“He would have been a true king. A good king.”Chegamos a metade da 2ª temporada com um episódio cheio de imagens estéticamente belíssimas, para finalmente assistir as cenas famosas dos livros tomarem forma na adaptação para a TV. O texto a seguir possui spoilers do livro A Fúria dos Reis.

O episódio anterior (Garden of Bones – um dos mais empolgantes da temporada) terminou com a catártica cena de Melisandre dando a luz à uma sombra, cena mostrada em desequilíbrio com a narrativa original do livro. A partir daí todos já tínhamos uma vaga ideia de que era essa a sombra a assassinar Renly. Aliada a isso, a cena de abertura deu destaque a Harrenhal e Qarth, dando a entender que Arya e Dany seriam as personagem centrais do episódio (até porque quem já leu o livro sabe que o Fantasma de Hanrrenhal é um dos tantos nomes da nossa pequena loba).

E então a cena inicial se dá dentro da tenda de Renly, enquanto lá fora ventos sinistros rondam o lugar. Que cenário bonito este o da tenda de Renly, né? A decoração, os lustres, velas e tapetes… Cat deixa claro a ele que Robb e seus vassalos almejam apenas o controle no Norte, e ele então dispensa qualquer hostilidade entre eles, selando ali um pacto justo entre reis, enquanto Brienne observa tudo ao fundo. Cat ainda tenta convencê-lo ali de que “não é bacana ficar brincando de guerrinha com o irmão”, mas Renly insiste. Cat como “primeira ministra do Norte” é maravilhosa! Renly então diz que Starks e Baratheon lutarão juntos, como fizeram tantas outras vezes.

E é verdade. Contrário ao livro, Brienne tira a armadura de Renly, ao invés de colocá-la. A tenda treme e, ventos sombrios assoviam e a sombra, que possui o semblante de Stannis, entra rasante e apunhála Renly no coração antes que Brienne pudesse intervir, enquanto aquela música trilha do Senhor da Luz toca ao fundo. Novamente contrário ao livro, Brienne luta contra os guardas que invadem a tenda achando que foi ela quem matou Renly, e mata a todos. Para a Brienne dos livros, matar alguém é algo difícil. E é isso o que a torna uma cavaleira “incompleta”. Mas Brienne da série mata com facilidade, é dura como pedra, enquanto ao mesmo tempo desaba aos prantos por ver o amor de sua vida morrer em seus braços. Que atriz maravilhosa é Gwendoline: intensa, estranha e dura, dura como uma pedra! E então, pensando rápido, Cat a convence e ambas fogem para não serem incriminadas. E acho que elas serão. Desta vez elas não tem um álibi (como nos livros). A não ser que alguma outra sombra decida dançar outra vez…

Na próxima cena, Mindinho observa a frota de Stannis chegando na costa com seus estandartes novos, enquanto Loras lamenta a morte do seu rei e Margaery deseja voltar para casa. É incrível como as duas 1ªs temporadas estão fazendo de tudo para o espectador entender que Mindinho é o cara mais odiado do universo. Pergunto a vocês: quantas vezes as pessoas já o ameaçaram com lanças, espadas e punhais? Parece que é a única coisa que o ator faz em cena: ser ameaçado de morte. Margaery quer ser a rainha, e se você leu o segundo livro, sabe: pelo menos noiva do rei ela será.

Em Porto Real, enquanto Myrcella brinca com as amigas no pátio, Tyrion conta a Cersei sobre a morte do Renly e avisa que agora o grande problema é o último irmão vivo de Robert. Cersei está radiante e dá a entender que Joffrey já tem uma arma secreta guardada pra quando Stannis chegar. Com a pulga atrás da orelha, Tyrion dá um chega no primo Lancel pra saber se ele sabe de alguma coisa. O Lancel da série é uma coisa absurda, né? HAHAHA! Ele é mais uma galinha desengonçada do que um Lannister. Fico aqui pensando… será que a gente vai poder ver ele ferido depois da batalha com os cabelos embranquecendo e tudo mais? Pois é, e o pobre Lancel conta a Tyrion que o rei está de esquema com os alquimistas para a produção de fogo-vivo.

Cortando para o acampamento de Stannis, Davos é nomeado líder da frota que descerá a Baía da Água Negra. O Sor das Cebolas pede que Stannis deixe Melisandre fora disso, já que ela é uma estrangeira e pode angariar seguidores e acabar com a sua campanha. Stannis acaba cedendo. Cena importantíssima né? É inevitável questionar o que teria acontecido se Melisandre tivesse participado da batalha (que ainda está por vir).

Tyrion passeia pela cidade com Bronn e os populares são bizarros e não gostam do incesto da rainha. Além disso culpam Tyrion pelos péssimos atos do rei. Eles inclusive o chamam de “macaco demoníaco deformado”. Que bad, cara.

Nas Ilhas de Ferro, Theon está pronto para partir com seus pseudo-piratas a bordo a Cadela do Mar. Absolutamente ninguém o respeita. Conhecemos Dagmer Boca-Rachada, que sugere que Theon ataque Praça Torrhen ao invés da vila de pescadores para ganhar atenção de seu povo. Theon rebate dizendo que Winterfell não deixaria isso barato e… bem, fica sub-entendido que essa ideia parece deliciosa.

Não podemos deixar de falar sobre Arya como copeira de Tywin em Harrenhal. Que surreal! Sem saber se o tiozão sabe ou não quem a menina é, (na série e tal, porque nos livros eles sequer se encontram direito) Tywin mostra um certo apreço pela garota, em uma constante tensão absurda, troca de olhares e afins. Em uma reunião com seus lordes (incluindo Amory Lorch, argh!), Tywin discute Robb, e o quanto o jovem lobo tá botando pra quebrar (aww yeah!). Ele então pergunta à garota se ela acha que ele pode ser derrotado e ela responde com uma das frases repetidas a exaustão nos trailers da temporada: “Qualquer um pode ser morto”. Instantes depois ela encontra Jaqen e revela então o primeiro dos três homens que pode matar: Cócegas.

Ver esse monte de homem crescido fazendo joguinhos com essa pobre garota dá a sensação de que Arya está sendo violada psicologicamente dia-a-dia assim como Sansa é violada por Joffrey e seus guardas fisicamente. Na série isso fica bem mais evidente. Quem Jaqen é e o que ele quer com ela no final das contas? E Tywin? E todos aqueles outros filhos da mãe que vemos nos livros?

Os Patrulheiros chegam ao lendário Punho dos Primeiros Homens e rola aquele primeiro medão em relação ao sopro da corneta dos batedores. Essa cena só serviu pra mostrar que eles estão em um lugar gelado. Ok, próxima.

Tyrion conhece o Piromante Hallyne (interpretado pelo o narrador do audiobook das Crônicas em inglês), conhece o fogo-vivo e pede para que o homem trabalhe para ele a partir de agora.

Dracarys! Do outro lado do mar estreito, a cena que derreteu corações: Dany e Doreah brincando com Drogon na janela. Assim como nos livros a série faz questão de ignorar os outros dois pobres dragões hahaha, mas ah Drogon é tão adorável… computação gráfica bem feita, tudo muito muito muito bacana. Dany agora é hóspede de Xaro Xhoan Daxos, que dá uma espécie de festa de boas vindas a ela. A festa parece estar lotada de pessoas do elenco de Castelo-Rá-Tim-Bum e sinceramente… era assim mesmo que eu imaginava QarthRica, pobre e estranhamente suspeita. Dentre milhares de coisas bizarras essa cena apresenta o bizarro Pyat Pree e sua mágica um tanto quanto assustadora, que a convida para visitar a Casa dos Imortais. Saber que as chances dessa cena acontecer e ser épica é muito bacana, né? Eu sinceramente achei que não fosse rolar. Então conhecemos Qaithe que é sinistraça, usa uma máscara muito bizarra e alerta Sor Jorah que Dany deve tomar mais cuidado naquelas terras em um diálogo, digamos… cheio de subtextos. Essa é a Qarth que todo mundo imaginou, no final das contas: aquela sensação de que, definitivamente, não estamos em Westeros, sabe? Muito bom.

Em fuga, Brienne e Cat param para dar água aos cavalos e comer e falam sobre o sombra bizarra que tinha o semblante de Stannis. Cat parece desesperada. Brienne se sente perdida e sugere que seja parte da guarda pessoal da mulher, faz um juramento maneiro e tudo o que tem direito. Inevitável não relacionar essa cena aquela que vemos no final do 4º livro. Sensacional.

Estamos em Winterfell e Bran continua cumprindo seu papel de “pequeno bom lorde” ouvindo as preocupações e problemas de seu povo. Rickon aparece pela primeira vez nesta temporada, e a cena deixa claro que o garoto é incontrolável e que uma mãe e um pai estão fazendo muita falta pra ele. Pobre Rickon. Sor Rodrik avisa que Praça Torrhen está sob ataque, e Bran autoriza a investida de 200 homens dele contra os intrusos, deixando Winterfell sem proteção. Aqui amigos, é o começo do fim. O fim de um lugar que todos nós amamos juntos, página a página. Cena a cena. Mais tarde o garoto conversa com Osha sobre seus sonhos, e fala que viu Winterfell ser inundada. Metade do mundo sentiu ódio pelo mix que os produtores fizeram aqui, excluindo os Reed e suas previsões certeiras. Também senti falta, muita. Mas condensar este momento também foi inteligente. Deu maior importância para o personagem de Bran nessa temporada. Eu sinceramente não esperava que ele fosse ter tanto tempo em cena, apesar de tudo. Embora… eu acredite que Bran e Rickon precisavam de mais amigos pra criarem coragem pra fazer tudo o que está por vir.

Na Muralha faz um frio ABSURDO e o cabelo de Jon Snow voa pra lá e pra cá ♥ e é basicamente isso o que acontece. Não, tô brincando gente, conhecemos Qhorin Meia-Mão, um cara foda, que chama Jon pra tentar resolver o problema “Mance”. Bah, essa narrativa é tão parada que dá dó. Chega logo terceira temporada! Queremos ver os Patrulheiros em ação de verdade.

A noite Xaro pede Dany em casamento. Deram tanta importância a essa cena, né? Sempre me surpreendo com essa adaptação… E então Dany diz a Jorah que pensa seriamente em aceitar e ele propõe, em meio a mumúrios amorosos que a garota precisa ser mais esperta, que precisa de aliados e o mais importante: esses aliados estão em Westeros.

A nudez gratuita do dia ficou por conta de Gendry. Foi uma cena bem peculiar, Arya é uma garota espertíssima, dançarina da água, sarcástica, indiferente, em contraponto a Gendry que é bruto e confuso, um produto de seu meio. E então um grito é ouvido no pátio e todos contemplam Cócegas morto. Escondido entre os pilares do castelo, Jaqen joga um charminho pra ela. Arya faz uma expressão indiferente de surpresa e o episódio acaba.

Esse núcleo de Harrenhal está completamente bagunçado em relação aos livros, mas a versão da TV vale muitíssimo a pena, o lugar é sinistro e Arya até então não está sofrendo TANTO nas mãos dos outros.

Episódio frio né gente? Difícil superar o clímax final de Garden of Bones, foi praticamente impossível. A cena de Renly morrendo foi altamente criticada por todo mundo pela falta de uma estrutura narrativa interessante e tudo mais. Apesar disso a sombra em si não poderia ter sido mais perfeita. Mas não tem jeito e a HBO não pode mais fugir da gente: daqui pra frente, de acordo com os livros só vem pedrada: invasão a Winterfell, Myrcella indo embora… vamos acompanhar.

Tom Wlaschiha conseguiu transformar Jaqen em um personagem carismático, jovem, engraçado. Sensacional. Uma das melhores revelações da temporada. Arya não citar Tywin como sua primeira morte não fez muito sentido. Mas tudo bem, afinal de contas tudo vai ficar bem: temos Rickon (don’t you forget about him).