Olá! Esta é a primeira edição de nosso Assim Falou Martin, em que apresentamos declarações de George R. R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo. Os registros desta edição estão originalmente no Westeros.org, que gentilmente autorizou que traduzíssemos para o português.

Os relatos publicados hoje são de outubro de 1998, e incluem postagens em fóruns e correspondência com fãs. Em alguns casos, as perguntas feitas pelos fãs não foram registradas, mas é possível presumir quais são pelo contexto. Tentamos, na tradução, manter a escrita original, na medida do possível. As ilustrações são por nossa conta (e claro, dos autores). Boa leitura!

A Batalha de Bosworth, de James Doyle. Domínio público. Fonte: Wikimedia Commons.

A Guerra das Rosas

Post em fórum. 6 de outubro de 1998.

Em termos gerais, a ação em A GUERRA DOS TRONOS e suas continuações é certamente influenciada pela Guerra das Rosas, um dos meus períodos históricos favoritos. Não é uma correspondência exata, porém; me diverti consideravelmente brincando com as expectativas e misturando as coisas, e os personagens saíram mais da minha cabeça do que da História.

Sim, a série era originalmente uma trilogia, mas cresceu… para quatro a princípio, mas agora estou inclinado a achar que vai ser mais longa que isso. O que posso dizer? É uma história GRANDE, e o elenco é de milhares de personagens.

Sumários

Post em fórum. 6 de outubro de 1998.

Provavelmente vou contar mais algumas histórias sobre Dunk e Egg qualquer dia desses, mas é mais provável que não aconteça até se passarem alguns anos. Ainda tenho milhares de páginas para escrever da minha série atual primeiro.

Detesto sumários do tipo “O Que Aconteceu Antes”. Ao invés disso, tentei escrever os primeiros capítulos de A FÚRIA DOS REIS de forma a ativar as memórias dos leitores sobre tudo o que aconteceu em A GUERRA DOS TRONOS. Também tem as genealogias para manter as coisas certas.

Aerion Targaryen, em O Cavaleiro dos Sete Reinos. Arte: Gary Gianni.

Muitas perguntas

Post em fórum. 14 de outubro de 1998.

[Sumário: sandrews pergunta se Duncan, do Cavaleiro Andante, foi pai de uma família, se a família existe na época dos livros, por que Aemon Targaryen não apareceu na história, e se Dany tem algum parente em Lys por causa do exílio de Aerion Chamaviva.]

Martin: As respostas para (i) e (ii) vão ter que esperar até que eu escreva mais histórias de Dunk e Egg, ou possivelmente até volumes posteriores em AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO.

Quanto a (iii), bem, Aemon estava na Cidadela em Vilavelha, estudando para conseguir sua corrente de meistre. Ele não tinha participação na história que eu estava contando no “Cavaleiro Andante”, então não vi razão para colocá-lo no palco.

Por último, (iv), bom, Aerion Chamaviva não ficou em Lys a vida inteira, só alguns anos. Ele pode ter sido pai de alguns bastardos lá, o que significaria que Dany tem “parentes” de alguma forma em Lys… mas eles seriam parentes muito distantes, do lado errado dos lençóis.

Magia na fantasia

Post em fórum. 21 de outubro de 1998.

Martin: Boa pergunta, Jason. O uso correto de magia é um dos aspectos mais complicados de se escrever fantasia. Se feito de forma ruim, pode facilmente desbalancear um livro.

No meu caso, uma das coisas que fiz foi voltar e reler o Mestre, J. R. R. Tolkien. Praticamente toda a alta fantasia escrita hoje, incluindo a obra da maioria dos autores em LEGENDS, é fortemente influenciada por Tolkien.

Relendo O SENHOR DOS ANÉIS, me bateu muito forte que o uso da magia feito por Tolkien é ao mesmo tempo sutil e contido. A Terra Média é um mundo cheio de maravilhas, sem dúvida, mas muita pouca magia é realmente mostrada ao vivo. Gandalf é um mago, por exemplo, mas ele luta mais com uma espada.

Isso parece uma forma muito mais efetiva do que ter alguém murmurando feitiços a cada parágrafo, então tentei adotar uma abordagem similar em A GUERRA DOS TRONOS.

Aegon III Targaryen
Aegon III Targaryen. Arte: Roman Papsuev.

Idades Targaryen

Correspondência com fã, enviada por Linda Antonsson. 23 de outubro de 1998.

Martin: Você é a segunda pessoa que levanta essa questão das idades dos vários Targaryen de Daeron I a Daeron II. Outro fã de olhos aguçados também apontou isso no fórum.

Não existe boa resposta, a não ser a de que eu me atrapalhei. Pensei nas idades (mais ou menos) de Aegon II em diante até o “presente” em A GUERRA DOS TRONOS, mas nunca pensei em trabalhá-las para trás também. Parece realmente que elas não batem muito bem, e que vou ter que mexer com a sucessão Targaryen. Como, não sei, mas vou fazer alguma mudança.

Viserys II Targaryen
Viserys II Targaryen. Arte: Roman Papsuev.

Sucessão Targaryen

Correspondência de fã, enviada por Linda Antonsson. 23 de outubro de 1998.
[Nota: este e-mail é a resposta de Linda à fala de Martin no item anterior]

Se Viserys II (que reinou de 171 a 172) for um irmão mais novo de Aegon III, ao invés de um de seus filhos, acredito que as idades dos reis que se seguem vão ficar melhores.

Várias pronúncias

Correspondência com fã, enviada por Revanshe. 24 de outubro de 1998.

Revanshe: Estava agora mesmo pensando em como se pronuncia alguns nomes de personagens em A GUERRA DOS TRONOS. O ‘ae’ em vários nomes Targaryen é pronunciado ‘ay’ (em inglês)?
Martin: sim, na maioria dos casos
Revanshe: Por exemplo, Maester é ‘Master’ (como se pronuncia normalmente) ou é ‘May-ster’ ou ‘My-ster’ ou outra coisa?
Martin: may-ster
Revanshe: 
E quanto a Cersei (Vejo Seer-see)
Martin: Sir-sei
Revanshe: 
Lysa é Lee-sa ou Ly-za?
Martin: Lie-sa
Revanshe: Benjen é benjen ou Ben-yen?
Martin: Ben – Jen
Revanshe: Tyrion é ‘Tee-re-yon’ ou ‘Ty-REE-yon’ ou outra coisa?
Martin: tear-ree-on

[Nota da Tradução: mantivemos as respostas da forma que foram escritas por Martin, para serem lidas com a pronúncia da língua inglesa.]

E então, o que achou? A observação de Linda Antonsson sobre as idades de Viserys II e Aegon III e a sugestão de fazer deles irmãos, ao invés de pai e filho, acabou sendo, mais tarde, a solução adotada por George no cânone. Uma informação extra notável é a de que Aerion pode ter tido bastardos durante seu exílio em Lys, e a opinião de Martin sobre a magia em sua fantasia também é algo interessante.

Fique ligado para a segunda edição de nosso Assim Falou Martin! Enquanto isso, os comentários estão abertos para discussão. Para acessar nossa coleção completa de AFMs traduzidos, clique aqui.