Esse texto NÃO CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS e é destinado principalmente para aqueles que não terminaram ou sequer começaram a leitura dos mesmos. Se você já leu ou não se importa em saber o que vai acontecer, confira a análise COM SPOILERS, que em breve deve tá saindo por aí.

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“The Lion and the Rose”. Não foi à toa que escolheram esse título, que é uma clara referência ao casamento de Joffrey e Margaery – o leão e a rosa –, palco do acontecimento que, provavelmente, será um dos mais determinantes nesse ano da série, e que foi responsável por toda a carga dramática do episódio escrito por George R. R. Martin (autor das Crônicas de Gelo e Fogo) e dirigido por Alex Graves (responsável pelo sucesso de episódios como “And Now His Watch is Ended” e “Kissed by Fire” na última temporada).

E não estou dizendo que as outras cenas foram ruins, pelo contrário. Eu só acho que elas não pareciam fazer parte desse episódio, mas sim do anterior, já que todas tiveram aquele caráter introdutório que eu mencionei na minha análise de “Two Swords”, o que é completamente compreensível. Game of Thrones é uma série com tantos personagens e núcleos marcantes, que é sempre preciso mais de um episódio pra que a temporada comece de fato. É praticamente impossível mostrar, em menos de uma hora, tudo que acontece da Baía dos Escravos ao outro lado da Muralha então, naturalmente, algumas histórias precisam ser “empurradas” para uma semana após a estreia. E é com uma delas que começaremos.

forte do pavor

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Até agora, a grande marca dessa temporada tem sido a violência. Nas milhares de entrevistas que saíram antes da estreia, os atores, produtores e diretores da série avisaram que esse ano seria o mais cruel para os fãs, mas isso é uma coisa que eles sempre dizem. No último episódio, vimos o Cão de Caça e Arya matarem cinco homens por causa de umas galinhas (e uma espada, e uma vingança). Dessa vez tivemos, além da morte grotesca do rei, Stannis queimando o próprio cunhado por continuar seguindo a fé dos seus antepassados e Ramsay caçando uma pobre moça na floresta com seus cachorros, apenas por diversão. Mas tudo bem, afinal estamos falando de Game of Thrones, não Glee.

Agora, além dos cachorros, Ramsay tem mais dois novos mascotes: a bela Myranda, uma das garotas nuas em “The Bear and The Maiden Fair”, que o bastardo de Bolton parece ter tornado sua amante, e Theon – ou melhor, Fedor (Reek), uma sombra daquele que um dia foi o Príncipe das Ilhas de Ferro. Reparem como em nenhum momento a câmera consegue filmar diretamente o rosto do ator.

Quando Jaime perdeu a mão, ele começou a galgar o caminho para a redenção. As pessoas passaram a gostar mais dele ao acompanhar as provações pelas quais ele passou (e ainda passa) depois daquilo. As pessoas passaram a gostar mais dele. Se não sua família, nós, os telespectadores. Depois de ver a performance de Alfie Allen nesse episódio – especialmente quando ele recebe a notícia da morte de Robb Stark, resistindo ao impulso de rasgar a garganta de seu mestre –, eu acho que o mesmo vai acabar acontecendo com Theon. Aliás, foi um ótimo artifício da série fazer Ramsay colocar nas mãos de Fedor uma navalha para mostrar ao pai como este havia sido torturado até a total submissão. Mas como isso vai ficar quando sua família, os Greyjoys, entrarem em cena?

Aliás, aqui vemos uma alusão interessante a um diálogo de “The Night Lands”, na segunda temporada, onde Theon retorna às Ilhas de Ferro, confronta o pai e, quando mencionada a morte de Ned Stark, Balon pergunta: “How do you feel about that?”

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Nesse episódio nós pudemos conhecer melhor o Forte do Pavor, a esposa gorda de Roose Bolton, Walda Frey – com quem ele se casou por que Walder Frey lhe prometeu o peso dela em prata (fato mencionado em um diálogo com Catelyn durante o Casamento Vermelho) –, e a relação nada paternal entre ele e seu bastardo, que fica pianinho na presença do pai.  Eu nunca gostei muito da atuação de Iwan Rheon, por fazer de Ramsay um personagem extremamente caricato. Mas nessa cena, ao ver ele e o pai juntos, comecei a achar que esse é um interessante contraponto à atuação mais equilibrada de Michael McElhatton, que desde o ano passado vêm se revelando como um ótimo ator.

Ah, e não posso esquecer de mencionar a presença de Locke (Noah Taylor), o cara que cortou a mão de Jaime Lannister. Tudo bem que ele serve aos Bolton, que agora servem aos Lannisters, mas nem por isso ele merecia perdão. Ele cortou a mão do filho preferido de Tywin Lannister! Como ele pode ainda estar vivo? Se eu fosse Roose Bolton, teria no mínimo cortado a mão dele e mandado para o chefão como prova de lealdade. Ramsay certamente o faria. Mas parece que, ignorando esse fato, a série arranjou outra utilidade para o maldito: Caçar e, quem sabe, trazer um pouco mais de ação aos núcleos de Bran e Rickon, que viajam separados desde “The Rains of Castamere”.

porto real

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Depois da primeira cena, quando a câmera foca o rosto de Theon, o diretor corta para a capital, onde vemos Tyrion na companhia do irmão, comendo salsichas porco. Coincidência? O diálogo nos mostra como os dois estão próximos, agora mais do que nunca, já que Jaime está passando por algo parecido com o que o irmão passou a vida inteira: a humilhação de ser desmoralizado e ridicularizado pela própria família.

Jaime está puto e sem fome por não conseguir lutar com a mão esquerda e, consequentemente, não ser capaz de proteger o rei, que é o seu dever como membro da Guarda Real. Tyrion sugere que pra ser Comandante ele não precisa, necessariamente, saber empunhar uma espada, apenas saber comandar. Mas não é isso que Jaime quer, como vimos no episódio anterior, quando ele recusou a proposta de Tywin de se tornar Senhor de Casterly Rock. Ele é o Regicida, e prefere ser temido e respeitado por suas habilidades lendárias do que pelo poder de seu pai. Mas sem essa habilidades, ele não é nada. E seu maior medo é que as pessoas saibam disso, então a melhor solução é treinar seu braço esquerdo com um homem que pode ser facilmente silenciado pelo ouro dos Lannisters: Bronn.

Já faz um tempo que eu venho achando a relação entre Bronn e Tyrion um pouco desgastada, e fiquei feliz por ter sido atribuído esse novo papel ao mercenário. Eu jamais perdoaria os criadores da série se eles tivessem se livrado de um ator tão bom como Jerome Flynn. E ver essa interação entre ele e Jaime, que é diferente do irmão em praticamente todos os aspectos, será no mínimo interessante. O único problema é que o Regicida quer se livrar daquela imagem de “homem sem honra”, e nós sabemos que Bronn não luta com honra.

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Outro personagem que fez falta na estreia foi Varys. Eu realmente gosto de Conleth Hill e do modo quase honesto como ele interpreta o mestre dos sussurros (prestem atenção nele durante o casamento). O diálogo entre ele e Tyrion nesse episódio mostrou que Varys parece ser de fato aquilo que ele diz que é: um homem que não serve a Tyrion, Tywin ou Cersei, mas sim ao reino. Mas, pra fazer isso, ele precisa manter sua cabeça sobre os ombros, e mentir para a Mão do Rei nunca é uma boa ideia. Aqui vemos o primeiro desdobramento de uma cena do episódio passado, quando uma das aias de Sansa ouviu a discussão de Tyrion e Shae e saiu correndo pra contar a rainha regente (ou, como Oberyn fez questão de lembrar, ex-rainha regente). Varys também lembra que, lá no primeiro episódio da terceira temporada, “Valar Dohaeris”, Tywin prometeu enforcar a próxima prostituta que visse com o filho. Mas como ele sabia disso se ele nem estava na sala? Pergunte a algum de seus “passarinhos”, se você for capaz de encontrar.

Então, pra proteger sua amada, Tyrion a destrata, obrigando-a a viajar para Pentos, onde Varys tem amigos que podem ajudá-la a começar uma nova vida (como ele mesmo disse ao oferecer aquela bolsa de diamantes pra ela em “Mhysa”). Embora esse seja um velho clichê – que inclusive já foi usado na série, quando Arya atirou pedras em Nymeria para que ela fugisse do sacrifício –, foi a melhor cena do casal desde que eles chegaram à capital, lá na segunda temporada. A partir dali foram só juras de amor e ataques de ciúme, com muita pouca variação até esse momento, onde os dois atores – excelentes, por sinal – puderam mostrar um pouco mais da sua capacidade dramática. Será que veremos Shae novamente? Eu espero que sim (e Tyrion também).

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Muitas pessoas reclamam que, ao contrário de séries como The Walking DeadGame of Thrones faz com que você ame os personagens antes de mata-los. Bem, certamente isso não pode ser dito sobre Joffrey. Para que serviu aquela cena do café da manhã senão para que odiássemos ainda mais o jovem rei? Também serviu para que conhecêssemos o famoso Senhor de Jardim de Cima, Mace Tyrell – que de maneira muito suspeita presenteia Joff com uma taça desejando-lhe vida longa –, o filho mais novo de Cersei, Tommem, que agora é interpretado por um novo ator (o mesmo que fez Martyn Lannister, um dos prisioneiros mortos de Edmure em Correrrio, na terceira temporada) e o destino da segunda espada de aço valiriano forjada a partir da Gelo de Ned Stark no episódio anterior. Ela foi dada a Joffrey pelo avô como presente de casamento e, ironicamente, foi chamada de Lamento da Viúva.

Pobre Margaery… Mas antes ela do que Sansa.

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Eu fico realmente triste toda vez que vejo o núcleo de Pedra do Dragão na série, e talvez essa seja a intenção dos produtores, mas não é uma coisa boa. Stannis passou a última temporada inteira remoendo sua derrota e eu cheguei a pensar que depois da carta da Patrulha que eles leram em “Mhysa”, as coisas fossem começar diferentes esse ano. Ledo engano. Fico triste por que esse é o núcleo mais apagado e desprezado da série sendo que é o único em que absolutamente todos os atores e atrizes são de primeira linha. Stephen Dillane é incrível mesmo quando tudo que Stannis faz é ignorar a histeria da esposa, ameaçar Davos e reclamar da carne podre. O mesmo pode ser dito de Melisandre, que mesmo servindo basicamente pra propagar sua religião, graças a interpretação de Carice Van Houten, nunca fica cansativa. E acho que nem preciso mencionar o trabalho de Liam Cunningham como Davos, que demonstra rija fidelidade mesmo quando o rei vira pra ele e diz “se Axel Florent, que me forneceu centenas de homens e navios para a batalha, foi sacrificado em nome do Senhor da Luz, imagine o que pode acontecer com você?”

Até as atrizes que menos aparecem, Tara Fitzgerald e Kerry Ingram, que interpretam, respectivamente, Selyse e Shireen Baratheon, quando aparecem, arrebentam na performance.  Aliás, acho que elas foram os destaques do núcleo nesse episódio, e por isso fiquei feliz, já que ambas mal apareceram ano passado. Além da cena servir pra conhecermos um pouco mais a relação de Stannis com a esposa, uma mulher capaz de ver o próprio irmão servindo como sacrifício para as chamas com lágrimas de felicidade nos olhos, ela também foi uma total antítese à abundância que vimos na capital durante o casamento. Enquanto lá eles deixam os restos de seu banquete para os pobres, em Pedra do Dragão até o rei come carne estragada. E foi legal como a série usou isso pra fazer referência ao cerco de Ponta Tempestade, um episódio da Rebelião de Robert Baratheon onde Stannis e Selyse também passaram fome e foram salvos por Davos, que ao contrabandear comida para dentro do castelo ganhou seu título, suas terras, seu apelido e quatro pontas a menos nos dedos.

(Para saber mais sobre o cerco de Ponta Tempestade, acesse nossa wiki).

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branAí vamos para o outro lado da Muralha, que parece bem menos glacial que nas temporadas anteriores, embora visualmente essa cena seja uma das mais bonitas. Aliás, a capital também parece bem mais ensolarada, com aquele mar azul ao fundo. Desse jeito fica fácil esquecer que o inverno está chegando.

Assim como os Caminhantes Brancos e os dragões, o núcleo de Bran existe pra nos lembrar que embora a política, os conflitos da nobreza e a guerra sejam os temas centrais em Game of Thrones, a magia também existe em Westeros. Uma pena que isso não seja tão bem explorado, embora essa cena talvez tenha sido a que mais se esforçou pra nos mostrar como realmente funciona o poder de um warg. Conhecemos a possibilidade de que Bran pode se perder em seus sonhos de lobo. A possibilidade dele esquecer como é ser humano. Esse é um dilema inteiramente novo, e pode ajudar a alavancar a história do garoto esse ano. Não seria melhor pra Bran viver na pele do lobo, onde ele poderia correr e se alimentar sem precisar da ajuda de terceiros? Provavelmente. Mas não seria tão bom para o resto do mundo.

“Se nós perdermos você, perdemos tudo”, diz Meera, cada vez mais convencendo a audiência de que nos poderes de Bran está a chave para combater a ameaça dos Caminhantes Brancos. Se ele é tão importante por que a série continua tratando ele assim dessa maneira? Depois de tocar o represeiro, ele começa a ver imagens randômicas de temporadas passadas e um voz sinistra pedindo pra ele ir ao Norte procurar embaixo de uma árvore. A voz provavelmente é do tal corvo de três olhos que eles procuram. Mas a “ação” acaba por aí. Depois de dizer que sabe pra onde eles devem seguir, a cena acaba, e tudo fica por isso mesmo, o que não seria um problema tão grande se a próxima deles não fosse daqui à duas ou três semanas. Espero estar errado mas, se esse ano for igual ao ano passado, veremos um pouquinho de Bran a cada dois ou três episódios, e isso é muito desanimador.

Nós sabemos que o destino de Bran é promissor e grandioso mas, assim como o inverno, parece que nunca vai chegar.

o casamento

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A cerimônia do casamento de Joffrey e Margaery no Septo de Baelor foi belíssima. Primeiro por que o Septo em si já é uma atração à parte, aliado à trilha sonora fantástica, ao trabalhos dos atores, da produção de arte e dos figurinistas, o resultado não podia ser diferente. A festa porém, em termos de direção, me pareceu meio confusa e desorganizada. Os personagens saíam de seus lugares pra interagir com os outros e a câmera cortava pra lá e pra cá o tempo inteiro, o que pode até ter sido intencional, se levarmos em conta como tudo termina. Talvez a bagunça tenha servido pra desviar nossa atenção do que realmente estava acontecendo.

O diálogo entre Tywin e Olenna sobre as despesas da celebração foi uma ótima oportunidade pra ver dois atores sensacionais em cena, mostrando que, embora Mace seja o Senhor de Jardim de Cima, quem realmente dá as cartas é a Rainha dos Espinhos. Também serviu pra nos lembrar de que “o Banco de Ferro obterá o que lhe é devido.”

Supondo que Joffrey tenha sido assassinado, e não vítima da magia negra de Melisandre – que em “Second Sons” atirou aquelas sanguessugas nas chamas pedindo a morte dele, de Robb Stark e de Balon Greyjoy –, acho que um dos principais suspeitos seria o Oberyn. Dorneses tem um alto conhecimento sobre venenos, e as pessoas na capital amam um vinho dornês. Fora que o último episódio deixou bem claro o ódio que o príncipe sente pelos Lannisters, tanto que a cena em que ele enfrenta Tywin e Cersei durante o casamento pareceu um pouco forçada pra mim. Foi legal ele ter lembrado a rainha de que sua filha mais nova, Myrcella, está em seu poder. Mas precisava ter chamado ela de “ex-rainha regente” três vezes? Só vamos relevar por que, mesmo assim, ele continua sendo um dos personagens mais legais. Aliás, tenho quase certeza que aquela piada envolvendo dorneses, sexo e cabras teve origem no Oberyn. O cara é uma máquina! Viram como ele vai na direção da contorcionista de Podrick como se ela fosse parte do buffet da festa? E até trocou uns olhares com Sor Loras. Tudo com o aparente consentimento da amante bastarda, Ellaria Sand.

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Finn Jones e Nikolaj Coster-Waldau foram excelentes no bate-boca cavalheiresco entre Loras e Jaime, o que pra mim foi como uma resposta ao diálogo entre Cersei e Brienne, mostrando que os dois irmãos, embora brigados, ainda sentem ciúmes um do outro, e parece que não se preocupam muito em esconder isso das pessoas.

Lena Headey também teve momentos excelentes de disputa direta e indireta com a nora e atual rainha, Margaery. Principalmente na cena hilária entre ela e o incrível Julian Glover, que esteve apagado por um bom tempo. Pra contrariar o pedido de Margaery, Cersei ordena que as sobras do banquete sejam dadas para os cães e não para os pobres da capital. Uma atitude bem estúpida, que acabaria prejudicando seu próprio filho, mas que é bem digna da ex-rainha regente. O velho meistre a questiona, e ela ameaça dar ele como alimento aos cães. Ramsay ficaria orgulhoso.

E a cena em que Olenna elogia Sansa, com um papinho estranho de que algum dia Tyrion poderia leva-la a Jardim de Cima? Bem mais ou menos, e diria até descartável, se não fosse por um detalhe bem peculiar: enquanto fala, Olenna discretamente pega uma das pedras no colar de Sansa.

Isso mesmo. Assista de novo e verá (ou, se não quiser assistir de novo, confira a imagem abaixo com pontos da cena em destaque).

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Sabemos que o colar foi um presente dado por Sor Dontos Hollard – que de alguma maneira sabia sobre a morte de Joffrey, pois assim que o rei começou a passar mal, o bobo apareceu pra resgatar Sansa. Mas não acho que ele seria capaz de arquitetar tudo sozinho. Olenna e a pedra tiveram alguma relação com a morte do rei? O que ela ganharia impedindo que a própria neta se tornasse rainha? Talvez seja apenas uma das várias pistas falsas dadas ao longo do episódio, já que a Rainha dos Espinhos deixou claro que matar um homem em um casamento é um ato terrível. Que tipo de monstro faria isso?

Peter Dinklage mais uma vez mostrou que é quando Tyrion está nas piores situações que ele consegue interpretá-lo da melhor maneira. Havia certa dignidade no modo como ele abaixava a cabeça para as provocações do sobrinho, ou no modo como ele pega a mão de Sansa antes de se levantar para encher a taça do garoto. Deve ser por isso que ele sofre tanto. Depois de mandar a única coisa boa que tinha na vida para Pentos, ainda teve que aguentar as humilhações do rei perante toda a corte. E foi apenas o começo. Quando Joffrey deu seu discurso sobre história e aquele gigantesco leão alegórico abriu a boca, aposto que todo mundo pensou: “Aí vem merda”. Dito e feito. A caracterização daqueles anões… O modo como eles representaram a Guerra dos Cinco Reis… Foi simplesmente hilário! Especialmente se levarmos em conta as outras atrações da festa, que foram bem caídas. Tyrion não gostou, porém. E com toda razão. Aquela foi a gota d’água pra ele. Quando Joffrey veio desafiá-lo ele teve que responder à altura, daquele jeito que só ele sabe. Mas só conseguiu piorar sua situação.

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“It’s only wine”

Os momentos seguintes, onde Joffrey é tomado por sua raiva infantil, foram constrangedores até para nós que estávamos assistindo. Tão constrangedores que foi impossível não sentir simpatia pela Margaery quando ela grita pela torta a fim de acabar com aquele tormento. Natalie Dormer foi ótima durante todo o casamento, com todas as expressões de descontentamento que esboçou diante das atitudes pueris do marido.

Aí chega o momento fatídico. Depois de obrigar Tyrion a servi-lo de vinho mais uma vez, Joffrey começa a engasgar e, para o desespero de Cersei, começa a morrer ali mesmo. Embora nem de longe tão boa quanto Michelle Fairley ao ver o filho morrendo no Casamento Vermelho, a interpretação de Lena Headey foi satisfatória, especialmente quando ela grita pelos guardas exigindo a captura do irmão.

Quem esperava que isso fosse acontecer? A cena foi terrível.  Em pouco tempo vemos a cara do rei ficar roxa e começar a expelir sangue dos olhos, narinas e boca. Mesmo com uma visão tão grotesca, acredito que muitos de vocês, à essa altura, já estavam essa dancinha na frente da televisão.

Até que o rei finalmente morre nos braços da mãe (e do pai).

Verdade seja dita, se você acha que a morte de Joffrey trará algo de bom para os Starks, está bem enganado. Em vários momentos do episódio, vimos os próprios membros das Casas Lannister e Tyrell desconfortáveis com o comportamento do rei, que para eles era uma fraqueza. Agora que ele se foi, Tywin pode coroar Tommem, que com certeza é mais fácil de se controlar. E então o reino estará nas mãos daquele que foi a mente por trás do Casamento Vermelho.

Mas não quero tirar a alegria de vocês. Joffrey foi responsável pela morte de Ned Stark, e agora teve o que mereceu. Embora, pessoalmente, eu vá sentir falta dele. Até por que Jack Gleeson era um dos melhores atores no elenco, e a performance dele nesse episódio, especialmente na cena de sua morte, deixa isso bem claro. Para o bem ou para o mal, Westeros jamais será a mesma sem o seu rei.

Pouco antes de morrer, ele ainda comete um último ato de maldade, apontando para o tio como se o acusasse de tê-lo envenenado. E aí percebemos como tudo apontava pra isso. Mesmo quando mata um personagem odiado pelos fãs, George R. R. Martin torna miserável a vida de outro personagem que eles amam. 

E o episódio termina com uma versão mais triste da música dos Lannisters, As Chuvas de Castamere (The Rains of Castamere). Tão triste que soa quase como um réquiem. Não foi a toa que Joffrey mandou a banda Sigur Rós embora da festa.

Nada como um casamento após o outro. Mesmo sem ter aparecido no episódio, Arya já pode riscar mais um nome em sua lista, e é apenas o segundo capítulo da temporada! Enquanto as pessoas comemoravam felizes o fato de Joffrey estar queimando nos sete infernos, Melisandre nos lembra que, na verdade, existe apenas um: aquele em que eles estão vivendo. O que realmente faz sentido se você parar pra pensar.

Em um mundo onde pessoas como Ramsay Bolton andam à solta, a morte de Joffrey realmente faz alguma diferença?