Poucos dias antes da sua participação na Worldcon e na Titancon, George R. R. Martin aproveitou a viagem às ilhas britânicas para uma noite com seus leitores no Emmanuel Centre, em Londres.

O evento foi organizado pela livraria Waterstones e teve o convite da editora local de GRRM, a Harper Voyager UK, e consistiu em uma conversa entre Martin e o autor histórico britânico Dan Jones.

Antes do início, George recebeu um prêmio de platina da empresa de medição de dados Nielsen, em comemoração a dois de seus livros terem vendido mais de um milhão de cópias no Reino Unido.

O perfil oficial da editora no Twitter e Adam Whitehead, do blog especializado em fantasia e ficção científica The Wertzone, fizeram relatos em tempo real dos principais pontos. O evento foi filmado e será disponibilizado online em breve.

George R. R. Martin no Emmanuel Centre
George R. R. Martin e Dan Jones no evento em Londres. Foto: Emmanuel Centre (Twitter).

Segue uma compilação de algumas das declarações de Martin:

Sobre As Crônicas de Gelo e Fogo

  • George confirmou que seu plano de escrita é, em ordem: Os Ventos de InvernoDunk & Egg 4, Um Sonho de Primavera, Dunk & Egg 5, Fogo e Sangue Vol II.
  • A frustração com o trabalho em Hollywood durante a década de 90 foi o que acabou resultando na escrita de A Guerra dos Tronos.
  • O dragão que George gostaria de montar é Balerion, e a espada que gostaria de empunhar é Alvorada.
  • Martin teve que organizar o universo de As Crônicas de Gelo e Fogo durante a escrita do primeiro livro. Começou usando um mapa da Irlanda de cabeça para baixo, e, por fim, o transformou em Westeros. Na sequência, percebendo que só o mapa não seria diferente, se dedicou à história da região.
  • Seu espaço de trabalho é cheio de mapas do Atlas das Terras de Gelo e Fogo, e de fichas com linhas do tempo e informações sobre o enredo.

Sobre Dunk & Egg

  • O momento em que George decidiu escrever histórias no mesmo universo, fora da série principal, foi quando recebeu o convite de Silverberg para escrever uma história para a antologia Warriors, e o autor decidiu escrever sobre Dunk e a história de O Cavaleiro Andante.
  • Robert Silverberg quase deixou Martin de fora da coletânea, porque achou que ele perderia o prazo para entregar a novela.
  • Embora planeje escrever mais histórias de Dunk e Egg, o autor ainda precisa “terminar algumas coisas antes“.

Sobre Fogo e Sangue e história imaginária

  • Fogo e Sangue vol. I foi escrito por “acidente”. Quando começou a escrever as notas de rodapé para guiar Elio García e Linda Antonsson em O Mundo de Gelo e Fogo, George acabou escrevendo centenas de milhares de palavras em poucas semanas.
  • Apesar de terem sido expandidos antes da publicação, os capítulos sobre o reinado de Jaehaerys I, são essencialmente os mesmos escritos na época de O Mundo.
  • O seu conceito de uma historiografia não confiável, que é a base de O Mundo de Gelo e Fogo Fogo e Sangue, foi muito impulsionado pela sua pesquisa para escrever o romance (nunca terminado) Black and White and Red All Over. Os registros que Martin acessou tinham informações conflituosas sobre a altura de um arranha-céu em Nova York no ano de 1890. O autor comentou:

“Se não conseguimos ter certeza sobre eventos que aconteceram ontem, em termos históricos, como poderemos ter sobre algo que aconteceu mil anos atrás?”.

  • A frase favorita de GRRM em Fogo e Sangue, que é recorrente, é “mas nós nunca saberemos“.
  • Martin tem um carinho grande por Cogumelo, o bobo da corte anão que registra os eventos que desencadeiam a Dança dos Dragões.

Sobre Game of Thrones e séries sucessoras

  • O autor reiterou que “Bloodmoon” deve ser apenas um título provisório da série sucessora da HBO. Em sua opinião, a melhor escolha seria The Long Night ou The Longest Night.
  • As filmagens dessa série sucessora terminaram recentemente em Belfast. Ela se passa 5 mil anos antes dos eventos de Game of Thrones.
  • Mais dois pilotos para spin-offs estão sendo desenvolvidos e é possível que se tornem séries de TV no futuro.
  • A respeito de Game of Thrones, Martin reiterou que “Eu estou contando uma versão da história com meus livros. A série de TV contou outra história“.

Sobre escrita e outros assuntos

  • A influência da história do mundo real na escrita de Martin é vasta. O autor comentou que sempre amou história, mas “a popular, não a acadêmica“. O problema de escrever ficção estritamente histórica, na sua opinião, é a pesquisa muito maçante. Ele gosta da liberdade de criar o seu próprio mundo. No entanto, referencia acontecimentos reais, como a Muralha de Adriano, a Guerra das Rosas, as cruzadas e história escocesa. O Casamento Vermelho foi levemente inspirado no Jantar Negro, que se passou na Escócia, mas mais extremo.
  • Leonor da Aquitânia foi uma personagem histórica feminina que inspirou a escrita de Martin (ele não especificou em que aspecto). Também mencionou que a Itália renascentista foi repleta de “mulheres incríveis”.
  • O conselho de George para escritores iniciantes é que a profissão é para “apostadores”, não há segurança financeira. Deve-se escrever o melhor livro possível e torcer para que ele seja lido e apreciado.
O Emmanuel Centre, em Londres. Foto: Waterstones Piccadilly (Twitter).

The Winds of Winter (Os Ventos de Inverno) ainda não tem data de lançamento.