UPDATE: Se você já leu essa resenha, por favor, desconsidere o que eu havia dito sobre o personagem de Salladhor Saan que aparecerá somente no episódio 2.02. Obrigada.

Queria começar esse texto dizendo que pra mim fica cada vez mais difícil falar sobre a primeira e segunda temporadas sem acabar sendo influenciada por fatos dos outros livros já publicados. Acabei de ler O Festim dos Corvos e tenho algumas ideias frescas na minha cabeça que ainda não haviam sido exploradas quando li A Fúria dos Reis. O que pensamos de Mindinho, Jaime, Cersei Lannister, Joffrey e principalmente Arya, tudo muda. Muito. E vai demorar muito pra gente ver essas mudanças serem mostradas na TV. Por isso assisti ao episódio desta resenha muitas vezes, apesar de não tê-lo achado tão empolgante em termos de premiere, culpa minha de ter esperado durante tanto tempo com a expectativa altíssima.

Logo na abertura o coração da gente já se enche de alegria e ansiedade. Vemos Peter Dinklage como o primeiro nome no casting, e isso já é muito legal. No final nos é mostrado no mapa Dragonstone (Pedra do Dragão) e a gente já vai pensando que, como no livro, na primeira cena conheceremos o núcleo de Stannis e Mel.

Mas não. Estamos no torneio do dia do nome do rei Joffrey e Cão de Caça se exibe com seu elmo surrando uns cara e o rei é o adolescente mais trash que a televisão já viu e a menina Sansa se mostra completamente devota e submissa a ele. O brilho da menina sumiu. Conhecemos Sor Dontos com sua armadura do Capitão América (WTF, né?). Ótima escalação desse personagem que será tão importante na vida de Sansa durante as próximas temporadas. E claro, Tyrion, personagem que voltou muito mais confiante, engraçado, inteligente e ácido, como se isso fosse possível. Ver o jeito como ele debocha do sobrinho e o jeito que Joffrey reage acanhado a essas investidas faz muito mais sentido na TV. Joffrey precisa acumular um ódio visível em relação ao tio para os acontecimentos derradeiros da temporada do ano que vem.

E daí na cena que Tyrion chega assoviando e invadindo a reunião do conselho anunciando à Cersei que chegou pra botar ordem. Pelo que pude perceber nos trailers Tyrion irá assoviar muito nessa temporada e eu achei absolutamente genial essa nova característica do personagem. O anão deixa claro que Cersei é uma ameba e que matar Ned foi um erro e que nem ela nem o filho sabem o que RAIOS estão fazendo. O que me incomoda um pouco é que a (maravilhosa) Cersei da televisão não é tão arisca com o irmão como deveria ser (!). É evidente que ela o odeia. Mas não tanto quanto deveria… Sabemos que na história do livro 2, Cersei e Tyrion protagonizam cenas de amor e ódio, onde ora os irmãos se unem para seus fins e ora as coisas ficam feias. Mas pra quem leu os livros sabe que ela não só o odeia como também o teme.

Em Winterfell não vemos os irmãos Walder Frey. Mas temos Luwin e o menino Bran, que agora é um senhor, lidando com os problemas de seu vassalos. A cena do sonho warg/troca-peles de Bran sendo o lobo Summer (Verão) e o cometa vermelho foi muito especial e surpreendeu. Adoro a maneira como o bosque sagrado em Winterfell mostra certa áurea mágica nas imagens. Você sabe que algo diferente que acontece ali.

   

Dany e sua turma no deserto. Ela deveria estar careca, né? Aliás na história do livro essa parte é um eterno calvário para ela até decidir dividir seu khalasar em busca de um horizonte, e na TV já somos apresentados a isso. Aos invés da morte de Doreah, vemos a nossa querida Prata perecer. Muito bacana ver o amor que Dany sente por Rakaro, é uma amizade rainha/vassalo muito bonita.

Corta pra Muralha. E nós já somos apresentados ao Craster e suas filhas-esposas (e a Edd Doloroso que não é tão engraçado na televisão…). Eu esperava um Craster nojentão pingando a óleo, mas o que conhecemos é um velho gordinho e quentinho sendo mala. Acho que o Sam da televisão não será tão chato e mala com aquelas paradas de ser covarde como o Sam dos livros. Acho inclusive que ele será o alívio cômico definitivo da Patrulha da Noite. Obrigada por isso, HBO. Acho legal como a HBO mostra o Jon como (ainda mais) insolente. Ele sempre está se metendo onde não é chamado, né? HAHAHA!

Deuses queimando e o culto ao R’hllor em Pedra do Dragão. Essa cena deveria ter sido IMPACTANTE, certo? Deveria ter dado arrepios. Deveríamos ter sentido medo de Melisandre e sentido o poder do seu Deus. Pois é, gente… E é claro, a sensação de que Liam Cunningham (Davos) daria um melhor Stannis do que o próprio Stannis (Stephen Dillane) é evidente. Apresentar esse núcleo deveria ter sido primordial, com a cena da morte de Cressen inclusa, com a filha de Stannis inclusa e tudo mais. Mas apesar de tudo acredito que estão guardando o melhor de Melisandre para os episódios a seguir. Veremos.

No acampamento do Norte, Robb é rei e vai prestar contas com Jaiminho que morre de medo de Grey Wind que se transformou em um monstrão. Jaiminho DEVE definhar nessa temporada. Isso PRECISA acontecer. Mas será que vai? Rei Robb parece imitar os trejeitos do pai. O modo como dobra as sobrancelhas pra falar, o jeito de pronunciar as palavras, em absolutamente TUDO ele é filho de Ned, né? E isso é fofo…

E daí Shae, né? Sendo muito mais DOCE do que atrevida, de fato. Adoro essa menina, viu? Adoro mesmo. Nos livros as cenas de sexo entre ela e Tyrion acontecem a todo momento, e a gente consegue ver o amor que ele sente por ela nascer e acontecer e é muito bonito.

Corta pra cena do POWER IS POWER. Foi bem legal, né? E é evidente que essa era uma cena que precisava ter nos livros, olha só: a gente precisa de um background mais claro e preciso em relação as decisões futuras que Mindinho toma. Os Lannisters estão rodeados de uma galera que sabe que eles não merecem o trono pelo lance do incesto. E mesmo assim eles não sentem medo, se sentem mais poderosos do que nunca.

Para mim Cersei é uma das únicas personagens legitimamente evil que vemos nos livros. E daí vemos Lena Headey sendo a absolutamente excelente atriz que é, sentindo medo do próprio filho, que ela teme e admira ao mesmo tempo. Completamente doentio. O garoto é a coisa mais perversa que existe, ela se dá conta disso e lida com isso de maneira completamente bizarra, como em relação em quase tudo ao redor de sua vida. Os cortes entre os dois discutindo enquanto o trono de ferro aparece sombrio como plano de fundo é bem enigmática e bonita.

Todas as cenas internas desse episódio são extremamente escuras. Dá aquela sensação de claustrofobia, de não conseguir ver o todo, de sufoco, sabe? É um presságio de guerra e escuridão.

E aí a série já nos mostra coisas interessantes: a busca por Arya e pelos bastardos de Robert. No núcleo das prostitutas, vemos que Ros foi promovida e que muitas personagens do livro não existirão. Acho que não faz mal né? Daí a HBO já mostra pra que veio e vemos uma sequência terrível de matança de bebês e basicamente qualquer outra pessoa que se assemelhe a Robert Baratheon. E então sabemos que Arya e Gendry estão em perigo. Com esse cliffhanger Game of Thrones está de volta!

Quanto mais eu assistia a esse episódio, mais encantada fiquei com as atuações. E elas são BEM MAIORES do que a direção de Alan Taylor, que não tem absolutamente nada de especial na minha opinião. Lembrando que foi Alan o responsável pelos episódios Baelor e Fire and Blood da temporada passada. Vendo assim dá a impressão que somente as cenas caras serão as arrebatadoras. Espero sinceramente estar errada.