“Robb,
Eu espero que essa mensagem chegue a você em tempo. Meu pai rejeitou sua oferta e planeja atacar o Norte, invadindo a costa e tomando Bosque Profundo. Mobilize seu exército e vá para o Norte antes que seja tarde. Eu escreverei de novo quando puder.

Theon”

É isso mesmo, pessoal. Bosque Profundo é lar da casa Glover, vassalos dos Stark. E é assim, com essa imagem digna de um dramalhão mexicano que eu começo a minha resenha recheadinha de spoilers do livro de Clash of Kings. Esse foi um episódio polêmico, cheio de cenas novas pra quem lê, novos personagens, pegação, crianças inocentes morrendo… Vamos lá?

Quando o episódio anterior a esse terminou todos os fãs de Game of Thrones começaram a ficar desesperados pensando que o bebê que Craster entrega a floresta seria de Goiva. E daí “What is Dead may never Dies” começa com Jon tomando uma surra de Craster na frente de todos. Craster então expulsa os irmão negros de sua “alegre e confortável” morada selvagem. Eu entendo que terminar essa relação da Patrulha com o Craster dessa forma agora pode fazer com que o personagem seja útil no futuro, em uma cena onde a Patrulha se encontra com ele no terceiro livro. E fazer com que Jon presencie o horror da crença selvagem fará com que ele lide melhor na hora de escolher entre fazer o certo/fazer o que é honrado. A série já mostrou um Jon todo saidinho com síndrome de herói, e isso é ótimo. E isso fará com que ele pareça ainda mais bobo pelos olhos de Ygritte, não acham? Jon Snow realmente não sabe de nada… (percebam como aqui a série já começa a machucar o rosto de seus personagens “heróis”, característica recorrente ao longo de todos os livros…)

Winterfell. Hodor. Alik Sakharov, diretor desse episódio caprichou na sequência que mostra Summer em direção ao menino Bran. Cara… esses sonhos do Bran e todo o misticismo que isso envolve está sendo muito bem abordado. E daí vem meistre Luwin com o clássico sermão do livro, dizendo que a magia já não existe mais no mundo. (Aliás, se você já leu o quarto livro, assista a esta cena novamente. Todo esse mistério que envolve os meistres é muito interessante). Muito bacana como o texto do R. R. Martin faz com que a gente perceba como a ignorância das pessoas em relação ao mundo em que elas vivem é tamanha. Além disso, deixar Bran no mesmo quarto em que ele sempre viveu, com a mesma manta, com a mesma iluminação… é bacana essa sensação, porque ele é a única coisa que nos faz pensar que Winterfell ainda existe do jeito que a conhecíamos, não é? Bem, até… quando?

Cortando para o acampamento de Renly, chega a temida hora da apresentação das novas personagens, Margaery e Brienne. Na minha opinião, atrizes lindas e incríveis, personagens maravilhosas, muito bem caracterizadas. E a surpresa de já nos introduzir Margaery como uma mulher forte que possui ideais bem concretas. Todo esse núcleo do Renly representa tanto nos livros como na TV o que seriam os jovens cavaleiros do verão. Eles são descolados, belos, nada temem. A maneira como Renly aceita Brienne, exatamente do jeito que ela é, sabe? Eles são a vanguarda, em todos os pontos de vista. Eu sou apaixonada por esse núcleo… uma pena a HBO não ter mantido os mantos arco-íris… mas a causa gay aqui nem precisaria ser tão constantemente ilustrada né? Ela já é, e é o máximo através das cenas quentíssimas entre Renly e Loras. Temos recebido muitos comentários homofóbicos e ficamos tristes com isso… se sexo é um tabu pra você não assista HBO, amigo. Sei lá, tem tantos outros canais aí na sua TV… Vou dispensar maiores introduções a Brienne, que a essa altura já conquistou o coração de metade do mundo.

E daí a gente vai pro núclero TENSO dos Greyjoy. Se você está lendo esse texto já deve saber que Theon é o personagem mais importante dessa temporada (apesar de Tyrion ser o personagem central no livro, a história não está rodando ao redor dele na TV, perceberam?). Construir a catástrofe em que ele vai tornar o meio onde vive está sendo bem legal de acompanhar. Os dilemas, o que é ser um homem de ferro, o que é não saber onde pertence e o mais importante: como mostrar isso além do que foi mostrado nos livros pra que seja mais dramático na TV. 

E a HBO está mostrando a Shae de um jeito bem diferente do que a gente sentia que ela poderia ser. Nos capítulos do Tyrion ela era sempre doce e apaixonada… mas era o que Tyrion via. Como ela realmente é, chata, insolente, entediada… ela é um PERIGO. Mas Tyrion gosta. E tudo o que o anão quer, ele dá um jeitinho de ter. É bacana mostrá-los fora da luz da pegação, porque foca no PUTA trabalho que é ser a Mão. E aí a HBO já começa a prensar alguns capítulos dos livros em um só, e claramente.

Muito legal ver como Myrcella e Tommen são crianças com pensamentos independentes né? Eles não foram corrompidos pelo meio em que vivem. Essa característica em relação aos livros futuros faz um bocado de sentido… A única coisa que me incomoda nessa cena do jantar, diz respeito também a Arya no episódio passado. Elas se adaptaram muito rápido na TV. Sansa e Arya parecem deslocadas de seu centro, de lobas. Elas deveriam estar sofrendo pelo pai ainda, certo? Ned Stark parece fazer parte de um passado muito distante.

Adiantaram a relação Shae/Sansa, certo? (Isso só acontece no terceiro livro.) Vejo que a produção utilizou essa nova relação pra mostrar que Sansa ainda é uma metida a besta, pra que a personagem não perca essa característica e tudo mais. E aqui Sansa recupera seu centro. Achei bacana. Do mesmo modo que Arya começa recuperar seu centro na derradeira conversa com Yoren, no final do episódio.

E depois disso vem a tríade de cenas onde Tyrion promete casamento para Myrcella pra quase metade do reino, jogando muito perigosamente com a Aranha, Mindinho e Pycelle. É legal como eles já intruduzem Harrenhal aqui.


Cena polêmica da noite que dispensa comentários. Mas se me permitem dizer… a Margaery na série é muito, MUITO mais sensacional!

Esse amor que Cersei sente pelos filhos eu nunca consegui… perceber de forma palpável. Na minha opinião é muito mais capricho dela do que amor. Nunca a vi sentada conversando com as crianças, brincando, ensinando coisas, penteando o cabelo de Myrcella (como Cat fazia com as meninas). Mas ok, Tyrion tirou sua filha. As implicações desse ato começarão a fazer efeito no próximo episódio. Daí a gente começa a perceber que as coisas estão corridas. Até agora não se falou de como os populares em Porto Real estão respondendo as novas políticas da Mão e à guerra.

E então a carta de Theon que nunca foi entregue… Algumas cenas surpresa (que não tem nos livros) são bem agradáveis. Esse já é um clássico exemplo.

Voltando ao núcleo de Tyrion, um mestre nas artes da malandragem, enganou Mindinho e prendeu Pycelle. Que isso vai dar merda nem é preciso ter lido pra saber. Não gostei de nada do Tyrion nesse episódio, achei jogadão. Mas o principal ficou evidente: ele é inteligentíssimo! (Quanto valem essas moedas em Westeros, né? fiquei com a sensação de que aquela prostituta do Pycelle recebeu 15 centavos no final da cena).

E daí Varys faz a pergunta de ouro! Quando Ned Stark morreu, quem realmente cortou a sua cabeça? Esse é um dos conceitos mais legais e o motivo pelo qual Game of Thrones é tão delicioso de se acompanhar!

No final desse episódio temos o primeiro clímax da segunda temporada. Os capítulos de Arya foram condensados nessa cena catártica que irá implicar todo o futuro da garota nessa saga. A morte de Lommy e Yoren e a pergunta: onde os homens do Leão levarão a garota e todos os seus amigos depois deste massacre? O que acontecerá com os três prisioneiros que Arya libertou, incluindo Jaqen?

Acho incrível como na montagem do texto pra TV tudo fica mais dinâmico, imediato, intenso. Tô adorando muito. Pra quem leu os livros… as comparações são inevitáveis, sim. Só acho que, no fundo, a gente acha que conhece bem os personagens, mas talvez não os conhecemos tão bem assim. Alguém escreveu nos comentários do Facebook dia desses que R. R. Martin está envolvido até a cabeça nesse projeto da HBO. É preciso dar crédito a isso. Vamos confiar e apreciar. War is coming.