Como anunciamos anteriormente, a ilustradora Sam Hogg é responsável por todas as artes presentes no calendário 2021 de As Crônicas de Gelo e Fogo. O produto chegou às lojas especializadas na última semana, e apresentou uma mistura curiosa de painéis, abrangendo os livros da saga tradicional, e também os dragões de Fogo & Sangue.

Conheça todas as cenas criadas, a seguir.

O casamento de “Arya” e Ramsay

Calendário Crônicas 2021

Mas nunca vira o bosque sagrado assim antes: cinza e fantasmagórico, coberto com névoas mornas, luzes esparsas e vozes sussurradas que pareciam vir de todos os lugares e de nenhum. Sob as árvores, as águas termais fumegavam. Vapores quentes erguiam-se da terra, cercando as árvores com seu hálito úmido, subindo pelas paredes para desenhar cortinas cinzentas pelas janelas. Havia uma espécie de caminho, um sinuoso percurso de pedras quebradas cobertas com musgo, meio enterradas entre terra soprada e folhas caídas, traiçoeiro por conta das grossas raízes que saíam do solo. Ele levou a noiva por ali. Jeyne, seu nome é Jeyne, que rima com reine. Não deveria pensar isso.

—— A Dança dos Dragões; O Príncipe de Winterfell

 

O bordel de Chataya

 

A casa tinha dois andares, o de baixo em pedra e o de cima em madeira. Um torreão redondo erguia-se de um canto da estrutura. Muitas das janelas tinham vitrais. Por cima da porta balançava uma lâmpada ornamentada, um globo de metal dourado e vidro escarlate. (…) Por detrás de um ornamentado biombo de Myr, esculpido com flores, fantasias e donzelas sonhadoras, espreitaram, sem ser vistos, uma sala comum, onde um velho tocava uma melodia alegre numa flauta.

—— A Fúria dos Reis; Tyrion III

Maggy, a Rã

Maggy e Cersei

Sob seus cachos dourados, o rosto da menina enrugo-se de perplexidade. Durante anos depois daquilo, pensou que aquelas palavras queriam dizer que não se casaria com Rhaegar até depois de o pai, Aerys, ter morrido.

— Mas vou ser rainha? — perguntou seu eu mais novo.

— Sim. — a malícia cintilou nos olhos amarelos de Maggy. — Rainha será… até chegar outra, mais nova e mais bela, para derrubar você e roubar tudo aquilo que lhe for querido.

A ira relampejou no rosto da criança. — Se ela tentar, terei meu irmão para matá-la. — Nem mesmo então parou, sendo a criança obstinada era. Ainda lhe era devida mais uma pergunta, mais um vislumbre da vida que a esperava.

— O rei e eu teremos filhos? — perguntou.

— Oh, sim. Ele dezesseis, e você três.

Aquilo não fazia sentido para Cersei. O polegar latejava onde o cortara, e seu sangue pingava no tapete. Como é possível?, quis perguntar, mas já não tinha mais perguntas.

—— O Festim dos Corvos; Cersei VIII

 

Tyrion encontra Oberyn

Calendário Crônicas 2021

O líder dornês vinha montado num garanhão negro como o pecado, com crina e cauda da cor do fogo. Sentava-se na sela como se ali tivesse nascido, alto, esguio, gracioso. Um manto de seda vermelho-clara flutuava preso aos seus ombros, e sua camisa era couraçada com fileiras sobrepostas de discos de cobre, que cintilavam como um milhar de moedas recém-cunhadas quando ele se movia. Seu grande elmo dourado exibia um sol de cobre na testa, e o escudo redondo pendurado atrás dele trazia o sol e a lança da Casa Martell em sua superfície de metal polido. Um sol Martell, mas dez anos novo demais, pensou Tyrion ao puxar as rédeas do cavalo, e também em muito boa forma, e muito mais feroz do que deveria. A essa altura, já sabia com o que tinha de lidar. Quantos dorneses são necessários para começar uma guerra?, perguntou a si mesmo. Só um. E, no entanto, não tinha outra alternativa.

— Prazer, senhores. Recebemos notícias de sua chegada, e Sua Graça, o Rei Joffrey, pediu-me para vir ao seu encontro, a fim de lhes dar as boas-vindas em seu nome. O senhor meu pai, a Mão do Rei, manda igualmente as suas saudações. – Fingiu uma confusão amigável. — Qual dos senhores é o Príncipe Doran?

— A saúde de meu irmão exige que permaneça em Lançassolar. — O príncipe infante tirou o elmo. Por baixo, seu rosto era marcado e sombrio, com finas sobrancelhas arqueadas sobre olhos grandes, tão negros e brilhantes como lagoas de betume. Só alguns fios de prata manchavam o lustroso cabelo negro que se afastava de sua testa, formando, ao centro, um bico tão marcado quanto seu nariz. Um dornês salgado, com toda a certeza. – O Príncipe Doran enviou-me para ocupar o lugar dele no conselho do Rei Joffrey, se Sua Graça desejar.

—— A Tormenta de Espadas; Tyrion V

O sonho febril de Jaime

Calendário Crônicas 2021

— Ele ia queimar a cidade — disse Jaime. — Para não deixar a Robert nada além de cinzas.
— Ele era o seu rei – disse Darry.
— Jurou mantê-lo a salvo – falou Whent.
— E às crianças, a elas também – disse o Príncipe Lewyn.
O Príncipe Rhaegar ardia com uma luz fria, ora branca, ora vermelha, ora escura.
— Eu deixei minha esposa e meus filhos em suas mãos.
— Nunca pensei que ele lhes faria mal. — A espada de Jaime agora emitia menos luz. — Eu estava com o rei…
— Matando o rei — disse Sor Arthur.
— Cortando a garganta dele — falou o Príncipe Lewyn.
— O rei por quem tinha jurado morrer — disse Touro Branco.

—— A Tormenta de Espadas; Jaime VI

 

Aemond Targaryen e Vhagar submersos

A carcaça de Vhagar afundou até o leito do lago, e o sangue quente que saía do talho em seu pescoço fez a água ferver em sua sepultura. Quando ela foi encontrada alguns anos mais tarde, após o fim da Dança dos Dragões, os ossos do príncipe Aemond, ainda de armadura, continuavam acorrentados à sela, com Irmã Sombria enfiada até o punho dentro da órbita ocular.

—— Fogo & Sangue; A Morte dos Dragões: Rhaenyra Triunfante

 

O confronto pelo resgate de Myrcella

Calendário Crônicas 2021

Sor Arys Oakheart lançou-lhe um último olhar cheio de desejo, depois espetou as esporas no cavalo e avançou.

Investiu impetuosamente contra o barco de varejo, com o manto branco esvoaçando atrás de si. Arianne Martell nunca tinha visto nada com metade da galanteria, ou da estupidez, daquele ataque.

— Nãããããão! — guinchou, mas encontrara a voz tarde demais. Numa besta soou um trum e, em seguida, noutra. Hotah berrou uma ordem. A tão curta distância, a armadura do cavaleiro branco bem podia ter sido feita de pergaminho. O primeiro dardo penetrou através do pesado escudo de carvalho, perfurando-lhe o ombro. O segundo raspou-lhe a têmpora. Uma lança de arremesso atingiu a montaria de Sor Arys no flanco, mas mesmo assim o cavalo continuou a avançar, vacilando ao atingir a prancha de embarque. — Não — gritava uma garota qualquer, uma garotinha tola qualquer —, não, por favor, não era para isto acontecer — também conseguia ouvir Myrcella guinchando, com a voz estridente de medo.

(…) De algum modo, Arys Oakheart saltou, livre. Até conseguiu continuar com a espada na mão. Pôs-se de joelhos com dificuldade, ao lado do seu cavalo moribundo…

… e deu com Areo Hotah em pé em cima de si.

O cavaleiro branco ergueu a lâmina, lento demais. O machado de Hotah cortou-lhe o braço direito no ombro, afastou-se, girando, jorrando sangue, e voltou a desferir, num relâmpago, um terrível golpe a duas mãos que cortou a cabeça de Arys Oakheart e a atirou pelo ar, rodopiando. A cabeça caiu entre os juncos, e o Sangueverde engoliu o vermelho com um suave chapinhar.

—— O Festim dos Corvos; A Fazedora de Rainhas

 

A Queda de Astapor

Calendário Crônicas 2021

— Imaculados! – Dany galopou à frente deles, com a trança de um louro prateado esvoaçando atrás, e a sineta tilintando a cada passo. — Matem os Bons Mestres, matem os soldados, matem todos os homens que usem um tokar ou tenham um chicote nas mãos, mas não façam mal a nenhuma criança com menos de doze anos, e arranquem as correntes de todos os escravos que virem. — Ergueu os dedos da harpia… e então atirou o açoite para longe. — Liberdade! — entoou. — Dracarys! Dracarys!

—— A Tormenta de Espadas; Daenerys III

Quentyn, Rhaegal, Viserion

Quentyn Martell

Quentyn deixou o chicote desenrolado.

Viserion – chamou, mais alto, agora. Podia fazer isso, faria isso, seu pai o enviara aos confins da terra para isso, ele não falharia. – VISERION! – Agitou o chicote no ar com um estalido que ecoou pelas paredes enegrecidas.

A cabeça clara se ergueu. Os grandes olhos dourados se estreitaram. Tufos espiralados de fumaça subiam das narinas do dragão.

– Para baixo – o príncipe ordenou. Não deve deixá-lo sentir seu medo. – Para baixo, para baixo, para baixo. – Trouxe o chicote rodando e estalou um golpe na cara do dragão. Viserion assobiou.

E então um vento quente o acertou e ele ouviu o som de asas de couro, e o ar estava cheio de cinzas e um monstruoso rugido veio ecoando pelos tijolos queimados e enegrecidos, e pôde escutar seus amigos gritando freneticamente. Gerris chamava seu nome, uma vez e outra, e o grandão berrava:

Atrás de você, atrás de você, atrás de você!

Quenty n virou-se e jogou o braço esquerdo no rosto para proteger os olhos do vento da fornalha. Rhaegal, ele se lembrou, o verde é Rhaegal.

Quando ergueu seu chicote, viu que o açoite estava queimando. Sua mão também. Todo ele, todo ele estava queimando.

Oh, pensou. Então começou a gritar.

——  A Dança dos Dragões; O Domador de Dragões.

 

Arya sussurra o nome de Weese

Arya e Jaqen H'ghar

Arya virou-se e correu, ligeira como uma corça, com os pés voando sobre as pedras arredondadas até o balneário. Encontrou Jaqen de molho numa banheira, com vapor erguendo-se à sua volta enquanto uma criada despejava água quente na sua cabeça. Seus longos cabelos, vermelhos de um lado e brancos do outro, caíam sobre seus ombros, molhados e pesados. Arya aproximou-se, silenciosa como uma sombra, mas ele abriu os olhos mesmo assim.

— Ela vem furtiva em pequenos pés de rato, mas um homem ouve – ele disse.

Como pode ter me ouvido, Arya se perguntou, e foi como se ele também tivesse ouvido aquilo.

— O raspar de couro em pedra canta tão alto como trombetas de guerra para um homem com os ouvidos abertos, Meninas espertas andam descalças.

— Trago uma mensagem — Arya olhou a criada com incerteza. Quando lhe pareceu que não era provável que fosse embora, inclinou-se para a frente até quase encostar sua boca na orelha dele, – Weese – ela murmurou.

Jaqen Hghar voltou a fechar os olhos, flutuando, lânguido, meio adormecido.

— Diga a sua senhoria que um homem irá servi-la a seu tempo — ele moveu subitamente a mão, salpicando-a de água quente, e Arya teve de saltar para trás para evitar ficar ensopada.

—— A Fúria dos Reis; Arya VIII

 

O Funeral de Tywin

Funeral Tywin Lannister

Por cima, todas as janelas tinham se tornado negras, e ele conseguiu ver a tênue luz de estrelas distantes. O sol se pusera de vez. O fedor da morte estava ficando mais forte, apesar das velas aromáticas. O cheiro recordou Jaime Lannister o passo sob o Dente Dourado, onde conquistara uma gloriosa vitória nos primeiros dias da guerra. Na manhã após batalha, os corvos tinham se banqueteado tanto com os vencedores, quanto os derrotados, tal como se banquetearam com Rhaegar Targaryen após o Tridente. Quanto pode valer uma coroa, se um corvo pode jantar um rei?

 

—— O Festim dos Corvos; Jaime I

Catelyn e Ned no bosque sagrado

Catelyn e Ned

Os deuses de Winterfell mantinham um tipo diferente de bosque. Era um lugar escuro e primordial, três acres de floresta antiga, intocada ao longo de dez mil anos, enquanto o castelo se levantava a toda sua volta. Cheirava a terra úmida e a decomposição. Ali não crescia o pau-brasil. Aquele era um bosque de obstinadas árvores sentinelas, revestidas de agulhas cinza-esverdeadas, de poderosos carvalhos, de árvores de pau-ferro tão velhas como o próprio reino. Ali, espessos troncos negros enroscavam-se uns aos outros, enquanto ramos retorcidos teciam um denso dossel elevado e raízes deformadas batalhavam sob o solo. Aquele era um lugar de profundo silêncio e sombras meditativas, e os deuses que ali viviam não tinham nomes. Mas ela sabia que naquela noite encontraria ali seu marido. Sempre que ele tirava a vida de um homem, procurava depois o sossego do bosque sagrado. (…)

Catelyn encontrou o marido sob o represeiro, sentado numa pedra coberta de musgo. Tinha Gelo, a espada, pousada sobre as coxas, e limpava-lhe a lâmina naquelas águas, negras como a noite.

—— A Guerra dos Tronos; Catelyn I

 

 

Vhagar e Aemond, Arrax e Luke Velaryon

Dragões luta Westeros

Lá fora, a tempestade caía. Trovões ribombavam em volta do castelo, a chuva caía em volume pesado, e de tempos em tempos grandes explosões de relâmpagos branco-azulados iluminavam o mundo como se fosse dia. O tempo estava péssimo para voar, mesmo para um dragão, e Arrax estava com dificuldade de pairar no ar quando o príncipe Aemond montou em Vhagar e foi atrás dele. Se o céu estivesse calmo, o príncipe Lucerys talvez conseguisse escapar de seu perseguidor, pois Arrax era mais novo e mais veloz… mas o dia estava “tão escuro quanto o coração do príncipe Aemond”, diz Cogumelo, e assim os dragões se encontraram acima da Baía dos Naufrágios. Observadores nas muralhas do castelo viram explosões distantes de chamas e ouviram um berro cortar os trovões. Em seguida, os dois animais estavam atracados, relâmpagos caindo em volta. Vhagar tinha cinco vezes o tamanho do inimigo, sobrevivente experiente de cem batalhas. Se houve luta, não pode ter durado muito.

—— Fogo & Sangue; A Morte dos Dragões: Um filho por Um Filho

 

 

As imagens deste post foram garimpadas pelo A Song of Ice and Fire Source.
A imagem de capa que também ilustra o mês de setembro, com Quentyn e os dragões, você já conhece.


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