de Euron, talvez Gendry, e nada de Daario.

A verdade é que teremos apenas sete episódios este ano. Quanto menos a HBO mostrar por enquanto, melhor.


Deixamos de cobrir algum aspecto interessante do trailer? Por favor, divida conosco nos comentários!

 

Ah! “Spoilers” ou informações obscuras obtidas via reddit e afins, por gentileza postar utilizando a tag <spoiler> no começo e a tag </spoiler> no fim do relato.

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