The Damphair, por Patrick McEvoy. © Fantasy Flight Games.
The Damphair, por Patrick McEvoy. © Fantasy Flight Games.

Já foi amplamente noticiado que George R. R. Martin leu na Balticon 50, no dia 29 de maio, um capítulo inédito de The Winds of Winter. O site já havia trazido um compilado de transcrições sobre o POV, nomeado The Forsaken (“O Abandonado”), que acompanha o ponto de vista de Aeron Greyjoy.

O blog Angry GoT Fan disponibilizou uma transcrição completa do capítulo, a qual foi traduzida e pode ser lida abaixo (ou clicando aqui). Este é o décimo primeiro capítulo que George disponibiliza ou lê em convenções, e todos eles podem ser lidos traduzidos aqui, em compilação feita pelo Gelo & Fogo. Em seguida, como de costume, algumas impressões sobre o POV.

The Forskaen é, aparentemente, mas um capítulo que George traz à tona para mostrar o quão diferentes são seus livros e a série de TV (como já havia feito com Mercy, Alayne e o segundo de Arianne). Este, porém, diferentemente dos demais POVs já divulgados, que não desenvolviam tanto a história, tem revelações surpreendentes e, ao que tudo indica, de grande relevância para o seguimento da trama dos livros.

O capítulo é pautado por um conflito interno e o questionamento de Aeron em relação sua religião, e pelas reações do sacerdote face a seu irmão Euron – a verdadeira estrela de The Forsaken –, que ao longo de todo capítulo escarnece e faz pouco dos deuses, tanto nas passagens em que Cabelo-Molhado está são quanto naquelas em que ele delira sob efeito da sombra da tarde. A influência de Euron sobre Aeron é notável, possivelmente herança da relação abusiva por parte do mais velho dos irmãos em relação ao mais novo, situação que já era objeto de teorias dos fãs e foi confirmada no capítulo.

O que surpreende é que não apenas Euron se apresenta como um homem sem deus, como também aparentemente ele tem pretensões de se tornar um (o que quer que isso signifique). Sua coleção de sacerdotes das mais diversas religiões e crenças (aos quais se soma Falia Flowers ao final, talvez fazendo o papel da Donzela, apesar de obviamente não ser tecnicamente uma) indica que ele tem possivelmente intuitos mágicos, movidos a sacrifício. Não coincidentemente, uma das visões de Aeron mostra a morte dos deuses no Trono de Ferro, sobre o qual Euron se senta em outra visão. A frase de Lucas Mão-Esquerda, “palavras são vento, mas sangue é poder” parece ser crucial, não só para este capítulo em específico, mas para toda a temática mágica da série, que crescentemente envolve magia de sangue.

Euron é a verdadeira estrela de The Forskaen. Arte: "Kingsmoot Euron Greyjoy", por Kay Huang.
Euron é a verdadeira estrela de The Forskaen. Arte: “Kingsmoot Euron Greyjoy”, por Kay Huang.

Se Euron realmente tem pretensões de concentrar poder através de magia, o modo como ele faria isso representa ainda um ponto de interrogação. A presença de Pyat Pree entre seus cativos (o que também já era teorizado e foi confirmado) pode dar pistas. Euron afirmava ter ido a Valíria, usando o berrante valiriano que (pretensamente) vincula dragões como prova. Pessoalmente, porém, nunca acreditei (como o próprio Aeron antes deste capítulo) que ele tivesse mesmo ido à Cidade Franca. Teorizava que ele havia na verdade adquirido o Dragonbinder com os magos qartenos, visto que eles assumidamente se dirigiam a Meereen pretendendo se vingar de Daenerys, e um artefato mágico com tal poder seria uma arma condizente com os intuitos deles.

O surpreendente aparecimento, agora, de uma armadura de aço valiriano foi suficiente para convencer Aeron de que o irmão esteve mesmo em Valíria. É claro que o estado de espírito do Cabelo-Molhado também pode ter tudo a ver com essa mudança de opinião: neste capítulo ele foi totalmente quebrado e subjugado pelo irmão mais velho e, portanto, está mais suscetível a temê-lo e a acreditar nele. Ainda tenho dúvidas se Euron realmente foi a Valíria, e tendo a acreditar mais que a presença dos magos teve grande importância para o crescente arco mágico do Olho de Corvo, afinal eles, como ele, são também adeptos da sombra da tarde.

Quanto à sombra da tarde, as visões de Aeron sobre Euron em tronos (de crânios ou de ferro) com anões sob seus pés remetem a uma visão de Daenerys na Casa dos Imortais (quando a rainha dragão também estava sob efeito da droga), em que ela via uma mulher sendo disputada e dilacerada por cinco anões. Acredita-se que essa mulher representava Westeros e os cinco anões os reis da Guerra que levou seu nome, e a repetição das mesmas figuras (e por duas vezes) possivelmente tem algum significado similar. A sombra de mulher que faz par com Euron é talvez o ponto mais chamativo das visões: “comprida e alta e terrível, suas mãos vivas com pálido fogo branco.” A primeira que vêm à mente é naturalmente Daenerys, pela menção ao fogo e pelo interesse de Euron em tê-la como consorte, mas, como sói acontecer com as visões, nada é muito claro: a Targaryen não é alta, e o “fogo branco” também suscita dúvidas. Por mais óbvio que pareça (e é), a verdade é que os devaneios de Cabelo-Molhado certamente serão ainda objeto de muitas discussões e teorias, e é praticamente impossível cravar qualquer certeza sobre eles agora.

O tom do capítulo, principalmente em seu final, dá a entender que este seja o último capítulo de Aeron, visto que ele aparentemente será utilizado como instrumento no ritual de sacrifício empreendido por Euron, possibilidade que ganha força com as declarações de Martin de que pretende “cortar” personagens com ponto de vista em Winds. Que Euron vai ser “grande” no livro já era algo prenunciado, mas o que surpreende é que agora se sabe que ele não somente atuará na frente política, mas também na parte mágica. Conflitos com as casas da Campina são iminentes (possivelmente com alguma batalha em Vilavelha), e a interação entre ele e Daenerys (também dona de um arco mágico proeminente na história) também parece certa, em algum momento.

Os comentários estão abertos para mais opiniões a respeito de The Forskaen. Clique aqui para ler todos os capítulos de Os Ventos de Inverno que já foram divulgados.