O texto a seguir possui spoilers dos livros A Tormenta de Espadas, O Festim dos Corvos e A Dança dos Dragões que ainda não foram exibidos na série de TV. Leia por sua conta. Se você não leu os livros, preparamos um texto especialmente pra você, clique aqui para ler. Foram adaptados neste episódio os capítulos Dany VI (pág 583), Sansa V (pág. 624), Sansa VI (pág 694) e Jaime IX (pág 744) de ATdE.
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Em Oathkeeper, a HBO produziu o episódio mais complexo e inédito de Game of Thrones desde que a série foi criada. Com um excelente roteiro duramente escrito pelo nosso favorito Bryan Cogman, e costurado por uma das minhas diretoras favoritas da TV, Michelle MacLaren, este episódio conseguiu deixar muita gente de cabelos em pé por sua propriedade em construir bons temas, e seu cuidado em revelar coisas inéditas e novas para quem já leu tudo o que Martin escreveu sobre esse universo. Pela primeira vez, todo mundo se sentiu como se não soubesse o que vai acontecer na história. E essa sensação foi muito boa.

O episódio começa em Meereen com Missandei ensinando Verme Cinzento a praticar o Idioma Comum. Uma cena poderosa que mostra o ponto de vista dos escravos, pessoas que foram roubadas de sua terra natal para servirem ao propósito de ‘mestres’ escravagistas cruéis que não terão lugar no mundo novo que Daenerys quer construir. Curioso é que os dois  personagens desta cena inicial vêm de lugares muito bonitos e diferentes de tudo o que a série nos apresentou até agora: Naath, um lugar cheio de borboletas, onde as pessoas fazem música e não guerra. E também as Ilhas de Verão, que fica ao extremo sul de Westeros, e é um lugar que contempla o amor e sexo de maneira bastante livre e espiritual. E aqui estão eles agora emocionados ao proferirem o algo que parece alimentar sua fúria e dor: ‘Kill the Masters‘, termo em inglês que seria o idioma comum na história, e que a série tenta usar para mostrar que Dany tem uma certa malícia de conquistadora ao invadir uma cidade sem deixar de impor fortemente sua cultura em cima de outra. É uma excelente contradição que espero que a série saiba trabalhar apropriadamente baseada nos elementos dos livros. Por enquanto o acerto é indiscutível: não há nada mais simbólico nesse sentido do que a bandeira Targaryen ser colocada em cima do maior símbolo cultural da cidade, a harpia.

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Aos poucos vamos percebendo que algo no texto fica querendo o tempo todo insinuar que Verme Cinzento tem algum tipo de sentimento por Missandei. Como nesse episódio ficou claro que os dois vieram de nações distintas, podemos descartar a hipótese de que ela seja sua irmã, perdida no passado (baseando-se nos livros onde Missandei conta ter dois irmãos imaculados vivos, mas nenhum deles é Verme Cinzento). Quando Verme Cinzento diz pra Missandei que não era nada antes de ser um imaculado (before unsullied, nothing) ao mesmo tempo em que tenta alcançar a mão dela em busca de um toque humano, vemos quase um grito de desespero contido ali. Tudo o que ele pode desejar realmente é uma amiga, uma amante ou whatever, mas alguém que fique com ele (afinal de contas, imaculados são eunucos). E por isso, matar os mestres, torna-se um jargão tão forte nessa série. É a vingança por alguém algum dia ter colocado pessoas como eles dois nessa situação. Por tê-los tirado de suas mães, praias brancas, borboletas e música.

Falando um pouco sobre a sequência de escravos invadindo a cidade pelos esgotos, nos livros temos Jorah e Barristan liderando o ataque, já que a essa altura Dany já descobriu que os dois são traidores ou mentirosos e então há toda a poesia de literalmente ter que passar por muita merda pra provar pra ela que eles estão ali para lutar por ela e provar lealdade. Na série temos escravos falando diretamente com escravos, o que aumenta o empoderamento de Verme Cinzento. Mas… deixar mais uma vez Barristan ali a mercê do nada, atuando apenas como um conselheiro, quase o que um meistre faria em qualquer outro lugar do mundo… é mancada. Acho no entanto que, a cada vez que ele vê Dany fazendo algo muito crazy, ele se lembra de quanta loucura Targaryen  teve que aguentar durante a vida… e teme por ela.

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A cena tirada de Cinderela Baiana, bem como a crueldade dela em relação aos mestres escravagistas é algo bem alinhado com as passagens de Dany em A Tormenta e ficou muito bom, misturando a doçura da personagem com o seu povo e sua crueldade querendo punir os líderes que fizeram o mesmo povo sofrer. Embora seja fato que Dany dos livros ouve muito mais seus conselheiros e é menos implacável. O núcleo dela tem várias dessas nuances lindas e personagens incríveis que são ofuscados por um punhado de frases de efeitos que cansam o espectador. Mas o tempo que Dany dispõe em A Tormenta de Espadas está acabando na série. E o que está por vir, não é nada bonito… A única coisa deste livro que falta mostrar na série é ela mandando Jorah embora e decidindo ficar em Meereen. Depois disso, embarcaremos em A Dança dos Dragões. Brace yourselves.

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Em Porto Real vemos que o centro das cenas foi Jaime. Como esperado, a cena de estupro não serviu para absolutamente nada, não houveram consequências, não adicionou nada pra ninguém. Cersei puta da cara, bêbada, sentindo-se impotente e com ódio de Jaime a gente teria de qualquer jeito, é isso o que acontece quando o seu filho morre. Aliás, vemos que Cersei se segura muito na figura de autoridade que ela é, fazendo que a relação dela com Jaime ou com qualquer outra pessoa seja uma relação de rainha e empregado. Cersei sempre foi assim, mandando as pessoas resolverem as coisas por ela. Por isso os irmãos Kettleblack são tão importantes nos livros nos capítulos dela. Depois dessa leitura, fica bem óbvio que a cena de estupro não teve impacto na história dos personagens porque os criadores da série não queriam que ela tivesse. Por isso, aquela cena foi algo que eles realmente não tinham a intenção de ser lida da maneira inevitável que ela foi.

E em contraponto temos Jaime se sentindo confiante como não o era há muito tempo. Mas é claro, Bronn em certo ponto literalmente esmurra a cara dele com verdades, mostrando que ele é amado pelo irmão. Só então vemos Jaime sentindo que precisa visitar Tyrion. Aliás, quanto a Porto Real, todas as cenas exibidas fizeram questão de deixar claro que todo mundo sabe que não foi Tyrion quem matou Joffrey.

Não foi mesmo, a gente sabe. Mas Jaime cria coragem e vai lá verificar. Tyrion consegue se manter humilde a paciente o tempo todo, andando lentamente em direção a sua morte (ok, sabemos que ela não vai acontecer, mas ele não sabe disso). Essa foi uma cena muito bonita que mostrou literalmente Tyrion dizendo que jamais mataria o filho do irmão, e que Jaime jamais mataria o irmão. Mas Cersei quer sim matar seja quem for para que sua dor passe. O jeito como o episódio mostra como ela está lidando com a morte do filho, em paralelo com a cena em que vemos Mindinho admitindo a Sansa que foi ele quem arquitetou tudo é maravilhoso. E ao mesmo tempo ela é uma mãe que tem razão, porque curiosamente as portas de Tommen não estão sendo bem guardadas. Cersei cita nessa cena que se perguntou durante meses o motivo de Catelyn ter libertado seu irmão, e isso serviu para justificar o fato de que o último filho de Craster acabara de nascer no fim do episódio. Mas essa timeline ainda é muito estranha…

Pô, e aí tem Mindinho e Sansa a caminho do Vale. Assim como Arya está a caminho do Vale (barulho de coração quebrando em mil pedacinhos). Mindinho conta seu plano maquiavélico de matar o rei para causar o caos e para agradar seus novos amigos para que a amizade entre eles continue crescendo forte. E aí temos a transição para a cena da família que cresce forte, as garotas Tyrell. Vovó Olenna acaba confessando a Margaery que ela deu um jeito de livrá-la daquela ‘besta’ que Joffrey era, ao mesmo tempo em que mexia sugestivamente no colar da neta… A série deixou isso mastigadinho demais? O timing foi bom? Essas duas cenas foram tão boas, principalmente com Vovó Olenna falando sobre seu passado e mostrando como foi uma mulher ousada demais e safada demais e é por isso que Margaery é muito mais inteligente do que todas as garotas da idade dela. Mas essas cenas deixaram uma sensação de que a série explicou a morte de Joffrey tardiamente. A essa altura muita gente já tinha discutido e pesquisado isso, pareceu didático demais. E bem, Olenna agora está fora de Game of Thrones? Que pena… No livro ela fica para o velório de Tywin e é bem legal.

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Bem, Margaery aprendeu o bastante e agora precisa agir sozinha. E é o que ela faz, entrando sorrateiramente no quarto de Tommen, tentando seduzi-lo com sua amizade. Ser Pounce (ou Sor Salto) é dado a Tommen por Margaery nos livros, ela dá três gatinhos ao total para o garoto, justamente porque ele pedia isso a Cersei e a mãe não queria lhe dar. E aí Margaery sai na frente e começa a ganhar o coração do garoto. Na série vemos uma cena bastante sugestiva, pobre Tommen. Sendo seduzido por Margaery do mesmo jeito que Sansa está sendo seduzida por Mindinho.

Pela manhã, na Torre da Espada Branca, vemos Brienne lendo o capítulo de Jaime no Livro Branco e ele repetindo mais uma vez a intenção de que “ainda há espaço para preencher mais páginas”. Neste momento ele faz exatamente o contrário do que Cersei pediu e resolve cumprir a promessa que fez a Catelyn: dá sua espada de aço valiriano a Brienne, além de uma armadura negra badass motherfucker e… o melhor escudeiro que os Sete Reinos já viram. Podrick já começa seu serviço dando bolas fora: “Eu não vou te atrapalhar, sor… mylady “. E toda essa cena figura o começo da jornada do herói desses dois, algo tão amplo e tão cheio de possibilidades que emociona. Momento bem ritualístico onde eles recebem essa demanda e artefatos incríveis para conseguir conclui-la. E, a cereja do bolo é a despedida de Brienne e Jaime que se olham por um longo momento e dizem adeus. “I’ll find her. For Lady Catelyn. And for you.

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Curiosamente, nos livros, Brienne e Jaime se reencontram quando Brienne está levando Jaime para ser morto justamente por Catelyn. Oh God, HBO. Não tire Coração de Pedra da gente. Além disso, nesse capítulo de Jaime que vemos nesse episódio, ele vê a ‘falsa Arya’ Jeyne Poole sendo entregue a Roose Bolton para casar-se com Ramsay em Winterfell. E quando ele vê a zoeira descarada do pai, ele faz questão de deixar Brienne resgatar as garotas e levá-las para casa (alguma casa) em segurança. A trilha sonora dessa cena nos livros é assustadora: A Montanha gritando de dor nos calabouços do castelo enquanto Qyburn faz seja lá o que for com ele…

Bom, vamos falar sobre as terras geladas. No pátio em Castelo Negro vemos Jon ensinando uma galera a lutar contra os selvagens enquanto Alliser Thorne continua a humilha-lo lembrando que ele é apenas um intendente e não um Patrulheiro no papel. E então Janos Slynt tem o excelente insight de enviar Jon para a cabana de Craster para detêr os amotinados e provavelmente ser morto, tirando ele dali para que Alisser seja eleito futuro Comandante. Por que Jon está se mostrando um excelente líder e Kit Harington está em um excelente momento da série.

E aqui começa os momentos confusos e um pouco difíceis de serem comentados. Dois elementos novos são apresentados na história desse episódio que não estão nos livros. Primeiro, a presença de Locke que seria um equivalente ao Vargo Hoat dos livros, mas a essa altura está bem longe de ser isso. Depois, o fato de que Jon está na verdade atravessando a Muralha para encontrar Bran, já que Sam ao invés de sentar a bunda na cadeira e estudar fica fazendo fofoca e lamentando ter levado Gilly pra longe. Tô brincando, mas verdade seja dita: a mudança no ‘caráter’ de Sam se dá muito ao fato de que não temos Mão Frias o aconselhando nesse sentido e também precisávamos de um motivo para que a timeline de Bran, Jojen, Meera, Hodor e Verão fosse um pouco mais interessante.

Locke escuta quando eles falam de Bran e os interrompe dizendo que Alisser procura por ele. Enquanto os patrulheiros jantam, Alliser anuncia que permitirá a expedição de Jon Além da Muralha, dizendo que apenas voluntários podem ir com ele e então Jon dá um discurso emocionado dizendo que a sobrevivência deles depende disso, e que se eles são verdadeiramente irmãos, Mormont era o pai de todos e então eles devem vingá-lo. Jon pergunta quem vai se juntar a ele: Grenn e Edd Doloroso levantam-se, outros seguem e o último a se levantar é Locke, com uma sinistra trilha sonora, apontando ‘Hey João, este cara não é bom’. Toca aqui se você se lembrou de A Sociedade do Anel nesta cena. o/

 

Cortando pra fortaleza de Craster, um horror: mulheres sendo espancadas, abusadas e estupradas. É tudo muito insado e cenas como essa caem naquela grande polêmica da semana passada. Eu não gosto de ver cenas assim na TV, não sou puritana, mas aquilo foi barra pesada, real demais. Real demais para um homem insano que bebe vinho diretamente do crânio de Jeor Mormont enquanto zomba e ao mesmo tempo chora por não ter nascido nobre. Karl é o pequeno inferno que precisamos passar para Jon subir de nível e acho que a criação desse personagem é tão alegórica quanto legal e empolgante. Mas pra isso ficar mais palpável a gente tem que ver um monte de mulheres serem espancadas e abusadas no processo. Algo nessa cena me fez lembrar muito daquele discurso ‘white trash redneck místico’ da série True Detective. Mulheres em um ambiente incestuoso sendo abusadas por meia dúzia de caras insanos enquanto cantam “um presente para os deuses, um presente para os deuses” ao oferecerem criancinhas para um sacrifício.

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Ali pertinho temos Fantasma que não conseguiu retornar a Castelo Negro e foi pego em uma armadilha. E próximo a ele temos Verão, Bran, Hodor, Meera… e Jojen, que está passando por um momento indecifrável. Jojen sempre foi descrito nos livros como um garoto doente e frágil. E em certo momento em A Dança dos Dragões vamos percebendo que ele começa a definhar cada vez mais, e tudo isso parece estar relacionado a crescente magia que aquele lugar frio sugere ter. E a magia está de fato muito forte ali: Eles estão muito perto do White Walker que está chegando para buscar o bebê, e Bran acabou de passar por aquela experiência com a árvore coração.

Todos são capturados, Verão ao tentar salvar o irmão, Hodor é humilhado e machucado… E a série fez aqui uma adição interessante a história de Hodor! Essa cena em que Hodor é machucado por um monte de caras babacas, acontece na verdade lá no segundo livro, quando Theon invade Winterfell, lembram-se? Mudaram muito a jornada de Bran, Jon e Fantasma, e espero que a série se aproveite disso para dar a Jon, Fantasma e Bran uma oportunidade de aprenderem mais sobre sua relação com os lobos. Principalmente Jon. Não faz o menor sentido Jon estar longe do seu lobo, ou não sentir que seu lobo está em perigo.

E bem, agora Karl e Rast sabem que Bran é irmão de Jon e esse arco é novo, surpreendentemente sinistro e empolgante.

Por que Jojen passa mal daquele jeito?
Jojen nos livros já é um menino considerado frágil quando ele conhece Bran, ainda em Winterfell. A viagem que eles fizeram até as terras Além da muralha poderia de fato piorar qualquer problema de saúde que o garoto tivesse. No entanto, há algo a mais nos livros sobre Jojen que a gente não fica sabendo na série: os sonhos e o estilo de vida dele são muito mais místicos e sombrios. Jojen é um garoto de 13/14 anos que parece constantemente ter vivido com o único propósito de levar Bran Além da Muralha, e isso fica muito claro nos livros quando vemos ele citar que sabe exatamente quando vai morrer e como vai morrer. Vemos ele adoecendo gradativamente até que em certo ponto ele cai em uma terrível depressão e chora por querer voltar pra casa. Algo muito sinistro está para acontecer com Jojen e a sensação que dá é a de que será ainda nesta temporada. O que é ainda mais assustador para aqueles que já leram os livros ficarem desesperados por possíveis spoilers da história.

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No deserto gelado além da floresta assombrada, um White Walker passeia devagarinho montado em um daqueles zombie horses bizarros. Ele tem no colo o baby Craster e o leva durante milhas e milhas bem devagarzinho…. até chegar em uma paisagem assustadoramente linda, com uma aurora boreal, um altar de gelo e treze criaturas White Walkers. Vemos que uma dessas treze criaturas aproxima-se, pega o baby Craster no colo e o transforma. Aqui temos a HBO fazendo de certa forma uma história de origem, mas que está longe de explicar metade do que precisamos saber sobre essa raça de seres etéreos e aterrorizantes.

A série realmente deu spoiler do livro?
Bem, temos aquela coisa estranha que foi a recapitulação do episódio apontar que o Darth Maul de Gelo na verdade era o Rei da Noite. Horas depois a HBO apagou o que havia escrito e substituiu o termo Night’s King por Walker, dando a entender que aquela criatura sinistra era apenas mais um Caminhante.

Nos livros, Gilly e as outras mulheres ainda na cabana de Craster tentam dizer isso a Sam. E o que elas falam é meio que exatamente o que acontece nessa cena:

– Eu e o bebê. Por favor. Serei sua mulher como fui de Craster. Por favor, sor corvo. Ele é um menino, exatamente como Nella disse que seria. Se não o levar, eles levam.

– Eles? – disse Sam, e o corvo ergueu a cabeça negra e repetiu, num eco: “Eles. Eles. Eles.”

– Os irmãos do garoto – disse a velha da esquerda. – Os filhos de Craster, O frio branco está se erguendo lá fora, corvo. Sinto nos meus ossos. Estes pobres ossos velhos não mentem, eles estarão aqui em breve, os filhos.

Relendo essa trecho do livro, vemos que série não deu spoilers algum do livro vindouro, essa parte da história está cronologicamente acertada com tudo o que vimos até agora. Apenas não foi escrita por Martin dessa maneira didática. White Walkers nunca serão um ponto de vista nos livros, mas alguém (Jon ou Bran) pode vir a interagir com eles de alguma maneira nos livros que estão por vir. E nunca poderíamos ver nos livros o último bebê ser transformado Craster, porque o último bebê já aconteceu faz tempo. Mas ao começar a discutir isso caímos em vários pontos da história que são difíceis. A série nos mostrou o que provavelmente são as Terras de Sempre Inverno, mas será que não há nada além delas? Aí é que está. A série tem uma versão bastante limitada e direta das coisas, enquanto nos livros Martin está preparando uma narrativa completa e muito mais bela nesse sentido. E é por isso que acho que não deveríamos estar preocupados com isso. Eu não sei vocês, mas não quero que o Rei da Noite seja o Darth Maul nos livros. Se a série quiser fazer isso, fique a vontade.

Muita gente levantou o ponto de que são treze figuras ali na cena final, sugerindo que o Rei da Noite segundo a lenda da Velha Ama foi justamente o 13º Comandante da Patrulha. E que as outras treze figuras seriam uma referência aos comandantes que vieram antes dele. Temos que nos lembrar que Os Outros já existiam antes da Patrulha ser criada e que essa lenda nos leva a crer que o Rei da Noite poderia ser uma ponte de encontro entre esses dois mundos. Mas eu sinceramente não acho que a série esteja preocupada em nos mostrar easter eggs neste sentido. Se ela tivesse realmente preocupada em explicar alguma coisa, teríamos Mãos Frias. E, ao que tudo indica, não teremos.

Esse episódio de Game of Thrones entregou absolutamente tudo o que muitas pessoas pediam constantemente em um episódio: Jon sendo líder, Daenerys sendo implacável e empolgante, o arco de Bran ser mais expressivo, White Walkers e que os fãs dos livros parassem com spoilers. Oathkeeper foi bem sucedida em todos esses aspectos, principalmente ao dar aos leitores a sensação de que eles não sabem de absolutamente nada o que está acontecendo nessa história que está sendo contada na TV, arriscando um plot completamente novo e empolgante. É como o jornalista Sean Collins soltou no Twitter depois desse episódio: ‘Os fãs parecem odiar os produtores de Game of Thrones por qualquer motivo e a todo momento, porque eles são os únicos que estão ricos e famosos por fazer uma fanfic de As Crônicas de Gelo e Fogo.’

O nome do episódio, Oathkeeper, fala muito sobre justiça. Enquanto vemos Jon e Dany ambos sincronizadamente subvertendo alguns ideais clássicos para um bem maior, Brienne e Podrick são os dois últimos bastiões desses conceitos de honra, intocados, imaculados. E é muito cruel que a história os tenha jogado, juntos e no meio do nada, para cumprirem uma demanda basicamente impossível. É justiça com injustiça. E a história também jogou a última luz de inteligência e insanidade (Tyrion) dentro de uma cela escura, caminhando lentamente para a morte ou, para uma definitiva mudança de caráter.

Depois de vermos Karl espacando e estuprando, bebendo vinho em um crânio, abusando de um garoto que não consegue andar e de seus amigos indefesos… Ver criaturas terríveis, impossíveis e indecifráveis preparando um possível exército para tentar invadir e dominar o mundo com um longo inverno, parece ser a única solução que esse mundo terrível e perverso precisa.