Arquivos Entrevistas – Gelo & Fogo https://www.geloefogo.com/category/entrevistas Informações sobre a obra de George R. R. Martin Sat, 22 Oct 2022 01:29:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.1.6 140837471 Showrunners de ‘House of the Dragon’ explicam origem da profecia de Aegon Targaryen https://www.geloefogo.com/2022/08/showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio https://www.geloefogo.com/2022/08/showrunners-comentam-revelacao-bombastica-do-primeiro-episodio.html#comments Mon, 29 Aug 2022 14:14:09 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=109397 Em meio a toda a repercussão do retorno do mundo de Westeros às telas com “The Heirs of the Dragon”, […]

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Em meio a toda a repercussão do retorno do mundo de Westeros às telas com “The Heirs of the Dragon”, primeiro episódio de House of the Dragon, a cena em que Viserys I Targaryen revela à filha Rhaenyra uma profecia de Aegon I, o Conquistador, sobre o futuro da humanidade e o papel de sua linhagem nela foi certamente a mais discutida entre os fãs, particularmente os leitores das obras de George R. R. Martin, diante do fato de que Fogo & Sangue, livro que a série adapta, não faz menção dela. Na última semana, os showrunners Ryan Condal e Miguel Sapochnik comentaram o assunto e explicaram como e por que essa profecia foi incluída em House of the Dragon.

Viserys e Rhaenyra conversam em frente ao crânio de Balerion.
Viserys (Paddy Considine) e Rhaenyra (Milly Alcock) conversam em frente ao crânio de Balerion sobre a profecia de Aegon I Targaryen, em “Heirs of the Dragon”, primeiro episódio de House of the Dragon. Foto: Ollie Upton/HBO.

Viserys diz o seguinte à filha:

Nossos registros históricos nos contam que Aegon olhou para o lado do Água Negra a partir de Pedra do Dragão e viu uma terra rica, pronta para ser capturada. Mas não só a ambição foi o que o motivou a conquistar. Foi um sonho. E exatamente como Daenys previu o fim de Valíria, Aegon previu o fim do mundo dos homens. Ele começará com um inverno terrível, que soprará do norte distante. Aegon viu uma escuridão absoluta sendo carregada por esses eventos. E o que quer resida ali, destruirá o mundo dos vivos. Quando esse Grande Inverno chegar, Rhaenyra, toda Westeros deverá combatê-lo. E se o mundo dos homens quiser sobreviver, um Targaryen deve estar sentado no Trono de Ferro. Um rei ou rainha fortes o bastante para unir o reino contra o frio e a escuridão. Aegon chamou seu sonho de “A Canção de Gelo e Fogo”. Esse segredo é passado de rei para herdeiro desde a época de Aegon. Agora você tem de me prometer carregá-lo e protegê-lo. Prometa-me, Rhaenyra. Prometa.

O motivo da fala gerar tanta polêmica é que nada disso está presente nos livros publicados por George R. R. Martin, muito menos tão abertamente e em tantos detalhes. Embora o próprio autor tivesse aludido a algo semelhante fora dos livros, mencionando como “especulação de muita gente” a ideia de Aegon ter previsto uma ameaça vinda do Norte e isso ter motivado a Conquista, num vídeo de marketing de 2018 para promover a publicação de Fogo & Sangue, o livro propriamente dito não faz menção a isso.

Isso por si só já seria motivo para questionamentos, mas eles surgiram também por conta das dificuldades logísticas que isso representaria, diante do que se sabe sobre a história dos Targaryen e sua nem sempre pacífica e tranquila sucessão. Quanto a Aegon ter passado o segredo para Aenys, seu herdeiro, não haveria problemas, mas como Maegor, que efetivamente tomou o Trono à força teria ficado sabendo da profecia? Maegor não teve herdeiros, sendo sucedido por Jaehaerys I, que era filho de Aenys, mas não seu herdeiro designado (que era Aegon). Em menos de 50 anos de dinastia, a transmissão do tal segredo já causava mais problemas e dúvidas, o que deixou diversos fãs reticentes quanto à questão.

Mesmo antes da estreia do primeiro episódio, porém, Ryan Condal já tinha sido rápido em tentar tranquilizar os leitores de que não estaria cometendo nenhuma “heresia” quanto ao cânone de As Crônicas de Gelo e Fogo (nas palavras dele mesmo). Em entrevista à Variety, que contou também com a presença de George R. R. Martin, Condal disse que aquilo vinha do autor dos livros. George não negou essa afirmação, dando respostas mais vagas sobre profecias em seus livros publicados e dando exemplos de Targaryens em suas obras que têm contato com elas, e dizendo que a questão será mais abordada nos livros seguintes.

O que não tinha ficado claro, no entanto, era o que exatamente tinha “vindo de George”. Seria toda a cena entre Viserys e Rhaenyra? Seria o envolvimento da adaga de osso de dragão e aço valiriano no segredo? Seria o legado transmitido de rei para herdeiro? Martin teria ativamente dado a ideia dos produtores inserirem isso na série? Após a exibição do episódio, porém, ficou claro que nada disso era o caso.

Ainda no Inside the Episode, featurette da HBO disponibilizado no YouTube logo após a exibição do episódio, em que os produtores comentam cenas e decisões da série, eles já haviam indicado que isso havia sido incluído por eles mesmos. Sapochnik diz o seguinte:

Viserys é obcecado com a ideia de que o fim do mundo pode estar logo ali na esquina. Sentimos que essa seria uma ótima maneira de acrescentar um certo peso à ideia de Rhaenyra se tornar rainha. Ao invés de querer fazer isso por ambição, ela estaria recebendo uma responsabilidade de unir todo mundo para combater o iminente problema dos Caminhantes Brancos — que, na verdade, sabemos que só apareceriam dali a 170 anos.

Condal completa:

Essa ideia de Aegon, que acreditava na Canção de Gelo e Fogo e acreditava na profecia que uniria o reino contra o frio e a escuridão vindos do Norte, ter imbuído seu segredo no aço da adaga valiriana… Nós achamos que seria uma maneira legal de ligar as duas séries [House of the Dragon e Game of Thrones].

Por essas falas já fica claro que havia uma intenção ativa por parte dos produtores de usar essa profecia para acrescentar uma motivação à personagem de Rhaenyra, e também uma motivação externa (ligar mais diretamente as duas séries da HBO) ao incluir a profecia na adaga que viria a causar a ruína do Rei da Noite da TV.

Na segunda-feira, 21, porém, as coisas ficaram ainda mais claras. Em matéria de Kim Renfro para a Insider, Condal revela que o que exatamente veio de George R. R. Martin não foi toda a profecia, mas apenas a menção a Aegon ser um “sonhador”, e todo o resto foi realmente inventado por ele e Sapochnik para a nova série. Ele explicou:

O detalhe que George nos deu bem no início do desenvolvimento da história foi que o próprio Aegon, o Conquistador, era um sonhador, e que foi isso que motivou a conquista. Ele mencionou isso casualmente na conversa, como geralmente faz com informações gigantes como essa.

Isso realmente mudou nossa forma de ver o reinado Targaryen e tudo que ele representava. O fato de Aegon ter esse conhecimento — ou acreditar ter, porque era só um sonho, não se sabe se vai acontecer —, mas ele ter empreendido a Conquista pensando ser um problema iminente. A ironia dramática disso é que sabemos que, com o intervalo de 300 anos, demora um bocado para essa profecia se tornar realidade.

Pegamos a ideia do George e a alteramos dramaticamente para House of the Dragon. A ideia de que em algum ponto na vida de Aegon, quando ele ficou mais velho, ele teria percebido que os Caminhantes Brancos não viriam “jantar” durante a vida dele.

Resolvemos que se ele acreditava nisso o bastante pra conquistar Westeros, certamente acreditaria o bastante pra passar adiante. Tornamos isso o legado que os Targaryen passam de rei a herdeiro, como lembrete de que o Trono é um privilégio e um dever, uma responsabilidade. É preciso melhorar o reino, fortalecê-lo e uni-lo mais, e não usá-lo para perseguir fins egoísticos. Vamos ver como isso se sustenta à medida que nossa história se desenvolve.

Fica bastante claro, assim, que George mencionou de passagem uma novidade que alterou a percepção dos produtores quanto ao próprio período (pseudo-)histórico que retratariam na TV, e que eles criaram uma mitologia própria envolvendo essa revelação a partir daí (provavelmente pelos motivos mencionados no vídeo do Inside the Episode). E é basicamente isso o que eles reiteram numa entrevista com o Den of Geek, também publicada no dia 21. Condal explica:

Isso veio do George. Não acho que teríamos mergulhado nisso sem falar com o George a respeito, mas foi uma coisa que o George, como ele com frequência faz, simplesmente mencionou casualmente bem no início do desenvolvimento da história… Ele nos contou que Aegon era um sonhador, e que foi essa a razão para ele decidir conquistar, e unir, Westeros. Ele é lembrado como conquistador, mas na verdade queria ser um unificador, e essa é a razão para ter abordado as coisas como abordou.

George é bem reservado quanto a essa parte da história e o que as pessoas sabem, e é claro que se isso é um segredo, os cronistas que escreviam [as fontes históricos de] Fogo & Sangue não necessariamente saberiam a respeito. Mas, sim, manter isso vivo, no mínimo até essa geração, foi algo muito atraente pra mim e pro Miguel, porque tinha uma ressonância. Estávamos procurando formas de, a despeito de haver 170 anos de história entre elas, criar uma ressonância com a série original. Não temos nenhum personagem que pode fazer essa ponte, não tem ninguém que dá pra surgir ali. Não vai haver uma jovem Velha Ama na série, 170 anos é muito tempo… Então a mitologia central da série original, manter aquilo vivo e a ideia de que alguém estivesse ciente daquilo, ou visto aquilo como uma visão 300 anos antes de acontecer, nos atraiu muito, e deu um ar bastante épico e apropriado para o mundo de Game of Thrones.

Basicamente, portanto, expande na explicação do Inside the Episode e confirma o dito à Insider: Sapochnik e ele extrapolaram a informação mencioanda de passagem por GRRM com o intuito de fazer uma ligação com a série principal. Sapochnik também fez comentários na mesma entrevista:

Queríamos manter viva a ideia de espiritualidade que havia na série original. Havia mitos, havia folclore, havia histórias, aranhas de gelo do tamanho de cães, etc., etc. Mas não temos essas coisas, então precisávamos achar algo em que pudéssemos sustentar a espiritualidade, que desempenha um papel tão grande. O destino e a sina são uma parte enorme essa história.

É bom lembrar, ainda, que George R. R. Martin não tem controle criativo nas séries das HBO que adaptam suas obras para a televisão, como ele mesmo reiterou em entrevista recente ao History of Westeros. Embora esteja envolvido na série como “produtor executivo”, ele não tem poder de veto nos roteiros (o que, na verdade é algo muito raro em Hollywood), que, ao final, ficam mesmo a cargo dos showrunners:

Não tenho nenhum controle criativo. Isso é a coisa mais difícil de se conseguir em Hollywood. Não importa qual seja o projeto, seja ele um filme ou pro cinema. É muito raro isso ser concedido.

É bem mais fácil Hollywood te dar mais dinheiro do que dar controle criativo. Você pode chegar nas negociações e dizer: “Sim, agradeço por vocês me pagarem 8 milhões de dólares, mas eu queria controle criativo também”. E aí eles dizem: “Que tal 10 milhões? Haha.” Eles preferem dar milhões de dólares do que qualquer controle criativo.

[…]

O que tenho é influência. Tenho influência criativa, mas isso depende em grande parte do relacionamento entre mim e os showrunners e tal. Posso oferecer argumentos, posso argumentar e eles podem escutar, mas se eles decidirem não escutar, posso tentar persuadi-los. Não tenho poder para contratar ou demitir. Não tenho poder para ditar os rumos das coisas, mas o que tenho é: se eles me escutarem, posso ser bem persuasivo e conheço o material muito bem. Então tem isso, e isso sempre muda.

O que isso tudo significa, então? Que George R. R. Martin revelou concretamente, de passagem, uma informação nova para os showrunners de House of the Dragon sobre Aegon I ser um “sonhador” e isso ter motivado a Conquista dos Sete Reinos. Por sua vez, os produtores viram nessa revelação uma oportunidade de estabelecer uma ponte com Game of Thrones (algo que já queriam fazer), e trazer outras consequências para o roteiro, e por conta própria inseriram a ideia na nova série.

Pelas declarações de Condal, que mais de uma vez disse que Martin comentou sobre isso casualmente, o autor não sugeriu ativamente que isso fosse incluído na nova série, nem especificou todos os detalhes dessa profecia como ela foi retratada na TV (com a transmissão de um legado secreto, a gravação do segredo na adaga de aço valiriano e osso de dragão e tudo o mais).

George R. R. Martin disse que as profecias serão abordadas em mais detalhes nos livros futuros, mas é possível afirmar com um certo grau de certeza que haverá diferenças em relação ao que foi retratado em House of the Dragon, não só pelas falas de Condal, mas porque até um elemento aparentemente crucial para a questão na TV não tem nem de perto a mesma importância nos livros: a adaga de aço valiriano e osso de dragão.

O que acharam das explicações de Condal e Sapochnik para a inclusão da profecia na série? Deixem suas opiniões nos comentários!

Voltaremos com novas informações conforme novidades surgirem. A equipe do site comenta House of the Dragon semanalmente no podcast Canções de Gelo e Fogo.

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Por Dentro do Episódio 1.01: ‘The Heirs of the Dragon’ https://www.geloefogo.com/2022/08/por-dentro-do-episodio-1-01-the-heirs-of-the-dragon.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=por-dentro-do-episodio-1-01-the-heirs-of-the-dragon https://www.geloefogo.com/2022/08/por-dentro-do-episodio-1-01-the-heirs-of-the-dragon.html#comments Mon, 22 Aug 2022 04:05:51 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=109360 No segmento Por Dentro do Episódio sobre ‘The Heirs of the Dragon’, Paddy Considine, Milly Alcock, Matt Smith, Ryan Condal […]

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No segmento Por Dentro do Episódio sobre ‘The Heirs of the Dragon’, Paddy Considine, Milly Alcock, Matt Smith, Ryan Condal e Miguel Sapochnik mergulham no processo criativo das cenas do primeiro episódio de ‘House of the Dragon‘.

Condal destaca a importância de escrever uma cena de abertura importante, e o quanto o Grande Conselho de 101 é fundamental para a história que se desenrolará em ‘House of the Dragon’. Sapochnik adiciona que ter Rhaenyra narrando os eventos do passado durante a cena de abertura foi um componente necessário que ajudaria a trazer as pessoas de volta para Westeros.

Em seguida, os showrunners mergulham nos paralelos entre a cena do torneio em honra do nascimento de Baelon, e o parto de Aemma, ambos exponencialmente violentos. É dito ainda que Viserys coroa a filha Rhaenyra, em parte com culpa por ter matado a esposa, e em parte por amor a filha.

Por último, Sapochnik e Condal falam sobre a profecia que Viserys revela para a filha, como um segredo Targaryen que é passado desde a fuga Targaryen de Valíria. Para o diretor, a ideia é a de que Rhaenyra irá desejar o trono não por ambição, mas por ter herdado a responsabilidade de unir os reinos contra a ameaça que virá 170 anos mais tarde.


Ouça a trilha sonora do episódio ‘The Heirs of the Dragon’.

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Por dentro de ‘House of the Dragon’ Parte 1: A batalha para substituir ‘Game of Thrones’ https://www.geloefogo.com/2022/07/por-dentro-de-house-of-the-dragon-parte-1-a-batalha-para-substituir-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=por-dentro-de-house-of-the-dragon-parte-1-a-batalha-para-substituir-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2022/07/por-dentro-de-house-of-the-dragon-parte-1-a-batalha-para-substituir-game-of-thrones.html#respond Tue, 19 Jul 2022 15:08:45 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=109014 A revista The Hollywood Reporter acaba de divulgar a primeira parte de seu especial sobre os bastidores de ‘House of […]

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A revista The Hollywood Reporter acaba de divulgar a primeira parte de seu especial sobre os bastidores de ‘House of the Dragon’. A matéria, assinada por James Hibberd, conta a história da criação da franquia que seguirá os passos de ‘Game of Thrones‘.

Rhaenyra e Alicent se enfrentarão em ‘House of the Dragon’. |Por OLLIE UPTON/HBO.

A seguir, resumimos os principais pontos abordados nesta primeira parte do artigo. São eles:

  • Miguel Sapochnik sugeriu que a série mudasse os nomes de alguns personagens por conta de repetições e grafias difíceis. Ryan Condal foi contra, o que revela, segundo Hibberd, a abordagem fiel de Condal em relação aos livros de George R. R. Martin.
  • Foi George R. R. Martin quem primeiro sugeriu a adaptação de Fogo & Sangue para a TV. Na fase inicial de pitchings, ainda em 2016, Martin lançou duas ideias ao executivos da HBO: A primeira foi uma série baseada em seus contos de Dunk e Egg. A segunda ideia era a Dança dos Dragões, que narrava a célebre guerra civil entre os ancestrais de Daenerys Targaryen, evento que maculou os Sete Reinos 180 anos antes dos eventos de Game of Thrones. Esta segunda ideia foi, desde o começo, a mais forte, entre todos os outros projetos pesquisados e explorados.
  • Outros 15 outros projetos baseados no trabalho de Martin foram considerados, entre eles, um conceito de série sobre os lendários Sete Deuses de Westeros, como se fossem pessoas reais. A premissa seguiria o Pai, o Ferreiro, o Guerreiro, a Donzela, a Velha, o Estranho, em sua jornada. A ideia, no entanto, não deu certo.
Rhaenyra Targaryen (Emma D’Arcy). |Por OLLIE UPTON/HBO.
  • Cinco outros conceitos foram finalmente selecionados e colocados em desenvolvimento. Todos foram prequelas ambientadas antes dos eventos de Game of Thrones. Essa abordagem sem precedentes se tornaria conhecida, segundo Hibberd, como The War of the Five Pitches. Um dos roteiros tratava a destruição da Antiga Valíria, criado por Max Borenstein (Kong: A Ilha da Caveira); Outro narrava a história da rainha Nymeria, escrito pelo vencedor do Oscar Brian Helgeland (L.A. Confidential); e outro roteiro falava sobre a conquista de Westeros por Aegon, escrito por Rand Ravich e Far Shariat. Esse último retratava Aegon como um idiota bêbado.
  • Para o projeto da Dança dos Dragões, a HBO convidou a roteirista Carly Wray, que tinha experiência no roteiro de dramas de fantasia sombria como Westworld e Watchmen. Mas Wray e Martin não conseguiam concordar quando a história deveria começar de acordo com a linha do tempo. Em seguida veio Bryan Cogman, co-produtor executivo e roteirista de Thrones. As fontes de Hibberd revelam que o trabalho de Cogman agradou, mas que a HBO acabou não seguindo com ele.
Corlys Velaryon (Steve Toussaint). |Por OLLIE UPTON/HBO.
  • No início, havia ainda uma vontade de subverter ‘Game of Thrones’, fazer algo tão potente quanto diferente. A Dança dos Dragões parecia algo óbvio e direto. Não havia verdadeiramente muito entusiasmo por parte dos executivos do canal. Condal acredita que foi por isso que eles escolheram dar sinal verde para a série sobre A Longa Noite.
  • Francesca Orsi, vice-presidente do departamento de drama da HBO, conta que Bloodmoon/The Long Night realmente se destacou como diferente, com uma construção de mundo única: Era muito adulta, sofisticada e inteligente, e havia uma conversa temática sobre a privação de direitos diante do colonialismo e do extremismo religioso. No entanto, não havia nada substancial criado por Martin sobre este período de história, o que tornou o trabalho da showrunner Jane Goldman muito difícil.
  • Segundo George R. R. Martin, o piloto sobre a Longa Noite girava em torno de um casamento de uma casa do Sul com uma casa do Norte, e a relação disso com a história dos Caminhantes Brancos.
  • Com um elenco estrelado, e opulentes cenários construídos, o piloto da série custou de US$ 30 milhões a US$ 35 milhões. Segundo Hibberd, o resultado das filmagens foi trancado em uma masmorra tão profunda que nem mesmo Martin teve permissão de vê-lo.
Miguel Sapochnik e Ryan Condal. |Por DAN KENNEDY.
  • Robert Greenblatt, que era presidente da WarnerMedia na época, garante que não havia nada demasiadamente errado com a produção de ‘The Long Night‘: “Não era impossível de assistir ou horrível nem nada. Foi muito bem produzido e parecia extraordinário. Mas não me levou ao mesmo lugar que a série original. Não tinha essa profundidade e riqueza que o piloto da série original tinha.”
Alicent Hightower (Olivia Cooke). |Por OLLIE UPTON/HBO.
Daemon Targaryen (Matt Smith) no trono de ferro. |Por OLLIE UPTON/HBO.
Rei Viserys. |Por OLLIE UPTON/HBO.
Rhaenyra.|Por OLLIE UPTON/HBO.

Nesta quarta-feira, o The Hollywood Reporter promete divulgar a segunda parte do artigo especial sobre ‘House of the Dragon’. Fique de olho no Gelo & Fogo para mais atualizações.

Clique aqui para ler a segunda parte do artigo.

Clique aqui para ver mais imagens oficias da série.


 ‘House of the Dragon’ estreia mundialmente em 21 de agosto, na HBO e HBO MAX.

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HBO divulga vídeo com bastidores de ‘House of the Dragon’ https://www.geloefogo.com/2022/07/hbo-divulga-video-com-bastidores-de-house-of-the-dragon.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=hbo-divulga-video-com-bastidores-de-house-of-the-dragon https://www.geloefogo.com/2022/07/hbo-divulga-video-com-bastidores-de-house-of-the-dragon.html#comments Mon, 18 Jul 2022 21:39:09 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=108971 A HBO acaba de divulgar o primeiro vídeo dos bastidores de House of the Dragon. Na entrevista, Miguel Sapochnik e […]

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A HBO acaba de divulgar o primeiro vídeo dos bastidores de House of the Dragon. Na entrevista, Miguel Sapochnik e Ryan Condal falam sobre a admiração pelo mundo criado por George R. R. Martin, e o desafio de manter o que funcionou e consertar o que não funcionou na série original.

Também temos a oportunidade de vislumbrar o elenco interagindo, as primeiras imagens de Tom Glynn-Carney como Aegon II, e detalhes de cenários e figurinos.

As imagens acima foram garimpadas do Twitter: @valyrianglass.


House of the Dragon estreia em 21 de agosto, na HBO e HBO MAX, mundialmente.

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Revelações de George R. R. Martin em livro sobre a produção de Game of Thrones https://www.geloefogo.com/2020/10/revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones https://www.geloefogo.com/2020/10/revelacoes-de-george-r-r-martin-em-livro-sobre-a-producao-de-game-of-thrones.html#comments Tue, 06 Oct 2020 19:44:47 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=108151 Foi lançado hoje o livro Fire Cannot Kill a Dragon (“Fogo Não Pode Matar um Dragão”), de James Hibberd, jornalista da Entertainment […]

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Capa do livro “Fire Cannot Kill a Dragon” e George R. R. Martin (foto: Gage Skidmore).

Foi lançado hoje o livro Fire Cannot Kill a Dragon (“Fogo Não Pode Matar um Dragão”), de James Hibberd, jornalista da Entertainment Weekly que se notabilizou ao longo dos anos por seu trabalho bastante próximo da produção de Game of Thrones. O livro traz um histórico completo da série baseado em diversas entrevistas que Hibberd fez com os showrunners, diretores, roteiristas, executivos da HBO, atores, e também George R. R. Martin.

O foco da obra é Game of Thrones enquanto produção televisiva, mas por se tratar (ao menos originalmente) de um projeto de adaptação, referências aos livros e declarações de George que fazem referência a As Crônicas de Gelo e Fogo são inevitáveis. Já tive contato com o livro de Hibberd e pesquisei as falas de Martin que podem ser de interesse para os livros. A seguir, vou elencar algumas das que julguei mais pertinentes, e já alerto: há spoilers de The Winds of Winter, e possivelmente além!

Fire Cannot Kill a Dragon
Capa da edição americana de “Fire Cannot Kill a Dragon” (Penguin).

Quem vai sentar no Trono de Ferro

Game of Thrones terminou com Bran Stark no Trono de Ferro, uma reviravolta um tanto surpreendente tanto para espectadores quanto para leitores. Depois do fim da série, entrevistas do ator de Bran, Isaac Hempstead-Wright, e dos showrunners David Benioff e D. B. Weiss, indicavam que esse destino teria vindo diretamente de George R. R. Martin, mas as declarações até então permitiam interpretações duvidosas nesse sentido.

Fire Cannot Kill a Dragon traz uma declaração de Martin em que ele expressamente diz que “[contou] a eles quem estaria no Trono de Ferro” na já famosa reunião de 2013, em que se reuniu com os roteiristas para passar a ele seus planos para o futuro da série, já que a ultrapassagem dos livros era iminente.

Hodor e “hold the door”

Na mesma fala citada, George menciona que também contou aos produtores a reviravolta de Hodor e “hold the door“, momento também marcante na adaptação televisiva, mas que ainda não ocorreu nos livros de As Crônicas de Gelo e Fogo. Mais adiante no livro, esse ponto em específico do enredo é novamente abordado, e com maiores detalhes.

Hibberd diz que Martin idealizou a backstory de Hodor quando ainda estava escrevendo o primeiro livro, mas que a cena de “hold the door” vai acontecer de forma diferente num futuro livro (não especificado). O autor chegou a entrar em detalhes sobre seus planos:

Entrar na mente de alguém é uma obscenidade. Então o Bran pode ser responsável por Hodor ser um simplório, por entrar de maneira tão forte na mente dele que isso reverberou pelo tempo afora. A explicação dos poderes de Bran, toda a questão do tempo e da causalidade — podemos alterar o passado? O tempo é um rio em que se pode navegar só numa direção ou um oceano que pode ser afetado em qualquer lugar que se mergulhe? São esses assuntos que quero explorar no livro, mas é mais difícil de explicar na série.

[…]

Acho que eles executaram a cena muito bem, mas vai haver diferenças no livro. Eles a fizeram de uma forma muito física — “hold the door” (“segure a porta”) com a força de Hodor. No livro, Hodor roubou uma das espadas velhas da cripta. Bran vem wargando o Hodor e praticando no corpo dele, porque o Bran foi treinado em armas. Então dizer ao Hodor pra “segurar a porta” é mais algo como “defenda esta passagem” — defenda quando os inimigos chegarem — e Hodor vai estar lutando e os matando. Um pouco diferente, mas a mesma ideia.

Stannis ordena a queima de Shireen

Outra questão revelada “pelas metades” até agora era o sacrifício de Shireen por Stannis Baratheon. Logo depois de a cena ir ao ar, ainda no featurette “Inside the Episode”, Benioff revelou que a morte da menina vinha de George R. R. Martin — sem, porém, entrar em maiores detalhes. A discussão nos anos seguintes girava em torno de quem seria o responsável por ordenar o sacrifício: se o próprio Stannis, Melisandre, ou ainda outra pessoa.

Muitos leitores que superaram a visão superficial de um Stannis obcecado pelo poder e manipulado por Melisandre adquiriram, pelo contrário, uma visão um tanto exagerada e idealizada do personagem, e se recusavam a admitir que ele mesmo poderia se convencer a dar a ordem do sacrifício da própria filha. Tratei brevemente do assunto ainda na época que a polêmica surgiu neste artigo.

Na mesma fala dos dois itens anteriores, George menciona “a decisão de Stannis de queimar a filha”, e em outra passagem do livro, Hibberd diz expressamente:

Stannis matar a filha foi uma das cenas mais agonizantes em Game of Thrones e um dos momentos que Martin havia contado aos produtores que estava planejando para Os Ventos do Inverno (embora a versão do livro da cena vá acontecer de uma maneira um pouco diferente).

Se pudermos confiar em Hibberd (e não temos motivos para duvidar dele), ficou claro, portanto, não apenas que Stannis ordenará o sacrifício de Shireen pessoalmente, como também que a cena acontecerá ainda em Os Ventos do Inverno (o que tampouco se sabia até o momento).

O papel da Senhora Coração de Pedra

A decisão dos showrunners foi de cortar de Game of Thrones a Senhora Coração de Pedra, a versão morta-viva de Catelyn Stark, ressuscitada por Beric Dondarrion em As Crônicas de Gelo e Fogo. Benioff diz no livro que sequer houve muito debate sobre incluí-la, e Weiss declara:

A cena em que ela aparece pela primeira vez é um dos melhores momentos “caralho!” dos livros, acho que é esse momento que gerou a reação do público, mas depois…

A fala denota uma certa insatisfação com o progresso da história da Stoneheart. Benioff ainda acrescenta que não podem entrar em detalhes, mas que um dos motivos pelos quais eles não quiseram inseri-la tem a ver com eventos dos livros de George sobre os quais “eles não querem dar spoiler”, o que indica que eles não gostaram muito dos planos do autor para a trama que envolve a personagem (provavelmente porque conflitava com o que eles mesmos achavam melhor para a série de TV).

Ainda, consideravam que sabiam que a ressurreição de Jon Snow estava por vir, e ele julga que ressurreições demais diminuiram o impacto das mortes dos personagens. Em terceiro lugar, eles achavam que uma versão “zumbi que não fala” de Catelyn não faria justiça a uma atriz do calibre de Michelle Fairley.

Por outro lado, George R. R. Martin declara no livro sobre a personagem:

A Senhora Coração de Pedra tem um papel nos livros. Se é suficiente ou interessante o bastante… eu acho que é, ou não a teria incluído. Uma das coisas que eu quis mostrar com ela é que a morte que ela sofreu muda uma pessoa.

Destinos de personagens secundários

Ainda na mesma passagem, Martin comenta que “de forma alguma passamos por todo mundo”, indicando que os personagens secundários (ou terciários) podem ter destinos bastante diferentes em seus livros.

Os casamentos de Ramsay: Jeyne e Sansa

Uma das mudanças mais polêmicas de Game of Thrones (aquela que fez muita gente se desiludir de vez com os rumos que a série estava tomando, inclusive eu) foi alterar o arco de Sansa no Vale de Arryn e colocá-la como a vítima do casamento arranjado com Ramsay Bolton. Em As Crônicas de Gelo e Fogo, esse papel cabe a Jeyne Poole, amiga de Sansa que é forçada a se passar por Arya Stark (o que daria crédito e legitimidade ao casamento para os Bolton).

Benioff disse a respeito:

Sansa é uma personagem de que gostamos mais do que qualquer outra. Queríamos muito que a Sansa tivesse um papel importante naquela temporada. Se fôssemos ficar absolutamente fiéis ao livro, seria muito difícil de fazer isso. Havia uma subtrama que nós adorávamos nos livros, mas era com uma personagem que não estava na série [Jeyne Poole].

Bryan Cogman acrescentou:

Se você tem uma trama envolvendo Ramsay, você vai usar uma das suas meninas principais (que é uma atriz incrivelmente talentosa que todos acompanhamos por cinco anos e que os espectadores amam e adoram), ou vai trazer uma personagem nova pra isso? Você vai usar a personagem em que a audiência já está investida.

[…]

Nosso Mindinho é um pouco mais descarado que o jogador por trás dos panos dos livros — sem dizer que um é melhor que o outro. E Ramsay não é conhecido em todo lugar como um psicopata. O Mindinho não tem essa inteligência. Ele sabe só que os Boltons são assustadores e aterrorizantes e não são totalmente dignos de confiança.

George R. R. Martin, porém, esclareceu em parte suas intenções nos livros:

Meu Mindinho nunca entregaria a Sansa para o Ramsay. Ele é obcecado por ela. Na metade do tempo ele acha que ela é a filha que ele nunca teve — que ele queria ter, se tivesse se casado com Catelyn. Na outra metade, ele acha que ela é a Catelyn, e a quer pra si. Ele não vai dá-la pra alguém que faria mal a ela. Isso vai ser bem diferente nos livros.

Deixo para que cada um dos leitores tire suas conclusões a esse respeito.


Ainda não temos notícias sobre um possível lançamento do livro no Brasil. Ele está disponível em versão Kindle na Amazon em inglês (já lançado) e em espanhol (com lançamento previsto para novembro).

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D. B. Weiss e David Benioff
Weiss e Benioff participaram de evento no Austin Film Festival, nos Estados Unidos. Foto: @ForArya.

David Benioff e D. B. Weiss participaram de uma sessão no Festival de Cinema de Austin no último sábado (26), na qual responderam a perguntas sobre suas experiências como showrunners de Game of Thrones e comentaram sobre seu processo de produção de uma forma geral.

Em entrevistas nos últimos anos, os produtores da adaptação de As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, não entravam em muitos detalhes sobre suas decisões e eram evasivos na maioria das respostas, limitando-se a elogios aos atores e comentários superficiais sobre o enredo (chegavam a excluir certas perguntas, como sobre o arco de Sansa em Winterfell).

O que se viu e ouviu em Austin foi algo um pouco diferente. A dupla foi homenageada pelo festival com o prêmio de “Melhores Roteiristas para a TV” em 2019, e esteve bastante à vontade para revelar como se deu o início da produção da série e informações sobre o processo de adaptação dos livros para a TV.

Alguns comentários reiteravam informações já reveladas por eles em aparições e entrevistas anteriores, enquanto outros eram novidades (embora alguns confirmassem suspeitas antigas de segmentos mais críticos do fandom). A seguir, as falas da dupla em português, acompanhadas, ao final, de alguns comentários meus a respeito.

As fontes

Ainda no sábado, a aparição foi reportada pelo perfil @ForArya no Twitter, que compilou falas de Weiss e Benioff em uma sequência. Como se tratava apenas de uma fonte, houve certa desconfiança na web quanto à veracidade dos relatos e a possibilidade de haver edição das falas.

No dia seguinte, vários portais publicaram matérias sobre a aparição, mas praticamente todos usavam a thread no Twitter como fonte única. Houve, porém, dois relatos independentes, que confirmavam partes das falas: um post do SyFy Wire, que se atinha à escalação de Jason Momoa como Drogo, e uma matéria do jornal local Austin 360, que relatava algumas das curiosidades reveladas pela dupla.

No dia 28, o portal de fact-checking Truth or Fiction, um dos mais antigos da web, confirmou no Twitter e no site que as declarações eram verdadeiras. O site postou um áudio completo do evento, que pode ser acessado aqui. O relato a seguir é composto de paráfrases dos áudios.

O que disseram?

O início da conversa girou em torno da enorme quantidade de personagens e a dificuldade que isso trazia para a série. Os produtores disseram que começaram criando planos gerais das temporadas, inserindo cenas em fichas catalográficas de cores diferentes para cada subtrama. Benioff disse que tinham um máximo de 12 fichas, e que estavam preocupados se a audiência conseguiria acompanhar a história.

No argumento original da história (o pitch), a primeira temporada seria fiel e depois a fidelidade iria decrescer cada vez mais pelo tamanho da história, então sempre faziam alterações para reduzi-la.

Revelaram também que passavam um bom tempo online, nos fóruns e grupo de discussão de fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo, enquanto se preparavam para o início da produção. Brincaram que tinham dificuldades com a geografia e que os mapas online ajudavam bastante, e também disseram que viam discussões de “fan casting”, e que nelas descobriram o ator Jason Momoa (que acabaria interpretando Drogo em Game of Thrones).

Passaram, depois, a discorrer sobre como foi o início da produção. No famoso encontro com George R. R. Martin, disseram que o autor lhes pediu referências de trabalhos anteriores, mas que eles não tinham nenhuma na TV, e que não sabiam porque ele lhes confiou a obra de sua vida (algo que já havia sido dito várias vezes em outras entrevistas e eventos).

Contaram também que estavam muito nervosos na apresentação do pitch para a HBO, pois quem os ouviu foi a executiva Carolyn Strauss, famosa por ser bastante fria e rigorosa, e também porque eles estavam muitíssimo interessados em conseguir o trabalho.

A seguir, comentaram sobre o desastroso piloto não-aprovado da série, dizendo que ele basicamente era composto de erros básicos de escrita. Os produtores disseram que não entendem como a HBO deu sinal verde para a série mesmo com tantos erros em roteiro, elenco e figurino. A maior hipótese, segundo eles, é que a emissora já tinha muitos pré-contratos de venda da série para outros países, e que não queria perdê-los.

Weiss, então, passou a discorrer sobre como Game of Thrones acabou sendo uma grande escola de cinema para eles, pois não tinham sequer ideia de como conversar com as pessoas de diferentes funções que compunham a equipe de produção:

Saber como falar com pessoas que fazem coisas que você não entende muito bem não é algo que se nasce sabendo. É algo que se aprende fazendo. […] Tivemos muita sorte de meio que ter tido a escola de cinema mais cara do mundo.

Os showrunners disseram que os episódios inicialmente estavam curtos demais, e a HBO os forçou a escrever e filmar mais 100 minutos para cumprir com as obrigações contratuais. Eles, então, acrescentaram algumas cenas, como a interação entre Cersei e Robert na primeira temporada. Mais tarde, na entrevista, disse que a experiência com essas “cagadas” na primeira temporada deu a eles confiança para se desviarem dos livros nas seguintes.

Weiss reiterou o que já haviam dito algumas vezes: se chegassem ao Casamento Vermelho, iriam até o final de uma forma ou outra. O plano original deles sempre havia sido de 7 temporadas (o que também já havia sido dito em diversas oportunidades).

A moderadora, então, perguntou como foi o processo para eles conhecerem melhor os personagens, e Weiss responde que a interação com os atores foi fundamental para que desenvolvessem a escrita deles. Weiss acabou por explicar o processo com uma metáfora, dizendo que, no final das contas, a situação era como se os atores tivessem mudado para dentro da “casa” (que seriam os personagens) e a redecorado. Não apenas os atores seguiam as instruções dos roteiristas, mas eles também absorviam coisas dos atores.

Emila Clarke, D. B. Weiss, David Benioff
Emilia Clarke, Weiss e Benioff durante as gravações de Game of Thrones. Foto: EW.

Quando questionados sobre o fato de eles mesmos escreverem a maioria dos episódios, Benioff respondeu que a HBO queria que eles contratassem mais roteiristas de TV já conhecidos, mas eles preferiram Bryan Cogman, que já trabalhava como assistente. Segundo o showrunner, ele ajudara a dupla a “mapear” a história e havia lido os livros três vezes, e conseguia lembrar tudo que havia neles, e assim o escolheram.

Discorreram, então, sobre como produzir fantasia para a TV pode facilmente resultar em uma obra boba e excêntrica, e brincam que a coisa toda estava muito próxima de Monty Python nos primeiros rascunhos. Julgaram, então, que devia haver um equilíbrio, e que não queriam apelar somente para os fãs de fantasia.

O que consideraram equilíbrio foi manter a “fantasia conhecida” a um nível mínimo, porque queriam que “pais e atletas profissionais” também assistissem à série — queriam apelar para uma audiência maior de uma forma geral. Isso, segundo eles, foi em parte uma das razões pela qual eles mesmos escreveram a maioria dos episódios.

Em um questionamento sobre a brutalidade da série, consideraram que foi um pouco exagerada em alguns momentos. Refletiram que estavam tão fixados nos pequenos detalhes que perdiam de vista o plano maior, de que as pessoas não queriam realmente ver unhas sendo arrancadas ou atos violentos similares.

Cameo de D&D em “The Last of the Starks”. Foto: HBO.

Weiss e Benioff passaram, então, a discorrer longamente sobre a produção de cenas de batalha, dizendo que um dos motivos para elas serem bem-sucedidas é que foram produzidas sempre pela mesma equipe, desdes as primeiras temporadas até as últimas, mais grandiosas. Nas primeiras três ou quatro temporadas a dupla sempre estava no set para as filmagens noturnas, mas depois eles perceberam que as coisas aconteciam mesmo se eles não estivessem ali. Durante a filmagem do episódio “Battle of the Bastards”, na Irlanda do Norte, estavam filmando na Croácia e na Espanha, por exemplo. Disseram também que conversavam muito com Miguel Sapochnik.

A moderadora retornou à questão da abordagem da fantasia, e eles disseram que quando apresentaram o argumento da série para a HBO, tiveram que expor para a emissora de que não se tratava um “monte de gente contra um monte de criaturas do mal com uma cerca enorme no meio”, mas que sabiam que no final a coisa se tornaria exatamente o que disseram ao canal que não era.

Benioff, então, comentou que uma das vezes em que ficou mais assustado no set foi durante a filmagem de uma cena envolvendo fantasia, mais especificamente quando um filho bebê de Craster é tocado pelo Night King. Weiss confirmou que era neve real na cena, e que o bebê começou a chorar quando o ator o encostou com a unha.

Ele disse também que, enquanto diretor da cena, estava fixado na ideia de lembrar a audiência de que os filhos homens de Craster eram entregues ao Night King, enquanto as filhas ficavam com ele, então ficava repetindo durante a gravação que “precisavam ver o pênis do bebê”. A mãe ouviu isso e ficou horrorizada, e não autorizou refilmagens, porque ficou desconfortável com esse comentário na frente de dezenas de pessoas.

A cena do bebê com o Night King, em “Oathkeeper” (HBO).

Benioff comentou que para convencer a HBO de que se tratava de um drama, embora tivesse elementos fantásticos como criaturas de gelo e dragões, tiveram de passar a ideia de que seria uma história mais “real” que O Senhor dos Anéis, uma obra de sucesso que era uma referência no gênero mas à qual poderiam ter resistência.

Questionados se ouviam as opiniões e repercussões da base de fãs, Weiss respondeu que chegaram à conclusão de que não podiam escrever ouvindo dez milhões de pessoas (e as melhores coisas eram feitas em grupos menores). Benioff admitiu que procurava sobre as reações no Google e que elas o incomodavam.

A moderadora, então, perguntou sobre como era o processo de transposição das ideias dos livros para a TV e das escolhas. Ela questiona se eles sentaram e tentaram resumir o que eram os elementos e conceitos mais importantes antes de começarem a série, para usarem como uma base, ou se o faziam temporada a temporada. Benioff responde que não exatamente, que como a história era muito complexa não tentaram resumir a temas específicos, como poder e dinâmicas familiares, que, embora presentes, poderiam resultar em obras boas e ruins igualmente.

Perguntados como faziam, afinal, responderam que faziam esboços gerais das temporadas com os pontos mais importantes (algo que Benioff não fazia anteriormente), de aproximadamente 100 páginas.

Quando questionados sobre como faziam as revelações e reviravoltas, disseram que tomavam as decisões com base na série como um todo, como por exemplo matar Joffrey no segundo episódio da temporada porque era um episódio “em que nada acontecia”. Benioff, então, comentou sobre a trama envolvendo Sansa, Arya e Mindinho na 7ª temporada, dizendo que foi planejado para que o espectador não soubesse o que aconteceria.

A moderadora também questionou sobre diversidade na sala de roteiro, principalmente em relação a autores não-brancos, e Weiss respondeu que o roteirista Dave Hill é de descendência asiática, e mencionou também Vanessa Taylor. Dizem que não sabiam como produzir TV, e resolveram que o melhor para a série seria que eles mesmos escrevessem a maioria dos roteiros, pois assim poderiam supervisioná-los.

Comentários sobre os comentários

As reações de grande parte dos fãs à primeira sequência de tweets não foram nada boas, não apenas pelo conteúdo das falas da dupla, mas também pelas paráfrases feitas pelo perfil.

A maioria das críticas foram ao fato de que as declarações deles denotavam uma certa falta de senso de privilégio, ao serem selecionados para comandar um projeto gigantesco e multimilionário como Game of Thrones sem qualquer experiência, sendo, é claro, homens brancos (quando um “benefício” desses dificilmente seria estendido a uma pessoa membro de uma ou mais minorias).

Outra questão que também foi alvo de críticas era o aparente tom de pouca importância que a dupla dava a alguns pontos da produção e adaptação, como conhecer realmente os personagens e o apreço pela história como um todo.

Durante a entrevista, Benioff e Weiss não estavam contando vantagem ou sendo arrogantes em suas declarações, e embora houvesse realmente parcialidade nos tweets, as falas cruas (que podem ser ouvidas no áudio) não diferem tanto nas raízes.

George R. R. Martin no piloto de Game of Thrones
George R. R. Martin como um pentoshi no piloto rejeitado de Game of Thrones. Fonte: Westeros.org.

A história de como conseguiram convencer a HBO e George R. R. Martin a produzirem da série — que também causou certo furor na web — não é, na verdade, nenhuma novidade. Em inúmeras oportunidades a dupla já havia falado sobre o almoço com Martin (que acabou virando um jantar), e sobre como não tinham experiência prévia em TV antes de iniciarem a produção. O fracasso do piloto tampouco era um segredo (Ana Carol Alves discorreu extensamente sobre esse piloto aqui no site, em 2015).

É uma boa oportunidade, no entanto, para esclarecer uma confusão que perdurou por anos, e foi ativamente alimentada durante as primeiras temporadas da série. Uma das lendas sobre a gênese de Game of Thrones é que Benioff e Weiss seriam, por conta própria, grandes fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo que teriam tido a ideia de adaptá-los para a TV, e por isso teriam ido por iniciativa própria a Martin e à HBO com esse intuito.

Essa história foi usada durante anos como argumento dos defensores da dupla contra os críticos, tanto para argumentar que eles conheciam a obra original como ninguém, quanto para dizer que eles eram tão apaixonados pelas Crônicas quanto qualquer fã, então mereciam o benefício da dúvida em suas decisões narrativas. A verdade, porém, é que as coisas não foram bem assim.

Benioff recebeu os livros como um “job” de Vince Gerardis, agente de Martin para adaptações de suas obras para o cinema ou TV. Gerardis enviou os quatro primeiros volumes com filmes em mente, mas Benioff começou a lê-los, gostou muito do primeiro, e chamou Weiss para o possível projeto. Eles acabaram concluindo que a melhor forma seria transformá-los em uma série de TV, e só a HBO aceitaria manter o tom da obra — no que não estavam incorretos, a meu ver.

Curiosamente, durante a produção de Game of Thrones, Weiss e Benioff não gostavam muito que os atores lessem As Crônicas de Gelo e Fogo, e segundo Iain Glen (Jorah Mormont), “eles não queriam particularmente que os atores chegassem aos roteiros com os livros em mente, sempre sugerindo como era no livro e como era diferente — eu podia ver como eles ficavam pasmados com isso“. Stephen Dillane (Stannis Baratheon), por exemplo, declarou que nunca entendeu o próprio personagem, e Nikolaj Coster-Waldau (Jaime Lannister) revelou que nas últimas temporadas os atores só recebiam os scripts para elas, e não sabiam qual seria o destino de seus personagens. Parece-me um tanto estranho, assim, a ideia de que os atores contribuíssem tanto para a composição dos personagens para a série, como os produtores insinuaram nesse painel.

É claro, não é nada absurdo que haja alterações dos atores nas versões finais de personagens pré-existentes, mas sou da opinião que isso foi um bocado longe demais em Game of Thrones, principalmente se eles não tinham substrato suficiente para compreendê-los. Não apenas nesta entrevista, mas em inúmeras outras, a dupla revela um apreço enorme pelos atores, parecendo deixar os personagens em segundo plano com o passar dos anos.

Entendo isso, na verdade, como um sintoma de um conflito maior entre os interesses de Benioff e Weiss e os de parte dos fãs. Ao longo dos anos, ficou claro que o interesse dos produtores não era exatamente contar a história de As Crônicas de Gelo e Fogo da melhor forma possível, era produzir o melhor “show” possível — ainda que isso ocorresse à custa da inteligência da própria história.

É claro que não havia qualquer obrigação de que houvesse uma concordância entre as visões de D&D e dos fãs quanto aos rumos série, mas a ideia de que eles eram “parte do fandom” que de repente viu-se com a oportunidade de levar a obra para a TV foi largamente divulgada durante as primeiras temporadas.

Weiss diz na aparição que sequer procura saber sobre o feedback online, e não acho que ele esteja errado quanto a isso. Um autor (de obras em qualquer meio) não necessariamente tem de procurar aceitação de todas as suas decisões, mas ser fiel a sua própria visão. Por outro lado, essa afirmação torna-se um tanto questionável quando a série inclui, em seus roteiros, piadas já eram verdadeiros memes do fandom quando exibidas.

Quando Davos comenta com Gendry “pensei que você ainda estaria remando” o público se sentiu contemplado, mas foi uma inserção que não faz qualquer sentido dentro da própria história (por que Davos imaginaria isso sobre Gendry?). Outra situação similar é a peça de teatro a que Arya assiste em Braavos, que era um recado para a audiência crítica do enredo de Sansa em Winterfell e da violência do show (inclusive com uma cena excluída em que a menina Stark grita para uma crítica da audiência “Por que não vai embora, então?”). A suposta muralha contra os comentários dos fãs não era assim tão impenetrável, pelo visto.

Davos diz a Gendry: “Pensei que ainda estaria remando”, no episódio “Eastwatch”, uma piada que faz sentido para os espectadores, mas não para os personagens. (HBO)

Tanto não era assim, que Weiss admite que tomaram decisões (como a da redução dos aspectos mágicos do enredo) visando a atingirem uma audiência mais ampla. Naturalmente, alterações no material fonte em função do público são da natureza das adaptações televisivas ou cinematográficas enquanto negócio. O que fica claro, porém, e que me parece passível de críticas, é que essa preocupação era uma das forças principais na escrita, chegando a comprometer seriamente a lógica e a coerência internas de Game of Thrones.

Isso se refletia, também, em outra preocupação dos produtores que ficou clara neste evento: eles acreditavam que a audiência seria incapaz de entender muitas coisas. Talvez em decorrência do malfadado piloto, em que não deixaram claro que Jaime e Cersei eram irmãos, a série sofreu durante anos com uma frequente tendência a subestimar a inteligência de seu público (incluindo no arco de Arya e Sansa em Winterfell, que Benioff comenta com orgulho durante a sessão).

Por fim, não tenho dúvidas de que a dupla realmente leu os livros de Martin e gostou bastante deles, mas esse apreço não necessariamente corresponde ao mesmo de muitos dos leitores, nem pelas mesmas coisas. A fixação de Weiss e Benioff com o Casamento Vermelho, reiterada nesse painel e em inúmeros outros, demonstra bem por que ficaram fascinados: os livros continham vários momentos que poderiam ser grandiosos nas telas em uma adaptação (que era o motivo pelo qual eles haviam sido contactados inicialmente). Isso independia de uma paixão pela história como um todo, e explica diversas decisões, adaptativas ou originais, que foram tomadas ao longo da produção.

O futuro da dupla

D.B. Weiss e David Benioff.

Também foi noticiado ontem que D&D não produzirão mais a trilogia de Star Wars para a qual haviam sido contratados em 2018. Como assinaram também um contrato avaliado em US$ 200 milhões com o Netflix, a dupla alegou que não teria tempo para equilibrar os dois trabalhos, e optou por se afastar do universo criado por George Lucas.

Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, disse que ainda gostaria de trabalhar com eles no futuro. Quaisquer arranhões na imagem de Weiss e Benioff eventualmente causados por Game of Thrones aos olhos da crítica e do fandom, portanto, não parecem ter prejudicado o status deles dentro da indústria.

 

 

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Conheça os autores de Wild Cards: entrevista exclusiva com Stephen Leigh https://www.geloefogo.com/2019/10/conheca-os-autores-de-wild-cards-entrevista-exclusiva-com-stephen-leigh.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=conheca-os-autores-de-wild-cards-entrevista-exclusiva-com-stephen-leigh https://www.geloefogo.com/2019/10/conheca-os-autores-de-wild-cards-entrevista-exclusiva-com-stephen-leigh.html#comments Thu, 10 Oct 2019 16:00:05 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=107071 Hoje é o dia do relançamento do primeiro livro de Wild Cards pela editora Suma no Brasil, e o Gelo & […]

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Stephen Leigh em entrevista
Arte de fundo: Marc Simonetti (adaptada). Foto: Penguin Books USA.

Hoje é o dia do relançamento do primeiro livro de Wild Cards pela editora Suma no Brasil, e o Gelo & Fogo aproveita a ocasião para estrear nossa série de matérias sobre esse universo compartilhado coordenado por George R. R. Martin.

Em “Conheça os autores de Wild Cards“, conversaremos com os escritores participantes sobre seu envolvimento com a série, mas também sobre outros momentos de suas carreiras, incentivando o leitor a buscar mais sobre esses autores que conheceu no universo compartilhado.

Nosso primeiro convidado é Stephen Leigh (também conhecido como S. L. Farrell). Stephen é um dos autores com mais participações em Wild Cards ao longo dos anos, contribuindo com 15 dos livros já publicados, além de uma história avulsa na Tor.com.

A primeira participação de Leigh na série foi no primeiro volume, Wild Cards: O Começo, e a mais recente, no vigésimo quarto, Mississippi Roll. Seu personagem mais marcante é o Titereiro, vilão que assume papel central principalmente na quadrilogia que leva seu nome, entre os livros Ases pelo Mundo e A Mão do Homem Morto.

Leigh também é autor de diversas obras reconhecidas no campo da fantasia e ficção científica, sendo a mais famosa delas o Ciclo Nessântico, publicado no Brasil pela Leya. Seu romance mais recente foi A Rising Moon, parte do Sunpath Cycle. Para além de tudo isso, uma pessoa muito receptiva e apaixonada por literatura, que gentilmente aceitou conversar conosco sobre o seu trabalho. Confira nossa entrevista:

Arthur Maia: Como começou seu envolvimento com Wild Cards? O que o motivou a aceitar fazer parte desse projeto?

Stephen Leigh: A culpa é de George. Minha esposa Denise e eu havíamos ficado amigos dele depois de encontrá-lo em convenções. Nós o visitávamos, ele nos vistava. Até que uma noite (acho que em 1985, mas não tenho certeza), ele ligou. A conversa foi mais ou menos assim:

— Ei, Steve, você é fã de quadrinhos, né?

Bom, eu não sabia se poderia me chamar de um “fã” de quadrinhos, mas respondi:

— Sim, eu acho. Não coleciono mais, mas li a minha vida toda. Ainda leio, de vez em quando.

— E você gosta de RPGs, certo?

Pra essa pergunta, finalmente, eu tinha uma resposta convicta. Eu estava organizando um RPG de fantasia que se desenvolvera a partir de D&D, mas que agora usava regras que eu mesmo havia inventado:

— Com certeza.

Eu não sabia onde George estava indo com isso, mas até então, estava interessado.

— Ótimo. Tenho uma proposta pra você…

E com isso, ele me contou sobre o RPG Superworld que ele, Melinda Snodgrass, Walter Jon Williams, John J. Miller, Vic Milán e Gail Gerstner-Miller estavam jogando na época, como eles estavam gastando toda a energia criativa no jogo e como criaram uma maneira de, com sorte, unir o RPG com suas carreiras de escritores, transformando isso num projeto de universo compartilhado — o que, claro, virou a série Wild Cards. Ele me perguntou se eu tinha interesse em participar, e eu respondi que tinha.

Assim, o grupo original de escritores que George recrutou foi principalmente derivado da turma de Santa Fe e Albuquerque [Novo México, EUA], mas ele também acabou trazendo vários outros autores “de fora”.

GRRM Stephen Leigh
George R. R. Martin e Stephen Leigh na 74ª Worldcon. Foto: Michael Sauers.

A.M.: Então vamos falar sobre a sua participação no primeiro livro da série, no qual somos apresentados a três dos seus personagens mais marcantes: Gimli, Súcubo e o Titereiro. Como você os criou?

S.L.: O Titereiro foi o primeiro. O grupo já havia criado vários personagens, e George me sugeriu que precisávamos de ao menos um que estivesse conectado com a política desse mundo. E assim nasceu o Senador Gregg Hartmann, vulgo Titereiro, que viria a ser o meu personagem principal ao longo dos primeiros vários livros da série, embora outros tenham surgido em uma rápida sucessão: Gimli, Estranheza, o Uivador, Súcubo, Amendoim…

A.M.: Quais são as peculiaridades de se escrever uma série colaborativa como Wild Cards?

S.L.: Uma exigência para se escrever para Wild Cards é que você precisa mostrar toda cena que tenha um personagem de outra pessoa para ela, para que a aprove. Em outras palavras, ninguém pode fazer nada com o personagem de outro autor sem a permissão do criador. Isso evita cenas de “vingança” (“Você fez uma coisa horrível pro meu personagem, então eu vou fazer algo pior para o seu!”). Nós somos ativamente incentivados a usar personagens de outros autores nas nossas histórias.

A.M.: Você tem alguns personagens favoritos que outros autores criaram, e que você pôde escrever em algum momento? E quanto àqueles que você ainda gostaria de escrever?

S.L.: Acho que todos nós apreciamos muito escrever Croyd (o Dorminhoco) nas nossas histórias, já que ele pode ser qualquer coisa que você quiser. Roger [Zelazny] era sempre muito aberto para que outras pessoas o usassem, e agora, infelizmente, Roger não está mais conosco, mas o Dorminhoco continua a aparecer.

Pessoalmente, meus dois usos favoritos de personagens de outras pessoas  foi trabalhar com o Dr. Tachyon, de Melinda [Snodgrass], na época em que Tachyon e Hartmann eram personagens ativos [N.E.: em Jogo Sujo, quinto volume da série], e, mais recentemente, usar o personagem de Ian Tregillis, Rustbelt, em Suicide Kings, bem como no meu conto do Drummer Boy, Atonement Tango, disponível na Tor.com.

Capa de Ás na Manga, o sexto livro de Wild Cards, com um cartaz do Titereiro ao fundo.

A.M.: Mais tarde, o Titereiro acaba ganhando um papel muito importante na série, você esperava que isso acontecesse quando o personagem estreou?

S.L.: De forma alguma, mas fiquei muito contente quando isso aconteceu. O Titereiro, na verdade, ao longo dos quinze livros “originais” de Wild Cards, foi o único personagem cujo arco começou no primeiro livro, interferiu de alguma forma em todos os livros seguintes, e teve sua história encerrada no que achávamos que seria o último livro da série, Black Trump. Mas felizmente, Wild Cards voltou a ser publicada poucos anos mais tarde.

A.M.: Não pude deixar de notar a recorrência do Rio Mississippi em In the Shadow of Tall Stacks, e as cidades que o Natchez percorre. Isso tudo me lembrou muito de Sonho Febril, de Martin, embora em uma abordagem do século XXI. De quem foi a ideia de ambientar Mississippi Roll nesse cenário? Você fez alguma pesquisa específica sobre as diferentes cidades sobre as quais escreveria?

S.L.: Eu vivo em Cincinnati, que fica na rota do Rio Ohio. Na época dos barcos a vapor, muitos daqueles que operavam nos rios Ohio e Missisippi eram construídos em Cincinnati, e a cidade sempre celebrou seu histórico com os barcos. Na verdade, o Festival Tall Stacks que menciono no livro já aconteceu algumas vezes por aqui. George veio para ver todos os barcos que chegam aqui.

O cenário do que se tornaria Mississippi Roll foi estabelecido pelo George, quando ele enviou a proposta de uma nova trilogia à editora Tor – ele queria um livro que se passasse ao longo do Rio Mississippi. Assim que vi essa proposta, eu soube qual seria meu argumento e como queria que terminasse: uma história sobre um barco a vapor que se encerraria no Festival Tall Stacks em Cincinnati. Eu também sabia que queria que a história fosse “intersticial”, aquela que percorre todo o livro e conecta todas as outras. Propus essa ideia do Steam Wilbur e do barco “mal assombrado” Natchez para George, e ele adorou.

E sim, fiz muita pesquisa sobre barcos a vapor e sobreas várias cidades que seriam usadas como cenário para dar vida a tudo isso.

A.M.: Bem, deixando Wild Cards um pouco de lado, vamos falar de outros aspectos da sua carreira. O Ciclo Nessântico tornou-se um grande sucesso e foi publicado no Brasil. Você planeja escrever mais nesse universo?

S.L.: Acredito que não, ao menos por agora. Mas gosto muito desse universo, então quem sabe…

A.M.: No Ciclo Nessântico, você lida muito com o aspecto religioso da fantasia, e também contrasta isso com algumas crenças científicas incipientes. Como você vê a posição dessa discussão nos dias de hoje e o que o fez decidir escrever uma série de fantasia que gira em torno disso?

S.L.: Eu sempre me interessei em explorar o conflito entre diferentes culturas, e a ambientação semelhante ao Renascimento me permitiu brincar com a intersecção em que a ciência se choca com uma visão de mundo mais mística, ou mágica. Acho que isso ainda é muito relevante hoje em dia. Com certeza você vê isso no gênero latino-americano chamado de “realismo mágico”.

Ciclo Nessântico
Capas das edições brasileiras do Ciclo Nessântico.

A.M.: Que outras obras suas você gostaria de ver traduzidas para o português?

S.L.: Todas elas, ou qualquer uma! Mas eu gostaria especialmente de ver Immortal Muse publicado em português. Ele ainda é um dos meus livros favoritos.

A.M.: E o que vem pela frente? Você pode nos contar sobre algo que está escrevendo atualmente?

S.L.: Acabo de terminar um romance de ficção científica chamado Amid the Crowd of Stars, que deve ser publicado pela editora DAW em algum momento de 2020. Tenho também uma história curta que preciso escrever antes do fim desse ano, para a antologia de originais My Battery is Low and It Is Getting Dark, publicada pela ZNB e editada por Joshua Palmetier e Crystal Sarakas. Espero poder propor algo para George em Wild Cards no futuro próximo. Também estou começando a elaborar o conceito para meu próximo romance.

A escrita (eu espero) nunca para!


Wild Cards: O Começo conta com participação de Stephen Leigh, além de autores como Walter Jon Williams, Melinda Snodgrass, Howard Waldrop, Roger Zelazny, Victor Milán e George R.R. Martin, e já está disponível na Amazon.

Além dele, recomendamos a quadrilogia do Titereiro, publicada no Brasil pela Leya, que compreende os livros Ases Pelo Mundo, Jogo Sujo, Ás na Manga A Mão do Homem Morto, todos com participação de Leigh e um papel central do Senador Greg Hartmann.

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Stephen Leigh em entrevista
Background art: Marc Simonetti (adapted). Photo: Penguin Books USA.

Today the first volume of Wild Cards will be rereleased by publisher Suma in Brazil. Gelo & Fogo decided to use this opportunity to premiere our series of pieces about the shared universe, ran by George R.R. Martin and developed by more than 40 authors.

In “Get to Know Wild Cards Authors“, we’ll chat with several of those authors, talking about their involvement in the series and also presenting their careers as a whole, so that the readers might be encouraged to seek their works.

Our first guest is Stephen Leigh (also known as S. L. Farrell). Stephen is one of the most present authors all long the Wild Cards history, taking part in 15 of the published novels, as well as his solo short fiction available at Tor.com, The Atonement Tango.

His first story on the series was back in the first volume, and his most recent was in the twenty-fourth one, Mississippi Roll. His most famous character is the Puppetman, a villain who takes a central role especially during the quadrilogy named after him, between Aces Abroad and Dead Man’s Hand.

Leigh is also the author of many popular works in the science fiction and fantasy field, the most famous of them being the Nessantico Cycle, a fantasy trilogy set in a Renaissance world. His most recent novel is Rising Moon, part of the Sunpath Cycle. In addition to his writings, he is also a very receptive person, who is in love with literature and gently agreed to talk to us about his works. Check out our interview:

George R. R. Martin e Stephen Leigh

Arthur Maia: How did you first get involved with Wild Cards? What motivated you to accept taking part in it?

Stephen Leigh: You can blame George. My wife Denise and I had become friends with George after meeting him at conventions; we’d visited him; he’d visited us. Then one night (I think it was 1985, but can’t be sure) he called on the phone. The conversation was something like this:

Hey, Steve, you’re a comic book fan, right?

Well, I didn’t know that I could call myself a ‘fan’ of comics, but…

Yeah, I guess. I don’t collect ‘em anymore, but I’ve always read ‘em. Still do, now and then.

You like role-playing games, right?

There, at least, I had a firm answer. For a few years, I’d been running a fantasy RPG that had evolved from D&D but was now using rules of my own devising. “Absolutely.” I wasn’t sure where George was heading with this, but so far I was interested.

Good. I have a proposition for you…

And with that, George went on to tell me about the Superworld RPG he, Melinda Snodgrass, Walter Jon Williams, John J. Miller, Vic Milan, and Gail Gerstner-Miller were playing at the time, how they were spending all their creative energy on the game and how they’d come up with a way to hopefully meld an RPG with their writing careers by turning it into a shared world fiction project—which would, of course, become the WILD CARDS series. He asked if I’d be interested in being part of it, and I told him that I would.

So the original set of writers that George recruited were largely drawn from the Santa Fe/Albuquerque crew, but he also brought in several other writers from ‘outside.’

GRRM Stephen Leigh
George R. R. Martin and Stephen Leigh at the 74th Worldcon. Photo: Michael Sauers.

A.M.: So, let’s talk about your participation in the first book, in which we are presented to three of your most remarkable characters: Gimli, Succubus and Puppetman. How did you come up with them?

S.L.: Puppetman was first. They’d already come up with several characters and George suggested to me that they needed at least one character connected to the politics of this world. Thus was born Senator Gregg Hartmann, aka Puppetman, who would be my main character through the first several books of the series though several others would follow in rapid succession: Gimli, Oddity, the Howler, Succubus, Peanut…

A.M.: What are the peculiarities of writing in a collaborative series such as Wild Cards?

S.L.: One requirement of writing for Wild Cards is that you must show any scenes where you use any person’s character to that person for their approval. In other words, no one can do anything to someone else’s character with the creator’s permission. That lets us avoid ‘revenge’ scenes (“You did something terrible to my character, so I’m doing to do something even worse to yours!”

We’re actively encouraged to use other authors’ characters in our stories.

A.M.: Do you have any favorite characters that other writers created and you could manage to write at some point? And what about some of those you still want to write?

S.L.: I think everyone has enjoyed using Croyd (the Sleeper) in their stories, since Croyd can be whatever you want him to be. Roger was always open to having people use Croyd, and now that Roger’s sadly no longer with us, Croyd continues to be used.

Personally, my own favorite two uses of another person’s character was working with Melinda’s Dr. Tachyon back in the early books when Tachyon and Hartmann were active, and more recently using Ian Tregillis’ character Rustbelt in SUICIDE KINGS as well as in my Drummer Boy story “Atonement Tango” on Tor.com.

Cover for “Ace in the Hole”, Wild Cards volume VI, featuring the Puppetmaster.

A.M.: Later on, the Puppetman got a very important role in the series, did you predicted it when the character made its debut?

S.L.: Not at all, though I was pleased when it happened. Puppetman, in fact, through the ‘original’ fifteen-book run of the series, was the only character whose arc began in Book 1, had a part in nearly all the intervening books, and whose story ended in what we feared might be the last book of the series, BLACK TRUMP. Luckily, the series would undergo a revival later…

A.M.: I couldn’t help but notice the recurrence of the Mississippi River in “In the Shadow of Tall Stacks”, and the cities the Natchez goes through. It reminded me a lot of GRRM’s Fevre Dream but in a 21st-century approach. Whose idea was this setting for Mississippi Roll? Did you do any specific research about the several different cities you would write about?

S.L.: I live in Cincinnati, which is on the Ohio River. In the days of the steamboats, many of the steamboats plying the Ohio and Mississipi had been built in Cincinnati, and Cincinnati has always celebrated its steamboat past. In fact, the “Tall Stacks” festival I mention in the book has actually taken place a couple of times here—and George has come to them to see all the boats that are brought in.

The setting for the book that would become MISSISSIPPI ROLL was set by George when he sent the proposal for a new trilogy to Tor Books—he wanted a book that would be set along the Mississippi. As soon as I saw that proposal, I knew what I wanted to pitch and where I wanted it to end: a story about a steamboat that would end at the Tall Stacks Festival in Cincinnati.  I also knew I wanted that story to be the “interstitial” — the story that would flow through and connect all the other stories in the book. I proposed the idea of Steam Wilbur and the ‘haunted’ steamboat Natchez to George, and he loved it.

And yes, I did lots of research on steamboats and the various cities that were used as settings in order to bring it all to life.

A.M.: So, moving on from Wild Cards, let’s talk about different things in your career. The Nessantico Cycle is a great success and has been published in Brazil. Is there anything else to come set in this universe?

S.L.: Not at the moment, I’m afraid, though I still like that universe, so who knows…

A.M.: In the Nessantico Cycle, you deal a lot with the religious aspect of fantasy and also contrast it with some early scientific practices. How do you see the position of this discussion nowadays, and what moved you to write a fantasy series that gravitates around it?

S.L.: I’ve always been interested in exploring the clash of different cultures, and the setting of a faux Renaissance allowed me to play with an intersection where science was clashing with a more mystical, magical worldview. I think that’s something that’s still relevant today. Certainly you see that in the largely Latin genre termed ‘magic realism’.

Covers for first editions of the Nessantico Cycle. Source: Patrick Rothfuss.

A.M.: What other of your works would you like to see translated into Portuguese?

S.L.: Any or all of them! Though I’d love to see IMMORTAL MUSE published in Portuguese – that’s still one of my personal favorites of the books I’ve written.

A.M.: And what comes next for you? Are you currently writing anything you could tell us about?

I’ve just finished a science fiction novel entitled AMID THE CROWD OF STARS which should be coming out from DAW Books sometime in 2020. And I have a piece of short fiction I have to write before the end of the year for the original anthology titled MY BATTERY IS LOW AND IT IS GETTING DARK, to be published by ZNB, LLC and edited by Joshua Palmetier and Crystal Sarakas. Hopefully, I’ll be pitching something to George for Wild Cards in the near future. And I’m starting to put together a proposal for my next novel.

The writing (hopefully) never stops!


Wild Cards: O Começo is the Brazilian re-release of Wild Cards #1, with stories by Stephen Leigh, Walter Jon Williams, Melinda Snodgrass, Howard Waldrop, Roger Zelazny, Victor Milán e George R.R. Martin and others. It’s available on Amazon.

The Puppetmaster quadrilogy comprises books Aces Abroad, Down and Dirty, Ace in the Hole and Dead Man’s Hand.

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Gelo & Fogo na Worldcon: painel de Wild Cards com George R. R. Martin https://www.geloefogo.com/2019/08/gelo-fogo-na-worldcon-painel-de-wild-cards-com-george-r-r-martin.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=gelo-fogo-na-worldcon-painel-de-wild-cards-com-george-r-r-martin https://www.geloefogo.com/2019/08/gelo-fogo-na-worldcon-painel-de-wild-cards-com-george-r-r-martin.html#comments Thu, 15 Aug 2019 22:42:49 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=106740 A 77ª edição da World Science Fiction Convention, a Worldcon, teve início hoje em Dublin. O evento conta com vários […]

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Wild Cards Worldcon
O painel de Wild Cards na Worldcon 76, em Dublin. Foto: Arthur Maia.

A 77ª edição da World Science Fiction Convention, a Worldcon, teve início hoje em Dublin. O evento conta com vários expoentes da literatura de fantasia e ficção científica, e um dos painéis de hoje foi centrado em Wild Cards, com a moderação do próprio George R. R. Martin.

George coordenou uma competição (uma espécie de quiz) com sete autores da série respondendo a perguntas diversas sobre os 27 livros publicados. Estiveram presentes Carrie Vaugh, Walter Jon Williams, Charlie Stross, Peadar Ó Guilín, Mary Ann Muhanraj, Kevin Andrew Murphy e Paul Cornell, e surgiram alguns comentários interessantes.

Como havíamos noticiado no ano passado, existem duas séries de Wild Cards em produção no Hulu, com produção executiva de Melinda M. Snodgrass e Vince Gerardis, além do próprio George R. R. Martin à distância. Hoje foi revelado que as duas séries já têm pilotos escritos. Uma será focada nos ases, outra, nos coringas.

GRRM se referiu ao seu personagem O Poderoso Tartaruga como “eu mesmo, se tivesse telecinese“, e reforçou que é o personagem mais autobiográfico de sua carreira. Acrescentou também que é um personagem pelo qual tem muito carinho e sobre quem adoraria escrever mais histórias sobre ele, mas que não deve acontecer antes de terminar pelo menos o sexto de livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, Os Ventos de Inverno.

Martin também revelou que as sessões de RPG que deram origem a Wild Cards tiveram apenas seus personagens adaptados, mas não as campanhas. O motivo é que as aventuras originais tinham uma temática muito mais “bem contra o mal”, e escrever as história para o livro exigia uma abordagem mais realista.

Originalmente, os livros se passariam no período correspondente à sua escrita, mas Howard Waldrop, amigo de longa data de Martin e um dos autores do primeiro volume, insistiu para que ele começasse na Segunda Guerra Mundial, pois queria que o final da sua história, a de Jet Boy, fosse no dia de seu aniversário.

Martin explicou também como surgem os livros da série: ele cria um conceito e escolhe alguns dos (atualmente) 35 autores da equipe que parecem se encaixar na proposta. No entanto, às vezes, as coisas saem muito diferentes: Inside Straight, o volume 18, acabou sendo completamente alterado por um detalhe que Carrie Vaughn adicionou, e o livro se focou em um reality show.

Para finalizar, GRRM comentou que mais dois livros de Wild Cards estão no processo de escrita: um deles será na Inglaterra, sequência de Knaves Over Queens, e o outro, sobre a colonização da lua.


A Worldcon 77 vai até o dia 19 de agosto, e conta com cobertura in loco de Arthur Maia.

 

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George R. R. Martin revela planos de escrita e responde a perguntas em evento na Inglaterra https://www.geloefogo.com/2019/08/george-r-r-martin-revela-planos-de-escrita-e-responde-perguntas-em-evento-na-inglaterra.html?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=george-r-r-martin-revela-planos-de-escrita-e-responde-perguntas-em-evento-na-inglaterra https://www.geloefogo.com/2019/08/george-r-r-martin-revela-planos-de-escrita-e-responde-perguntas-em-evento-na-inglaterra.html#comments Fri, 09 Aug 2019 02:05:25 +0000 https://www.geloefogo.com/?p=106727 Poucos dias antes da sua participação na Worldcon e na Titancon, George R. R. Martin aproveitou a viagem às ilhas […]

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Poucos dias antes da sua participação na Worldcon e na Titancon, George R. R. Martin aproveitou a viagem às ilhas britânicas para uma noite com seus leitores no Emmanuel Centre, em Londres.

O evento foi organizado pela livraria Waterstones e teve o convite da editora local de GRRM, a Harper Voyager UK, e consistiu em uma conversa entre Martin e o autor histórico britânico Dan Jones.

Antes do início, George recebeu um prêmio de platina da empresa de medição de dados Nielsen, em comemoração a dois de seus livros terem vendido mais de um milhão de cópias no Reino Unido.

O perfil oficial da editora no Twitter e Adam Whitehead, do blog especializado em fantasia e ficção científica The Wertzone, fizeram relatos em tempo real dos principais pontos. O evento foi filmado e será disponibilizado online em breve.

George R. R. Martin no Emmanuel Centre
George R. R. Martin e Dan Jones no evento em Londres. Foto: Emmanuel Centre (Twitter).

Segue uma compilação de algumas das declarações de Martin:

Sobre As Crônicas de Gelo e Fogo

  • George confirmou que seu plano de escrita é, em ordem: Os Ventos de InvernoDunk & Egg 4, Um Sonho de Primavera, Dunk & Egg 5, Fogo e Sangue Vol II.
  • A frustração com o trabalho em Hollywood durante a década de 90 foi o que acabou resultando na escrita de A Guerra dos Tronos.
  • O dragão que George gostaria de montar é Balerion, e a espada que gostaria de empunhar é Alvorada.
  • Martin teve que organizar o universo de As Crônicas de Gelo e Fogo durante a escrita do primeiro livro. Começou usando um mapa da Irlanda de cabeça para baixo, e, por fim, o transformou em Westeros. Na sequência, percebendo que só o mapa não seria diferente, se dedicou à história da região.
  • Seu espaço de trabalho é cheio de mapas do Atlas das Terras de Gelo e Fogo, e de fichas com linhas do tempo e informações sobre o enredo.

Sobre Dunk & Egg

  • O momento em que George decidiu escrever histórias no mesmo universo, fora da série principal, foi quando recebeu o convite de Silverberg para escrever uma história para a antologia Warriors, e o autor decidiu escrever sobre Dunk e a história de O Cavaleiro Andante.
  • Robert Silverberg quase deixou Martin de fora da coletânea, porque achou que ele perderia o prazo para entregar a novela.
  • Embora planeje escrever mais histórias de Dunk e Egg, o autor ainda precisa “terminar algumas coisas antes“.

Sobre Fogo e Sangue e história imaginária

  • Fogo e Sangue vol. I foi escrito por “acidente”. Quando começou a escrever as notas de rodapé para guiar Elio García e Linda Antonsson em O Mundo de Gelo e Fogo, George acabou escrevendo centenas de milhares de palavras em poucas semanas.
  • Apesar de terem sido expandidos antes da publicação, os capítulos sobre o reinado de Jaehaerys I, são essencialmente os mesmos escritos na época de O Mundo.
  • O seu conceito de uma historiografia não confiável, que é a base de O Mundo de Gelo e Fogo Fogo e Sangue, foi muito impulsionado pela sua pesquisa para escrever o romance (nunca terminado) Black and White and Red All Over. Os registros que Martin acessou tinham informações conflituosas sobre a altura de um arranha-céu em Nova York no ano de 1890. O autor comentou:

“Se não conseguimos ter certeza sobre eventos que aconteceram ontem, em termos históricos, como poderemos ter sobre algo que aconteceu mil anos atrás?”.

  • A frase favorita de GRRM em Fogo e Sangue, que é recorrente, é “mas nós nunca saberemos“.
  • Martin tem um carinho grande por Cogumelo, o bobo da corte anão que registra os eventos que desencadeiam a Dança dos Dragões.

Sobre Game of Thrones e séries sucessoras

  • O autor reiterou que “Bloodmoon” deve ser apenas um título provisório da série sucessora da HBO. Em sua opinião, a melhor escolha seria The Long Night ou The Longest Night.
  • As filmagens dessa série sucessora terminaram recentemente em Belfast. Ela se passa 5 mil anos antes dos eventos de Game of Thrones.
  • Mais dois pilotos para spin-offs estão sendo desenvolvidos e é possível que se tornem séries de TV no futuro.
  • A respeito de Game of Thrones, Martin reiterou que “Eu estou contando uma versão da história com meus livros. A série de TV contou outra história“.

Sobre escrita e outros assuntos

  • A influência da história do mundo real na escrita de Martin é vasta. O autor comentou que sempre amou história, mas “a popular, não a acadêmica“. O problema de escrever ficção estritamente histórica, na sua opinião, é a pesquisa muito maçante. Ele gosta da liberdade de criar o seu próprio mundo. No entanto, referencia acontecimentos reais, como a Muralha de Adriano, a Guerra das Rosas, as cruzadas e história escocesa. O Casamento Vermelho foi levemente inspirado no Jantar Negro, que se passou na Escócia, mas mais extremo.
  • Leonor da Aquitânia foi uma personagem histórica feminina que inspirou a escrita de Martin (ele não especificou em que aspecto). Também mencionou que a Itália renascentista foi repleta de “mulheres incríveis”.
  • O conselho de George para escritores iniciantes é que a profissão é para “apostadores”, não há segurança financeira. Deve-se escrever o melhor livro possível e torcer para que ele seja lido e apreciado.
O Emmanuel Centre, em Londres. Foto: Waterstones Piccadilly (Twitter).

The Winds of Winter (Os Ventos de Inverno) ainda não tem data de lançamento.

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